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Distribuição de papéis: Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond ...

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Fundação Casa <strong>de</strong> Rui Barbosawww.casaruibarbosa.gov.br10.Finalmente, uma outra área <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> <strong>Murilo</strong> estabelece mais uma setorização nascorrespondências com <strong>Drummond</strong> e Lúcio. A música, elemento tão caro a <strong>Murilo</strong>, é objeto,<strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>tida, apenas <strong>de</strong> cartas a Lúcio, havendo apenas breve referência em cartaa <strong>Drummond</strong>. Na carta datada <strong>de</strong> Pitangui, 3 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1931, para <strong>Drummond</strong>, lê-se:"Diga ao Capanema que ele agora po<strong>de</strong> vir aqui, em Pitangui já tem Prokofiev, Mussorgskye Stravinsky pra se ouvir. Meu mano tinha chegado até Wagner, mas eu fiz ele dar um puloaté aqueles bambas. Ontem chegou uma porrada <strong>de</strong> discos." Já nas cartas para Lúcio háalgumas breves referências e pelo menos uma <strong>de</strong> certa extensão. Esta se encontra na cartadatada <strong>de</strong> Pitangui, 28 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1939, na qual se lê:É pena que não possas vir passar uns dias aqui, principalmente <strong>de</strong>vido a música. Pitangui éuma tapera com rádio. Chove interminavelmente e eu passo os dias estendido numa ca<strong>de</strong>ira,lendo um pouco, ouvindo muito (principalmente Beethoven) e dormindo. Escrevo páginas epáginas, que queimo. A maior parte do que tenho escrito nesta vida, queimo. O fogo émesmo purificador.Aqui na discoteca há uma quantida<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> discos <strong>de</strong> Beethoven, <strong>de</strong> maneira que eutenho feito quase um curso. Recomendo-te, entre outras cousas notáveis, o "Trio aoArquiduque" (op. [1]97) e a sonata op. 31, nº 2. Não fica a <strong>de</strong>ver cousa alguma àAppassionata. É realmente grandiosa. Ao contrário do que <strong>escreve</strong>u Wagner, entendo queBeethoven é um temperamento essencialmente sinfônico: em tudo que <strong>escreve</strong> / fora dassinfonias / sente-se o sinfonista encarcerado no piano, no violino - no trio, na sonata, etc. Hátambém muito Bach por aqui. Mozart, algum. Além <strong>de</strong> outros discos, uma sonata pa. violino epiano, nº 42 (K. 526) que acabo <strong>de</strong> ouvir, botando em seguida a sonata op. 2, nº 1, <strong>de</strong> [Moza]Beethoven*; pois bem, achei a sonata <strong>de</strong> Mozart mais beethoveniana do que a <strong>de</strong> Beethoven.Não <strong>de</strong>ixes <strong>de</strong> ouvir, repito, essa formidável 31, nº 2. Pa. mim, são as 3 gran<strong>de</strong>s: essa, aAppassionata e a lll. Esta é talvez a mais "cósmica" <strong>de</strong> todas. Procure ouvir também oquarteto op. 59 nº 3*: é <strong>de</strong> uma violência, <strong>de</strong> uma agressivida<strong>de</strong>, incríveis. Tem um andante,que é das maiores cousas que tenho ouvido na minha vida.JÚLIO CASTAÑON GUIMARÃES: <strong>Distribuição</strong> <strong>de</strong> <strong>papéis</strong>: <strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s <strong>escreve</strong> a <strong>Carlos</strong><strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e a Lúcio Cardoso 25

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