Capítulo IIIO Romance da PeçaEu acho válida essa reavaliação de uma dramaturgia que pertenceua um período que é considerado como brilhante na dramaturgianacional, os anos cinqüenta e sessenta. Essa volta das minhas peçaspara mim é gratificante, essa volta ao teatro, a reescrever. Isso é bom,inclusive, para repensar.Dias GomesA primeiríssima versão da peça, aquela que foi publicada no númeroespecial de Natal da Revista Cláudia, em 1963, apesar de não ter sidoencenada no teatro, serviu logo de matriz para adaptações: uma feitapelo próprio autor, para o roteiro, também engavetado, do filmeO Corvo, a pedido de Leon Hirzman; outra, também do autor, nosanos 70, para Luís Carlos Barreto. Nenhuma das duas foi filmada.Uma terceira adaptação foi feita por Benjamim Cattan, para um casoespecial que foi ao ar no ano de 1964, na TV Tupi de São Paulo. Odoricoparecia mesmo personagem fadado a fazer sucesso na televisão. Sóesse veículo salvou Os Mistérios do desconhecimento total, pois foicom esta versão que Cattan trabalhou.35Já como Odorico, O bem amado ou Uma obra do governo a peçacirculou nas mãos dos atores do Teatro de Amadores de Pernambuco(TAP), em publicação do Grupo Estudantil de Teatro da EscolaNacional de Química, em agosto de 1966. As aspas se devem aoestado precário da publicação, um simples original mimeografado.Esta foi a peça que, com a devida autorização do autor, estreouno Teatro Santa Isabel, de Recife, no dia 30 de abril de 1969, comdireção de Alfredo de Oliveira.A ação transcorria em atmosfera de cidadezinha de veraneio do litoralbaiano, dividida em três atos e oito quadros (três no primeiro ato, trêsno segundo e dois no terceiro, na versão mimeografada). Mas perdiaa divisão em atos quando publicada pela primeira vez em livro, numaantologia que a editora carioca Civilização Brasileira lançou em 1972,em dois volumes, intitulada Teatro de Dias Gomes.O grande desafio da peça, no entanto, talvez nem fosse afragmentação da ação em tantos quadros, mas o fato de colocar emcena 16 personagens, cujo perfil e função podem ser assim descritos,por ordem de entrada em cena:
Chico Moleza: Funcionário da Prefeitura, o coveiro de gestos lentos,descansados, fala mole, é ele um retrato vivo da cidade, onde a vidapassa sem pressa. Cotinha numa fala do terceiro quadro completa oretrato: Ali só se o senhor prefeito tivesse investigado os antecedentesdo cidadão coveiro, antes de nomeá-lo teria visto que ele nunca foi defazer força. Haja vista o apelido que lhe puseram: Moleza.Dermeval: Dono da vendola, em frente à qual está remendando umarede de pescar no início da peça. É um mulato gordo e bonachão deidade já avançada.Mestre Ambrósio: É um velho pescador de tez morena-avermelhada,curtido do sol. Musculatura batida, chapelão de palha, calças dealgodão branco, sua figura infunde respeito. É quem traz o homem, ojagunço Ordovino para o prefeito.Pedrão: É um negro reluzente, mais moço do que Mestre Ambrósio,pescador como ele. Traz vários amuletos no pescoço e bom humorconstante.36Chiquinha dos Padres: Beata, velhinha, enrugada como um jenipapo.É a única que acompanha o enterro, quando, meio minuto após aabertura do primeiro quadro, entram Mestre Ambrósio e Pedrãocarregando um defunto numa rede. Ali ela só não é a única, hátambém um cachorro, um magro vira-lata, que vem amarrado à rede.Odorico: Típico representante do casamento entre poder econômico epoder político, é a figura perfeita do Coronel do interior, em cidadesdo nordeste brasileiro. Pernóstico em sua oratória importante, nestaversão da peça ainda não usa a linguagem rica em neologismos,que imortalizou na hilariante interpretação de Paulo Gracindo natelevisão com o seu Odorico Paraguaçu. Aqui ainda é Odorico Osório,cujo lema, durante a campanha Vote num Homem Sério e Ganhe seuCemitério aparece em cena numa faixa, nas duas montagens da peça.Lenilda: Mulher de Odorico. O traço marcante de seu comportamentoé a insatisfação e o desencanto. Insinua-se claramente um romanceentre Lenilda e o arquiinimigo político de Odorico, Maneco Pedreira,que tenta convencê-la a fugir com ele e a abandonar o marido. A suanão participação nas atividades políticas do marido, o ar de fastio comque assistiu à cena anterior, em que já eleito, Odorico é aclamadopor meia dúzia de puxa-sacos, deixaram bem claro o afastamentoespiritual em que se encontra em relação a Odorico.
- Page 2: Odorico ParaguaçuO Bem-amado de Di
- Page 6: ApresentaçãoSegundo o catalão Ga
- Page 9: Se algum fator específico conduziu
- Page 14 and 15: Capítulo IDias GomesBiografia de u
- Page 16 and 17: pelo Serviço Nacional de Teatro, n
- Page 18 and 19: adiantado, logo de início, além d
- Page 20 and 21: Além disso, a partir daí tornou-s
- Page 22 and 23: Nesta época escreveu também texto
- Page 24 and 25: a Civilização Brasileira, analiso
- Page 26 and 27: - Por quê?- Porque o original foi
- Page 28 and 29: no teatro Santa Isabel, em Recife,
- Page 30 and 31: Uma Conclusão NecessáriaEm toda a
- Page 32 and 33: Capítulo IIO Bem AmadoAs Transform
- Page 34: aixo, então não faria mais nenhum
- Page 39 and 40: Velho Funcionário: Não tem nome,
- Page 41 and 42: antecedido de outros dois, de ritmo
- Page 43 and 44: por um fim à situação, deixando
- Page 45 and 46: certa neutralidade. Compreende, qua
- Page 47 and 48: que se transformou numa verdadeira
- Page 49 and 50: Acima, cena do cemitério e, abaixo
- Page 51 and 52: impossível, considerando que, sobr
- Page 53 and 54: no Teatro Opinião, no Teatro Munic
- Page 55 and 56: À frente, Procópio Ferreira, Irac
- Page 57 and 58: ElencoDermeval: Alvim BarbosaChico
- Page 59 and 60: Odorico (Procópio Ferreira) e Coti
- Page 61 and 62: Acima, Procópio, Iracema e Orlando
- Page 63 and 64: Rolando Boldrin recebe de Benjamim
- Page 65 and 66: que permitiram gravação ao ar liv
- Page 67 and 68: Em 1977, a editora Bells, de Porto
- Page 69 and 70: Alguns aproveitamentos de personage
- Page 71 and 72: anônimos do corpo da vítima do du
- Page 73 and 74: As irmãs Cajazeira e Lulu Gouveira
- Page 75 and 76: forte que chegou a incomodar polít
- Page 77 and 78: Telma (Sandra Bréa) e Nadinho (Jor
- Page 79 and 80: Obviamente a novela influiu no comp
- Page 81 and 82: As irmãs Cajazeira, acima; e Eliez
- Page 83 and 84: Locação em Sepitiba
- Page 85 and 86:
Inicialmente, eu tinha dúvidas qua
- Page 87 and 88:
sério, com visceral incapacidade d
- Page 89 and 90:
quase oito anos, com a idéia do se
- Page 91 and 92:
A transitória morte de Odorico, na
- Page 93 and 94:
Vistas do cenário da casa de Odori
- Page 95 and 96:
Imagens da sala do prefeito, com Em
- Page 97 and 98:
Zeca Diabo (Lima Duarte), acima, e
- Page 99 and 100:
Só eram contratadas pessoas da Zon
- Page 101 and 102:
Vista da sala das Cajazeirade dific
- Page 103 and 104:
Vista da casa de Dirceu Borboleta
- Page 105 and 106:
Acima, consultório de Lulu Gouveia
- Page 107 and 108:
fome. O que o senhor tem a declarar
- Page 109 and 110:
Acima, entre outros, Rogério Gróe
- Page 111 and 112:
semana seguinte. A mudança de hor
- Page 113 and 114:
Zeca Diabo e as Cajazeira
- Page 115 and 116:
Zeca Diabo - invenção verídica d
- Page 117 and 118:
Acima, a delegacia de Sucupira e, a
- Page 119 and 120:
Barbosa Lima Sobrinho, Oscar Niemey
- Page 121 and 122:
Acima, hall do hotel e, abaixo, a A
- Page 123 and 124:
Sucupira, na verdade, foi sepultada
- Page 125:
Imagens externas do jornal A Trombe
- Page 128:
As cenas internas de E Chegamos aos
- Page 131 and 132:
diria: Não obstantemente, as acusa
- Page 133 and 134:
132cafagestismo, cafagestistacaligr
- Page 135 and 136:
Ggazetista, gazetismogazeta marronz
- Page 137 and 138:
problemática repressivaprojeto dem
- Page 139 and 140:
Como vai esse valentoso espadachim
- Page 141 and 142:
Vocabulário de Zeca DiaboAadivinha
- Page 143 and 144:
G / Igaitada (gargalhada)grenhas (c
- Page 145 and 146:
Vista externa da prefeitura de Sucu
- Page 147:
Evolução da cenografia: casa de O
- Page 150 and 151:
unidade do espetáculo. Pois fundam
- Page 152 and 153:
... o diretório do PDS (acima), e
- Page 154 and 155:
... o forró (acima) e a Sociedade
- Page 156 and 157:
verdade é o cenógrafo quem, a pri
- Page 158 and 159:
O quarto das Cajazeira, no terceiro
- Page 160 and 161:
Em última análise, criar um cená
- Page 162 and 163:
Capítulo XFichas Técnicas de O Be
- Page 164:
Cenografia: José DiasEdição: Eni
- Page 167 and 168:
LYDAY, Leon F. “O Pagador de Prom
- Page 169 and 170:
Correio da Manhã, Rio de Janeiro,
- Page 171 and 172:
O Globo, Rio de Janeiro, Segundo ca
- Page 174:
AgradecimentosAgradeço aos meus qu
- Page 178:
Crédito das FotografiasTodas as fo
- Page 181 and 182:
Como Fazer um Filme de AmorRoteiro
- Page 183 and 184:
Viva-VozRoteiro de Márcio AlemãoZ
- Page 185 and 186:
Etty Fraser - Virada Pra LuaVilmar
- Page 187 and 188:
Suely Franco - A Alegria de Represe
- Page 189 and 190:
Formato: 18 x 25,5 cmTipologia: Fru
- Page 191 and 192:
© 2009Dados Internacionais de Cata