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ANIE KARINA DA ROSA OLIVEIRAREAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE EVA DA INDÚSTRIA CALÇADISTAEM FORMULAÇÕES DE BORRACHACentro Universitário FeevaleInstituto de Ciências Exatas e TecnológicasCurso de Engenharia IndustrialTrabalho de ConclusãoProfessora Orientadora: Drª Izabel Cristina RiegelNovo Hamburgo, junho de 2007.


3FOLHA DE AVALIAÇÃOAnie Karina <strong>da</strong> Rosa OliveiraReaproveitamento de resíduos de EVA <strong>da</strong> indústria calçadista emformulações de borrachaNovo Hamburgo, junho de 2007.Data <strong>da</strong> aprovação: 27 de junho de 2007Componentes <strong>da</strong> Banca Examinadora:Prof a . Dr a . Izabel Cristina RiegelOrientadora – Centro Universitário FeevaleDr. Nei Sebastião Domingues JúniorEmpresa Prisma Compostos TermoplásticosProf. Dr. Ricardo Martins de MartinsUniversi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do SulProf. Dr. Hugo VeitCentro Universitário Feevale


AGRADECIMENTOAgradeço à Prof a . Izabel, que comto<strong>da</strong> sua sabedoria e tranqüili<strong>da</strong>de, soubeme passar o conhecimento e a calmanecessários para a realização destetrabalho.À minha mãe, Terezinha, que comto<strong>da</strong> a sua sensibili<strong>da</strong>de e generosi<strong>da</strong>de,apesar <strong>da</strong> distância física, sempre estevepresente me apoiando; ao meu falecidopai, Aderbal, que tanto me incentivou aestu<strong>da</strong>r, tenho certeza que, onde querque ele esteja, está zelando por mim.Aos meus irmãos, Alex e Alan, eminha cunha<strong>da</strong> e sobrinho, Camila eRoger, que sempre me incentivaram eapoiaram nesses árduos anos de estudo,e nunca reclamaram <strong>da</strong> minha ausência.Agradeço aos meus tios, Silvio eCarmen, pelo apoio, compreensão eaju<strong>da</strong>.Agradeço à Instituição Feevale, eà equipe <strong>da</strong> Central Analítica, em especialao Fabiano, que me acompanhou eajudou muito nas análises realiza<strong>da</strong>s.


5À minha grande amiga, Van<strong>da</strong>,que me acompanhou durante todo o cursoe sempre esteve ao meu lado nas horasfáceis e difíceis.Agradeço a to<strong>da</strong>s as pessoas quedireta ou indiretamente me aju<strong>da</strong>ram arealizar este trabalho.


RESUMONeste trabalho foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de do reaproveitamento de resíduosde EVA provindos <strong>da</strong> indústria calçadista para formulações de borrachas, a seremutiliza<strong>da</strong>s como solas de calçados. Foram utilizados resíduos de EVA de placas,solas e pó de silo (pó que resulta <strong>da</strong> lixação <strong>da</strong>s placas de EVA). As amostras deborrachas foram prepara<strong>da</strong>s com percentuais de EVA variados: 10 , 20 , 30 e 50 pcrde maneira a determinar a processabili<strong>da</strong>de e as características do produto final.Constatou-se que a incorporarão dos resíduos de EVA de maior granulometria foimais difícil que a dos resíduos com menor granulometria. As amostras foramprocessa<strong>da</strong>s com o peso máximo de 1,5 kg e vulcaniza<strong>da</strong>s. A caracterização destasfoi realiza<strong>da</strong> através de ensaios físicos de determinação <strong>da</strong> dureza, densi<strong>da</strong>de,resistência ao rasgo, abrasão, flexão e análises térmicas de DSC e TGA. Observouseque quanto maior o percentual de resíduo, maiores foram os valores de dureza.Os valores de densi<strong>da</strong>de, resistência à flexão e estabili<strong>da</strong>de térmica não foramafetados pela incorporação dos resíduos. As proprie<strong>da</strong>des frente à abrasão pioraramquando foram utilizados os resíduos com partículas maiores. A resistência ao rasgomelhorou para os teores 10 e 20 pr de resíduo e piorou para os demais teores (30 e50 pcr), quando comparamos com a amostra não incorpora<strong>da</strong>. Os resultados obtidosnos ensaios apontam para a viabili<strong>da</strong>de de incorporação destes resíduos emformulações de borracha para calçados.


ABSTRACTWaste residues of poly[(ethylene)-co-(vinyl acetate)] (EVA) from shoesindustry were incorporated in new rubber formulations, to be used as shoe soles.EVA residues of different origins and in different amounts were employed. Thecontents incorporated were 10, 20, 30 and 50 phr. The granulometric distribution ofthe residues were drastically different. After mixing, the materials were conducted tothe vulcanization. Vulcanized materials were characterized in terms of hardness,density, tear, bending and abrasion strength as well as in term of their thermalproperties, via DSC and TGA. Properties like density, bending strength and thermalstability were affected neither by residue content nor by the residue nature. However,the abrasion properties have lowered when employing residues containing highergranulometric distribution. Tear strength has increased at lower (10 and 20 phr) anddecreased at higher (30 and 50 phr) residue contents. Results indicated that EVAresidues can be satisfactorily incorporated into new rubber formulations.


LISTA DE FIGURASFigura 1: Estrutura molecular básica de um polímero.[4] ..........................................19Figura 2: Polímero linear. [4] .....................................................................................21Figura 3: Polímero ramificado. [4] .............................................................................21Figura 4: Polímero com ligações cruza<strong>da</strong>s. [4]..........................................................22Figura 5: Polímero em rede.[4]..................................................................................22Figura 6: Curvas de tensão-deformação para borrachas naturais vulcaniza<strong>da</strong>s e nãovulcaniza<strong>da</strong>s. [4] ................................................................................................30Figura 7: Rota geral para o processo de vulcanização com aceleradores deenxofre.[13] ........................................................................................................31Figura 8: Acelerador do tipo guanidina. [13]..............................................................34Figura 9: Acelerador 2-mercaptobenzotiazol.[13]......................................................34Figura 10: Acelerador tipo MBT evidenciando a substituição do enxofre pelo grupoamina.[13] ..........................................................................................................35Figura 11: Bambury ou mastigador. ..........................................................................41Figura 12: Cilindro homogeneizador. ........................................................................43Figura 13: Prensa hidráulica......................................................................................44Figura 14: Comportamento tensão-deformação para polímeros.[4] ..........................49Figura 15: Cadeia molecular no estado livre de tensões. [22]...................................50Figura 16: Cadeia molecular no estado tensionado. [22] ..........................................50


9Figura 17: Representação esquemática de uma molécula de cadeia de polímero. [4]...........................................................................................................................54Figura 18: Cilindro de laboratório. .............................................................................59Figura 19: Dimensões do corpo de prova de resistência ao rasgo............................64Figura 20: Fixação do corpo de prova nas pinças.....................................................64Figura 21: Equipamento PFI. [24]..............................................................................65Figura 22: Pêndulo PFI. [24]......................................................................................66Figura 23: Corpo de prova fixado no Flexômetro. .....................................................67Figura 24: Distribuição granulométrica do resíduo de pó de silo misto. ....................72Figura 25: Distribuição granulométrica dos resíduos de pó de silo Branco...............73Figura 26: Distribuição granulométrica dos resíduos de solas. .................................74Figura 27: Curvas de DSC para a amostra Branco. ..................................................81Figura 28: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo desola. ...................................................................................................................82Figura 29: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo deplaca. .................................................................................................................82Figura 30: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo deplaca. .................................................................................................................83Figura 31: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo desola. ...................................................................................................................83Figura 32: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo deEVA....................................................................................................................84Figura 33: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo deEVA....................................................................................................................85


10Figura 34: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 e 10 pcr de pó deEVA....................................................................................................................85


LISTA DE TABELASTabela 1: Cadeias macromoleculares em homopolímeros e copolímeros. [1] ..........25Tabela 2: Exemplos de elastômeros e os respectivos plastificantes. [19].................38Tabela 3: Consumo dos diversos tipos de antichama. [16] .......................................39Tabela 4: Destino dos resíduos industriais calçadistas. [20] .....................................46Tabela 5: Quanti<strong>da</strong>de de EVA nas amostras. ...........................................................56Tabela 6: Formulação <strong>da</strong> borracha. ..........................................................................58Tabela 7: Peneiras utiliza<strong>da</strong>s para a análise nas amostras de EVA. ........................61Tabela 8: Peneiras utiliza<strong>da</strong>s para a análise do pó de silo........................................61Tabela 9: Tipos de durômetros para calçados. [25] ..................................................62Tabela 10: Resultados obtidos na análise granulométrica do pó de silo misto. ........71Tabela 11: Resultados obtidos na análise granulométrica do pó de silo branco.......72Tabela 12: Resultados obtidos na análise granulométrica dos resíduos de sola. .....74Tabela 13: Valores médios <strong>da</strong> dureza <strong>da</strong> amostras ..................................................76Tabela 14: Valores obtidos nos ensaios de determinação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de..................77Tabela 15: Valores obtidos nos ensaios de resistência à continuação do rasgo.......77Tabela 16: Valores obtidos nos ensaios de resistência a abrasão PFI. ....................79Tabela 17: Resultados obtidos no ensaio de resistência a flexões contínuas...........80


LISTA DE ABREVIATURASBR: Elastômero de Poli butadienoEVA: Copolímero de etileno acetato de vinilaPEAD: Polietileno de alta densi<strong>da</strong>dePEBD: Polietileno de baixa densi<strong>da</strong>dePEBDL: Polietileno linear de baixa densi<strong>da</strong>deNBR: Elastômero de copoli (butadieno/acrilonitrila)NR: Borracha NaturalSAN: Copoli (butadieno/acrilonitrila)SBR: Elastômero copoli (butadieno/estireno)SBS: Elastômero de copoli (estireno-b-butadieno)TPR: Elastômero termoplástico.pcr: Partes por cemIF: Índice de fluidez


SUMÁRIOAGRADECIMENTO.....................................................................................................4RESUMO.....................................................................................................................6ABSTRACT .................................................................................................................7LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................8LISTA DE TABELAS .................................................................................................11LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................12INTRODUÇÃO ..........................................................................................................161. INTRODUÇÃO TEÓRICA ..................................................................................191.1 CONCEITOS BÁSICOS EM CIÊNCIA DOS POLÍMEROS .........................191.1.1 Estrutura molecular no estado sólido de polímeros .............................231.1.2 Temperaturas de transição ..................................................................231.1.2.1 Temperatura de transição vítrea ou Tg.........................................241.1.2.2 Temperatura de fusão cristalina ou Tm ........................................241.1.2.3 Temperatura de cristalização ou Tc..............................................241.1.3 Copolímeros.........................................................................................251.1.3.1 Copolímero de Etileno – Acetato de Vinila - EVA .........................261.1.3.1.1 Características...........................................................................281.1.3.1.2 Proprie<strong>da</strong>des .............................................................................281.2 ELASTÔMEROS.........................................................................................291.2.1 Vulcanização de elastômeros ..............................................................301.2.2 Funções dos componentes de um composto elastomérico .................321.2.2.1 Agentes de vulcanização e aceleradores .....................................321.2.2.2 Ativadores de vulcanização ..........................................................35


141.2.2.3 Cargas ..........................................................................................361.2.2.4 Plastificantes.................................................................................371.2.2.5 Antioxi<strong>da</strong>ntes e agentes de expansão ..........................................381.2.2.6 Retar<strong>da</strong>dores de chama e odorantes ...........................................391.2.2.7 Pigmentos e corantes ...................................................................401.2.3 Processo produtivo <strong>da</strong> borracha ..........................................................401.2.3.1 Pesagem.......................................................................................401.2.3.2 Plastificação ou mastigação .........................................................401.2.3.3 Cilindro homogeneizador..............................................................421.2.3.4 Calandragem ................................................................................431.2.3.5 Vulcanização ................................................................................431.2.3.6 Acabamento..................................................................................441.3 REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS ...................................................451.3.1 Resíduos de EVA gerados nas indústrias calçadistas.........................471.4 COMPORTAMENTO MECÂNICO ..............................................................481.4.1 Tensão-Deformação ............................................................................481.4.2 Módulo de elastici<strong>da</strong>de ........................................................................511.4.3 Deformação viscoelástica ....................................................................511.4.4 Dureza .................................................................................................521.4.5 Densi<strong>da</strong>de............................................................................................531.4.6 Resistência ao rasgo ...........................................................................531.4.7 Resistência à flexão.............................................................................531.4.8 Fatores que influenciam as proprie<strong>da</strong>des mecânicas ..........................532. METODOLOGIA ................................................................................................562.1 PREPARAÇÃO DOS MATERIAIS ..............................................................562.1.1 EVA......................................................................................................572.1.2 Formulação de borracha......................................................................582.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ......................................................602.2.1 Análises realiza<strong>da</strong>s..............................................................................602.2.1.1 Análise granulométrica .................................................................602.2.2 Determinação <strong>da</strong> dureza......................................................................62


152.2.3 Determinação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de ................................................................632.2.4 Resistência à continuação do rasgo ....................................................632.2.5 Resistência à abrasão especial – per<strong>da</strong> de espessura........................652.2.6 Determinação <strong>da</strong> resistência a flexões contínuas em um ângulo de 90°..............................................................................................................662.2.7 Análise térmica ....................................................................................672.2.7.1 Calorimetria Exploratória Diferencial – DSC.................................672.2.7.2 Termogravimetria (TGA)...............................................................693. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................713.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA ..................................................................713.2 DETERMINAÇÃO DA DUREZA..................................................................753.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE ...........................................................763.4 RESISTÊNCIA À CONTINUAÇÃO DO RASGO .........................................773.5 RESISTÊNCIA À ABRASÃO ESPECIAL - PERDA DE ESPESSURA........783.5.1 Determinação <strong>da</strong> resistência a flexões contínuas em um ângulo de 90°..............................................................................................................793.6 ANÁLISE TÉRMICA....................................................................................803.6.1 DSC .....................................................................................................803.6.2 TGA .....................................................................................................84CONCLUSÃO............................................................................................................86SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS .................................................88REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................89


INTRODUÇÃOUm dos grandes problemas do novo milênio é o gerenciamento <strong>da</strong> grandequanti<strong>da</strong>de de lixo em geral, com grande contribuição dos resíduos poliméricosgerados pelos mais diversos segmentos industriais. A poluição ambiental é ca<strong>da</strong> vezmais preocupante, especialmente em relação aos resíduos produzidos por indústriasde grande porte.Inúmeros são os fatores causadores, entre os quais estão as dificul<strong>da</strong>des dedecomposição dos materiais poliméricos, e a facili<strong>da</strong>de de utilização dos plásticosem larga escala, tanto para artigos técnicos quanto para o uso doméstico.Em função do aquecimento global e outras questões causa<strong>da</strong>s pela altaquanti<strong>da</strong>de de poluição gera<strong>da</strong> pelo homem, se faz necessário a criação de meiospara o reaproveitamento de materiais que possivelmente seriam dispostos comoresíduos.A tecnologia, sem dúvi<strong>da</strong>, trouxe grandes benefícios à socie<strong>da</strong>de,proporcionando o seu desenvolvimento mas, também, trouxe inúmeros efeitoscolaterais negativos, como problemas ecológicos (esgotamento progressivo <strong>da</strong> basedos recursos naturais) e também os problemas de origem ambiental (redução <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong>de de recuperação dos ecossistemas).Como conseqüência, temos a ca<strong>da</strong> dia mais aterros sanitários com acapaci<strong>da</strong>de de armazenamento esgota<strong>da</strong> e muitos resíduos armazenados de formainadequa<strong>da</strong>, por falta de informação e também por descaso <strong>da</strong>s fontes geradoras,poluindo o meio ambiente e causando grandes problemas para população, bemcomo para o planeta. Como paleativo, muitas medi<strong>da</strong>s têm sido toma<strong>da</strong>s, tais como:


17reciclagem, incineração, desenvolvimento de polímeros biodegradáveis, reuso ereaproveitamento de materiais residuais, entre outros.Na busca de soluções, muitas empresas buscam implantar sistemas degerenciamento ambiental e o desenvolvimento de tecnologias limpas de modo areduzir ao máximo ou até eliminar as agressões ao meio ambiente.O gerenciamento de resíduos poliméricos pode ser realizado comreciclagem mecânica, para aproveitar os resíduos de produtos que são produzidos apartir de polímeros nobres. Para isto são necessários baixos custos de investimentocom equipamentos e infra-estrutura para seu reaproveitamento. Alguns resíduos sãode fácil reprocessamento por não necessitar de separação de componentes atravésde processos especiais, não precisar de nenhum tipo de limpeza e possuir baixoscustos para a implantação do sistema de reaproveitamento.O processo de reciclagem é algo viável em função dos benefíciosproporcionados, tais como: menor extração de combustíveis fósseis, redução <strong>da</strong>semissões de gás carbônico na atmosfera, redução dos aterros sanitários, entreoutros. Além disso, outra vantagem que pode ser cita<strong>da</strong> é a facili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> utilizaçãodos resíduos industriais, seja como matéria-prima principal de um novo produto oucomo carga.Quando se pensa em reaproveitamento ou reciclagem de qualquer tipo dematerial é necessário que este possua viabili<strong>da</strong>de comercial e uma relação custo /beneficio expressiva, além dos benefícios ao meio ambiente. A utilização deresíduos em formulações de materiais novos não deve ser considera<strong>da</strong> como umaalternativa de competição para o desenvolvimento de novos polímeros, mas sim,como uma alternativa de se alcançar níveis de desempenho que não seriampossíveis com um único polímero.A maioria dos sistemas de reciclagem para polímeros ain<strong>da</strong> requeremgrandes esforços e empenho de várias pessoas, pesquisadores, engenheiros,técnicos em geral; e ain<strong>da</strong> é necessário certo investimento inicial, mas aos poucosas indústrias estão aderindo a novas políticas ambientais.


18Este trabalho teve por objetivo geral o estudo do reaproveitamento deresíduos de EVA oriundos de uma indústria de grande porte do setor calçadista emformulações de borracha para solados de calçados, produzido na mesma empresa.Foram prepara<strong>da</strong>s amostras a partir de resíduos oriundos de diferentesprocessos, os quais foram incorporados em vários teores na formulação deborracha. A caracterização dos materiais foi realiza<strong>da</strong> através de ensaios deresistência ao rasgo, resistência <strong>da</strong> per<strong>da</strong> por abrasão, determinação <strong>da</strong> dureza e <strong>da</strong>densi<strong>da</strong>de e análise térmica (DSC e TGA).


1. INTRODUÇÃO TEÓRICA1.1 CONCEITOS BÁSICOS EM CIÊNCIA DOS POLÍMEROSOs polímeros representam uma grande contribuição <strong>da</strong> química para odesenvolvimento industrial do século XX. Por volta de 1920, Staudinger apresentouum trabalho em que considerava, embora sem provas, que a borracha natural eoutros produtos de síntese, de estrutura química até então desconheci<strong>da</strong>s, eram naver<strong>da</strong>de materiais consistindo de moléculas de cadeias longas, e não agregadoscoloi<strong>da</strong>is de pequenas moléculas como até então se pensava. Mas só em 1928 foidefinitivamente reconhecido pelos cientistas que os polímeros eram substâncias dealto peso molecular. Estas substâncias eram forma<strong>da</strong>s por moléculas gigantescas,que podiam resultar do encadeamento de 10.000 ou mais átomos de carbono. Essesprodutos de síntese apresentavam repetições de pequenas uni<strong>da</strong>des estruturais emsua longa cadeia principal. A massa molecular dos polímeros sintetizadosartificialmente encontra-se entre 10 4 a 10 6 g/mol, já nos polímeros naturais asmassas moleculares são um pouco mais altas, podem atingir até 10 8 g/mol ou mais.Alguns polímeros possuem baixa massa molecular, e esses são chamados deoligômeros; são em geral produtos viscosos e apresentam massa molecular <strong>da</strong>ordem de 10 3 g/mol [1, 2]Figura 1: Estrutura molecular básica de um polímero.[4]


20A forma e o comprimento <strong>da</strong>s ramificações presentes em ca<strong>da</strong> cadeiamacromolecular possuem papel muito importante. Em ca<strong>da</strong> uma dessasmacromoléculas, os átomos presentes estão ligados através de ligações covalentes.Na maioria dos polímeros, o esqueleto <strong>da</strong> cadeia é composto por uma série deátomos de carbono (Figura 1). [1, 2, 3, 4]Essas longas moléculas são forma<strong>da</strong>s por pequenas uni<strong>da</strong>des estruturaisque se repetem e são chama<strong>da</strong>s de meros. O termo polímero foi criado parasignificar muitos meros. A reação que une os monômeros é denomina<strong>da</strong>polimerização. Ca<strong>da</strong> monômero precisa ser capaz de se combinar com no mínimooutros dois monômeros para que assim, possa ocorrer a reação de polimerização.Os materiais poliméricos podem ser classificados em: elastômeros, plásticos efibras. [5, 3, 4]Alguns fatores como a massa molecular média e a distribuição de massamolecular interferem nas proprie<strong>da</strong>des dos polímeros. Com o aumento <strong>da</strong> massamolecular ocorrem variações <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des físicas de forma assintótica, e tornaos polímeros produtos comercialmente vantajosos, pois é possível produzir váriostipos de polímero (grades) de acordo com a necessi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> aplicação outécnica de processamento em particular. Muitas características dos polímerospodem ser afeta<strong>da</strong>s também pela massa molecular, entre elas estão a temperaturade fusão e a temperatura de amolecimento. A temperatura de fusão irá aumentar emfunção de um aumento de massa molecular. [4, 6]As ligações que ocorrem entre as cadeias moleculares para formar ospolímeros também possuem grande influência no produto final. As ligaçõeshidrogênicas e interações dipolo-dipolo, ao lado de forças de van der Waals, criamresistência muito maior do que no caso de moléculas pequenas. [1]Além dos fatores já citados acima, as características físicas de um polímerotambém dependem <strong>da</strong>s diferentes estruturas moleculares forma<strong>da</strong>s que podem serlineares, ramifica<strong>da</strong>s, com ligações cruza<strong>da</strong>s e em rede, além de outras muitasconfigurações isoméricas.Os polímeros lineares (Figura 2) são aqueles em que os meros estão unidosde ponta a ponta em cadeias únicas, sendo que essas cadeias são em geral


flexíveis. Os polímeros lineares podem possuir várias ligações de van der Waalsentre as cadeias. [4]21Figura 2: Polímero linear. [4]Alguns polímeros podem ser sintetizados de forma que a cadeia principalpossua ramificações laterais (Figura 3). Essas ramificações são considera<strong>da</strong>s parte<strong>da</strong> molécula <strong>da</strong> cadeia principal, e resultam de reações paralelas que ocorremdurante a síntese do polímero. [4]Figura 3: Polímero ramificado. [4]Nos polímeros com ligações cruza<strong>da</strong>s (Figura 4), as cadeias adjacentesestão liga<strong>da</strong>s umas às outras por ligações covalentes. Essas ligações ocorremdurante a síntese do polímero ou através de uma reação química não reversível,pós-polimerização, geralmente a altas temperaturas, como é o caso <strong>da</strong> vulcanizaçãodos elastômeros. [3, 4]


22Figura 4: Polímero com ligações cruza<strong>da</strong>s. [4]Os polímeros em rede (Figura 5) são aqueles que possuem uni<strong>da</strong>des demero trifuncionais, ou seja, possuem três ligações covalentes ativas e, assim,formam redes tridimensionais. Polímeros que possuam muitas ligações cruza<strong>da</strong>spodem ser considerados polímeros em rede.Figura 5: Polímero em rede.[4]Os polímeros que são denominados plásticos dividem-se em dois grupos: ostermoplásticos e os termorrígidos. Os termoplásticos sob aumento de temperatura epressão possuem a capaci<strong>da</strong>de de amolecer e fluir e conseqüentemente podem sermol<strong>da</strong>dos facilmente. Esse tipo de polímero, após solidificar-se, pode ser novamenteprocessado, sendo, portanto, reciclável. Já os polímeros termorrígidos, sob aumentode temperatura e pressão, amolecem apenas uma vez, sofrendo um processo decura que é uma transformação química irreversível, tornando-se rígido.Além dos polímeros termoplásticos e termorrígidos, ain<strong>da</strong> há uma outraclasse que são os elastômeros. Esses são materiais que se deformam a temperatura


23ambiente, mas, após essa deformação, voltam à forma original. O que permite essecomportamento aos elastômeros é o fato de possuírem cadeias flexíveisemaranha<strong>da</strong>s umas às outras, e entre essas cadeias há baixa densi<strong>da</strong>de deligações cruza<strong>da</strong>s. [6]A terceira classe polimérica é constituí<strong>da</strong> pelas fibras, que são os polímerostermoplásticos com cadeias orienta<strong>da</strong>s. Esta orientação é realiza<strong>da</strong> no sentidolongitudinal do eixo <strong>da</strong> cadeia principal <strong>da</strong> fibra, que deve satisfazer a condiçãogeométrica do comprimento mínimo de cem vezes maior que o diâmetro (L/D) 100>.Esta orientação permite ao material ser processado na forma de fios finos de granderesistência mecânica.1.1.1 Estrutura molecular no estado sólido de polímerosA estrutura molecular dos materiais poliméricos pode ser de duas formas:fase amorfa ou fase cristalina.A estrutura molecular do polímero sólido consiste na forma com que ascadeias moleculares estão empacota<strong>da</strong>s, formando assim a massa sóli<strong>da</strong>. Esteempacotamento pode acontecer de forma desordena<strong>da</strong>, formando a fase amorfa ouordenado, regular e repetitivo, formando a fase cristalina. Dessa forma acristalini<strong>da</strong>de em polímeros consiste no alinhamento de segmentos de cadeias emum arranjo tridimencionalmente perfeito.Os domínios cristalinos, chamados cristalitos, são muito menores do que oscristais normais, contêm muito mais imperfeições e estão interconectados com asregiões amorfas, não havendo uma divisão clara entre as regiões cristalinas eamorfas. Nos materiais poliméricos, uma completa transformação para o estadocristalino é impossível, porque normalmente apenas uma parte <strong>da</strong> molécula adota aconformação ordena<strong>da</strong> necessária.1.1.2 Temperaturas de transiçãoOs polímeros em geral apresentam três temperaturas de transição muitoimportantes: transição vítrea, fusão cristalina e cristalização.


241.1.2.1 Temperatura de transição vítrea ou TgÉ o valor médio <strong>da</strong> faixa de temperatura que durante o aquecimento de ummaterial polimérico, de uma temperatura baixa para valores mais altos, permite queas cadeias poliméricas <strong>da</strong> fase amorfa adquiram mobili<strong>da</strong>de. [3, 18]Com temperaturas abaixo de Tg, o polímero não tem energia suficiente parapermitir o deslocamento de uma cadeia em relação à outra por mu<strong>da</strong>nçasconformacionais. Nessa situação, ele está no estado vítreo, que se caracteriza porse apresentar duro, rígido e quebradiço. [3, 18]1.1.2.2 Temperatura de fusão cristalina ou TmEsta temperatura é o valor médio <strong>da</strong> faixa de temperatura em que durante oaquecimento desaparecem as regiões cristalinas com a fusão dos cristalitos. Nesteponto, a energia do sistema atinge o nível necessário para vencer as forçasintermoleculares secundárias entre as cadeias <strong>da</strong> fase cristalina, destruindo aestrutura regular de empacotamento, mu<strong>da</strong>ndo o polímero do estado borrachosopara o estado fundido.Essa transição só ocorre na fase cristalina, dessa forma, esse conceito só éaplicado para polímeros semicristalinos.1.1.2.3 Temperatura de cristalização ou TcNo processo de resfriamento de um polímero semicristalino a partir de seuestado fundido, isto é, a partir de uma temperatura acima de Tm, ele atinge umatemperatura baixa o suficiente para que em um <strong>da</strong>do ponto dentro <strong>da</strong> massapolimérica fundi<strong>da</strong>, um grande número de cadeias se organize espacialmente deforma regular. [18]Essa organização espacial irá permitir a formação de uma estrutura cristalinanaquele ponto. Cadeias em outros pontos também estarão aptas a se organizarem,formando assim novos cristais. Esta situação irá se refletir em to<strong>da</strong> a massapolimérica, produzindo-se a cristalização <strong>da</strong> massa fundi<strong>da</strong>. [18]


251.1.3 CopolímerosOs polímeros que possuem apenas um tipo de mero são chamados dehomopolímero. Já os que possuem mais que um tipo de mero são chamados decopolímeros. Este termo é geral, quando há três ou mais monômeros em umareação, pode-se particularizar este número, utilizando a expressão terpolímero outetrapolímero e os monômeros dos quais eles se originam são os comonômeros. [1]A reação de formação de um copolímero é conheci<strong>da</strong> comocopolimerização, e os monômeros envolvidos nesta reação são chamados decomonômeros. Ao se variar os comonômeros e suas quanti<strong>da</strong>des relativas em umacopolimerização, os copolímeros obtidos adquirem proprie<strong>da</strong>des químicas e físicasdiferentes. [3, 4]Os copolímeros podem apresentar-se de diferentes formas, tais como:aleatórios, alternados, em blocos e enxertados (Tabela 1). Nos copolíme<strong>rosa</strong>leatórios ou estatísticos os meros estão dispostos de forma desordena<strong>da</strong> na cadeiado polímero. No caso dos copolímeros alternados, os meros estão dispostos deforma alterna<strong>da</strong> e organiza<strong>da</strong> na cadeia do copolímero, possuindo assim umaregulari<strong>da</strong>de na seqüência. Os copolímeros em blocos são formados por seqüênciasde meros iguais. Já no caso dos copolímeros grafitizados ou enxertados, a cadeiaprincipal do copolímero é forma<strong>da</strong> por um tipo de uni<strong>da</strong>de repeti<strong>da</strong>, enquanto o outromero forma a cadeia lateral enxerta<strong>da</strong>. [1, 3, 4]Tabela 1: Cadeias macromoleculares em homopolímeros e copolímeros. [1]Monônero Polímero RepresentaçãoA Homopolímero ......A-A-A-A-A-A-A-A....B Homopolímero ......B-B-B-B-B-B-B-B....Alternado...A-B-A-B-A-B-A-B-A-B...Em bloco ...A-A-A-B-B-B-A-A-A-B-B-B....B-B....A+B Copolímero Grafitizado ou....A-A-A-A-A-A-A-A-A-A....enxertado.......B-B-B-B-B-BAleatório ....A-B-A-A-B-B-B-A-B-B-A-A....


26Alguns exemplos típicos de copolímeros são: SBR (Elastômero copoli(butadieno/estireno)), NBR (Elastômero de copoli (butadieno/acrilonitrila)), SAN(Copoli (butadieno/acrilonitrila)), EVA (Copolímero de etileno acetato de vinila).Existem inúmeros outros copolímeros que são utilizados pelas indústrias, bem comosintetizados no meio acadêmico. [1]1.1.3.1 Copolímero de Etileno – Acetato de Vinila - EVAO EVA, copolímero de etileno-acetato de vinila é produzido porpolimerização a altas pressões e em condições de síntese análogas a doshomopolímeros PEBD. As proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s resinas obti<strong>da</strong>s nesse processo,possuem desde características similares ao PEBD até as <strong>da</strong> borracha sintética.[7]O EVA é um polímero com parte termofixo e parte termoplástico, sendo,portanto,de difícil reprocessamento. O EVA é um composto microporoso constituídopor resina de EVA, agente de expansão, agente reticulante, cargas, ativadores eauxiliares de processo, além de outros polímeros. [8]A estrutura do PE é modifica<strong>da</strong> com a adição de acetato de vinila (Fórmula1) formando assim um material mais flexível. Essa modificação faz com que o EVAfique mais polar e mais cristalino. Quanto maior for a quanti<strong>da</strong>de de acetato de vinila,maior será a cristalini<strong>da</strong>de do material. A fórmula do EVA nos mostra uma cadeiacarbônica que é liga<strong>da</strong> com o acetato de vinila. [9]Fórmula 1: Estrutura química do copolímero EVA.


27Na produção do EVA, é possível variar o teor de acetato de vinila entre 2% a45%, gerando assim vários grades de EVA. No Brasil, atualmente são produzi<strong>da</strong>sresinas com teor de acetato de vinila de, no máximo, 28%.Os tipos de EVA que possuem teor de acetato de vinila em torno de 20%,apresentam dureza similar ao PVC flexível. O EVA, na maioria dos casos, nãonecessita de plastificantes em seu processamento, logo, os problemas que ocorremem outros polímeros causados por plastificantes são inexistentes. [10]O EVA pode ser mol<strong>da</strong>do facilmente por extrusão, injeção e ain<strong>da</strong> expandidona forma de placas. Um dos inconvenientes na mol<strong>da</strong>gem de peças em EVA é aexpansão. Tanto o EVA quanto a matriz onde este será depositado devem ter suasvariáveis muito bem defini<strong>da</strong>s para evitar o desperdício de material e a deformação<strong>da</strong>s peças. Em alguns casos em que a matriz ou a mistura a ser injeta<strong>da</strong> não estãodentro dos padrões, além dos problemas já citados, pode ocorrer a quebra <strong>da</strong> matrizNo caso do EVA em placas, estas podem expandir até 200%, obtendo-sedensi<strong>da</strong>des entre 0,03 a 0,80 g/cm³. As características <strong>da</strong>s placas expandi<strong>da</strong>s são: A densi<strong>da</strong>de aparente é menor do que a <strong>da</strong> borracha ou PVCexpandido. A resistência à abrasão atende às aplicações para solados decalçados. O EVA expandido possui superior resistência química a óleos eprodutos químicos, quando comparado ao PVC expandido e àborracha; os produtos de EVA expandido ressaltam mais as cores e obrilho do que àquelas em borracha. Ao contrário do PVC, nos produtos de EVA, não há variação nasproprie<strong>da</strong>des com o passar do tempo, pois não há migração deplastificantes. Os produtos permitem a mol<strong>da</strong>gem sob calor como no processo determoformagem a vácuo.


28 É basicamente formado por células fecha<strong>da</strong>s e independentes,fazendo com que a absorção de água seja muito baixa.As principais aplicações do EVA são para a fabricação de chapas reticula<strong>da</strong>se expandi<strong>da</strong>s, utiliza<strong>da</strong>s na produção de solados, entresolas e palmilhas na indústriacalçadista, a qual é responsável por cerca de 69% do mercado de EVA.1.1.3.1.1 CaracterísticasDentre as principais características apresenta<strong>da</strong>s pelos copolímeros deetileno-acetato de vinila (EVA), as principais são: Apresentam excelente flexibili<strong>da</strong>de e tenaci<strong>da</strong>de, sendo assim, asproprie<strong>da</strong>des mecânicas mantêm-se mesmo quando estiverem sobtemperaturas baixas. Os copolímeros de etileno-acetato de vinila apresentam boaelastici<strong>da</strong>de, em alguns casos é semelhante à elastici<strong>da</strong>de doselastômeros. Esses materiais apresentam resistência às quebras sob tensõesambientais muito superiores às apresenta<strong>da</strong>s por outros materiaispoliméricos e copolímeros. São atóxicos, em função dessa característica, são muito utilizadosem brinquedos e artigos para crianças.Outra característica muito importante é a facili<strong>da</strong>de que este possui em sermol<strong>da</strong>do. O EVA pode ser mol<strong>da</strong>do por extrusão, injeção em placas e ain<strong>da</strong>termoformado em filmes (tubular) como também em placas, assim como ocorre como polietileno e também pode ser utilizado o processo de calandragem.1.1.3.1.2 Proprie<strong>da</strong>desAs proprie<strong>da</strong>des do EVA são determina<strong>da</strong>s basicamente por dois fatores: aquanti<strong>da</strong>de de acetato de vinila e o índice de fluidez (MI) g/10min.


29A quanti<strong>da</strong>de de acetato de vinila (%): Quanto maior for o teor de acetato devinila maior será a elongação do EVA. Normalmente a elongação do EVA é maiorque o polietileno de baixa densi<strong>da</strong>de (PEBD), poli (cloreto de vinila) (PVC) flexível eo estireno butadieno (SBR). A elevação do teor de acetato de vinila,conseqüentemente, faz com que o ponto de amolecimento VICAT seja reduzido. Umaumento do teor de acetato de vinila tem como conseqüência uma redução <strong>da</strong>rigidez.O índice de fluidez (IF) g/10min: Os copolímeros de EVA com baixo índicede fluidez podem ser mol<strong>da</strong>dos facilmente para produzir expandidos com célulasfinas. A utilização de EVA com índice de fluidez muito baixo dificulta ahomogeneização, principalmente em cilindro aberto. [11]1.2 ELASTÔMEROSSão chamados de elastômeros os materiais que possuem comocaracterística principal a elastici<strong>da</strong>de. Isto é, quando submetidos a uma força,deformam-se e ao serem liberados dessa tensão voltam ao seu estado original.Os materiais elastoméricos em estado de relaxação, ou seja, quando nãoestão sofrendo tensões, são amorfos e possuem cadeias moleculares altamentetorci<strong>da</strong>s, dobra<strong>da</strong>s e espirala<strong>da</strong>s. Essas cadeias moleculares quando submeti<strong>da</strong>s atrações são desenrola<strong>da</strong>s, distorci<strong>da</strong>s e ficam com certo grau de orientação, sendoque, quando libera<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s tensões, voltam a se enrolar de acordo com suaconfiguração original. [4]A força motriz que atua nas moléculas causando a deformação elástica é oparâmetro termodinâmico chamado de entropia, que na<strong>da</strong> mais é do que a medi<strong>da</strong>do grau de desordem no interior do sistema. A elevação <strong>da</strong> entropia é proporcional àelevação de desordem do sistema. [4]Ao se projetar um desenvolvimento com borracha, é necessário que sejamlevados em consideração as características que se desejam ter no produto final.Para isto, se faz necessária a análise <strong>da</strong> família do elastômero que se deseja utilizar,de acordo com proprie<strong>da</strong>des, o tipo e as características de processamento. Entre asproprie<strong>da</strong>des que devem ser analisa<strong>da</strong>s, as mais importantes são as químicas, tais


30como: resistência a solventes, a óleos, ao ozônio e a produtos químicos. Tambémdevem ser analisados as proprie<strong>da</strong>des mecânicas específicas e o limite detemperatura de trabalho.1.2.1 Vulcanização de elastômerosA borracha não vulcaniza<strong>da</strong> é mole, pegajosa e possui baixa resistência àabrasão. Após ser vulcaniza<strong>da</strong> ,ocorrem melhorias nas proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> borracha,tais como: aumento do limite de resistência à tração e <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção por oxi<strong>da</strong>ção,do módulo de elastici<strong>da</strong>de entre outros. [4, 12]Para que um elastômero possua elastici<strong>da</strong>de e boas proprie<strong>da</strong>desmecânicas é preciso que haja um certo grau de ligações cruza<strong>da</strong>s na estruturaquímica. O processo que proporciona esse grau de ligações entre as cadeias éconhecido com vulcanização ou reticulação. Uma característica que é obrigatóriapara que haja o comportamento elastomérico é que a estrutura molecular sejalevemente provi<strong>da</strong> de ligações cruza<strong>da</strong>s. [4, 12]Figura 6: Curvas de tensão-deformação para borrachas naturais vulcaniza<strong>da</strong>s e não vulcaniza<strong>da</strong>s. [4]


31O processo de vulcanização consiste em uma reação química irreversível,que ocorre normalmente sob eleva<strong>da</strong>s temperaturas e associa<strong>da</strong> a agentes de cura.Os sítios nas cadeias mais suscetíveis à formação de ligações cruza<strong>da</strong>s são osátomos de carbono que participam de ligações duplas os quais, após ocorrer avulcanização, farão parte de ligações simples. [4, 12]A vulcanização dos elastômeros faz com que a resistência a tensões edeformações seja elevava, Figura 6. Enquanto o polímero não é vulcanizado, háapenas um fator que faz com que o material resista à elongação que é oentrelaçamento entre as cadeias O entrelaçamento aumenta proporcionalmente aoaumento <strong>da</strong> massa molecular. Quando ocorre a vulcanização são forma<strong>da</strong>s ligaçõesquímicas entre as cadeias de átomos de enxofre e do polímero, formando ligaçõescarbono-carbono, átomos isolados de enxofre, radicais orgânicos polivalentes ouíons de metais polivalentes, e assim, aumentado a resistência mecânica dopolímero. [12, 13]Figura 7: Rota geral para o processo de vulcanização com aceleradores de enxofre.[13]


32Para se obter um material que resista a grandes deformações sem incorrerem ruptura <strong>da</strong>s ligações, é preciso haver na cadeia poucas ligações cruza<strong>da</strong>s bemdistribuí<strong>da</strong>s, isto ocorre porque a densi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ligações cruza<strong>da</strong>s é diretamenteproporcional ao módulo de elastici<strong>da</strong>de.[4]A rota geral do processo de vulcanização está descrita na Figura 7. Elemostra de forma geral as etapas que ocorrem quando um elastômero esta sofrendoo processo de vulcanização, utilizando-se enxofre como agente de cura.Quando se relacionam em um gráfico características como viscosi<strong>da</strong>de etorque, medi<strong>da</strong>s em função do tempo de cura, obtém-se a curva reológica. As curvasrelaciona<strong>da</strong>s à cura podem ser obti<strong>da</strong>s para conhecimento de alguma proprie<strong>da</strong>deespecifica. Algumas proprie<strong>da</strong>des como tensão e o módulo têm seu aumentoproporcional ao tempo de cura, já no caso <strong>da</strong> elongação e <strong>da</strong> deformaçãopermanente à compressão, estas decrescem de acordo com o tempo de cura. Emum processo de vulcanização, não é possível alcançar os valores ótimos em to<strong>da</strong>sas proprie<strong>da</strong>des com um mesmo tempo de cura. Para que seja determinado o tempoótimo, leva-se em consideração a proprie<strong>da</strong>de mais importante que se deseja obterno produto final. Assim, pode-se dizer que a cura é dimensiona<strong>da</strong> conforme ascaracterísticas do material final que se deseja produzir. [13, 14]1.2.2 Funções dos componentes de um composto elastoméricoSão muitos os componentes utilizados para a produção de um compostoelastomérico com as características deseja<strong>da</strong>s tais como dureza, densi<strong>da</strong>de eelastici<strong>da</strong>de, dentre outros.1.2.2.1 Agentes de vulcanização e aceleradoresOs agentes de vulcanização são substâncias que promovem as ligaçõescruza<strong>da</strong>s entre as várias moléculas do elastômero, proporcionando assim umamelhor plastici<strong>da</strong>de ao produto. O agente de vulcanização é escolhido de acordocom o tipo de polímero utilizado. [4, 13]


33Por meio do agente de vulcanização, o material elastomérico tem suasproprie<strong>da</strong>des modificas e melhora<strong>da</strong>s, destacando-se a resistência a solventes eóleos minerais, resistência à temperatura, e boas proprie<strong>da</strong>des mecânicas etérmicas. Quando o elastômero é vulcanizado, ele passa do estado plástico para oestado elástico, de solúvel para insolúvel. De forma geral, os agentes devulcanização podem ser de três grupos: enxofre, doadores de enxofre e agentes nãosulfurosos. [15]Enxofre: é o agente de cura mais conhecido, é utilizado na cura deborrachas que possuem cadeias insatura<strong>da</strong>s. A reação que ocorre apenas entre aborracha e o enxofre é muito lenta e, do ponto de vista econômico, não é viável paraa fabricação de artefatos de borracha. Para tornar esse processo economicamenteviável, utilizam-se os aceleradores de vulcanização ou doadores de enxofre.Os compostos doadores de enxofre normalmente são chamados deaceleradores de vulcanização. Eles têm a função de reduzir o tempo devulcanização, elevar a taxa de vulcanização e melhorar as proprie<strong>da</strong>des físicas doelastômero. Os aceleradores são substâncias que aceleram o processo devulcanização, ou seja, eles reduzem o tempo necessário para que a vulcanizaçãoadquira suas melhores características.Eles são substâncias químicas que possuem enxofre e a certa temperaturadecompõem-se liberando este, promovendo assim, a reticulação do elastômero.Com a utilização desses aditivos, tem-se a redução de calor do equipamento e ain<strong>da</strong>é possível controlar a vulcanização, que é favoreci<strong>da</strong> pela elevação do tempo ouvariação <strong>da</strong> temperatura em que a composição atinge o máximo de vulcanização.[15]Além de elevarem a veloci<strong>da</strong>de de vulcanização, esses aditivos trazemmuitas outras vantagens, tais como permitir a utilização de temperaturas mais baixase menor tempo de cura, melhoram as proprie<strong>da</strong>des físicas e em particular aresistência ao envelhecimento. [13]A utilização dos aceleradores evita que a borracha seja submeti<strong>da</strong> acondições drásticas de vulcanização, assim, são minimiza<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des dedegra<strong>da</strong>ção térmica e oxi<strong>da</strong>tiva. Além disso, as quanti<strong>da</strong>des de enxofre utiliza<strong>da</strong>s


34podem ser reduzi<strong>da</strong>s sem causar per<strong>da</strong>s nas proprie<strong>da</strong>des físicas <strong>da</strong> vulcanização ecom isso diminuir a afloração de enxofre e aumentar a resistência aoenvelhecimento. [13]A rede de ligações cruza<strong>da</strong>s deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vulcanização, quando sãoutilizados aceleradores de vulcanização orgânicos, é mais simples e com menosramificações do que a produzi<strong>da</strong> apenas com a utilização do enxofre, mostrandoassim como o processo é eficiente. [13]As três classes de aceleradores mais conheci<strong>da</strong>s e utiliza<strong>da</strong>s são: osbaseados em guanidiminas, os baseados em sais metálicos de amônio do ácidoditiocarbânico e os baseados no 2-mercaptobenzotiazol (MTB).Dos aceleradores baseados em guanidiminas (Figura 8), o mais importante éa N,N’-difenilguanidina (DPG). Por algum tempo este tipo de acelerador foi utilizadocomo principal, mas ultimamente ele tem sido utilizado como secundário, emconjunto com outros aceleradores primários.Figura 8: Acelerador do tipo guanidina. [13]Os aceleradores baseados no 2-mercaptobenzotiazol (MBT) (Figura 9) eseus derivados, tais como o derivado de dissulfeto (MBTS), constituem a maisimportante classe de aceleradores usados industrialmente. [13]Figura 9: Acelerador 2-mercaptobenzotiazol.[13]


35Os aceleradores do tipo MBT e MBTS são aceleradores que possueminúmeras vantagens sobre os derivados do ácido ditiocarbânico, sendo que a maiorvantagem <strong>da</strong> utilização destes é a elevação do tempo de pré-cura requerido. Oenxofre presente no grupo mercaptana (MBT) é substituído por uma amina,resultando assim um retar<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> vulcanização (Figura 10).Figura 10: Acelerador tipo MBT evidenciando a substituição do enxofre pelo grupo amina.[13]Agentes não sulfurosos: são formados por substâncias que não possuemenxofre em sua formulação, eles podem ser: óxidos metálicos, peróxidos orgânicos,óxidos de zinco e resinas fenólicas.[15]1.2.2.2 Ativadores de vulcanizaçãoEstes compostos possuem a função de ativar os aceleradores, ou seja,promover a ação dos aceleradores sobre o enxofre e a borracha, para uma rápi<strong>da</strong>vulcanização.O óxido de zinco é um dos ativadores mais conhecidos e utilizados noprocesso produtivo <strong>da</strong> borracha, pois ele aumenta a ação dos aceleradoresorgânicos. Em virtude dessa função, é considerado imprescindível em composiçõeselastoméricas. Durante o processamento <strong>da</strong> borracha, o óxido de zinco reage comácido graxo e forma estereato de zinco, que ativa o sistema de aceleração e tambémfaz com que o calor seja melhor distribuído no composto.[13]Além do óxido de zinco, o ácido esteárico também é muito utilizado nascomposições como co-ativador, apesar de seu mecanismo de atuação no compostonão ter sido até hoje muito bem esclarecido. A utilização de estearato de zinco nolugar do óxido de zinco e do ácido graxo não produz o mesmo efeito ativador.[13]


361.2.2.3 CargasAs cargas são compostos utilizados nas composições de borrachas com afunção de reforçar o material produzido e baixar o custo do produto final. Em algunscasos são utiliza<strong>da</strong>s para melhorar alguma proprie<strong>da</strong>de do produto final. Elas nãosão inertes na vulcanização, pois normalmente aumentam ou diminuem o tempo decura e aumentam a viscosi<strong>da</strong>de do elastômero. [12, 14, 16]A existência de ligações químicas na interface polímero-carga não é umacondição necessária para que ocorra o efeito de carga de reforço no polímero, e, sehouver ligação química, então haverá uma ligação única de proprie<strong>da</strong>desmecânicas.[16]As cargas que reduzem os custos de formulação são chama<strong>da</strong>s de cargasinertes ou enchimento. As cargas de enchimento podem ser incorpora<strong>da</strong>s a borrachaem grandes quanti<strong>da</strong>des, porém, quanto maior for a quanti<strong>da</strong>de de cargas deenchimento, menor será a quali<strong>da</strong>de do produto final. É importante ter consciênciadisto para não correr o risco de produzir um produto de má quali<strong>da</strong>de.Já no caso <strong>da</strong>s cargas de reforço, também chama<strong>da</strong>s de cargas ativas, sãoutiliza<strong>da</strong>s para reforçar certas características do produto. As cargas para reforçopodem aumentar em aproxima<strong>da</strong>mente dez vezes as proprie<strong>da</strong>des mecânicas doelastômero. Este aumento nas proprie<strong>da</strong>des mecânicas se dá em função <strong>da</strong> maiorinteração superficial entre a carga e o polímero.[14] [17]Entre as cargas reforçantes mais utiliza<strong>da</strong>s, a mais conheci<strong>da</strong> é o negro defumo, que é um derivado de petróleo. O negro de fumo é um pó preto obtido a partir<strong>da</strong> combustão incompleta de óleo ou gás.Dentre as proprie<strong>da</strong>des do negro de fumo, destacam-se como principais otamanho de partículas, estrutura, ativi<strong>da</strong>de superficial específica, porosi<strong>da</strong>de econdutivi<strong>da</strong>de elétrica. Os bons resultados conseguidos com o emprego do negro defumo aumentam com a diminuição do tamanho de suas partículas. [14, 18]No setor calçadista há sérios problemas na utilização do negro de fumo naprodução de solados. Os dois maiores problemas quanto a sua utilização são devido


37às solas serem na grande maioria de cores claras, logo incompatíveis com o negrode fumo; e, mesmo para os solados de cores escuras, há restrições quanto à suautilização em função <strong>da</strong>s manchas e riscos pretos que pode provocar em pisosclaros. [12]Em função <strong>da</strong>s restrições quanto à utilização do negro de fumo, foramdesenvolvi<strong>da</strong>s algumas cargas brancas, tais como bióxido de silício ou sílica, queentre as cargas claras é a mais conheci<strong>da</strong> e utiliza<strong>da</strong>.Os silicatos são outro tipo de carga bastante utiliza<strong>da</strong>. Entre os silicatos,destaca-se a utilização do caulim devido ao seu grau de quali<strong>da</strong>de aliado ao baixocusto e facili<strong>da</strong>de de processamento. [16]Os sulfatos são outro tipo de carga, dos quais os mais empregados são ossulfatos de bário, que apresentam peso específico alto e boa resistência a ácidos; osulfato de zinco e o sulfato de bário que além cargas também são utilizados comopigmentos; o sulfato de cálcio, entre outros. [14, 16]A sílica é um excelente agente de reforço, pois, proporciona aumento detenção deformação e resistência ao rasgo, mas como conseqüência diminue omódulo e a resistência à abrasão quando comparamos os resultados com os de umelastômero que possui negro de fumo como carga de reforço. [14, 16]1.2.2.4 PlastificantesOs plastificantes são óleos capazes de auxiliar no processamento doelastômero, tornando-o mais plástico e atuam ain<strong>da</strong> na vulcanização e após amesma. Quando se adiciona um plastificante em uma fórmula de borracha, é muitoimportante verificar a compatibili<strong>da</strong>de entre a borracha e o plastificante, por estarazão o plastificante deve ser escolhido de acordo com o tipo de borracha e tambémdeve possuir a cor mais clara possível. A compatibili<strong>da</strong>de entre o óleo e o polímerodever ser a melhor possível para evitar problemas como migração do óleo do interiordo elastômero para a superfície deste. A Tabela 2 mostra algumas borrachas com osrespectivos plastificantes. [19]


38Com relação à quanti<strong>da</strong>de de plastificante que deve ser utiliza<strong>da</strong> em umcomposto, esta é limita<strong>da</strong> pela quanti<strong>da</strong>de de cargas e pelas características dopolímero. Em ca<strong>da</strong> processo de cura deve-se verificar inicialmente as temperaturasde vulcanização para depois definir qual plastificante será utilizado, sendo que estedeve possuir um ponto de fulgor superior a 20°C a temperatura de cura. [19]Tabela 2: Exemplos de elastômeros e os respectivos plastificantes. [19]BORRACHAEPDMSBRCRNaturalNBRSiliconePLASTIFICANTEParafínico, naftênicoAromático, parafínicoAromático, DOP, poliméricoAromático, parafínicoPolimérico, DOP, aromáticoÓleo de siliconeA concentração de óleo de processamento também influencia nasproprie<strong>da</strong>des do produto final. Um grande percentual de óleo de processamento iráresultar em um material de baixa dureza e módulo elástico mais baixo ain<strong>da</strong>. Já emmateriais com pequena quanti<strong>da</strong>de de óleo, o resultado será alta dureza e módulode elastici<strong>da</strong>de elevado. [4, 16,19]1.2.2.5 Antioxi<strong>da</strong>ntes e agentes de expansãoSão produtos capazes de proteger as moléculas de borracha do ataque dooxigênio e do ozônio. Os antioxi<strong>da</strong>ntes também podem ser chamados demanchantes ou não manchantes. [12]Embora as borrachas sintéticas já possuam antioxi<strong>da</strong>ntes que sãoincorporados durante o processo de fabricação, quando se está processando essaborracha para fazer um solado ou para qualquer outro fim, deve-se acrescentarnovamente uma certa quanti<strong>da</strong>de de antioxi<strong>da</strong>nte. Em função do processo detransformação <strong>da</strong> borracha sintética em um solado ou outro produto, o antioxi<strong>da</strong>nte


39que é colocado pelo fabricante deste polímero pode sofrer alguma degra<strong>da</strong>ção, eassim, perder suas proprie<strong>da</strong>des. [12, 16]Os agentes de expansão também são chamados de esponjantes, estes sãoprodutos que, quando adicionados às composições de borracha, liberam gasesquando submetidos à certa temperatura. Esses gases ficam presos dentro decélulas. Normalmente são utilizados para se obter artigos de borracha microporososou expandidos. [12, 16]Esse efeito que os agentes de expansão proporcionam aos materiaispoliméricos trazem inúmeros benefícios ao produto final, tais como: eleva<strong>da</strong>capaci<strong>da</strong>de de isolação térmica e de amortecimento, menor densi<strong>da</strong>de, maior rigidezespecifica, melhores proprie<strong>da</strong>des dielétricas, entre outras. [16]1.2.2.6 Retar<strong>da</strong>dores de chama e odorantesComo os polímeros são produtos orgânicos, e em maior ou menor grau,inflamáveis, faz-se necessária a utilização de produtos que retardem e até emalguns casos eliminem a possibili<strong>da</strong>de de combustão. Esses produtos são chamadosde retar<strong>da</strong>dores de chama (Tabela 3). [12, 16]Tabela 3: Consumo dos diversos tipos de antichama. [16]CLASSEInorgânicosOrgânicos não reativosTIPOAlumina tri-hidrata<strong>da</strong>;Trióxido de antimônio eCompostos de boroCompostos de fósforo,Compostos de cloro eCompostos de bromoPERCENTUAL DECONSUMO57,229,3Orgânicos reativos - 13,5


40Os retar<strong>da</strong>dores de chama podem ser divididos nos seguintes subgrupos:inorgânicos, orgânicos não reativos e orgânicos reativos. A aplicação de umdeterminado tipo depende do polímero, do uso final, do processamento e de out<strong>rosa</strong>ditivos presentes. [16]Os odorantes são utilizados em pequenas quanti<strong>da</strong>des, normalmente emtorno de 0,1%. Geralmente são essências do tipo baunilhas, óleos essenciaisextraídos de vegetais como o pinho, eucalipto e outros. Eles são incorporados nasborrachas quando há necessi<strong>da</strong>de de produzir algo com determinado odor. Sãomuito utilizados em artigos para crianças e enfeites. [16]1.2.2.7 Pigmentos e corantesSão utilizados para se obter após a vulcanização uma certa cor. Podem serincorporados à mistura durante o processo de mastigação/plastificação ou nomomento em que são adicionados os agentes de vulcanização.[12, 16]Quando se está produzindo borracha para solas de sapatos é recomendávelusar de preferência pigmentos e não corantes. Isto porque, os corantes podemmigrar ou reagir com os demais componentes sintéticos do cabe<strong>da</strong>l do calçado. [12,16]1.2.3 Processo produtivo <strong>da</strong> borracha1.2.3.1 PesagemO processo produtivo tem início com a pesagem <strong>da</strong>s substâncias que fazemparte de ca<strong>da</strong> fórmula. De acordo com as características deseja<strong>da</strong>s, tais comodureza, densi<strong>da</strong>de, abrasão e outras, é desenvolvi<strong>da</strong> a formulação de ca<strong>da</strong> tipo deborracha para calçados.1.2.3.2 Plastificação ou mastigaçãoEsta etapa tem por finali<strong>da</strong>de plastificar o elastômero, não só para facilitar aincorporação dos demais ingredientes <strong>da</strong> formulação como também torná-lo


41suficientemente plástico, para que possam ocorrer as demais fases do processo semproblemas. Nesta etapa o tempo e a temperatura empregados são muitoimportantes.Nesta parte do processo são misturados os componentes que irão formar ocomposto, exceto os aceleradores e o enxofre, pois esses são adiciona<strong>da</strong>s somentequando o composto for para os cilindros de aceleração. Este procedimento érealizado para evitar a pré-vulcanização, provoca<strong>da</strong> pelo aquecimento durante amistura na Bambury (Figura 11) e no cilindro de homogeinizador.Figura 11: Bambury ou mastigador.A etapa de mastigação pode ser realiza<strong>da</strong> em um único período, ou em doisou mais períodos, que normalmente são intercalados com fases de repouso. Quandoa mastigação ocorre em etapas provoca uma maior plastificação no elastômero doque quando ocorre em um único período.Nesta etapa é muito importante se seguir à ordem em que os componentes<strong>da</strong> formulação são incorporados, o tempo e a temperatura. Se esses passos não


42forem seguidos rigo<strong>rosa</strong>mente, poderá ocorrer a formação de grumos, grãossalientes e porosi<strong>da</strong>de no composto, que irão interferir em suas proprie<strong>da</strong>des finais.O processo de mistura dos componentes é realizado com o auxílio de doisequipamentos: um misturador interno do tipo Bambury (Figura 11) seguido de umconjunto de cilindros localizado abaixo do misturador.O Bambury de produção ou misturador utilizado é um modelo AML-25/40-DH-4S fabricado pela Copé que apresenta volume de câmara de 38,5 litros, possui 4(quatro) pás nos rotores, trabalha com pressão pneumática de 100 psi, a fricção é 1:1,16 e a veloci<strong>da</strong>de dos rotores é 26,6 x 22,8 rpm.Embora esta operação não seja muito demora<strong>da</strong>, mas é muito eficiente, poisé suficiente para fazer com que os pe<strong>da</strong>ços de borracha de aproxima<strong>da</strong>mente 3,5Kgsejam misturados aos demais componentes. O tempo de mistura, no Bambury, variade acordo com a formulação, mas está em torno de 4 (quatro) minutos, emtemperatura de aproxima<strong>da</strong>mente 110°C.Após ocorrer a mistura dos componentes no Bambury, o passo seguinte épassar a mistura no cilindro homogeinizador. O material será misturado, por nomínimo 3 (três) bamboleios. Depois o composto sairá na forma de mantas e irá serdepositado em pallets de metal, onde ficará por no mínimo 8 horas antes de passarà etapa seguinte.1.2.3.3 Cilindro homogeneizadorA etapa que segue consiste na mistura dos aceleradores e agentes devulcanização. Esses componentes, assim como todos os outros, são pesados deacordo com as características finais deseja<strong>da</strong>s, e incorporados à massa com oauxílio dos cilindros que tem a função de aquecer a mesma e homogenizar osaditivos. Após a incorporação de todos os componentes, o composto é passado noscilindros (Figura 12) em média 8 vezes. Em todo o processo, os cilindros devemestar na temperatura de aproxima<strong>da</strong>mente 40°C. Se a temperatura estiver muitoalta, poderá haver degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> borracha e modificação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des finais doproduto, podendo também haver a ativação dos agentes de vulcanização


43Figura 12: Cilindro homogeneizador.Se a temperatura estiver muito baixa, a borracha não irá aquecer o suficientepara que os agentes de vulcanização possam ser incorporados na mistura. Dessaforma, a mistura não ficará homogênea e poderão ficar alguns grumos de agentesde vulcanização na mistura. Isso irá causará problemas no momento <strong>da</strong>vulcanização, e por conseqüência gerará um produto final de má quali<strong>da</strong>de.1.2.3.4 CalandragemApós serem misturados os agentes de vulcanização no cilindro, a massa irápara a calandra, para ser lamina<strong>da</strong> e corta<strong>da</strong> em placas. O tempo entre o processoadição dos agentes de aceleração e o envio para a calandra deve ser o menorpossível, pois deve-se evitar gradientes excessivos de temperatura na massa.A calandra consiste em um equipamento composto por dois ou mais rolos deferro fundido com perfuração central para a passagem de água e vapor, ambos paracontrole de temperatura, montados em uma estrutura metálica em diversasconfigurações.1.2.3.5 VulcanizaçãoComo já descrito no item 1.2.1, a vulcanização consiste na formação deuma rede molecular através <strong>da</strong> ligação química entre cadeias independentes


utilizando calor e pressão. Esta é, sem dúvi<strong>da</strong>, a fase mais importante do processo<strong>da</strong> borracha.44Figura 13: Prensa hidráulica.A determinação exata do método e <strong>da</strong>s condições de vulcanização (tempo,temperatura e pressão) deverá ser feita não só tendo em vista a composiçãoemprega<strong>da</strong>, como também as dimensões do artefato a ser fabricado e suaaplicação. O estado de vulcanização afeta as várias proprie<strong>da</strong>des físicas do artefato.O módulo estático aumenta com a vulcanização numa extensão maior que o módulodinâmico.A vulcanização é realiza<strong>da</strong> em prensas. As peças são corta<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s placasque saem <strong>da</strong> calandra e vão para as prensas. Com o auxílio <strong>da</strong> matriz será mol<strong>da</strong><strong>da</strong>a peça; as variáveis como tempo, temperatura e pressão irão mu<strong>da</strong>r de acordo coma peça a ser vulcaniza<strong>da</strong>. Durante a vulcanização ocorre a degasagem, ou seja, amatriz é aberta por alguns segundos para que os gases gerados durante avulcanização não causem bolhas ou outros defeitos na peça final.1.2.3.6 AcabamentoO acabamento é a fase final do processamento, também é uma faseimportante, pois irá influenciar decisivamente no aspecto final do artefato. Pode serfeita por diferentes meios. Normalmente é realiza<strong>da</strong> com o auxilio de um


45equipamento chamado máquina de refilar, o qual á uma navalha que remove asrebarbas do artefato.A operação de acabamento requer um grande cui<strong>da</strong>do, pois a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>srebarbas dos artefatos não deve modificar suas dimensões, o que podecomprometer seriamente seu desempenho e o visual do artefato. Após seremrefila<strong>da</strong>s, as peças estão prontas para irem para a montagem do calçado.1.3 REAPROVEITAMENTO DE MATERIAISO setor calçadista gera grandes quanti<strong>da</strong>des de resíduos provenientes dosprocessos de produção. A maioria dos resíduos gerados são sólidos de materiaispoliméricos, têxteis e couro. Do montante gerado, pouco se aproveita no mesmoprocesso. A maioria desses resíduos necessita de reprocessamento para novamenteserem utilizados.Estudos realizados na região sul do Brasil mostraram que a quanti<strong>da</strong>de deresíduos de EVA gerado pelas indústrias calçadistas no ano de 2001 foi superior a200 tonela<strong>da</strong>s/ mês. Dentre os resíduos, o de maior volume é o que provêm dorecorte de placas expandi<strong>da</strong>s de onde são corta<strong>da</strong>s palmilhas e entresolas.Como se sabe, a cadeia produtiva couro/calçado é o segmento industrial quemais gera rendimentos para a região do Vale dos Sinos, mas em contraponto aolucro está a alta produção de resíduos sólidos no Rio Grande do Sul. De acordo com<strong>da</strong>dos <strong>da</strong> FEPAM, o setor calçadista é responsável por cerca de 86% dos resíduossólidos industriais, classe I, gerados no Estado. Destes, 23 % são resíduosproduzidos pela indústria calçadista. [20][21]Como o EVA possui uma massa unitária baixa, o volume gerado é muitogrande e as áreas para a sua armazenagem (aterros) já estão ficando escassas.Além disso, o EVA não é biodegradável, acumulando-se ao longo dos anos nosaterros, estima-se que o tempo de permanência de EVA é de 150 anos. [20]De todo o resíduo produzido na região, apenas 3% é reaproveitado (Tabela4), mostrando assim o grande desperdício de materiais envolvidos neste setorindustrial. Mesmo o setor calçadista, tendo consciência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>


46diminuição e até a eliminação total de resíduos, e que essa atitude além de serpolítica é ecologicamente correta, é necessário haver um direcionamento persistentee inevitável para a diminuição de custos. [20]Tabela 4: Destino dos resíduos industriais calçadistas. [20]Destino Quanti<strong>da</strong>de (%)Aterro Particular 23Centrais 15Lixão Particular 7Estocagem 5Reaproveitamento 3Não Informado 44Outros 3Com a crescente preocupação com o meio ambiente e a poluição causa<strong>da</strong>pelas indústrias, nos últimos anos, tem-se investido muito em tecnologias limpaspara a produção nos mais diversos ramos industriais. Mesmo com todo oinvestimento que tem sido feito nessa área, poucas são as informações que se têmsobre os resíduos poliméricos gerados pelas indústrias e qual o destino deve ser<strong>da</strong>do para estes materiais. [20]Nas indústrias calçadistas, o resíduo gerado, em sua maioria, possui destinocerto: os aterros sanitários. O grande problema desses aterros sanitários é a nãoidentificação e separação dos materiais depositados devido à diversi<strong>da</strong>de desubstências.Em algumas empresas, já é uma prática comum a separação dos resíduosgerados antes que estes sejam conduzidos aos aterros. Essa separação nareali<strong>da</strong>de possui como principal objetivo a separação de certos resíduos que serãocomercializados com outras empresas que irão utilizar ou reciclar estes resíduos.


471.3.1 Resíduos de EVA gerados nas indústrias calçadistasA procura por alternativas para utilização de resíduos reduz o seu acúmuloem depósitos, minimizando a possibili<strong>da</strong>de de efeitos adversos sobre o meioambiente. Embora haja inúmeras formas de reaproveitamento que as empresas vêmutilizando, as sobras desses materiais, em quase sua totali<strong>da</strong>de são envia<strong>da</strong>s paraaterros sanitários.O depósito de resíduos em aterros sanitários tem um custo alto para asindústrias sem mencionar to<strong>da</strong> a estrutura que é necessária para a deposição dosresíduos. O custo de armazenagem de materiais em um aterro é calculadonormalmente em m³, sendo ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de no valor de aproxima<strong>da</strong>mente R$ 7,00,somando-se a esta quantia de R$ 5,00 referente ao transporte, o que totaliza umcusto próximo a R$ 12,00 por m³, sendo que estes custos ain<strong>da</strong> não contemplam ocusto do aluguel dos containeres, R$ 126,00, que são utilizados como armazenagemtemporária. Portanto, busca-se uma diminuição desses rejeitos através dereaproveitamento.Sabe-se que a eliminação total dos depósitos é quase impossível, porém autilização de parte desses rejeitos reduzirá significativamente a quanti<strong>da</strong>de deresíduos destinados aos aterros sanitários, considerando apenas o EVA.Os resíduos de EVA gerados são compostos normalmente pelos retalhosque sobram do processo de corte mecânico <strong>da</strong>s chapas no formato <strong>da</strong> sola,entresola ou palmilha, solas com problemas de injeção ou que não passam nocontrole de quali<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong> o pó gerado nas lixadeiras, chamado de pó de silo.Nas empresas produtoras de EVA, devido ao processo de produção, sãoperdidos de 15 a 20% no processo de lixação <strong>da</strong>s placas, de 20 a 28% no processode corte e em média 22% nas rebarbas <strong>da</strong>s palmilhas depois de prontas,termoforma<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s solas produzi<strong>da</strong>s pelo processo de injeção.


481.4 COMPORTAMENTO MECÂNICOAs características mecânicas dos polímeros normalmente são muitosensíveis à taxa de deformação, à temperatura e a natureza química do ambiente, àpresença de água, óleo, oxigênio, solventes orgânicos e outros.Para os elastômeros, as forças intermoleculares são baixas, assim,praticamente não há barreiras que impeçam a rotação <strong>da</strong>s cadeias em torno <strong>da</strong>sligações.No caso dos materiais termoplásticos, as forças entre as cadeias e asbarreiras à rotação em torno <strong>da</strong>s ligações são bem maiores do que para oselastômeros.Para os materiais termofixos, as cadeias não são lineares como nostermoplásticos, mas exibem um arranjo tridimensional. Esses materiais são maisfrágeis, devido ao alto grau de ligações cruza<strong>da</strong>s e ao arranjo tridimensional.1.4.1 Tensão-DeformaçãoSão encontrados normalmente três tipos diferentes de comportamentotensão-deformação para os materiais poliméricos (Figura 14).A curva A ilustra o comportamento de um material polimérico frágil,mostrando que este sofre uma fratura enquanto se deforma elasticamente. Na curvaB o comportamento se refere ao de um material plástico, que inicialmente tem umadeformação elástica e depois é segui<strong>da</strong> por um escoamento. O comportamento <strong>da</strong>curva C é de um material totalmente elástico, essa elastici<strong>da</strong>de é típica de materiaiscomo a borracha, ou seja, grandes deformações recuperáveis produzi<strong>da</strong>s mesmosob pequenos níveis de tensão. [1, 3, 4,22]


49Figura 14: Comportamento tensão-deformação para polímeros.[4]O comportamento de tração de materiais poliméricos é determinado por seisfatores básicos: Estrutura do monômero, que influi no tipo de ligação secundária. Flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s moléculas. Massa molecular. A presença ou ausência de ligações cruza<strong>da</strong>s. Cristalini<strong>da</strong>de e orientação <strong>da</strong>s moléculas. Temperatura de uso e sua posição em relação a Tf e Tg.Um polímero livre de solicitações externas, tem suas cadeia dispostas deforma emaranha<strong>da</strong> como mostra a Figura 15.


50Figura 15: Cadeia molecular no estado livre de tensões. [22]Ao se aplicar uma tensão sobre as cadeias, estas movem-se, promovendo odeslizamento de umas sobre as outras e rompendo algumas ligaçõesintermoleculares (Figura 16). Quanto maior forem as forças intermoleculares eintramoleculares, maior será o valor do módulo.Figura 16: Cadeia molecular no estado tensionado. [22]A cristalini<strong>da</strong>de eleva o módulo de elastici<strong>da</strong>de porque nas regiõescristalinas as moléculas estão mais próximas umas <strong>da</strong>s outras do que na matriz


51amorfa. Assim, as ligações são mais fortes e mais rígi<strong>da</strong>s, pois as distânciasintermoleculares diminuem e a flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s cadeias é limita<strong>da</strong> pelas moléculasadjacentes. [22,3]1.4.2 Módulo de elastici<strong>da</strong>deO módulo de elastici<strong>da</strong>de é uma proprie<strong>da</strong>de intrínseca do material edepende de dois parâmetros muito importantes: Rigidez <strong>da</strong>s ligações atômicas edensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ligações, número por uni<strong>da</strong>de de área. Essas ligações funcionamcomo molas. No campo elástico, a deformação se dá pela extensão ou compressãodessa mola, naturalmente, sem que haja deformação plástica, o deslocamento éreversível. [1, 3, 4, 22]A deformação elástica consiste no afastamento dos átomos de suasposições de equilíbrio, com intensi<strong>da</strong>de proporcional à força aplica<strong>da</strong>.⎛σ⎞⎜ ⎟⎝ ε ⎠=EEquação 1: Módulo de Young.O módulo de Young fornece a razão entre a tensão e a deformação quandoa deformação é totalmente elástica, ou seja, ele nos traz a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> rigidez de ummaterial. [3, 4, 22]Nos materiais poliméricos, as proprie<strong>da</strong>des mecânicas são extremamentevariáveis, pois elas são dependentes <strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> temperatura em que omaterial é submetido. [1, 3, 4, 22]1.4.3 Deformação viscoelásticaA viscoelastici<strong>da</strong>de é defini<strong>da</strong> como o fenômeno pelo qual o polímeroapresenta características de um fluido e de um sólido elástico ao mesmo tempo. Afração elástica de deformação aparece devido à variação do ângulo e a distância


52<strong>da</strong>s ligações entre os átomos <strong>da</strong> cadeia polimérica; essa distância vale tanto para acadeia principal como para as laterais. A fração plástica aparece devido ao atrito eescoamento entre as moléculas poliméricas. Isso faz com que o polímero demoreum tempo finito para responder à solicitação, gerando uma defasagem entre esta e aresposta. [1, 3,4]Os polímeros amorfos podem se comportar como vidro a baixastemperaturas, como um sólido com as características de uma borracha atemperaturas intermediárias, acima <strong>da</strong> temperatura de transição vítrea, e como umlíquido viscoso à medi<strong>da</strong> que a temperatura é eleva<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> mais. [1, 3,4]Nos casos <strong>da</strong>s deformações relativamente pequenas, o comportamentomecânico a temperaturas baixas pode ser elástico, isto é, em conformi<strong>da</strong>de com aLei de Hooke. Nas temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s, prevalece o comportamento viscosoou tal qual ao de um líquido. Em temperaturas intermediárias, encontra-se um sólidocom as características de uma borracha, o qual exibe características mecânicas quesão uma combinação desses dois extremos. Nos polímeros, a deformação, mesmoconstante, é função do tempo e seu comportamento. [1, 3,4]1.4.4 DurezaA dureza consiste na medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> resistência que um material possui a umadeformação plástica localiza<strong>da</strong>, tal como uma impressão ou um risco. No início, adeterminação <strong>da</strong> dureza era realiza<strong>da</strong> com base em minerais naturais, com umaescala construí<strong>da</strong> unicamente em função <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de de um material para riscar ooutro mais mole.Com o passar do tempo, foram desenvolvidos sistemas de mediçãoqualitativos, para a identificação <strong>da</strong> dureza. Há vários ensaios de dureza para osdiferentes materiais: ensaios de dureza Rockwel, Brinell e Vickers são maisutilizados para materiais metálicos, enquanto a Shore A e B são mais utiliza<strong>da</strong>s paramateriais poliméricos. [4]


531.4.5 Densi<strong>da</strong>deO grau de empacotamento depende de três fatores: peso dos átomos, seutamanho e a forma como se arranjam no cristal. O tamanho médio dos átomos nãovaria muito de um material para outro, sendo <strong>da</strong> ordem de 2x10 -29 m³; o mesmotambém ocorre com o grau de empacotamento, que fica em torno de 0,75 paraestruturas compactas. Dessa forma a variação de densi<strong>da</strong>de dos materiais se deveexclusivamente à diferença de seus pesos atômicos. [22]1.4.6 Resistência ao rasgoA resistência à ruptura é a energia necessária para se romper ou rasgar umaamostra corta<strong>da</strong> que possui uma geometria padrão.A resistência à ruptura possui grande influência sobre a determinação <strong>da</strong>aplicação de ca<strong>da</strong> material. A habili<strong>da</strong>de de resistir à ruptura é uma proprie<strong>da</strong>deimportante para alguns materiais poliméricos, especialmente aqueles que irão serutilizados em situações de elevado esforço.1.4.7 Resistência à flexãoA resistência à flexão mostra o quanto certo material pode ser flexionadosem apresentar nenhuma alteração. Este parâmetro é muito utilizado para materiaisque sofrerão grandes esforços de flexão. É de suma importância que um calçadoseja flexível para proporcionar mais conforto e mobili<strong>da</strong>de no caminhar.Calçados que possuem solados rígidos, podem causar sérios <strong>da</strong>nos à saúde<strong>da</strong>s pessoas, principalmente quando utilizados com muita freqüência.1.4.8 Fatores que influenciam as proprie<strong>da</strong>des mecânicasSão inúmeros os fatores que podem influenciar o desempenho mecânicodos materiais poliméricos. Por exemplo, o efeito <strong>da</strong> temperatura e <strong>da</strong> taxa dedeformação sobre o comportamento tensão-deformação. O aumento <strong>da</strong> temperatura


54ou a diminuição <strong>da</strong> taxa de deformação leva a uma diminuição do módulo de tração,uma redução do limite de resistência à tração e a uma melhoria <strong>da</strong> ductili<strong>da</strong>de.Além dos fatores já citados, também temos os fatores estruturais e deprocessamento que podem influenciar muito o comportamento mecânico dosmateriais poliméricos.Figura 17: Representação esquemática de uma molécula de cadeia de polímero. [4]Sempre que qualquer restrição é imposta ao processo ocorre uma elevaçãona resistência do material polimérico que está sendo processado. Por exemplo oexcesso de embaraços e nós na cadeia ou um grau significativo de ligaçõesintermoleculares inibe os movimentos relativos <strong>da</strong> cadeia (Figura 17).Os polímeros são formados por um grande número de cadeias moleculares,sendo que ca<strong>da</strong> uma dessas cadeias podem se dobrar, espiralar e contorcer. Essapossibili<strong>da</strong>de de movimento leva a um extenso entrelace e emaranhamento <strong>da</strong>smoléculas de cadeias vizinhas. Essas espirais e embaraços aleatórios, sãoresponsáveis por grande quanti<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s características que são importantes paraos polímeros, incluindo as grandes extensões elásticas demonstra<strong>da</strong>s pelosmateriais como borrachas. Assim como algumas <strong>da</strong>s características mecânicas etérmicas dos polímeros são uma função <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de dos segmentos <strong>da</strong> cadeiapara experimentar uma rotação em resposta a aplicação de tensões e vibraçõestérmicas. A flexibili<strong>da</strong>de rotacional depende <strong>da</strong> estrutura química do mero. Por


55exemplo, a região de um segmento de cadeia que possui ligação dupla (C=C) érígi<strong>da</strong> para rotação.O grau de cristalini<strong>da</strong>de possui uma influência significativa sobre asproprie<strong>da</strong>des mecânicas, pois ele afeta a extensão <strong>da</strong>s ligações secundáriasintermoleculares. Ca<strong>da</strong> molécula tem uma forma e a capaci<strong>da</strong>de de se ordenar emrelação a si mesma e aos vizinhos para uma melhor configuração.Nas regiões cristalinas, onde as cadeias moleculares se encontramdensamente compacta<strong>da</strong>s em um arranjo ordenado e paralelo, existe normalmenteuma grande quanti<strong>da</strong>de de ligações secundárias entre os segmentos de cadeiasadjacentes. As ligações secundárias não são muito influentes nas regiões amorfas,em função do desalinhamento <strong>da</strong>s cadeias. A conseqüência do arranjo <strong>da</strong>s cadeiasnos polímeros semicristalinos faz com que o módulo de tração destes seja elevadosignificativamente com o grau de cristalini<strong>da</strong>de.Quando se eleva o grau de cristalini<strong>da</strong>de de um polímero, eleva-segeralmente a resistência, e como conseqüência, o material torna-se mais frágil.


2. METODOLOGIA2.1 PREPARAÇÃO DOS MATERIAISForam prepara<strong>da</strong>s amostras de borracha, utilizando-se quatro tipos deresíduos de EVA. Os percentuais, em pcr, variaram de zero (amostra branco) a 50,conforme mostra a Tabela 5.Tabela 5: Quanti<strong>da</strong>de de EVA nas amostras.Tipo de resíduo de EVAQuanti<strong>da</strong>de de resíduo de EVA (pcr)Pó de silo misto 10 20 30 50Pó de silo branco 10 20 30 50Resíduos de sola 10 20 30 50Resíduos de placa 10 20 30 50Os resíduos utilizados nas amostras foram obtidos <strong>da</strong>s seguintes formas: Pó de silo misto: obtido <strong>da</strong>s lixadeiras utiliza<strong>da</strong>s para lixar as placasde EVA expandido para remover a “casca” que é forma<strong>da</strong> durante oprocesso de cura. Esta etapa antecede a divisão <strong>da</strong>s placas naespessura deseja<strong>da</strong> para o processo de produção de calçados. Estetipo de pó é chamado de misto porque é proveniente de placas dediversas cores e formulações. Pó de silo branco: obtido <strong>da</strong> mesma forma que o anterior, porém esteé proveniente de apenas uma cor e formulação de EVA.


57 Resíduos de solas: obtido de rejeitos de solas fabrica<strong>da</strong>s peloprocesso de injeção, solas com problemas resultantes <strong>da</strong> injeção ouque não passaram no controle de quali<strong>da</strong>de, rebarbas e galhos(penca que ligam as solas injeta<strong>da</strong>s até bico de injeção). Resíduos de placas: obtidos de retalhos de placas de EVA expandido,utiliza<strong>da</strong>s para fazer palmilhas, solas,e entressolas.Nos quatro tipos de resíduos coletados, além do EVA (resina), havia tambémos seguintes aditivos: ativadores, agentes de expansão, cargas, agentes dereticulação, e pigmentos provenientes <strong>da</strong> formulação original de ca<strong>da</strong> tipo de EVA.2.1.1 EVAPara os resíduos de EVA coletados <strong>da</strong>s lixadeiras, pó de silo, não houve anecessi<strong>da</strong>de de moagem, eles foram apenas pesados e acrescentados nasamostras.Os resíduos de EVA resultantes dos processos produtivos <strong>da</strong> solas de EVAinjetado e placas expandi<strong>da</strong>s foram processados em um cilindro duplo Mac 700 <strong>da</strong>Copé, com as seguintes características: dimensões do cilindro 300 x 700 mm, comveloci<strong>da</strong>de de 19 x 15 RPM, com abertura máxima dos cilindros de 12,5 mm e cargamáxima de 10,5 kg, os cilindros possuíam refrigeração interna.Para o processamento dos resíduos, foi utiliza<strong>da</strong> temperatura entre 55 a60°C <strong>da</strong> massa e abertura entre os cilindros de 0. Os resíduos de EVA forampassados no cilindro apenas uma vez, para diminuir e uniformizar o tamanho dosgrãos. A temperatura de trabalho nos cilindros não ultrapassou 70°C, para evitar aqueima dos resíduos e conseqüentemente a que<strong>da</strong> <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des físicas. Outroproblema causado pela elevação <strong>da</strong> temperatura é a aglomeração dos resíduosformando assim uma massa de difícil processamento.Após serem moídos e devi<strong>da</strong>mente identificados, os resíduos forampreparados para a realização <strong>da</strong> análise granulométrica; para esta, ca<strong>da</strong> amostra foipesa<strong>da</strong> em pequenas quanti<strong>da</strong>des.


582.1.2 Formulação de borrachaPara a preparação <strong>da</strong>s amostras, partiu-se de uma formulação padrão deborracha, que se optou por chamar de amostra Branco, a qual foi utiliza<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>sas amostras, variando-se apenas a quanti<strong>da</strong>de e a natureza do resíduo de EVA.(Tabela 6).Tabela 6: Formulação <strong>da</strong> borracha.Matéria-PrimaQuanti<strong>da</strong>de (pcr)Branco Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4Antiox.Claro 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5NR Clara 20 20 20 20 20BR 60 60 60 60 60SSBR 4525 20 20 20 20 20Ácido Graxo 2 2 2 2 2Carb. Zn ZnCO3 2 2 2 2 2Pol. Pastoso 2 2 2 2 2Peg 4000 3 3 3 3 3Biox. Silício SiO2 40 40 40 40 40Óleo Naftênico 6 6 6 6 6Zebec 70 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05PVI 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3MTB 80 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3MTBS 80 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9S-80 2,25 2,25 2,25 2,25 2,25Resíduo de EVA - 10 20 30 50PROSEC 90 5 5 5 5 5TOTAL (pcr) 164,3 174,3 184,3 194,3 214,3


59Não foram utilizados pigmentos em nenhuma <strong>da</strong>s amostras, poisdependendo do pigmento escolhido e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de deste, seriam necessáriasalgumas correções na formulação. Outro motivo <strong>da</strong> não utilização de pigmentos foiporque alguns pigmentos, em função de sua origem, podem modificar algumas <strong>da</strong>sproprie<strong>da</strong>des finais <strong>da</strong> borracha.Figura 18: Cilindro de laboratório.O processamento <strong>da</strong>s amostras foi realizado em um cilindro duplo delaboratório Copé com temperatura de 70°C e abertura entre os cilindros de zero,pois no Bambury disponível, só seria possível processar amostras com quanti<strong>da</strong>dessuperiores a 15 kg (Figura 18).Foi preparado aproxima<strong>da</strong>mente 1,5 kg de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s amostras, as quaisforam processa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> seguinte forma: primeiro foram mistura<strong>da</strong>s as borrachas, emsegui<strong>da</strong> foram adiciona<strong>da</strong>s as resinas, o bióxido de silício e o óleo, por fimadicionaram-se os resíduos de EVA. Depois de processa<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> amostra ficou emrepouso por 8 horas e em segui<strong>da</strong>, foram adicionados a ca<strong>da</strong> uma os agentes devulcanização, sendo novamente processa<strong>da</strong>s no cilindro para incorporar os agentesde vulcanização às misturas até a homogeneização completa.


60O processo de vulcanização <strong>da</strong>s amostras foi realizado em uma prensaindustrial <strong>da</strong> Copé nas seguintes condições: tempo de 5 minutos e temperatura170°C. Após a vulcanização, foram removi<strong>da</strong>s as rebarbas e as amostras foramencaminha<strong>da</strong>s para os ensaios.2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS2.2.1 Análises realiza<strong>da</strong>s2.2.1.1 Análise granulométricaO ensaio de análise granulométrica pode ser realizado através de diversosmétodos, porém, o mais prático e utilizado é o baseado na utilização de séries depeneiras com tamanho de aberturas padronizado. Neste método, a fase sóli<strong>da</strong> écoloca<strong>da</strong> no topo de uma série de peneiras. Ca<strong>da</strong> peneira possui aberturas menoresque as <strong>da</strong> precedente, usualmente formando uma série de 2 1/n , e no final é inseri<strong>da</strong>uma bandeja cega. Quando as peneiras são submeti<strong>da</strong>s à agitação, as partículaspassam através delas até que seja atingi<strong>da</strong> uma que possua as aberturas muitopequenas para as partículas passarem. O tamanho <strong>da</strong>s partículas coleta<strong>da</strong>s emqualquer peneira é expresso como um comprimento médio apropriado entre asaberturas <strong>da</strong> peneira imediatamente anterior e a abertura <strong>da</strong> peneira coletora. [23]A agitação <strong>da</strong>s peneiras pode ser realiza<strong>da</strong> pelo analista ou por umequipamento apropriado, um peneirador vibratório, que é mais eficiente e preciso noprocesso. Para a realização <strong>da</strong> agitação, deve ser determinado um intervalo detempo conhecido e fixo. O tempo utilizado na realização <strong>da</strong> peneiração édeterminado em função <strong>da</strong> amostra a ser analisa<strong>da</strong>.O ensaio é realizado colocando-se uma quanti<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong> de amostrana peneira do topo, depois a<strong>da</strong>pta-se uma tampa à pilha e o conjunto de peneiras éfixado em um peneirador. A ação <strong>da</strong> agitação <strong>da</strong>s peneiras influência a eficiência doensaio, por isso é desejável que o movimento seja reprodutível.No ensaio de análise granulométrica foram utiliza<strong>da</strong>s várias peneiras <strong>da</strong>série Tyler e produzi<strong>da</strong>s pela Granutest e um agitador Produtest.


61Tabela 7: Peneiras utiliza<strong>da</strong>s para a análise nas amostras de EVA.TYLER / MESH ABNT/ ASMT ABERTURA (mm)1/4" 1/4" 0,006353,5 3,5 0,005664 4 0,004755 5 0,004006 6 0,003367 7 0,002808 8 0,00238CEGA CEGA CEGAEm função <strong>da</strong> diferença de tamanhos nos grãos <strong>da</strong>s amostras houve anecessi<strong>da</strong>de de utilizar dois conjuntos distintos de peneiras. Um dos conjuntos(Tabela 7) com abertura maior foi utilizado na análise <strong>da</strong>s amostras de EVA injetadoe placa.Para as amostras com grãos menores, pó de silo, foram utiliza<strong>da</strong>s peneirascom aberturas menores (Tabela 8).Tabela 8: Peneiras utiliza<strong>da</strong>s para a análise do pó de silo.TYLER / MESH ABNT/ ASMT ABERTURA (mm)28 30 0,60035 40 0,42548 50 0,300100 100 0,150CEGA CEGA CEGAAs amostras foram pesa<strong>da</strong>s antes e após a peneiração em uma balançasemi-analítica Servilab.


622.2.2 Determinação <strong>da</strong> durezaA avaliação <strong>da</strong> dureza de um material permite verificar sua aptidão para umuso específico, como também controlar a uniformi<strong>da</strong>de de um processo deprodução. Genericamente, a dureza é a medi<strong>da</strong> determina<strong>da</strong> através <strong>da</strong>profundi<strong>da</strong>de de penetração de uma ponta defini<strong>da</strong>, uma força e um tempo prédeterminado.Para materiais poliméricos utilizados em calçados utilizam-se durômetrosShore A e D, Asker C e IRHD 2,5 e 5,0mm. Os durômetros mais utilizados paracalçados são o Shore A e D e o Asker C, por estes possuírem pontas maisapropria<strong>da</strong>s aos materiais para solados (Tabela 9).Tabela 9: Tipos de durômetros para calçados. [Error! Bookmark not defined.]Durômetro Tipo de Agulha Peso Uni<strong>da</strong>deShore A Ponta trunca<strong>da</strong> 1,25 kg Shore AShore D Ponta agu<strong>da</strong> 5,0 kg Shore DIRHD 2.5mm Esfera 2,5mm. 5,3 N IRHDIRHD 5.0mm Esfera 5,0mm 5,3 N IRHDAsker C Oval diâmetro 0,5mm 1,25 kg A/CNa realização deste ensaio, utilizou-se um durômetro Bareiss Shore A, e oprocedimento de análise conforme a norma técnica NBR 14454/2006.Para o procedimento dessa análise, foram cortados corpos de prova com asseguintes dimensões: espessura de 6 mm e acondicionados em ambiente comtemperatura de 23°C ± 2°C durante 24 horas.A leitura <strong>da</strong> dureza foi realiza<strong>da</strong> <strong>da</strong> seguinte forma: pressionou-se o corpo deprova contra o durômetro e após 3 segundos foi realiza<strong>da</strong> a leitura. Em ca<strong>da</strong> corpo


de prova, foram realiza<strong>da</strong>s 3 leituras em pontos diferentes e feito a mediana dosvalores. De ca<strong>da</strong> amostra foram testados 5 corpos de prova.632.2.3 Determinação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>deEste ensaio tem como objetivo determinar o peso específico do material,como medi<strong>da</strong> preventiva de um possível desvio <strong>da</strong> composição na formulação.A densi<strong>da</strong>de é uma proprie<strong>da</strong>de que pode ser medi<strong>da</strong> para identificar ummaterial, determinar mu<strong>da</strong>nças físicas, identificar o grau de uniformi<strong>da</strong>de entre váriasuni<strong>da</strong>des de amostra ou corpos de prova. O peso especifico também pode ser umauxiliar na determinação <strong>da</strong> composição de um material.Na realização deste ensaio, utilizou-se uma balança semi-analítica SartóriusGottingen modelo AG BP 6100, um copo de Becker de 500 ml, uma haste para fixaro corpo de prova e água destila<strong>da</strong>. E o procedimento de análise conforme a normatécnica NBR 14737/2001.Para o procedimento dessa análise, foram cortados corpos de prova com asseguintes dimensões: diâmetro de 67 mm e acondicionados em ambiente comtemperatura de 23°C ± 2°C durante 24 horas.O ensaio foi realizado <strong>da</strong> seguinte forma: os corpos de prova foram pesadossecos individualmente e este valor foi anotado; em segui<strong>da</strong>, o copo de Becker foicolocado sobre a balança e com auxilio <strong>da</strong> haste, ca<strong>da</strong> amostra foi submersa naágua dentro do copo de Becker e pesa<strong>da</strong> novamente. Este procedimento foi repetidopara to<strong>da</strong>s as amostras sendo, analisados cinco corpos de prova de ca<strong>da</strong> uma.2.2.4 Resistência à continuação do rasgoMateriais utilizados para solados necessitam ter alta resistência a rasgos equebras, para resistirem aos esforços que serão submetidos. Um outro fator quetambém exige alta resistência ao rasgo, é o fato de que a maioria dos solados possuirelevos que podem ser um fator propício ao inicio de um rasgamento ou quebra dosolado.


64O ensaio de resistência ao rasgo foi realizado conforme a NBR 14458/2000.Na realização deste ensaio, utilizou-se um equipamento de ensaios universal(dinamômetro) EMIC modelo DL 2000 e célula de carga 1000 N. Os corpos de provaforam cortados com as seguintes dimensões: 100 mm de comprimento e 15 mm delargura, com um entalhe longitudinal de 40 mm a partir de uma <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des,conforme Figura 19. Os corpos de prova foram cortados no sentido do comprimento<strong>da</strong> placa de prova.Figura 19: Dimensões do corpo de prova de resistência ao rasgo.Utilizou-se a forma de fixação recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para materiais compactosconforme a Figura 20, e veloci<strong>da</strong>de de afastamento <strong>da</strong>s pinças de 100 ± 10 mm/min.Figura 20: Fixação do corpo de prova nas pinças.


ensaiados.Os resultados são a média dos valores obtidos nos cinco corpos de prova652.2.5 Resistência à abrasão especial – per<strong>da</strong> de espessuraO ensaio de abrasão PFI é muito utilizado para verificar os diversos tipos emodelos de relevos (desenhos), criados pelos modelistas para as solas. Em muitoscasos, utilizam-se matérias-primas que atendem às exigências necessáriasteoricamente, mas quando a sola está pronta, os resultados de abrasão PFI ficammuito ruins. Com base nesses resultados, é realiza<strong>da</strong> a avaliação do desenho dorelevo, pois muitas vezes, a forma como foi projetado não é a mais adequa<strong>da</strong> paraum determinado material. [24]Na realização deste ensaio foi utilizado um equipamento desenvolvido peloPFI (Instituto de Ensaios e Pesquisas para a Fabricação de Calçados-Pirmasens,Alemanha), que simula os movimentos do pé, quando caminhamos. Esteprocedimento utiliza uma lixa padrão com índice de desgaste conhecido,determinado por uma borracha padrão teste, conheci<strong>da</strong> como Noratest, e forneci<strong>da</strong>pelo instituto PFI.Figura 21: Equipamento PFI. [24]O procedimento de análise utilizado foi conforme a norma técnica NBR15190/2005. Para a realização dessa análise, foram cortados corpos de prova


66retangulares com 70 mm x 30 mm e espessura de 5± 0,2 mm. O corpo de prova foiacoplado a um pêndulo (Figura 22), devendo ficar bem aderido a este.O desgaste é determinado pela per<strong>da</strong> de material <strong>da</strong> amostra durante arealização do ensaio.Figura 22: Pêndulo PFI. [24]Os resultados foram obtidos através <strong>da</strong> média dos valores <strong>da</strong> cinco amostrasensaia<strong>da</strong>s de ca<strong>da</strong> amostra.2.2.6 Determinação <strong>da</strong> resistência a flexões contínuas em umângulo de 90°É muito importante para a construção do calçado que o material do soladoseja flexível, pois se este não for, irá ser desconfortável e poderá causar <strong>da</strong>nos àsaúde de quem o usa. Além de flexível, o material precisa possuir resistência àsflexões que sofrerá ao ser utilizado. Caso contrário, poderá apresentar rasgo equebras quando submetido ao uso.Na realização deste ensaio, utilizou-se um Flexômetro 90° Maquitest, e oprocedimento de análise conforme a norma técnica NBR 14742/2001.Para o procedimento dessa análise, foram cortados corpos de prova com asseguintes dimensões: 15 mm de largura e 140 mm de comprimento, os corpos de


67prova também foram aderidos a palmilhas de celulose com 2 mm espessura. Oscorpos de prova assim preparados foram acondicionados em ambiente comtemperatura de 23°C ± 2°C durante 24 horas.Figura 23: Corpo de prova fixado no Flexômetro.Os corpos de prova foram fixados no Flexômetro como mostra a Figura 23, esubmetidos a 30.000 ciclos de flexão, de acordo com a norma NBR 14742/2001,foram realizados três cortes de 2 mm na região <strong>da</strong> flexão, ca<strong>da</strong> amostra foi analisa<strong>da</strong>após o ensaio para verificar se os cortes na região <strong>da</strong> flexão haviam aumentado.2.2.7 Análise térmicaÉ um grupo de técnicas nas quais uma proprie<strong>da</strong>de física de uma substânciaou de seus produtos de reação são medidos em função <strong>da</strong> temperatura, enquanto asubstância é submeti<strong>da</strong> a uma variação de temperatura controla<strong>da</strong> e programa<strong>da</strong>.Há inúmeros métodos térmicos, o que os difere são as proprie<strong>da</strong>des medi<strong>da</strong>s e osprogramas de temperatura utilizados. Para as análises deseja<strong>da</strong>s neste trabalhoforam utilizados dois tipos de análises: Calorimetria exploratória diferencial (DSC) etermogravimetria (TGA).2.2.7.1 Calorimetria Exploratória Diferencial – DSCA DSC é uma técnica de análise térmica na qual as diferenças no fluxo decalor no analito e referência são medi<strong>da</strong>s como uma função <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong>


68amostra enquanto as duas estão submeti<strong>da</strong>s a um programa de temperaturacontrola<strong>da</strong>. Na análise térmica diferencial, são registra<strong>da</strong>s as diferenças detemperatura. [25]Neste tipo de DSC, amostra e referência são coloca<strong>da</strong>s em cápsulasidênticas, posiciona<strong>da</strong>s sobre um disco termoelétrico e aqueci<strong>da</strong>s por uma únicafonte de calor. O calor fornecido por esta fonte é transferido para as cápsulas deamostra e as cápsulas sendo controla<strong>da</strong>s por meio de termopares conectados aodisco, uma vez que ∆T (variação de temperatura), em um <strong>da</strong>do momento, éproporcional a variação de entalpia, à calorimetria e à resistência térmica total aofluxo de calor.O analista que utiliza o DSC deve antes de iniciar os experimentos, conheceras linhas de base <strong>da</strong>s curvas que são gera<strong>da</strong>s pelo equipamento. Para a obtençãodestas é necessário que seja realizado um ensaio com duas cápsulas vazias ouain<strong>da</strong>, deixando a célula do DSC sem as cápsulas de referência. As condiçõesexperimentais (programação de temperatura, atmosfera de forno e vazão do gás)para a obtenção destas curvas devem ser as mesmas nas quais as amostras serãoensaia<strong>da</strong>s.Os eventos térmicos que geram modificações em curvas DSC podem ser,basicamente, transições de primeira e segun<strong>da</strong> ordens. Nas transições de primeiraordem evidenciam-se variações de entalpia (endotérmica e exotérmica) originandoseos picos. Exemplos típicos de eventos endotérmicos que podem ocorrer empolímeros são: fusão, per<strong>da</strong> de massa <strong>da</strong> amostra (vaporização de aditivos ouprodutos voláteis de reação ou decomposição), dessorção e reações de redução. Nocaso dos eventos exotérmicos em polímeros podem ser observados os seguintes:cristalização, cura, reações de polimerização, oxi<strong>da</strong>ção, degra<strong>da</strong>ção oxi<strong>da</strong>tiva,adsorção entre outros. As transições de segun<strong>da</strong> ordem são caracteriza<strong>da</strong>s pelavariação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de calorífica, porém sem variações de entalpia. Dessa forma,essas transições não geram picos nas curvas DSC, e sim um deslocamento <strong>da</strong> linhade base em forma de “S” , um exemplo característico é a transição vítrea.A origem dos picos endotérmicos pode representar as vaporizações decomponentes <strong>da</strong> amostra ou de produtos voláteis formados durante as reações


69induzi<strong>da</strong>s de calor. Eventos esses que são endotérmicos, devido ao trabalho deexpansão resultante <strong>da</strong> formação de gás e podem ser facilmente identificados pelavariação de massa <strong>da</strong> amostra, pesando-se a cápsula <strong>da</strong> amostra antes e depois doexperimento de DSC ou realizando um experimento de termogravimetria (TGA), nasmesmas condições. [26]Os ensaios de DSC, realizados neste trabalho, foram efetuados em umequipamento <strong>da</strong> marca Shimadzu, modelo DSC-60, em uma faixa de temperaturadesde a temperatura ambiente até 250°C, a uma taxa de 10 C°.min -1 sob um fluxode 75 mL.min -1 de N 2 , realizados conforme o procedimento técnico PTAT 001. [27]Para a realização desta análise, pesaram-se em cadinhos de alumínioquanti<strong>da</strong>des entre 12 e 13 mg <strong>da</strong>s amostras. Após serem pesa<strong>da</strong>s as amostras, oscadinhos foram fechados com tampa também de alumínio.2.2.7.2 Termogravimetria (TGA)Os instrumentos para termogravimetria consistem de uma balança analíticasensível, um forno, um sistema de gás de purga de modo a fornecer uma atmosferainerte (ou, em certos casos reativa) e um microcomputador/microprocessador paracontrole do instrumento e para aquisição e controle dos <strong>da</strong>dos. Além disso, paraaplicações nas quais o gás de purga deve ser variado durante o experimento, oinstrumento pode comportar um sistema de chaveamento de gás.A termogravimetria é uma técnica de análise térmica na qual a variação <strong>da</strong>massa <strong>da</strong> amostra (per<strong>da</strong> ou ganho) é determina<strong>da</strong> em função <strong>da</strong> temperatura ou dotempo, durante a realização do experimento, a amostra é submeti<strong>da</strong> a umaprogramação rigo<strong>rosa</strong> de temperatura. Essa técnica possibilita a identificação <strong>da</strong>salterações que podem ocorrer na massa <strong>da</strong>s substâncias quando submeti<strong>da</strong>s aoaquecimento, e assim, permitindo o conhecimento <strong>da</strong> faixa de temperatura na qualelas adquirem uma composição química fixa, constante e defini<strong>da</strong>, acompanhar oan<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s reações de desidratação, decomposição, oxi<strong>da</strong>ção, combustão, atemperatura em que tem início a decomposição <strong>da</strong>s substâncias, etc.As informações referentes à composição, à estabili<strong>da</strong>de química <strong>da</strong> amostrae à estabili<strong>da</strong>de térmica do produto final são forneci<strong>da</strong>s através <strong>da</strong>s curvas gera<strong>da</strong>s


70durante a realização <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s amostras. Durante os ensaios realizados com asamostras, normalmente são liberados os produtos voláteis em função dos processosfísicos e químicos tais como: oxi<strong>da</strong>ção, redução, desidratação, dessorção, etc. ouinteragir com o gás <strong>da</strong> amostra atuante no interior do forno resultando em processosque envolvem ganho <strong>da</strong> massa, tais como: absorção, oxi<strong>da</strong>ção de ligas ou metais eóleo, etc. As variações que ocorrem na massa <strong>da</strong> amostra podem ser determina<strong>da</strong>squantitativamente, e as demais informações que são obti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> curva TGsão de natureza empírica, visto que as temperaturas dos eventos são dependentesde parâmetros relacionados com as características <strong>da</strong> amostra e/ou fatoresinstrumentais. [26]Na realização deste trabalho, utilizou-se um analisador termogravimétricoShimadzu, modelo TGA-50, faixa de temperatura de ambiente a 850°C e erro de até0,001 mg. Os ensaios foram realizados conforme o procedimento técnico PTAT 002.[28]Para o procedimento desta análise, pesaram-se quanti<strong>da</strong>des entre 17 e 19mg de ca<strong>da</strong> amostra, em cadinho de platina. A taxa de aquecimento foi de 10°C.min -1 e atmosfera de N 2 a um fluxo de 50 mL/min.


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO3.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICAOs resultados do percentual retido em ca<strong>da</strong> peneira obtido no ensaio deanalise granulométrica dos resíduos de pó de silo misto são apresentados na Tabela10. A partir dos valores obtidos foi possível verificar que o desvio padrão ficou entre0,7 a 2,3% entre as peneiras utiliza<strong>da</strong>s.Tabela 10: Resultados obtidos na análise granulométrica do pó de silo misto.Peneiras n° (Mesh)% RetidoDiâmetro <strong>da</strong>Peneira (mm)Desvio padrão (%)28 5 0,600 0,738 13 0,425 145 27 0,300 1,5100 42 0,150 2,3Cega 13 0 0,8Esses resíduos não necessitaram de moagem, pois como foram obtidos <strong>da</strong>lixação <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong>s placas possuem grânulos pequenos, logo, foram apenascoletados e submetidos à peneiração. Os resíduos de EVA de pó de silo mistoapresentaram diâmetro médio de 0,15mm, como mostra a Figura 24.


7240pó de silo30retido (%)201000,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6diam (mm)Figura 24: Distribuição granulométrica do resíduo de pó de silo misto.Os resultados obtidos do percentual retido em ca<strong>da</strong> peneira no ensaio deanálise granulométrica dos resíduos de pó de silo misto são apresentados na Tabela11. Foi possível verificar que o desvio padrão ficou entre 0,5 e 4,5%. Pode-seobservar que mesmo com a variação obti<strong>da</strong> no desvio padrão a curva forma<strong>da</strong> poreste resíduo possui certa harmonia na distribuição do percentual retido.Tabela 11: Resultados obtidos na análise granulométrica do pó de silo branco.Peneiras n°%RetidoDiâmetro <strong>da</strong>Peneira (mm)Desvio padrão (%)28 7 0,600 0,638 28 0,425 4,545 36 0,300 1,79100 23 0,150 1,6Cega 7 0 0,5Os resultados observados no histograma do resíduo de EVA branco tiveramuma melhor uniformi<strong>da</strong>de entre o diâmetro <strong>da</strong>s partículas. O valores observados na


Figura 25, mostram que a distribuição granulométrica forma uma curva quaseperfeita.7335silo branco3025retido (%)201510500,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6diam (mm)Figura 25: Distribuição granulométrica dos resíduos de pó de silo brancoO processo de peneiração <strong>da</strong>s amostras de pó de silo misto e branco foi fácilde ser realiza<strong>da</strong>, não houveram problemas durante a realização deste ensaio.Nos ensaios com os resíduos de pó de silo misto e branco o baixo diâmetro<strong>da</strong>s partículas e a boa uniformi<strong>da</strong>de entre elas facilitaram o processamento <strong>da</strong>samostras, ou seja, a incorporação deste resíduo foi realiza<strong>da</strong> de forma mais rápi<strong>da</strong>,pois logo que era acrescentado a mistura logo aderiam aos demais componentes jáem processamento no cilindro. Assim, pode-se comprovar que quanto menor otamanho <strong>da</strong>s partículas melhor a incorporação destes em uma mistura.Os resultados obtidos do percentual retido em ca<strong>da</strong> peneira no ensaio deanálise granulométrica dos resíduos de solas são apresentados na Tabela 12. Foipossível verificar que o desvio padrão ficou entre 0,12 e 4,8%, comprovando umagrande variação entre o tamanho <strong>da</strong>s partículas.


74Tabela 12: Resultados obtidos na análise granulométrica dos resíduos de sola.Peneiras n°%FicanteDiâmetro <strong>da</strong>Peneira (µm)Desvio padrão (%)1/4" 18 6,35 4,163,5 2 5,66 0,274 2 4,75 0,155 1 4,00 0,066 4 3,36 0,127 7 2,80 0,258 9 2,38 0,81Cega 57 0 3,1Após a moagem dos restos de solas, os resíduos foram recolhidos esubmetidos à análise granulométrica, que forneceu os resultados contidos na Figura26.60solas5040retido (%)30201000 1 2 3 4 5 6diam (µm)Figura 26: Distribuição granulométrica dos resíduos de solas.


75Com os resultados obtidos na análise granulométrica, demonstrou-se aheterogenei<strong>da</strong>de dos diâmetros <strong>da</strong>s partículas. Em função disso, a incorporaçãodeste tipo de resíduo nas amostras foi um pouco mais trabalhosa, pois haviampartículas pequenas, que eram processa<strong>da</strong>s facilmente e outras muito grandes queprecisavam de mais tempo e passagens no cilindro para serem totalmenteincorpora<strong>da</strong>s à amostra. Nota-se que quanto maior o tamanho <strong>da</strong>s partículas, maiora dificul<strong>da</strong>de de incorporar esta em uma amostra.Não foi possível realizar a análise granulométrica nos resíduos de placas deEVA, pois, após este material ser moído no cilindro não ocorreu a formação degrãos, e sim de fios. Na tentativa de realizar a análise granulométrica deste,procederam-se <strong>da</strong> mesma forma que com os demais resíduos, mas os fios ficavampresos nas aberturas <strong>da</strong>s peneiras. Foram realiza<strong>da</strong>s várias tentativas depeneiração: com uma quanti<strong>da</strong>de menor, com maior tempo de agitação, elevou-se aagitação, mas enfim, não foi possível realizar a análise granulométrica.Os resíduos de placas e solas foram processados apenas uma vez noscilindros para moagem, ou seja, colocaram-se os resíduos para que estes fossemmoídos nos cilindros e após passarem entre estes, os resíduos foram recolhidos.Não foi realiza<strong>da</strong> uma segun<strong>da</strong> moagem em função <strong>da</strong> plastificação que ocorria comos resíduos, em função do aquecimento gerado pelo atrito entre os cilindros e osresíduos, ao invés de formar grãos, formavam-se grumos e pequenos pe<strong>da</strong>ços deplacas.Assim como ocorreu com os resíduos de solas, com os de placa, também foimais trabalhosa a incorporação desde no processamento <strong>da</strong>s amostras.A análise granulométrica demonstrou a não uniformi<strong>da</strong>de entre o diâmetro<strong>da</strong>s partículas, o que tornou a incorporação do resíduo um pouco mais trabalhosa.3.2 DETERMINAÇÃO DA DUREZAOs valores médios obtidos nas diferentes formulações estão apresentadosnas Tabela 13. O desvio padrão <strong>da</strong>s amostras ficou entre 0,54 e 0,89 Shore A,indicando uma variação pequena entre as amostras.


76Tabela 13: Valores médios <strong>da</strong> dureza <strong>da</strong> amostrasDureza (Shore A)Proporção empcr de EVABrancoPó de silomistoPó de silobrancoResíduos desolasResíduos deplaca0 53 - - - -10 - 57 58 56 5620 - 61 60 60 5830 - 61 60 68 6050 - 65 64 67 66Observando os valores obtidos nos ensaios de determinação <strong>da</strong> dureza,verificou-se que apenas nas amostras com 10 pcr de EVA os valores ficaram maispróximos <strong>da</strong> amostra original (branco). Nas demais amostras os valores de durezaficaram mais altos.Foi observado, ain<strong>da</strong>, que quanto maior a quanti<strong>da</strong>de de resíduo de EVAadicionado às formulações, maior foi o valor de dureza determina<strong>da</strong>.Dentre as amostras, apenas no Branco o resultado ficou com valores abaixodo especificado pelo instituto PFI, que indica uma dureza mínima de 55 Shore Apara solas elastoméricas. Os melhores valores de dureza foram obtidos nasamostras com 50 pcr de resíduos.[24]3.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADEOs resultados obtidos nos ensaios realizados estão naTabela 14. Os valores apresentados na tabela abaixo, são a média obti<strong>da</strong>dos 5 corpos de prova ensaiados.


77Tabela 14: Valores obtidos nos ensaios de determinação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de.Densi<strong>da</strong>de (g/cm³)Proporção empcr de EVABrancoPó de silomistoPó de silobrancoResíduos desolasResíduos deplaca0 1,096 - - - -10 - 1,097 1,098 1,092 1,10020 - 1,092 1,096 1,092 1,10030 - 1,087 1,087 1,101 1,09450 - 1,086 1,077 1,094 1,100Não foram encontra<strong>da</strong>s variações significativas entre as densi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>sdiferentes composições. O que comprova que a variação do percentual de resíduode EVA e a origem destes não afetaram essa proprie<strong>da</strong>de.3.4 RESISTÊNCIA À CONTINUAÇÃO DO RASGOOs resultados médios obtidos nos ensaios de resistência a continuação dorasgo estão apresentados na Tabela 15.Tabela 15: Valores obtidos nos ensaios de resistência à continuação do rasgo.Resistência ao Rasgo (N/mm)Proporção empcr de EVABrancoPó de silomistoPó de silobrancoResíduos desolasResíduos deplaca0 14,2 - - - -10 - 16,4 16,0 15,9 14,620 - 16,8 14,1 16,0 15,530 - 13,0 11,6 11,2 14,450 - 10,7 9,7 9,2 9,7


78Os resultados obtidos nos ensaios mostram que as amostras com até 20 pcrde resíduo de EVA ficaram um pouco mais resistentes ao rasgo do que a amostrabranco, porém essa elevação nos valores não chegou a ser significativa, ela podeser considera<strong>da</strong> como a variação que ocorre entre as amostras. Apenas a amostracom resíduos de pó de silo branco apresentou valores inferiores a <strong>da</strong> amostraBranco.Nas amostras com 30 pcr de resíduo, os valores obtidos ficaram mais baixosque o <strong>da</strong> amostra Branco, com exceção <strong>da</strong> amostra com resíduos de placa naproporção de 30pcr que o valore médio ficou um pouco acima <strong>da</strong> amostra Branco.Como já foi comentado no ensaio de determinação <strong>da</strong> dureza, a eleva<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>dede resíduos pode ter interferido na formação de cadeias longas e com muitasramificações, e assim causado a que<strong>da</strong> de resistência ao rasgo.Observou-se que os resultados médios <strong>da</strong>s amostras com 50 pcr deresíduos ficaram muito inferiores aos <strong>da</strong> amostra Branco, ou seja, quanto maior aquanti<strong>da</strong>de de resíduo, menor será a resistência ao rasgo.Comparando os valores obtidos nas amostras ensaia<strong>da</strong>s com asdeterminações do Instituto PFI, que determina o valor mínimo de resistência àcontinuação do rasgo para materiais compactos de borracha para solas, de 10N/mm, podemos verificar que apenas as amostras com 50 pcr de resíduo, exceto aamostra de pó de silo misto, apresentaram valores inferiores. As demais amostrasapresentaram valores acima <strong>da</strong> especificação. [24]3.5 RESISTÊNCIA À ABRASÃO ESPECIAL - PERDA DE ESPESSURAOs resultados obtidos nos ensaios realizados para a verificação <strong>da</strong> per<strong>da</strong> deespessura <strong>da</strong>s amostras são apresentados naTabela 16. O desvio padrão <strong>da</strong>s amostras ensaia<strong>da</strong>s ficou entre 0,66 e 1,82.Observou se que a per<strong>da</strong> de espessura <strong>da</strong> amostra 30 pcr de resíduo de póde silo misto e branco foi menor que a obti<strong>da</strong> para as amostras com 30 pcr deresíduo de solas e placa, pode-se dizer que está diferença está relaciona<strong>da</strong> com otamanho de grão <strong>da</strong>s partículas e com a incorporação destas na mistura.


79Nas proporções 10 e 20 pcr com resíduos de solas e placas, ocorrerampequenas variações, mas que do ponto de vista técnico não são significativas, ouseja, dificilmente ocorrerão variações significativas de abrasão nessas amostras.Tabela 16: Valores obtidos nos ensaios de resistência a abrasão PFI.Abrasão (1/100mm)Proporção empcr de EVABrancoPó de silomistoPó de silobrancoResíduos desolasResíduos deplaca0 4 - - - -10 - 6 6 10 920 - 6 6 11 1030 - 3 4 15 950 - 11 10 7 12Os resultados obtidos nas proporções 10 e 20 pcr com resíduos de pó desilo misto e branco não sofreram modificações, os valores foram os mesmos paraambos os materiais, sugerindo assim, que em formulações com teores 10 e 20 pcrdesses materiais não há variações significativas nessa proprie<strong>da</strong>de, sob mesmascondições de temperatura.As maiores diferenças observa<strong>da</strong>s entre os resultados obtidos foram entreas amostras com 30 e 50 pcr de resíduos e o branco, as diferenças são significativasentre as amostras, mas quando compara<strong>da</strong>s com o valor especificado pelo InstitutoPFI, que determina um valor máximo de 30, to<strong>da</strong>s as amostras estão em condiçõesde serem utiliza<strong>da</strong>s. [24]3.5.1 Determinação <strong>da</strong> resistência a flexões contínuas em umângulo de 90°Os resultados obtidos nos ensaios de resistência a flexões contínuas estão apresentados naTabela 17.


80Observou-se que independente <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de resíduo utiliza<strong>da</strong> nasamostras, não houve alterações durante as flexões. To<strong>da</strong>s as amostras foramflexiona<strong>da</strong>s 30.000 ciclos e não ocorreu a propagação dos cortes iniciais de 2mm delargura que são feitos na região de flexão.Tabela 17: Resultados obtidos no ensaio de resistência a flexões contínuas.Flexão (30.000 ciclos)Proporção empcr de EVABrancoPó de cilomistoPó de cilobrancoResíduos desolasResíduos deplaca0 SA - - - -10 - SA SA SA SA20 - SA SA SA SA30 - SA SA SA SA50 - SA SA SA SASA = Sem alterações.Observou-se que incorporação dos resíduos não foi significativa para alteraras proprie<strong>da</strong>des mecânicas referentes à flexão <strong>da</strong>s amostras, em nenhuma <strong>da</strong>sproporções utiliza<strong>da</strong>s.3.6 ANÁLISE TÉRMICA3.6.1 DSCForam analisa<strong>da</strong>s as amostras contendo 10 e 50 pcr de resíduos, bem comoa amostra denomina<strong>da</strong> Branco.Foram realizados dois ciclos de aquecimento e as amostras ensaia<strong>da</strong>s emduplicata.Na amostra Branco, observou-se no primeiro aquecimento um eventoendotérmico em torno de 170 °C, indicativo de vulcanização residual. Conforme o


esperado, mediante o segundo aquecimento, este evento não foi observado (Figura.27).81DSCmW0.00branco b 2ªvarredura 2007-06-06 DSC60 15-09.tadbranco b 1ªvarredura 2007-06-06 DSC60 14-14.tadDSCDSC-5.00-10.0050 100 150 200Temp [C]Figura 27: Curvas de DSC para a amostra Branco.As amostras contendo resíduo de EVA mostraram, além <strong>da</strong> vulcanizaçãoresidual, um evento em torno de 80-90 °C, o qual foi atribuído à fusão do EVA,conforme comprovado mediante o segundo aquecimento (Figura 28-31). A utilizaçãode menor teor de resíduo refletiu na menor intensi<strong>da</strong>de do evento de fusão do EVA.Devido ao perfil <strong>da</strong>s curvas obti<strong>da</strong>s, não foi possível avaliar claramente se aincorporação dos resíduos afetou o percentual de vulcanização <strong>da</strong> borracha, devidoà dificul<strong>da</strong>de do cálculo do ∆H de vulcanização (área sob a curva)


82DSCmWsola 50 A 1ª varredura 2007-06-08 DSC60 09-20.tadsola 50 A 2ª varredura 2007-06-08 DSC60 10-38.tadDSCDSC-2.0-4.0-6.050 100 150 200Temp [C]Figura 28: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo de sola.DSCmW0.00placa 50 A 2ª varredura 2007-06-08 DSC60 16-15.tadplaca 50 B 2ª varredura 2007-06-08 DSC60 17-09.tadDSCDSC-2.00-4.00-6.00-8.0050 100 150 200Temp [C]Figura 29: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo de placa.


83DSCmW0.0placa 10 A 1ª varredura 2007-06-14 DSC60 10-52.tadplaca 10 A 2ª varredura 2007-06-14 DSC60 13-56.tadDSCDSC-5.0-10.050 100 150 200Temp [C]Figura 30: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo de placa.DSCmW0.00sola 10 B 1ª varredura 2007-06-14 DSC60 08-27.tadsola 10 B 2ª varredura 2007-06-14 DSC60 09-15.tadDSCDSC-5.00-10.0050 100 150 200Temp [C]Figura 31: Curvas de DSC para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo de sola.


843.6.2 TGANão foram observa<strong>da</strong>s alterações nas temperaturas de per<strong>da</strong> de massa,conforme observado nas Figura 32 e 33.TGA%100.080.0placa 10 2007-06-11 TGA50H 19-20.tadpo 10 2007-06-12 TGA50H 08-42.tadpo 10 2007-06-12 TGA50H 08-42.tadpreto 10 2007-06-13 TGA50H 08-54.tadsola 10 2007-06-11 TGA50H 13-36.tadbranco 2007-06-06 TGA50H 09-24.tadDrTGAmg/minTGATGADrTGATGA 2.00TGATGA0.0060.0-2.0040.0-4.000 100 200 300 400 500 600 700 800Temp [C]Figura 32: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 10 pcr de resíduo de EVA.Conforme o esperado, o resíduo a 850 °C foi menor para as amostras commaior incorporação de EVA (Figura 34).A primeira etapa de per<strong>da</strong> de massa, em torno de 400 °C é atribuí<strong>da</strong> àdegra<strong>da</strong>ção dos segmentos de oriundos do monômero acetato de vinila, docopolímero EVA, levando à formação de ácido acético e a segun<strong>da</strong>, em torno de 500°C, está relaciona<strong>da</strong> à degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> porção olefínica do EVA e <strong>da</strong>s cadeias deborracha. Nas amostras com maior incorporação de resíduo, uma terceira etapapôde ser evidencia<strong>da</strong>, em torno de 720 °C, possivelmente devido à degra<strong>da</strong>ção decargas inorgânicas (Figura 34). Concluiu-se, portanto, que a incoporação deresíduos de EVA não implicou em menor estabili<strong>da</strong>de térmica dos compostos deborracha.


85TGA%100.080.0branco 2007-06-06 TGA50H 09-24.tadplaca 50 2007-06-08 TGA50H 11-21.tadpo 50 2007-06-06 TGA50H 15-21.tadpo 50 2007-06-06 TGA50H 15-21.tadpreto 50 2007-06-08 TGA50H 09-17.tadsola 50 2007-06-08 TGA50H 14-35.tadDrTGAmg/minTGATGATGADrTGA2.00TGATGA0.0060.0-2.0040.0-4.0020.00 100 200 300 400 500 600 700 800Temp [C]Figura 33: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 pcr de resíduo de EVA.TGA%100.00branco 2007-06-06 TGA50H 09-24.tadpo 10 2007-06-12 TGA50H 08-42.tadpo 50 2007-06-06 TGA50H 15-21.tadTGATGATGA80.0060.0040.0020.000 200 400 600 800Temp [C]Figura 34: Curvas de TGA para a amostra incorpora<strong>da</strong> com 50 e 10 pcr de pó de EVA.


CONCLUSÃOAtravés <strong>da</strong>s técnicas de caracterização emprega<strong>da</strong>s, foi possível realizar umestudo <strong>da</strong> incorporação de resíduos de EVA <strong>da</strong> indústria calçadista em formulaçõesde borracha.Através <strong>da</strong> análise granulométrica dos resíduos de EVA empregados, foiconstata<strong>da</strong> grande diferença entre os tamanhos de grão do resíduo de sola. Já paraos resíduos de pó de silo, tanto misto quanto branco não houve grandes diferençasentre o tamanho de partículas, o que facilitou a incorporação desse resíduo nasamostras produzi<strong>da</strong>s. Com os resíduos de sola e placa, a incorporação foi maistrabalhosa em função do tamanho <strong>da</strong>s partículas.Analisando os ensaios de determinação <strong>da</strong> dureza, observou-se que apenasnas amostras com 10 pcr de resíduos e na amostra Branco os valores ficaram maisbaixos. Além disso, verificou-se que quanto maior a quanti<strong>da</strong>de de resíduo, maiseleva<strong>da</strong> ficou a dureza <strong>da</strong>s amostras.Os <strong>da</strong>dos obtidos no ensaio de determinação <strong>da</strong> densi<strong>da</strong>de mostraram queindependente <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de resíduo e origem deste, não houve grandesvariações nessa proprie<strong>da</strong>de. Os valores obtidos neste ensaio apresentaram umdesvio padrão de 0,001 que é praticamente insignificante.No ensaio de rasgamento verificou-se que nas amostras com 10 e 20 pcr deresíduos, ocorreu uma pequena elevação <strong>da</strong> resistência ao rasgo. Nas amostrascom 30 e 50 pcr de resíduos, ocorreu à redução dessa proprie<strong>da</strong>de. O que indicou ainterferência do resíduo de EVA, visto que esse apresenta baixa resistência aorasgo.


87Foram constata<strong>da</strong>s grandes variações nos resultados obtidos nos ensaiosde abrasão por per<strong>da</strong> de espessura. As maiores diferenças foram observa<strong>da</strong>s entreas amostras com 30 e 50 pcr de resíduo e a amostra Branca, sendo uma diferençasignificativa, compara<strong>da</strong> aos demais valores.Foi possível verificar que nas amostras com maior quanti<strong>da</strong>de de resíduo,este interferiu na formação de cadeias mais longas e ramifica<strong>da</strong>s, fazendo que osocorresse apenas à formação de cadeias curtas e ramifica<strong>da</strong>s, e assim , elevando osvalores obtidos nos ensaios de dureza e diminuindo a resistência ao rasgo nasamostras com 30 e 50 pcr.Nos ensaios de flexão, não houve a propagação dos cortes na região <strong>da</strong>flexão em nenhuma <strong>da</strong>s amostras, indicando assim que os resíduos de EVA ,independente <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de,não interferem nessa proprie<strong>da</strong>de.Também foi possível verificar que o custo energético <strong>da</strong> moagem do resíduode EVA é inferior a 5% do valor do EVA virgem, sendo que economia na moagem ereutilização deste em formulações de borracha é vantajosa, tendo em vista que ocusto de armazenamento em aterro é de R$ 12,00 por m³.Através dos resultados obtidos por análise térmica, não foi possível avaliarinequivoca<strong>da</strong>mente se a incorporação de resíduos de EVA afeta de formasignificativa o processo de vulcanização <strong>da</strong> borracha. No entanto, ao comparar-se aestabili<strong>da</strong>de térmica dos compostos com e sem incorporação, verificou-se que estaproprie<strong>da</strong>de não foi afeta<strong>da</strong>.Assim, foi possível concluir que o reaproveitamento de resíduos de EVA éviável em formulações de borracha para solados, para aperfeiçoar essa técnica, umpróximo passo seria a produção em maior escala e a produção de alguns soladospara teste de campo.


SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS Processamento de amostras com diferentes granulometrias. Produção de protótipos de solado para teste de campo. Determinar a resistência ao deslizamento (Gripp); Determinar a resistência à tração. Determinar a resistência a alongação. Determinar a resistência a colagem em cabe<strong>da</strong>l e possibili<strong>da</strong>de demontar um solado termoformado com entresola de EVA.


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