12.07.2015 Views

Distribuição de papéis: Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond ...

Distribuição de papéis: Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond ...

Distribuição de papéis: Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Fundação Casa <strong>de</strong> Rui Barbosawww.casaruibarbosa.gov.brMas <strong>Drummond</strong> encontra outra explicação no plano pessoal, quando comenta que em1944 publicara cartas <strong>de</strong> Mário na imprensa e que este não o recriminara, antes aprovara aescolha. Acrescenta ainda que no mesmo ano Mário permitiu a publicação <strong>de</strong> cartas suaspara Cecília Meireles, o que se po<strong>de</strong> encarar como um "processo <strong>de</strong> contradição explicávelpsicologicamente". 11Referindo-se àqueles que tiveram correspondência mais intensa com Mário, <strong>Drummond</strong>observa:Mas fui, sem qualquer dúvida, aquele dos quatro que mais se correspon<strong>de</strong>u com Mário, eportanto mais recebeu <strong>de</strong>le em bens impon<strong>de</strong>ráveis. Estabeleceu-se imediatamente um vínculoafetivo que marcaria em profundida<strong>de</strong> a minha vida intelectual e moral, constituindo o maisconstante, generoso e fecundo estímulo à ativida<strong>de</strong> literária, por mim recebido em toda aexistência. Isto sem falar no que esta amiza<strong>de</strong> me <strong>de</strong>u em lições <strong>de</strong> comportamento humano,<strong>de</strong>svelos <strong>de</strong> assistência ao homem tímido e <strong>de</strong>sarvorado, participação carinhosa nos cuidados<strong>de</strong> família, expressa em requintes que a memória e a sauda<strong>de</strong> tornaram in<strong>de</strong>léveis. 12Em outro ponto, <strong>Drummond</strong> especifica como se <strong>de</strong>u essa amiza<strong>de</strong>, ou melhor, qualefetivamente foi a função que a correspondência assumiu como forma não apenas <strong>de</strong>discutir questões intelectuais, mas <strong>de</strong>senvolver a amiza<strong>de</strong>:A bem dizer, e paradoxalmente, jamais convivi com Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> a não ser por meio dascartas que nos escrevíamos, e das quais a parte mais assídua era sempre a que vinha <strong>de</strong> SãoPaulo, discutindo temas estéticos e práticos, oferecendo e renovando oferecimento <strong>de</strong>préstimos, reclamando da preguiça ou do <strong>de</strong>sânimo do missivista incorreto. Nem mesmo apartir <strong>de</strong> 1938, quando ele passou a morar no Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> permaneceu até 1941, eon<strong>de</strong> eu já residia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1934, nos vimos assiduamente e menos ainda nos <strong>de</strong>dicamos àfraterna conversa, <strong>de</strong>vido a esses tapumes que o trabalho (só ele?) costuma levantar entre11Ibid.12Ibid. p. VII-VIII.JÚLIO CASTAÑON GUIMARÃES: <strong>Distribuição</strong> <strong>de</strong> <strong>papéis</strong>: <strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s <strong>escreve</strong> a <strong>Carlos</strong><strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e a Lúcio Cardoso 7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!