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centro universitário feevale cristina daubermann ... - GED Apostilas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALECRISTINA DAUBERMANNTURISMO PEDAGÓGICO: UMA ARTICULAÇÃO ENTRE O AGENCIAMENTO DEVIAGENS E A PRÁTICA PEDAGÓGICANovo Hamburgo, junho de 2008.


CRISTINA DAUBERMANNTURISMO PEDAGÓGICO: UMA ARTICULAÇÃO ENTRE O AGENCIAMENTO DEVIAGENS E A PRÁTICA PEDAGÓGICACentro Universitário FeevaleInstituto de Ciências Sociais AplicadasCurso de TurismoTrabalho de Conclusão de CursoProfessora Orientadora: Ms. Roslaine K. de Oliveira GarciaNovo Hamburgo, junho de 2008.


CRISTINA DAUBERMANNTrabalho de Conclusão do Curso de Turismo, com título TURISMO PEDAGÓGICO:UMA ARTICULAÇÃO ENTRE O AGENCIAMENTO DE VIAGENS E A PRÁTICAPEDAGÓGICA, submetido ao corpo docente do Centro Universitário Feevale, comorequisito necessário para obtenção do grau de Bacharel em Turismo.Aprovado por:___________________________________Profª. Ms. Roslaine K. de Oliveira GarciaOrientadora___________________________________Profª. Ms. Luciane Aparecida CândidoBanca Examinadora___________________________________Profª. Esp. Rosi Souza FritzBanca Examinadora___________________________________Prof. Ms. Vilson Francisco SelchBanca Examinadora


DEDICATORIADedico este trabalho, a todas as pessoas que de umaforma ou outra fizeram parte dessa caminhada,transmitindo importantes valores e ensinamentos,incentivando-me a continuar em busca daquilo queacredito ser verdadeiro.


"O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requeruma ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante.Implica em invenção e em reinvenção".Paulo Freire


AGRADECIMENTOSAgradeço à minha família, aos meus queridos pais Evaldo eLuizinha, irmão Alexandre, prima-irmã Franciele, tia-mãe Valdete evózinha Ermelinda. O meu obrigada é pouco diante de tudo o quevocês fizeram por mim. Obrigada pelo carinho, apoio e paciência, eprincipalmente por terem me ensinado que vale a pena acreditar elutar por nossos sonhos.Em especial a minha irmã Aline, por todo carinho, apoio e amizade,sempre com uma palavra amiga, um abraço especial e umchimarrãozinho no fim do dia.Ao meu avô Carlos, in memoriam, que sempre me incentivou abuscar algo melhor, a superar os desafios, a perseverar sempre e,através das conquistas, chegar à vitória. De sua existência ficaram oexemplo de vida, a saudade intensa e o eterno agradecimento. Deuma forma muito especial, essa vitória também é sua, pois emnenhum momento você deixou de estar ao meu lado.Ao meu afilhado Aaron, que mesmo distante estará sempre presenteem meu coração.Ao Lucas, pela compreensão, carinho e apoio.À Professora Roslaine K. Garcia, minha querida orientadora, a quemtenho muito carinho, pelo apoio e incentivo em todos os momentosda pesquisa.Aos momentos com meus colegas e professores de curso.Percorremos este caminho importante para todos nós onde a troca


7de conhecimento, as brincadeiras, a convivência o respeito foram degrande valia para o meu amadurecimento pessoal e profissional.


Às minhas queridas colegas de trabalho, obrigada pelo carinho querecebo todos os dias e que fortalece cada vez mais nossa amizade.Não poderia deixar de agradecer a Alininha, Lissa, Gica e a minhaafilhada Anita, que me apoiaram nos momentos de angustia eausência, reforçando laços e sentimentos de eterna amizade.Com todo meu amor e reconhecimento da importância de cada umde vocês que sempre estiveram ao meu lado de alguma forma,muito obrigada!


RESUMOO presente estudo buscou analisar o Turismo Pedagógico enquanto umaprática inovadora, caracterizada por viagens de estudo, capaz de contribuirdiretamente com o processo de ensino-aprendizagem, bem como para o fomento daatividade turística. Com base nos referenciais teóricos, são abordados um brevehistórico do turismo, a relação entre o turismo e a educação, evidenciando osbenefícios que esta prática promove tanto para o setor pedagógico quanto para omercado de agências. A pesquisa caracteriza-se por ser exploratória e conta comuma pesquisa de campo, no qual foram realizadas entrevistas com escolas domunicípio de Novo Hamburgo e com agências de turismo que trabalham com estesegmento. Constatou-se que a atividade contribui diretamente para a formação dosalunos, relacionando o aprendizado com a prática. Da mesma forma, evidenciou-seque as agências estão se direcionando para este segmento como uma interessanteoportunidade de negócios.Palavras-chave: Turismo Pedagógico, Educação, Viagens de Estudo,Mercado de Agências.


ABSTRACTThe present study had searched in order to analyse the Pedagogical Tourismas a innovating practice, by study’s trips witch are capable to contribute directly to theteach-learning process as well as for the promotion of the tourist activity. In accordingto the theoretical referencieeducation, evidencing the benefits that this practicepromotes for the pedagogical sector and tourism agencies market. The research ischaracterizes itself by being exploratory, by interwies with NH’s schools and travelagencies that work with this segment. As we can see, learning trough such practicecan contributes directly for the pupil’s knowledge and education, by the relationbetween teach-learning process and enterteinement. In the .same way, it was noticedthat travel agencies are business-oriented to this segment as a interesting oportunityof market.Key-words: Pedagogical Tourism, Education, Trips of Study, Market ofAgencies.


LISTA DE FIGURASFigura 1. Principais Lugares Visitados e Rotas Utilizadas no Grand Tour.................30Figura 2. O Papel das Operadoras........................................................................... 50


LISTA DE GRÁFICOSGráfico 1. Foco das Viagens Realizadas pelas Escolas............................................60Gráfico 2. Foco da Agência em Relação ao Turismo Pedagógico ........................... 64Gráfico 3. Tipos de Roteiros Oferecidos....................................................................67


LISTA DE QUADROSQuadro 1. Diferenças Conceituais e Metodológicas ..................................................26Quadro 2. Destinos Trabalhados nas Escolas.......................................................... 60Quadro 3. Destinos Trabalhados nas Agências.........................................................65Quadro 4. Destinos Trabalhados de Acordo com os Grupos de Séries ou Ciclos.... 73


SUMÁRIOINTRODUÇÃO ......................................................................................................... 141 TURISMO PEDAGÓGICO .................................................................................... 172 O TURISMO E A RELAÇÃO COM O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM................................................................................................................................. 333 AGÊNCIAS DE TURISMO E O SEGMENTO DE VIAGENS PEDAGÓGICAS..... 474 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA ................................................... 584.1 Pesquisa aplicada às Escolas do Município de Novo Hamburgo ....................... 584.2 Pesquisa aplicada às Agências .......................................................................... 635 ANÁLISES DA PESQUISA .................................................................................. 69CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 78REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 80ANEXO..................................................................................................................... 84Anexo 1. Pesquisa Aplicada às Escolas................................................................... 84Anexo 2. Pesquisa Aplicada às Agências................................................................. 87Anexo 3. Roteiro Pedagógico: Rio Grande – SESC Turismo ................................... 90Anexo 4. Roteiro Pedagógico: Torres e Cânions – SESC Turismo .......................... 93Anexo 5. Roteiro Pedagógico: Missões Jesuíticas – Galápagos Tour ..................... 96Anexo 6. Roteiro Pedagógico: Aparados da Serra – Galápagos Tour ..................... 98


INTRODUÇÃOAtualmente o Turismo Pedagógico constitui um dos segmentos turísticos quemais cresce e que também vêm despertando interesse não só nas escolas, emvirtude de seus benefícios pedagógicos, como também no mercado de agências.Há muito que as viagens são um estímulo ao aprendizado. Através degrandes expedições, países foram descobertos e culturas foram difundidas, o quetrouxe para humanidade uma gama imensurável de conhecimentos sobre as maisdiversas áreas.Ao realizar viagens com cunho pedagógico, as escolas têm a possibilidadede criar uma nova forma de abordar os conteúdos propostos e de oferecer umainteração com o outro, com seu modo de vida e costumes. Desta forma osconteúdos podem se tornar mais agradáveis, de forma menos tradicional e maispróximos à realidade dos alunos.Considerando de um lado o crescimento deste segmento e, por outro, aescassa bibliografia especializada, o objetivo geral deste trabalho foi compreender oTurismo Pedagógico como um importante segmento para o setor turístico eeducacional enquanto uma atividade turística e pedagógica. A pesquisa buscouevidenciar ainda de que forma este segmento está sendo trabalhado na atividadeturística, mais especificamente, na atividade de agenciamento.Sobretudo, o problema concentra-se em: o Turismo Pedagógico pode serconsiderado um segmento importante para o setor turístico e educacional? A


16resposta aprofundada será apresentada no desenvolvimento do trabalho e nas suasanálises.Quanto à metodologia, o trabalho se caracteriza pela pesquisa exploratóriacom abordagem qualitativa. Para tanto, utilizou-se de revisão bibliográfica epesquisa de campo. Procedeu-se a adoção de instrumento de pesquisa dividida emduas etapas. A primeira etapa constitui-se na aplicação de entrevistas de roteirosemi-estruturado com perguntas abertas e fechadas, a três escolas do município deNovo Hamburgo com regimento particular, estadual e municipal. As escolas foramselecionadas a partir da orientação de que realizavam atividades semelhantes aoTurismo Pedagógico, pela Secretaria de Educação e Desporto do Município de NovoHamburgo.A segunda etapa constitui-se, também, na aplicação de entrevistas de roteirosemi-estruturado com perguntas abertas e fechadas, a agências de turismodirecionadas ao segmento do Turismo Pedagógico, localizadas nos municípios deNovo Hamburgo e Porto Alegre. As agências foram selecionadas conformeindicação da ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grandedo Sul, consistindo agências mais direcionadas a este segmento, como também,através de pesquisa no site da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul.Trata-se de amostras não probabilísticas intencionais, em que não sebuscou o universo das escolas e agências, contudo, foram selecionados um númeroaleatório de entrevistados para fins da pesquisa. As amostras foram compostas por03 escolas e 03 agências.Para um melhor entendimento, identificamos as escolas como municipal,estadual e particular. As agências, por sua vez, foram identificadas como A, B e C.Desta forma, o trabalho foi estruturado em cinco capítulos, sendo que oprimeiro engloba conceitos de turismo - de uma forma geral - e do termo TurismoPedagógico – em específico -, evidenciando autores como Beni (2003), Hora eCavalcanti (2003), Ansarah (2000) e Barretto (1995). Também é abordada a


17diferenciação entre os segmentos Turismo Pedagógico, Educacional, Estudantil edestes com o termo Estudo do Meio.O segundo capítulo apresenta a relação entre o turismo e a educação,evidenciando os benefícios que a prática do Turismo Pedagógico pode trazer aosalunos e ao processo de ensino-aprendizagem, destacando autores como Matui(1995), Caligher (1998), Peccatiello (2005) e Milan (2007). O capítulo traz aindaexemplos de empreendimentos e projetos que desenvolvem atividades de acordocom este segmento.Segue o terceiro capítulo, analisando o mercado de agências sob a ótica decomo o segmento de viagens pedagógicas está se desenvolvendo na atividade deagenciamento. Também são abordadas as peculiaridades que esta prática envolve,e os cuidados em relação a sua organização. O capítulo baseia-se em autores comoPetrocchi e Bona (2003), Tomelin (2001), Tavares (2002) e Pelizzer (2005).O quarto capítulo apresenta os resultados das duas etapas da pesquisa decampo, com a apresentação dos dados dispostos em gráficos e tabelas.Por fim, o quinto e último capítulo traz as análises finais do trabalho,relacionando o referencial teórico com a pesquisa de campo realizada.


1 TURISMO PEDAGÓGICOEm termos históricos, as viagens iniciaram quando o homem deixou de sersedentário e passou a viajar, principalmente “motivado pela necessidade decomércio com outros povos” (IGNARRA, 1999, p.15).Para Moesch (2002, p. 20) o turismo é caracterizado como um fenômeno debase cultural, com heranças históricas e troca de informações interculturais. “Osomatório que esta dinâmica sócio-cultural gera parte de um fenômeno recheado deobjetividade-subjetividade, que vem a ser consumido por milhões de pessoas.”Já Oscar de La Torre, define o turismo da seguinte forma:O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário etemporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente pormotivo de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local deresidência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividadelucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importânciasocial, econômica e cultural (OSCAR DE LA TORRE apud IGNARRA, 1999,p. 24).Desde a antigüidade o ser humano costumava realizar deslocamentos queeram motivados por diferentes situações e momentos históricos. Na Grécia e Romaantigas, por exemplo, realizavam viagens por lazer, para consultar os oráculos epara a realização de jogos. Na Idade Média as viagens tinham caráter religioso e, noperíodo do Renascimento, para aquisição de conhecimento (DIAS; AGUIAR, 2002).O turismo, como o conhecemos hoje, constitui-se num fenômenoeminentemente do século XX. Entretanto, alguns estudiosos admitem que o adventodo turismo de massa organizado teve início na Inglaterra durante a transformação


19econômica e social ocorrida como conseqüência da Revolução Industrial, por meiodo surgimento da classe média, que apresentava novas necessidades epossibilidades de gastos, principalmente no que se refere à utilização do tempo livredisponível para o lazer (LAGE; MILONE, 2001).Foi no período da Revolução Industrial que surgiu o grande pioneiro,Thomas Cook, organizando a primeira viagem com um grupo em 1841, levando 570passageiros a um Congresso Antialcoólico. Para tanto, conseguiu persuadir aCompanhia Ferroviária a baixar os preços das tarifas, alegando que era preferívelsair com o trem lotado de passageiros, a cobrar tarifas mais elevadas, mas com umíndice de ocupação reduzido. A partir desta viagem, Cook vislumbrou o enormepotencial econômico que representava a organização de viagens (TOMELIN, 2001).De acordo com Dias e Aguiar (2002, p. 53), durante a segunda metade doséculo XIX, o turismo cresceu mais rapidamente que a atividade industrial, tornandosepopular. Neste período, “o turismo se torna uma necessidade de amplas camadasda população e se consolida como um imperativo social, econômico e cultural dospovos.”Posteriormente, no período compreendido entre a Primeira e SegundaGuerra Mundial, o desenvolvimento do automóvel e do transporte aéreo comercialpromoveu um rápido crescimento e a expansão das viagens internacionais (LAGE;MILONE, 2001).E, atualmente o turismo consiste em um fenômeno sócio-econômico e umcampo de estudo e pesquisa científicas que evidenciam a importância para o serhumano na dimensão social e cultural.Segundo Moesch,[...] o turismo é um campo de práticas histórico-sociais,que pressupõem odeslocamento do(s) sujeito(s), em tempos e espaços produzidos de formaobjetiva, possibilitador de afastamentos simbólicos do cotidiano, coberto desubjetividades, portanto, explicitadores de uma nova estética diante dabusca do prazer (MOESCH, 2002, p. 20).


20A viagem tem como capacidade a quebra da rotina, do descanso,restaurando as forças físicas e psicossomáticas dos indivíduos, ou seja, umdescanso para o corpo e a mente, figurando entre os principais motivos que levamas pessoas a fazer turismo. Pode-se destacar também “a necessidade que o serhumano tem do lúdico, de diversão, da busca pelo novo, ampliação do seuconhecimento, e também a satisfação da curiosidade por novos lugares e culturas”(HORA; CAVALCANTI, 2003, p. 208).Para Ignarra (1999, p.119), através do turismo, os turistas passam aconhecer a vida e o pensamento da comunidade receptiva, tornando-se assim“importante ferramenta da difusão cultural entre povos”. O autor também explica queos canais pelos quais uma localidade se apresenta são os fatores culturais, comopor exemplo o artesanato, o folclore, a gastronomia típica, a arquitetura histórica etípica, entre outras manifestações.De acordo com Barretto (2000) o turismo tem um aspecto social tãoimportante quanto o desenvolvimento econômico por possibilitar a expansão do serhumano, seja pelo divertimento, seja pela possibilidade de conhecer novas culturase enriquecer conhecimentos por meio de viagens.Ruschmann (1997), evidencia que o crescimento da oferta turística, e asfacilidades para as viagens tornaram o mundo inteiro acessível aos viajantes ávidospor novas e emocionantes experiências em regiões com recursos naturais e culturaisconsideráveis.Beni (2003), destaca características do turismo e sua eficiência para:Promover a difusão de informações sobre uma determinada região oulocalidade, seus valores naturais, culturais e sociais. Abrir novasperspectivas sociais como resultado do desenvolvimento econômico ecultura da região; Integrar socialmente, incrementar (em determinadoscasos) a consciência nacional; Desenvolver a criatividade em várioscampos; Promover o sentimento de liberdade mediante a abertura aomundo, estabelecendo ou estendendo os contatos culturais, estimulando ointeresse pelas viagens turísticas (BENI, 2003, p. 39).Já para Gonçalves e Serafim (2006) o turismo é um fenômeno deaproximação ou afastamento de pessoas, uma vez que coloca as diferentes culturas


21em um espaço temporariamente compartilhado. Assim, a dimensão social e culturalda atividade turística é um importante fator para a formação da identidade individual,favorecendo a construção dos valores de cidadania.Segundo Rejowski (2005) o turismo, por ser um fenômeno de múltiplasfacetas, desenvolve-se utilizando métodos e técnicas de várias áreas, comoeconomia, sociologia, psicologia, geografia, antropologia e educação entre outras.O turismo pode apresentar um número indefinido de vertentes, dependendodas motivações do viajante ao empreender a viagem. Ansarah (2000) afirma que asnecessidades humanas e os desejos que levam ao consumo de produtos turísticossão muitos e variam de pessoa para pessoa como, por exemplo, evasão, descanso,conhecimento de lugares e pessoas novas, busca de status, tratamentos de saúde,contemplação da natureza, aventuras, entre outros.Sobre essa questão, Beni (2003) afirma que o motivo da viagem é o principalmeio disponível para a segmentação do mercado, ou seja, a técnica estatística quepermite decompor a população em grupos homogêneos. A segmentação dessemercado tanto pode ocorrer pelo acirramento da concorrência de empresas do setorquanto pelo surgimento de novos tipos de consumidores, com desejos específicos.Percebe-se que alguns segmentos estão mais fortemente relacionados como Turismo Pedagógico, foco deste estudo, tais como Turismo Cultural e Estudantil.Por Turismo Cultural entende-se toda atividade turística em que o principalatrativo não seja a natureza, mas algum aspecto da cultura humana. “Esse aspectopode ser a história, o cotidiano, o artesanato ou qualquer outro dos inúmerosaspectos que o conceito de cultura abrange” (BARRETTO, 2000, p.19).A definição de Turismo Cultural está relacionada à motivação do turista,especificamente de vivenciar o patrimônio histórico e cultural e determinadoseventos culturais, de modo a preservar a integridade desses bens. Nesta definição, aquestão do “vivenciar” abrange duas formas de relação do turista com a cultura oualgum aspecto cultural: a primeira refere-se ao conhecimento, entendido como a


22busca em aprender sobre o objeto da visitação; a segunda corresponde aexperiências participativas e atividades de entretenimento, que ocorrem em funçãodo objeto de visitação (BRASIL, TURISMO CULTURAL, 2006).Turismo Estudantil ou Turismo Jovem, segundo Oliveira (2001) é a práticarealizada por jovens e estudantes que viajam, em geral, para comemorar o términode cursos escolares, normalmente atraídos por locais que oferecem divertimentosnoturnos.Já Montejano (2001) entende o Turismo Estudantil como o deslocamento deestudantes em busca de colégios e universidade no exterior, com o objetivo deampliar a formação cultural em línguas, artes, história, entre outros aspectos, pormeio da participação em cursos, seminários e simpósios. As viagens de formatura ede intercâmbio com bolsas de estudos incluem-se também nessa modalidade.Por sua vez, Giaretta (apud Milan, 2007) considera Turismo Estudantil todasas viagens e excursões praticadas por estudantes com a finalidade de complementare ampliar conhecimentos para sua vida profissional, como também, as viagens deformatura, realizadas para comemorar a conclusão de uma etapa da vida estudantil.Da mesma forma, o Turismo de Estudos e Intercâmbio, constitui-se damovimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem evivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e dedesenvolvimento pessoal e profissional (BRASIL, SEGMENTAÇÃO DO TURISMO,2006).Segundo Camargo (apud Milan, 2007), as viagens possuem em si três níveisbastante úteis ao processo educativo. São eles: a fase anterior à viagem, na qual édespertada a curiosidade pelos locais que serão visitados; a viagem em si, quepermite a integração com grupos locais, para um conhecimento mais detalhadosobre as suas peculiaridades; e, a fase posterior, a qual dá a oportunidade deestímulo à continuidade do intercâmbio entre os participantes e membros do localvisitado, bem como a montagem de exposições de fotos e trabalhos a respeito dostemas de maior interesse.


23Como o turismo é um fenômeno social, suas diversas modalidadesdesenvolvem-se como um reflexo do contexto vivido, conferindo-lhe caráterextremamente dinâmico, o que, aliás, é uma das características mais fortes daatividade (HORA e CAVALCANTI, 2003, p. 223).Também para Hora e Cavalcanti (2003, p. 223), isso não poderia serdiferente em relação à educação, pois como o turismo é um fenômeno social decaráter extremamente dinâmico, “não seria estranho conceber uma modalidade cujaprincipal característica fosse não apenas a satisfação da curiosidade por novoslugares e culturas, mas também o ensino formal propriamente dito”.De acordo com Caligher (1998), em termos históricos, a atividade turísticapedagógica é um acontecimento consideravelmente novo, que vem conquistandoespaço, passando a ser uma área de pesquisa, em que os planejamentosempresariais e os estudos acadêmicos são realizados com mais freqüência. Diantedeste contexto, a autora afirma que “onde o turismo se destaca por sua importânciaeconômica, social, cultural e ambiental, surge uma ampliação na sua relação com aeducação e mais, especificamente, com o processo de ensino-aprendizagem”,conhecida por Turismo Pedagógico (CALIGHER, 1998, p. 14).Para Andriolo e Faustino (1999, p.165) o Turismo Pedagógico corresponde auma “modalidade de turismo que serve às escolas em suas atividades educativas”.Os autores destacam que a finalidade desse tipo de turismo é o processo educativo,mesmo que se utilizem dos serviços e equipamentos turísticos, e da ludicidade, oobjetivo final não é lazer e sim o aumento do nível de aprendizagem dos alunos.De acordo com Hora e Cavalcanti (2003, p. 224) esse conceito serve comoponto de partida para que outras considerações possam ser tecidas acerca doTurismo Pedagógico. Nesse sentido, pode-se compreendê-lo como “uma atividadeque mescla ensino e turismo, apropriando-se de alguns de seus elementos,essencialmente a viagem.”Para Raykil (2005), esta tipologia de turismo busca oferecer aos estudantesa oportunidade de aprender na prática o que foi visto nos conteúdos abordados em


24sala de aula, sendo que através da utilização desse mecanismo facilitador noprocesso ensino-aprendizagem o que mais chama atenção é a possibilidade de setrabalhar efetivamente a interdisciplinaridade 1 .Semelhante ao Turismo Pedagógico, outra tendência na relação entreeducação e turismo é o chamado Turismo Educacional, que consiste na educaçãopara o turismo.De acordo com Rebelo (apud Milan, 2007, p. 25), a preocupação sobreeducação para o turismo se apresenta como uma das importantes “alternativas deprevenção e superação dos impactos da atividade”. É direcionada para umapopulação a ser educada, preparada e que está diretamente ligada a esta atividade,como turistas, comunidade receptora, trade turístico 2 , governantes, estudantes,professores e profissionais da área.Já Dencker (1998), evidencia o Turismo Educacional como o ensino doturismo em escolas de nível fundamental e médio, objetivando esclarecer aosestudantes conceitos relacionados à atividade, através de aulas onde serãoapresentados os termos da área, a importância da qualidade na prestação deserviços, os impactos positivos e negativos do turismo, dentre outros temaspertinentes à disciplina. Além disso, para a autora, o Turismo Educacional tem comointuito promover relações com o ambiente, buscando a geração de novosconhecimentos, de forma dinâmica e participativa.Em sua pesquisa, Borges 3 (2005) evidencia a prática de alguns municípiospertencentes à Rota Romântica 4 , que desenvolvem atividades relacionadas a açõeseducativas voltadas à conscientização turística dos estudantes e comunidade.1 Interdisciplinariedade: “Tentativa voluntária de integração de diferentes ciências com um objetivo deconhecimento comum” (ASENSIO apud HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 53).2 Trade Turístico: Conjunto de equipamentos da estruura constituinte do produto turístico, como meiosde hospedagem, bares e restaurantes, agências de viagens e turismo, empresas de transporte, eoutras atividades ligadas direta ou indiretamente a atividade turística.3 BORGES, Nadir Flores. Turismo e Educação. 2005. Graduada do Curso de Turismo da Feevale.4 Rota Romântica: Associação dos municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Estância Velha,Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Presidente Lucena, Picada Café, NovaPetrópolis, Gramado, Canela e São Francisco de Paula, formando uma rota inspirada na herança doscolonizadores alemães que aqui se instalaram entre 1824 e 1830.


25São Francisco de Paula, um dos municípios pesquisados por Borges (2005)desenvolve o Projeto Educando para o Turismo, coordenado em parceria com asSecretarias de Educação e Turismo, juntamente com a equipe técnica eadministrativa da Prefeitura, na Gestão 2005/2008. O projeto engloba as escolas daRede Municipal e Estadual enfocando a importância da preservação do meioambiente, o resgate dos valores, tradições e folclore da região.O Município de Canela também desenvolve o Projeto Educando para oTurismo, porém voltado apenas para as escolas da Rede Municipal. O programa tementre os objetivos, incentivar os alunos a reconhecerem a idéia de que são parteintegrante do turismo, que podem ajudar a cidade a crescer e desenvolver aindamais a atividade turística. Sendo que muitos alunos já atuam como guias mirins,resultado das práticas educativas já desenvolvidas.Já o Município de Picada Café desenvolve o Projeto Caminhos e Trilhas: AComunidade Escolar Pensando Turismo. O trabalho é realizado na disciplina deCiências Sociais Aplicadas, por uma professora específica da área que buscaatravés do projeto, auxílio de profissionais de outras disciplinas como História, Artes,Geografia, e assim por diante, não acontecendo uma interação contínua dasatividades entre as disciplinas.Borges (2005) evidencia que os roteiros de visitação do Projeto Caminhos eTrilhas são traçados nos bairros em que se localizam as residências dos alunos,valorizando o conhecimento trazido por eles, tendo como objetivo conscientizar apopulação e os alunos, para a preservação patrimonial e cultural.Já no município de Dois Irmãos, o projeto Turismo nas Escolas foicontemplado como conteúdo curricular, de forma interdisciplinar, evidenciando osaspectos turísticos em diversas disciplinas, oportunizando aos estudantes uma maiorpercepção de mundo, bem como o aprimoramento do espírito crítico, sensibilizandoassim, a comunidade.O projeto buscou trabalhar também os pais dos alunos, bem como osprofessores e merendeiras das escolas envolvidas, fazendo palestras e visitações


26dentro do município, fomentando assim a participação da comunidade e valorizandoo potencial turístico de Dois Irmãos.Ao finalizar sua pesquisa, Borges (2005) ressalta que o turismo interagindocom a educação, de forma interdisciplinar, pode contribuir não somente paradinamizar uma disciplina, como também estimular os estudantes na formação deopiniões, configurando-se como um elemento de divulgação do turismo local, atravésdas ações educativas.Por sua vez, outro termo muito utilizado e relacionado diretamente aoturismo e a educação, é o estudo do meio, considerado como “método de ensinoque estabelece uma relação entre teoria e prática, utilizando um objeto de estudopara que o aluno possa continuar o processo de aprendizado iniciado em sala deaula” (GIARETTA, 2003, p.45). Consiste no estudo direto do contexto natural e socialno qual o educando se insere.De acordo com Milan (2007, p. 29), essa prática educacional, utilizada porinstituições de ensino num contexto teórico prático que, em alguns casos, envolvedeslocamentos com a finalidade de estudo, é “erroneamente definida como TurismoPedagógico.” A autora define o estudo do meio como método de ensino, o qualobjetiva atender os propósitos educacionais da escola, proporcionando ao alunoexperiências reais e significativas de aprendizagem. O estudo do meio é, nessecaso, a “mola propulsora” do Turismo Pedagógico.Segundo Boscolo (2007, p. 55), o estudo do meio é considerado um método,em que a observação do meio permite que os educandos participem da investigaçãoda realidade, desenvolvendo o pensamento crítico. “Neste método o exercício dacuriosidade instiga a imaginação, permitindo emoções, comparações e a realizaçãode uma análise com rigor metódico, para o conhecimento da razão de ser do objeto”.Neste processo, alunos e professores se envolvem na construção do conhecimento.Para finalizar esta questão, a autora destaca que, o estudo do meio é ummétodo de investigação que favorece o diálogo e as atividades coletivas,representando um fator de integração das disciplinas. Os objetivos do estudo do


29Uma vez que o olhar do aluno é convertido em olhar de turista, torna-semais fácil a transmissão de algum conhecimento, visto que a aula ganhavida e a experiência de aprendizado do aluno torna-se algo real, com o qualele pode interagir. As formas de relevo em uma aula de geografia estarão àvista, poderão ser percorridas; os impactos da poluição serão sentidos deperto em uma aula de campo sobre o meio ambiente; a aula de históriaganhará forma nos monumentos históricos da cidade; as formasgeométricas ganharão fascínio nas fachadas dos prédios e nos terrenos,enfim, são inúmeras as possibilidades educacionais do turismo pedagógicoquando se recorre à conversão do olhar (HORA; CAVALCANTI, 2003, p.225).Sendo assim, Brandão e Aldrigue (2005) reforçam sua importância comouma forma de despertar a curiosidade dos alunos, uma vez que o aprendizadodepende do interesse pelo objeto de estudo, evidenciando, também, que atravésdesta prática os alunos terão a oportunidade de observar, indagar e interagir comeste objeto.Gonçalves e Serafim (2006, p. 07), evidenciam nesta prática, asmanifestações populares espontâneas são as que se destacam, já que “o interesseestá intrinsecamente relacionado à apreensão do conhecimento pela observação inloco da realidade”.Outra característica relacionada ao Turismo Pedagógico diz respeito asazonalidade que segundo Ansarah (2000, p.23) pode ser entendida como a“concentração de turistas num mesmo período e destinações, decorrenteprovavelmente das férias escolares, provocando, muitas vezes, ociosidade dosequipamentos nos meses restantes do ano”.Hora e Cavalcanti (2003, p. 58) afirmam que “ao contrário das atividadesconvencionais de turismo, o pedagógico tende a ocorrer no período letivo, e não nasférias. Isso confere a atividade uma característica bastante peculiar, que pode serchamada de ‘sazonalidade invertida’.” O autor ainda ressalta que mantém sualigação com o lazer muito mais pela questão da atitude que do tempo. Isso porque,embora seja uma atividade turística, é primordialmente uma atividade pedagógica,realizada, por esse motivo, fora do tempo livre.


30Segundo Milan (2007), o Turismo Pedagógico representa a oportunidade deexplorar a relação homem-espaço, nas mais variadas perspectivas de análise doconhecimento humano de forma interativa, divertida e multidisciplinar.Para Morais e Maia (2005, p. 02), o Turismo Pedagógico caracteriza-sepelas viagens sem fins de lazer, isso não quer dizer que deixam de ser agradáveis eé, através dessas viagens, que se busca atingir atividades educativas. “A viagemdará um encantamento diferente para a educação, motivando os alunos em umambiente diferente da sala de aula.”De acordo com Artigas ( apud Milan, 2007, p. 32), é possível, por exemplo,ao visitar determinados pontos turísticos, conhecer a evolução e o desenvolvimentodo local, as características geográficas, a preservação ambiental e outros aspectosrelacionados ao currículo escolar e as suas áreas de conhecimento.Milan (2007, p. 32) complementa, “por meio do contato direto com osrecursos naturais, históricos, culturais e sociais, os alunos poderão se questionar ebuscar respostas para as várias situações vivenciadas fora dos limites da escola”.Ainda segundo a autora, também propicia ao aluno aprender mais sobre si mesmo,pois, ao vivenciar experiências concretas que fazem parte de sua própria história,passa a ter interesse em preservá-la e até mesmo enriquecê-la.Assim, esta nova corrente de turismo é resultante da necessidade dasescolas mudarem o seu posicionamento e o turismo passa a ser um importantecanal deste novo processo de educação (PELIZZER, apud FONSECA FILHO, 2007).O Turismo Pedagógico têm-se apresentado como uma modalidade que,segundo Beni (2003), consiste na retomada de uma antiga prática amplamenteutilizada na Europa e Estados Unidos por colégios e Universidade particulares queorganizavam viagens culturais com o acompanhamento de professoresespecializados da própria instituição de ensino, através de um programa,previamente organizado, de aulas e visitas a pontos históricos ou de interesse parao desenvolvimento educacional dos estudantes.


31Quanto aos aspectos educacionais no contexto da história das viagens,pode-se afirmar que do século XIV ao século XVII, a idéia de viagem como recursopara o ensino teve seu expoente na Europa, durante o Renascimento. Lage e Milone(2001) afirmam que, nessa fase, desenvolveram-se as artes, as ciências, as letras e,principalmente, iniciou-se uma mudança nos costumes, promovendo um retorno àcuriosidade e ao gosto pelo saber.Do ponto de vista do desenvolvimento das viagens, o Renascimentorepresentou um grande incentivo às viagens culturais, motivadas por estudos eexperiências. Esse deslocamento de professores, artistas e intelectuais, por sua vez,também, impulsionou as viagens com objetivos mercantis (YASOSHIMA EOLIVEIRA, 2005, p.37).Ainda no século XVI, teve início na França, a realização das duasmodalidades de viagem de lazer: o Petit Tour e o Grand Tour 5 . O primeiro consistianuma visita ao Vale de Loire e retorno a Paris. O segundo complementava aformação dos jovens ingleses e estendia-se, pela França, Suíça e Itália, sempreacompanhados por um cicerone que conhecia bem a história dos locais visitados(OLIVEIRA, 2001).Para Milan (2007) o propósito do Grand Tour era educacional, voltado paravisitas a lugares culturais e históricos, observando ainda maneiras e costumes deoutras nações. O objetivo era fazer com que os jovens vivenciassem aquilo que jáconheciam por meio de fontes literárias. A partir dos textos buscava-se oconhecimento visual e tangível dos monumentos remanescentes, em especial doImpério Romano.Segundo Yasoshima e Oliveira (2005, p.39) o ponto alto da viagem para o“grand tourist” era o conhecimento das cidades de Roma, Florença, Nápoles eVeneza.As viagens culturais eram sempre realizadas em companhia de um tutor eduravam de seis meses a um ano e meio, podendo também alcançar dois anos. Os5 O termo Grand Tour foi usado pela primeira vez por Richard Lassels em uma edição de 1670 dolivro Voyage of Italy: or a completat journey trough Italy (CAMARGO apud MILAN, 2007, p. 19).


32jovens privilegiados se alojavam em castelos, fortalezas e mansões feudais nospaíses europeus. (BARBOSA, 2002).Figura 1. Principais Lugares Visitados e Rotas Utilizadas no Grand TourFonte: Towner apud Acerenza (1991, p. 57)Andrade (1999) salienta que:Os ingleses, importantes e ricos, consideravam detentores de culturaapenas quem tivesse sua educação ou formação profissional coroadas porum grand tour através da Europa, programa que se iniciava na Holanda,passando depois, à Bélgica e Paris, de onde os turistas passavam aosudeste francês e daí a Sevilha, via Madri e Lisboa. A etapa seguintecaracterizava pelos deslocamentos por pontos importantes da França nãocontemplados na etapa anterior, pela Suíça, Itália, até chegar à velhaGrécia. Conhecidos os pontos remanescentes da riqueza da civilizaçãohelênica, os nobres cultos subiam o Danúbio, desde Viena, atingindoMunique e passando através da Alemanha, ao longo do Reno. Depois,exaustos de tanto vagar, estudar e divertir-se, discípulos e mestresretornavam à Inglaterra, via Bremen e Hamburgo. (ANDRADE, 1999, p.35).Segundo Barretto (1995, p. 50) alguns filósofos diziam que “as viagens nãoeducavam e só traziam vícios”, enquanto outros afirmavam que jamais seconseguiria um resultado pedagógico igual ao obtido através da observação diretados usos e costumes, da política, do governo, da religião, da arte de outras nações elocalidades.


33Nesse contexto, pode-se afirmar que o Grand Tour aliava a viagem aoprocesso educativo, sendo, de certa forma, antecessor do que hoje se denominaTurismo Pedagógico.Já na modernidade, segundo Barretto (1995), com o surgimento dasatividades de lazer, o turismo passa a ser recreativo para as massas trabalhadoras,que encontram nessa atividade uma forma de recompor suas forças. Dessa formadeixando, aos poucos, no esquecimento o fator educativo como motivador dasviagens.Com o advento da pós modernidade, finaliza Barretto, parece haver umretorno às origens, nas quais o turismo “passa novamente a ser visto, por algunssetores da população, como um componente no processo de educação permanenteque acompanha as pessoas fora dos bancos escolares” (BARRETTO, 1995, p. 51).


2 O TURISMO E A RELAÇÃO COM O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEMA partir dos conceitos abordados no capítulo anterior percebe-se que oturismo é uma área abrangente e complexa, ficando assim difícil alcançarmos porcompleto uma única definição, de forma que o conceito formulado satisfaça porcompleto as mais diversas áreas do conhecimento que abrangem os muitosenfoques possíveis sobre esta atividade.O turismo vem mudando de sentido ao longo da história e, na atualidade,para compreender este fenômeno é preciso reconhecer sua dinâmica e, maisespecificamente, para fins deste estudo, sua relação com o processo de ensinoaprendizagem (HORA; CAVALCANTI, 2003).Existem dois tipos de educação: formal e informal. A educação formal éaquela repassada para nós através de uma padronização acadêmica. Brandão(2005) define a educação formal como o “momento em que a educação se sujeita àpedagogia, cria situações para o seu exercício, produz os seus métodos eestabelece suas regras e tempos”. Já a educação informal é aquela queaprendemos em todos os outros lugares fora da escola, ou seja, em um espaço nãoescolar que pode ser o trabalho, família, amigos, leitura e TV, entre outros. O autorevidencia que “a escola não é o único lugar onde se acontece a educação e nãoexiste um modelo padrão para ela”, ou seja, a educação é livre podendo ser inseridaem qualquer lugar (BRANDÃO apud XAVIER, 2005, p. 02).Segundo Jesus et al (2007, p. 04), “a educação pode ser entendida como oconjunto de eventos necessários ao processo de transmitir ou obter capacitação em


35qualquer campo do conhecimento humano”. Os autores afirmam que a intervençãoeducativa ocorre em muitos lugares, mediante várias formas e o termo educaçãorefere-se também ao aprendizado do desenvolvimento e aperfeiçoamento daspotencialidades humanas, resultando na melhor integração do indivíduo no meio aoqual está inserido.Ensinar não é transferir conteúdo a ninguém, assim como aprender não émemorizar o perfil do conteúdo no discurso vertical do professor, aaprendizagem não se dá por transferência de conteúdo, mas por interação,que é o caminho da construção. Sendo que até pouco tempo a socializaçãonão era levada em conta na sala de aula, o mais importante era amemorização e a aprendizagem mecânica dos conteúdos escolares(FREIRE, 1996, p. 120).De acordo com Fazenda (1997), o conhecimento interdisciplinar não serestringe à sala de aula, ultrapassa os limites do saber escolar e se fortalece namedida em que ganha a amplitude da vida social.Célestin Freinet, entre 1920 e 1930, foi um dos primeiros educadores adefender a ampliação dos olhares das crianças para fora do espaço escolar, porémsuas idéias foram consideradas revolucionárias para a época (VINHA et al, 2005).Freinet sugeria o que ele chamava de aula-passeio, que nada mais é do queo próprio estudo do meio, onde o aluno é sempre considerado o <strong>centro</strong> daconstrução de seu conhecimento. Essas “atividades extraclasses eram organizadascoletivamente pelos alunos, onde o essencial era valorizar as necessidades vitais doser humano, como, criar, se expressar, se comunicar, agir e descobrir, tornando-oscidadãos autônomos e cooperativos” (RAYKIL, 2005, p. 06).Para Hora e Cavalcanti (2003, p.223), as técnicas de Freinet, em especial aaula passeio, são identificadas como um elo entre a pedagogia e o turismo,sobretudo se essa ligação for interpretada sob o prisma da animação, conferindo aoTurismo Pedagógico o status de “aula com animação”.Segundo Silva Cunha et al (2003), a educação moderna exige novoscenários e novas experiências, visando a formação integral do ser humano. Osautores afirmam que o Turismo Pedagógico pode consistir em uma das maneiras


36para se alcançar essa finalidade, tendo em vista que a atividade tem em si avantagem de relacionar aprendizagem com entretenimento.Estas questões que relacionam e interligam a aprendizagem com novoscenários e novas experiências estão inteiramente conectadas com a teoriaconstrutivista. O construtivismo nasceu da epistemologia de Jean Piaget, sociólogosoviético, na primeira metade do século XX partindo da idéia de que o homem não épassivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindosobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vezmais elaborada (MATUI, 1995, p.45).Para Becker (apud Matui 1995, p. 46), o construtivismo “está relacionado àidéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, o conhecimento não édado, em nenhuma instância, como algo terminado.” O autor coloca que a teoria seconstitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social.Também de acordo com Matui (1995), é possível que haja um maiordesenvolvimento das operações mentais e da autonomia moral, uma vez que osujeito pode preencher as lacunas daquele saber já constituído anteriormente. Parao autor, a melhor maneira de colocar a aprendizagem num círculo bem mais amplo é“permitir que os alunos entrem em contato com as relações sociais, ou seja, com asociedade” (MATUI, 1995, p. 46).Um dos aspectos relevantes do Turismo Pedagógico, segundo Pecattiello(2005), é o fato desta prática mesclar educação e lazer, devido ao caráteressencialmente lúdico da atividade turística.Desta forma o ato de aprender se desvincula do caráter comumentemassivo das aulas expositivas, pois é desenvolvido em um ambientediferente, onde as relações sociais, até mesmo entre alunos e professores,são menos formais e as atividades diversificadas fazem parte daaprendizagem (PECCATIELLO, 2005, p. 05).Também para Silva Cunha et al (2003), o lazer abre um campo educativo nãosomente para se aprender coisas novas, mas principalmente, para possibilidades departicipação social lúdica.


37Para Peccatiello (2005) viajar é um ato que permite alimentar o imaginário,despertando o desejo de conhecer e vivenciar. E ao planejar e realizar o TurismoPedagógico, a escola tem a possibilidade de criar um novo enfoque dos conteúdos ede oferecer uma interação com o outro, seu modo de vida, costumes, necessidadese problemas, tornando, assim, os conteúdos menos cansativos e mais adaptáveis àrealidade do estudante. A autora ainda ressalta que o ato de viajar se mostra comouma forma eficiente de socialização, descobertas e aprendizado, pois pressupõeconhecer, ampliar e assimilar as informações sobre diversos aspectos comocostumes, paisagens, história e formas de vida.Sobre esta questão Bahl (2004) evidencia:[...] uma das características fundamentais da vida e uma das principaismotivações humanas, que sempre têm acompanhado o homem na suaevolução histórica é a procura da diversidade e da variedade: diversidadede paisagens, climas, modos de vida, culturas e civilizações. (Bahl, 2004, p.33).O Turismo Pedagógico por ser composto basicamente por viagens de estudoao meio, tem como objetivo transportar o conhecimento teórico, assimilado em salade aula, para a realidade concreta, oferecendo momentos de descontração esociabilização (SILVA CUNHA et al, 2003).Também segundo os autores, no Turismo Pedagógico as atividades envolvemo aprendizado e têm horizontes bem mais amplos que uma simples saída culturalpara um museu ou parque, já que sua proposta é integrar uma ação fora dos murosda escola ao currículo, reforçando, assim, os conteúdos abordados nas disciplinas.Atualmente ainda existem muitas escolas de diferentes graus de ensino quebaseiam sua proposta pedagógica em manuais escolares que se intitulam comofacilitadores da aprendizagem. No entanto, distanciam os alunos da realidade ecausam neles, um sentimento de frustração, por não conseguirem ver sentido noque é ensinado nas escolas (VINHA et al, 2005).A educação é tratada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LeiFederal nº 9.394/96), como um processo permanente de construção e reconstrução


38de conhecimentos, que envolve todo um conjunto de interações provenientes dasrelações sociais e de produção.A referida lei propõe inovações no processo educativo e busca modificar ométodo tradicional de ensino, levando a escola a proporcionar uma educaçãocompleta ao aluno, no sentido de formá-lo para todas as situações da vida.Assim, visando uma nova postura educacional, os Parâmetros CurricularesNacionais - PCN, referências para todas as escolas, públicas ou privadas,consideram “a importância do ensino não apenas dos conteúdos tradicionais, mastambém de aspectos da ética e da cidadania, além de gerar a necessidade dautilização de estratégicas didáticas que primem por um aprendizado concreto”(PECCATIELLO, 2005, p. 02).Os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos elaborados pordiversos educadores brasileiros sob a orientação da Secretaria de EducaçãoFundamental do Ministério da Educação e do Desporto, com o objetivo de propiciaraos sistemas de ensino, subsídios à elaboração do currículo, visando à construçãodo projeto pedagógico, em função da cidadania do aluno, tendo como característicamarcante a constante preocupação com a educação para a vida, menosconservadora e mais pragmática, condizente com a realidade e com os aspectospráticos e necessários ao desenvolvimento integral do indivíduo e da sociedade.Dentro dos PCN para o ensino fundamental, cada ciclo corresponde a doisanos de escolaridade e para cada uma das áreas que estruturam o trabalho escolar(Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte,Educação Física e Língua Estrangeira), bem como alguns temas transversaispropostos (Ética, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde,Trabalho e Consumo) há um documento específico que parte de uma análise doensino da área ou do tema, de sua importância na formação do aluno do ensinofundamental finalizando com a apresentação de uma proposta detalhada emobjetivos, conteúdos, avaliação e orientações didáticas (PECCATIELLO, 2005, p.08).


39Porém, os PCN não são modelos que devem ser seguidos rigorosamente,“seu desenvolvimento vai ocorrer na medida em que cada escola os torne seus,operacionalizando seus princípios de acordo com o projeto educativo” (MILAN, 2007,p. 33).[...] a necessidade de que a educação trabalhe a formação ética dos alunosestá cada vez mais evidente. A escola deve assumir-se como um espaço devivência e de discussão dos referenciais éticos, não uma instâncianormativa e normatizadora, mas um local social privilegiado de construçãodos significados éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer açãode cidadania, promovendo discussões sobre a dignidade do ser humano,igualdade de direitos, recusa categórica de formas de discriminação,importância da solidariedade e observância das leis (BRASIL, PCN, 2000, p.103).Ainda segundo Peccatiello (2005) os PCN se baseiam na perspectivaconstrutivista como meio para alcançar os objetivos do ensino. Esta perspectivareconhece a importância “da atividade mental construtiva nos processos deaquisição do conhecimento, proporcionando o reconhecimento da realidade atravésde si mesmo e da interação com o meio, permitindo a interpretação desta realidadee a construção de significados” (PECCATIELLO, 2005, p. 10).Os PCN propõem ainda que os professores promovam pesquisas em locaisricos em informações:É importante salientar que o espaço de aprendizagem não se restringe àescola, sendo necessário propor atividades que ocorram fora dela. Aprogramação deve contar com passeios, excursões, teatro, cinema, visitas afábricas, marcenarias, padarias, enfim, com as possibilidades existentes emcada local e as necessidades de realização do trabalho escolar (BRASIL,PCN, 2000, p. 103).Sendo assim, o Turismo Pedagógico pode ser capaz de potencializar adisponibilidade do aluno para a aprendizagem, tendo em vista que, ao proporatividades criativas e originais, o professor desperta uma atitude curiosa einvestigativa do aluno, garantindo a aprendizagem tanto das matérias curriculares,quanto de valores como o respeito à diversidade cultural e ao meio ambiente.De acordo com Ausubel (apud Peccatiello 2005, p. 05), a aprendizagem deveser significativa já que é “o mecanismo humano por excelência de aquisição earmazenamento de uma vasta quantidade de idéias e informações.” Por sua vez, a


40aprendizagem significativa é aquela realizada através de uma relação lógica e quepossa ser aplicada em diversos contextos e situações.Dentro desta perspectiva o Turismo Pedagógico é uma estratégia capaz depromover a aprendizagem significativa, pois a viagem torna-se a tarefa daaprendizagem beneficiando a criação de significados para os assuntos previamenteestudados em sala. Além disto, “é algo que pode despertar no aluno o interesse e,por conseguinte, a disposição para a aprendizagem” (PECCATIELLO, 2005, p. 05).Peccatiello (2005) ainda ressalta que a questão da utilização do ambientecomo recurso didático é o que faz do Turismo Pedagógico uma opção válida efuncional para a quebra da rotina escolar. A autora afirma:a dinâmica espacial está em constante transformação, tanto por causasnaturais quanto pela ação do homem, tornando difícil, dentro de uma salade aula, a compreensão e a transmissão de alguns conteúdos disciplinarese de valores sociais, culturais e ecológicos. Sendo por isso que o aprendizao passar da condição de aluno para aluno-turista é beneficiado pelaaproximação com o real (PECCATIELLO, 2005, p. 06).Segundo Brandão e Aldrigue (2005), ao desenvolver projetosinterdisciplinares, tendo como eixo norteador a prática do Turismo Pedagógico, asescolas podem, certamente, facilitar o processo ensino-aprendizagem, na medidaem que o aluno se torna capaz de vivenciar o conhecimento transmitido em sala deaula.Esta prática pode-se mostrar de grande valia, pois ao pressupor uma viagemescolar, o Turismo Pedagógico implica em organização, integração e entendimentoentre os componentes da escola (alunos, professores, diretores) mediante aidealização de uma proposta na qual os alunos podem e devem ser participantes doplanejamento (Peccatiello, 2005).Para a autora,Promove-se assim o aprender a fazer e o aprender a ser. Além de propiciarao aluno a aproximação com um ambiente diferente, onde pessoas vivem etêm características diversas, onde é possível visualizar e ter contato diretocom diferentes culturas, despertando no aluno o interesse pela diversidadecultural, fazendo-o entender o porquê de se respeitar o outro e de se buscaruma convivência harmônica (PECCATIELLO, 2005, p. 13).


41Tendo em vista as considerações anteriores, pode-se afirmar que a relaçãoentre o turismo e a educação é muito próxima. Segundo Azevedo (1997, p. 147),esta afirmação é comprovada se considerarmos a respeito desta relação fatorescomo a interdisciplinaridade que está presente nas duas áreas; por haver no turismouma correlação entre o espaço, a cultura e a educação; e pelo turismo ser umaatividade de constante aprendizagem, podendo ser caracterizada como um“processo essencialmente pedagógico”, seja na percepção de outras realidades ediferentes estilos de vida, na utilização do tempo ocioso ou na preservação de benspatrimoniais e culturais.Peccatiello (2005), evidencia que o Turismo Pedagógico é uma prática queconverge para a consolidação do processo de aprendizagem, pois, não se constituiapenas de uma viagem, de um estudo in loco. Pois como esta atividade deve sermuito bem planejada para não perder o foco educativo, é plausível que haja umestudo prévio em sala de aula para que aborde os conteúdos disciplinares a seremestudados em campo.Desta forma, ao associar-se os conteúdos disciplinares à viagem é possívelestimular o imaginário do aluno, criando um ambiente propício à investigação, paraque durante a viagem aquilo que foi absorvido em sala de aula possa ser“relacionado a algo real e concreto, tornando-se significativo para o aprendiz”(PECCATIELLO, 2005, p. 14).Bahl também evidencia esta questão afirmando que:[...] o homem em viagem não é o mesmo homem do seu ambiente habituale, sobretudo, quando retorna de uma viagem, ele não é o mesmo de antes,pois a experiência da viagem o faz evoluir, acrescentar um conhecimento ouperder uma ilusão” (Bahl, 2004, p. 33).Para Raykil (2005), viajar, conhecer pessoas e lugares possibilita ao aluno oexercício da cidadania ativa que só se dá mediante a vivência que se tem comoobjeto de estudo. O autor ainda reforça que conhecer as belezas naturais, a riquezacultural ou os problemas do país através das contextualizações superficiais em salade aula não caracteriza a cidadania ativa, para intervir positivamente é precisoliteralmente conhecer in loco.


42As atividades ligadas ao Turismo Pedagógico são muito importantes para aformação do senso de processo, isto é, o entendimento de diferentes aspectosintervenientes na história de um povo e o entendimento das diversas etapasnecessárias para a composição de produtos e de serviços (VINHA et al, 2005).O que se pretende com essas atividades é a organização de situações deaprendizagens, relacionadas a conteúdos curriculares, a valores éticos eestéticos, além de atitudes formativas, tais como o desenvolvimento dacapacidade de iniciativa e solidificação de amizades; respeito ao outro efortalecimento da noção de pertencimento a um grupo ou a um ecossistema;experiência de autonomia; elaboração conjunta de regras de convivência,dentre outras (VINHA et al, 2005, p. 06).Já Raykil (2005), evidencia que quando o aluno adquire o interesse pelopatrimônio natural e/ou cultural de seu país, abrem-se portas a um mundo de novasdescobertas e experiências que introduzirão novos conceitos, aumentando suacapacidade intelectual, desenvolvendo a sensibilidade e criatividade. O aprenderatravés do convívio proporciona a aquisição do conhecimento aliado ao lazer, oaprender de forma dinâmica e divertida.Segundo Hora e Cavalcanti (2003, p. 208), é justamente a capacidade depromover o desenvolvimento humano, social e educacional, que baliza a utilizaçãodo turismo como atividade que serve ao ensino.Para finalizar esta questão, Peccatiello (2005) ressalta que ao inserir oTurismo Pedagógico como uma ferramenta de ensino aprendizagem, a escola deveter uma visão ampla da atividade, organizando-a de acordo com a realidade socialdo aluno, devendo considerar também as condições sócio-econômicas de cadaaluno para que a viagem não se torne irrealizável devido ao custo.E para que a conversão e reconversão do olhar, essenciais à prática doturismo pedagógico, aconteça, é de fundamental importância a atuação dosprofessores e dos bacharéis em Turismo no sentido de chamar a atençãopara pontos que merecem um olhar mais cuidadoso, que necessitam deuma reflexão em conjunto, que demandam uma pesquisa visando captar osdiversos aspectos que conformam o cenário e que muitas vezes, não estãoaparentes. (VINHA et al, 2005, p. 08).


43Com a intenção de identificar e evidenciar práticas do Turismo Pedagógico,na Região do Vale do Rio dos Sinos 6 e Região Metropolitana 7 de Porto Alegrepercebeu-se que a atividade é relativamente nova e ainda encontra-se em fase decrescimento e aprimoramento. Identificou-se dois empreendimentos que sedestacam no desenvolvimento de atividades de acordo com este segmento.Um destes empreendimentos é o Instituto Martim Pescador, Movimento dePreservação da Bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, com sede no município de SãoLeopoldo na Rua da Praia nº 157, Bairro Rio dos Sinos, caracteriza-se como umaopção de Turismo Pedagógico em virtude de suas atividades realizadas para apreservação ambiental.Em quatro anos de existência o Instituto Martim Pescador desenvolve suasatividades com o intuito de preservar e desenvolver a região do entorno da BaciaHidrográfica do Rio dos Sinos. O carro-chefe para isso é o barco Martim Pescador,uma mistura de museu e sala de aula flutuante. Construído com recursos deprefeituras, comunidade e de instituições, o catamarã de 27 toneladas, 16 metros decomprimento e seis de largura navega no rio levando a bordo alunos de escolas empasseios orientados por biólogos e estudantes de biologia.O Instituto oferece às escolas os seguintes roteiros, propiciando umacomplementação de assuntos ligados ao meio ambiente e estudados em sala deaula:Navegando pelo Sinos – Saída do atracadouro de São Leopoldo, Rua daPraia, após o Clube Humaitá. O passeio inclui, navegação, de aproximadamenteduas horas, monitorada por biólogos que realizam palestras sobre o ecossistemalocal, além de propiciar o contato direto com o rio e a história da imigração alemã.6 Vale do Rio dos Sinos: Região que recebeu este nome devido ao próprio Rio dos Sinos que em seupercurso abrange os municípios de: Araricá, Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha,Esteio, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga,Sapucaia do Sul.7 Região Metropolitana: Região que reúne 31 municípios do Estado do Rio Grande do Sul formandouma extensão da capital Porto Alegre.


44Navegando pelo Sinos com degustação - Saída do atracadouro de SãoLeopoldo, Rua da Praia, após o Clube Humaitá. O passeio inclui, navegação, deaproximadamente duas horas, monitorada por biólogos que realizam palestras sobreo ecossistema local, além de propiciar o contato direto com o rio e a história daimigração alemã. Essa experiência viabiliza, ainda, saborear produtos coloniais.O outro empreendimento é a Fazenda Quinta da Estância Grande,localizada no município de Viamão que, estabelecida desde 1992, concretizou osonho de sua proprietária que também é educadora que sempre ao longo de suahistória de magistério buscou formas inovadoras e criativas de explorar os conteúdosdurante suas aulas. Desenvolvendo conteúdos pedagógicos na prática em umambiente de vivências rurais e ecológicas, as atividades iniciaram atendendo aescolas tradicionais de Porto Alegre, e realizando acampamentos de férias no verãoe inverno.Hoje as escolas da região têm a oportunidade de utilizar o empreendimentode março a dezembro, para realização de aulas práticas, observação e contato como meio ambiente e natureza preservada. O trabalho atinge alunos da EducaçãoInfantil e Ensino Fundamental e Médio, nas áreas de Ciências, Estudos Sociais,Geografia, História, Biologia, Botânica, sob a orientação de 42 professores formadose monitores, especializados, que trabalham na fazenda.Na visita à fazenda, acompanhados de monitores biólogos, especializadosem trabalho de campo, os alunos, podem observar animais exóticos, silvestres edomésticos, comparar mamíferos, aves, anfíbios, aracnídeos, répteis, quelônios,insetos, anelídeos e decompositores, percebendo suas diferenças e a importânciade cada um deles na manutenção do equilíbrio ecológico.A infra-estrutura da fazenda possui uma sala para répteis e aracnídeos eoutra para peixes, onde estas espécimes são observadas, analisadas em suascaracterísticas, particularidades e funções nos ecossistemas; estufa de hidroponia,horta orgânica, compostagem, minhocário e herbário; uma bateria de esportesradicais onde os alunos vivenciam os princípios básicos da Física; um criatório


45conservacionista, autorizado pelo IBAMA, onde há animais e aves silvestres,especialmente espécies em via de extinção.Um exemplo de proposta consolidada que merece destaque vêm ocorrendono Rio Grande do Norte. Segundo a Secretaria de Turismo do Estado, são dois osmunicípios pioneiros nessa modalidade, apresentando possibilidades de exploraçãopedagógica e projetos ricos e diferenciados. No Município de Parnamirim a questãoambiental é apresentada como oferta pedagógica através do projeto Expedição aoMundo Aquático, onde os alunos conhecem os problemas ambientais existentes nolitoral de Parnamirim, nos rios Pium e Pirangi, e suas conseqüências para abiodiversidade e para a qualidade de vida das populações do seu entorno.Ainda em Parnamirim, os meios de transporte também são trabalhadoscomo oferta pedagógica através do Projeto Conhecendo os Transportes, onde osalunos evidenciam a evolução histórica dos meios de transportes por meio depasseios de trem, ônibus e visitas ao aeroporto.Já o Município de Macau apresenta sua proposta pedagógica através dosprojetos: Rota do Petróleo, Caminho dos Fósseis, Pé no Mangue, Trilha do Sal, Vidade Pescador e Berçário de Camarão. Estes projetos contemplam um plano deviagem de dois ou mais dias, onde os alunos conhecerão todas as atividadeseconômicas do município e seus processos produtivos.Na proposta do projeto Vida de Pescador, por exemplo, os alunos fazem oroteiro pedagógico em duas etapas: a primeira de barco – começando pelo RioConceição margeando os mangues, onde observarão a biodiversidade desse tipo deecossistema, os aspectos econômicos e sociais da vida das populações que sebeneficiam da coleta de crustáceos e mariscos. Na segunda etapa, os alunosconhecem a Reserva Ecológica Diogo Lopes e sua Colônia de Pescadores, comotambém o modo de vida dos pescadores, o processo de beneficiamento do pescado,as manifestações culturais dos nativos, os tipos de peixes mais pescados evendidos.


46O Ministério do Turismo, através dos programas de incentivo ao turismo noBrasil, está lançando um projeto que se enquadra na proposta do TurismoPedagógico. Intitulado de Viaja Mais Jovens, o programa foi lançado pela ministraMarta Suplicy no dia 07 de maio de 2008 com objetivo de propiciar viagens deestudo a alunos que não têm a oportunidade de viajar. A iniciativa faz parte doprograma Viaja Mais, que desde o ano passado se dedicava à terceira idade.Segundo a ministra, o projeto piloto começará com seiscentos estudantes deescolas públicas do Acre que visitarão o Vale do Acre, sendo direcionado aos alunosda 6ª série do ensino fundamental. “É um projeto do turismo, mas muito relacionadoà educação, porque ele transforma aquela viagem em conhecimento”, afirma MartaSuplicy.A primeira fase do projeto tem inicio entre maio de 2008 e junho de 2009. Jáas viagens ocorrem a partir de outubro de 2008 com alunos e professores da redepública do estado. A idéia é que se possa oportunizar aos jovens estudantes ocontato direto com a diversidade histórica, cultural, geográfica, social e educacionaldo país e, com isso, contribuir para sua formação.As fases de 2008 serão também destinadas ao estado do Acre e aos alunosda rede pública. Posteriormente, em 2009, serão trabalhadas outras regiões, tendo oatendimento estendido à rede privada, com auto-financiamento da viagem. Asviagens terão uma redução nas tarifas devido à negociação com o trade em virtudede sua realização em períodos de baixa ocupação.A proposta do projeto é atingir futuramente todos os estados brasileiros, quedeverão manifestar seu interesse em integrar o projeto diretamente ao Ministério doTurismo. Ainda segundo a ministra “Na hora em que você leva o estudante que nãotem acesso a alguma coisa que faz parte da cultura, você está investindo noconhecimento, na oportunidade dele em olhar o mundo, mas não por aquelajanelinha pequena que ele vê da casa dele”.Neste contexto da relação entre o Turismo Pedagógico e o processo deensino-aprendizagem, evidencia-se a importância do papel da agência de turismo e


47de seus profissionais como empreendimentos que possuem as competênciasnecessárias para articular e proporcionar as viagens de estudos às escolas.


3 AGÊNCIAS DE TURISMO E O SEGMENTO DE VIAGENS PEDAGÓGICASO presente capítulo aborda o mercado de agência de turismo, as tipologias ecomo estas empresas estão se especializando em determinados segmentos, dentreos quais destaca-se o Turismo Pedagógico. Apresenta também alguns exemplos deprojetos desenvolvidos por agências neste segmento.As agências se destacam na prestação de serviços de viagens. Sãoorganizações que tem como finalidade comercializar produtos turísticos, orientandoas pessoas que desejam viajar acerca da definição dos itinerários, estudando asmelhores opções, tanto operacionais quanto financeiras (PETROCCHI; BONA,2003).Conforme Tomelin (2001, p. 17), “a história das agências de viagens eturismo é mais antiga do que a definição econômica do setor”, sendo atribuídotambém a Thomas Cook o início da atividade de agenciamento.A primeira agência de viagens registrada no mundo iniciou suas atividadesna Inglaterra no ano de 1845 e chamava-se Thomas Cook and Son. Alguns anosmais tarde em 1850, nos Estados Unidos, foi fundada por Henry Wells a AmericanExpress Company. Já no Brasil, a primeira agência legitimamente brasileira foifundada somente no ano de 1943 e chamava-se Agência Geral de Turismo(REJOWSKI in ANSARAH, 2000).O mercado de agências de viagens começou a crescer no país a partir doséculo XX, mais especificamente, no ano de 1947 e com este desenvolvimento, em


491956 era fundado o Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de São Paulo elogo em seguida, em 1959, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV)(REJOWSKI in ANSARAH, 2000).A legislação brasileira de turismo através do Decreto nº 84. 934 de 21 dejulho de 1980 compreende por agência de turismo a sociedade que tenha porobjetivo social, exclusivamente as atividades de turismo definidas neste decreto. Asatividades privativas são:I. Venda comissionada ou intermediação remunerada de passagensindividuais ou coletivas, passeios, viagens e excursões;II. Intermediação remunerada na reserva de acomodações;III. Recepção transferência e assistência especializada ao turista ou viajante;IV. Operação de viagens e excursões, individuais ou coletivas,compreendendo a organização, contratação e execução deprogramas, roteiros e itinerários; [grifo acrescentado].V. Representação das empresas transportadoras, empresas de hospedageme outras prestadoras de serviços turísticos;VI. Divulgação pelos meios adequados, inclusive propaganda e publicidade,dos serviços mencionados nos incisos anteriores.O Decreto ainda propõe uma tipologia básica: agências de viagens (AV) eagências de viagens e turismo (AVT), conhecidas como operadoras. As agências deviagens e turismo estão habilitadas a fazer excursões do Brasil para o exterior e asagências de viagens somente excursões no Brasil e países limítrofes (TOMELIN,2001).Quanto às atividades relativas ao setor, o mercado de agências se divide,informalmente, em agência (AV) e operadora (AVT). A agência caracteriza-se pelaintermediação e a operadora pela organização e operação de viagens.


50As necessidades que os turistas têm de informação e de organização deviagens podem ser supridas por dois tipos de empresas: as operadoras deturismo e as agências de viagens. As operadoras de turismo realizam asnecessárias reservas de hotéis, passagens de avião, por exemplo, paraoferecer compostos de viagens ou “pacotes”. As agências de viagensvendem esses pacotes no varejo. Realizam também reservas de transportee de alojamento, de acordo com os pedidos dos turistas (PETROCCHI eBONA, 2003, p.44).As agências de viagens são empresas que tem seu trabalho focalizado naintermediação e venda de passagens aéreas, pacotes turísticos elaborados pelasoperadoras turísticas, reservas de hotéis e aluguel de veículos e demais serviçosrelevantes aos seus clientes/turistas. O papel das agências de viagens é “[...] atuarcomo um canal de distribuição dos produtos e serviços do turismo com o públicoconsumidor”; [...] “a agência é um elo entre o cliente e o fornecedor de serviços,disponibilizando, sem fronteiras, os serviços turísticos” (PETROCCHI; BONA, 2003p. 148).Um dos objetivos das agências de viagens é oferecer soluções aos seusclientes, através de pesquisas e análises dos diferentes produtos disponíveis nomercado, inclusive os pacotes turísticos oferecidos pelas operadoras, apresentandosempre as melhores opções (PETROCCHI e BONA, 2003).Rejowski coloca que uma das funções da agência é a intermediação deserviços, colocando-se entre o turista e a prestadora dos serviços de que elenecessita (in ANSARAH, 2000).Já as agências de viagens e turismo, conhecidas informalmente comooperadoras, “prestam os serviços de operacionalização, compreendendo aorganização, contratação e execução de programas, roteiros e itinerários”(TOMELIN, 2001, p. 23).As operadoras turísticas são “empresas que tem por objetivo principal aconfecção de programas de viagens organizados ou pacotes que são repassados àsagências detalhistas para a venda ao consumidor final” (PINOLE; ACERENZA apudTOMELIN, 2001, p. 24).


51Atuam no mercado como uma espécie de comércio atacadista de produtosturísticos. As operadoras são responsáveis por planejar, organizar e coordenarviagens, através da contratação de diferentes fornecedores de produtos turísticos.Podendo adotar, também, o papel de agência, comercializando seus produtosdiretamente ao consumidor final (PETROCCHI; BONA, 2003).PLANEJAMENTODO PACOTEOPERADORAFORNECEDORES- Transportadoras- Hotéis- Restaurantes- Turismo receptivo- Guias- Serviços de lazer- Seguros- Publicidade etc.PACOTE TURÍSTICOAGÊNCIAS DE VIAGENSMERCADO FINALFigura 2. O Papel das OperadorasFonte: Petrocchi e Bona (2003, p. 46)Em relação aos produtos oferecidos, modalidades e tipos de viagens,Tavares (2002) destaca alguns termos relacionados aos roteiros turísticos, como aexcursão, os pacotes turísticos e o forfait. A excursão consiste em uma viagemturística com um roteiro pré-estabelecido de utilização individual ou coletiva, comtempo de duração limitados e um número variável de localidades a serem visitadas;os pacotes turísticos são viagens onde estão incluídos todos os serviços e passeiosconstantes na sua programação. Já o forfait é uma espécie de pacote personalizado,com preço pré-fixado, criado de acordo com as necessidades e possibilidades dosclientes.Para Tomelin (2001), o termo forfait consiste em uma viagem organizadaindividualmente, de acordo com a solicitação do cliente ou grupo de clientes, ondeestão incluídas as passagens, hospedagem, traslados, excursões locais, dentreoutros serviços.


52Para que os agentes de viagens possam prestar este tipo de serviço, éimportante que os mesmos conheçam os serviços que vendem, tanto através deexperiência própria quanto com base em informações confiáveis sobre tais destinos(TOMELIN, 2001).Já o termo “pacote turístico” é definido por Tavares como:Roteiro de viagem predeterminado pela operadora de viagem, que inclui osmeios de transporte, hospedagem, alimentação, passeios, traslados, etc. Ospacotes podem ser coletivos (excursão) ou individuais (forfait). Na excursão,o passageiro está sujeito ao roteiro escolhido pelo grupo, e no pacoteindividual pode escolher sua programação (TAVARES, 2002, p.11).Por sua vez, os roteiros são elemento fundamental para o setor turístico,sendo que eles existem em qualquer parte onde esteja sendo praticado o turismo,seja em grandes <strong>centro</strong>s urbanos ou em pequenas localidades. Segundo Tavares,eles “tornaram-se peças fundamentais na organização e na comercialização doturismo como produto” (2002, p.15).Para Bahl (2004), os roteiros turísticos não são apenas uma seqüência deatrativos a serem visitados, eles visam promover o turismo através da ordenação deatividades que promovam a cultura de um local, buscando a fuga do cotidianoatravés de algo que seja diferente, que exerça atração.Um roteiro turístico é um itinerário com descritivo dos locais a serempercorridos durante uma viagem, seguindo determinados trajetos, criando fluxos epossibilitando um aproveitamento maior dos atrativos a serem visitados. (BAHL,2004).Ainda segundo Bahl (2004), no momento da elaboração de um roteiro muitosaspectos devem ser analisados, como os equipamentos e serviços envolvidos taiscomo: os meios de transporte, a hospedagem, os serviços de alimentação, autilização dos atrativos turísticos, além de aspectos como a duração do roteiro,público alvo, entre outros.


53Nos dias de hoje o mercado turístico encontra-se em constante mudança,onde os consumidores buscam serviços cada dia mais diferenciados oucustomizados.Para Tomelin,Uma das modernas teorias na relação mercado/consumidor é acustomização, derivado do inglês customers. A teoria é uma interpretaçãoda relação com os consumidores, valorizando o que os clientes querem.Não se refere a marketing de massa que atrai consumidores pela variedadede opções, mas sim pela valorização das suas necessidades, oferecendoexatamente o que o consumidor quer (2001, p. 104).Segundo o autor, a customização é uma necessidade, frente ao que asempresas devem se adaptar às preferências individuais dos clientes. Através destaprática a empresa turística, o cliente, ou ambos podem desenvolver produtos,serviços ou comunicações capazes de refletir o que o cliente busca em suas viagens(TOMELIN, 2001).Ainda conforme Tomelin,O futuro dos agentes de viagens para o milênio que se inicia não está muitoclaro, pelo menos para as agências que mantêm estrutura, enfoques,aproximações e princípios convencionais. O sucesso será de quem estiverdisposto a inovar para adaptar-se a mudanças e adquirir ferramentas paraenfrentar o futuro (2001, p. 100).Para Dencker (1998), o conhecimento do mercado é fundamental paraorientar as ações das empresas e dos profissionais que nele atuam, atraindoinformações da base para a tomada de decisões, inferindo no lucro e no tempo devida útil do produto.Segundo Beni:O consumidor da atualidade, muito bem informado e seletivo, demandaprodutos e serviços já formatados em sua imaginação criativa einformatizada, exigindo mais do que uma mera venda à consultoria para adecisão final sobre sua viagem, e, dependendo da expectativa deatendimento e de customização do produto que o agente de viagenspropuser, ele estará sendo fidelizado a esse fornecedor (2003, p. 173).


54Para finalizar esta questão, Beni (2003) aponta algumas tendências doturismo, como as viagens de férias com duração mais curta e em diferentes épocasdo ano; o desenvolvimento de produtos visando atingir novos mercados de consumoe o crescimento de consumidores engajados em favor do desenvolvimentosustentável, que necessariamente buscarão viagens que valorizem a minimizaçãodo impacto em diferentes dimensões, ambiental, social e cultural das localidades.Ao encontro destas questões relacionadas às novas tendências e ao perfildos consumidores, destaca-se a prática do Turismo Pedagógico, foco deste estudo,e a necessidade das agências estarem preparadas para atender este novosegmento.Pelizzer (2005) destaca que para a organização de eventos como viagens,passeios, visitas técnicas ou expedições, é extremamente necessária a intervençãode uma agência de turismo. Visto que esse tipo de atividade implica nodeslocamento para uma certa localidade, num determinado período de tempo eduração, utilizando-se de serviços oferecidos por diversas organizações efornecedores.A atividade turística envolve um conjunto de recursos, produtos, serviços eorganizações, sujeitos a uma qualidade e preço que devem competir no mercado,com o objetivo de conseguir uma demanda real e rentável. Neste ponto, o TurismoPedagógico apresenta-se de uma forma diferente de todas as outras modalidadesde turismo existentes, uma vez que não são os recursos, produtos, serviços eorganizações que compõem as suas ofertas, mas sim as possibilidades deexploração pedagógica que uma localidade oferece (GONÇALVES; SERAFIM,2006).Gonçalves e Serafim (2006, p. 04) destacam um fator bastante positivotrazido pela prática do Turismo Pedagógico, que é a oportunidade que as agênciastêm de fazer bons negócios nas épocas de menor movimento nas vendas,garantindo um volume de receitas para todo o ano. Porém as autoras ressaltam que“é necessário aprender a operar com este tipo de turismo, pois a atividade requer


55uma série de procedimentos e cuidados não exigidos pelas modalidadestradicionais”.Outra peculiaridade relativa à comercialização deste tipo de serviço, é que opara o planejamento e realização destas viagens é necessário que haja uma“interação entre a agência especializada e a coordenação da escola, para que osdestinos e programações a serem executados estejam relacionados com astemáticas propostas em sala de aula”, tendo em vista que o Turismo Pedagógico éuma atividade que começa e termina na escola e somente o corpo docenteinteressado poderá determinar o que seu aluno irá estudar (PECCATIELLO, 2005,p. 07).A escola deve transferir toda a responsabilidade pela execução do evento ourealização da viagem para uma empresa especializada, pois conforme Pelizzer(2005) a agência de turismo tem a responsabilidade pela organização do pacote(programa, passeio, viagem, excursão, roteiro da viagem, evento e destino) ondesão incluídos itens que, normalmente, o viajante comum pode esquecer ounegligenciar, trazendo, possivelmente, grandes transtornos para a viagem.Peccatiello (2005) evidencia que a realização e formatação de um roteiropedagógico necessita, muitas vezes, de cuidados especiais, relacionados, porexemplo, a aspectos de segurança, em função da idade dos alunos, ou relacionadosà questão comportamental, exigindo funcionários treinados, qualificados eatualizados em relação a este segmento.Outra necessidade é que além de a empresa possuir profissionais de acordocom as exigências deste segmento de mercado, será imprescindível, quando dacontratação e serviços pela agência (como guias de turismo, por exemplo), queestes, assim como os funcionários da empresa, possuam qualificação e cursosrelacionados ao Turismo Pedagógico, quando possível (PECCATIELLO, 2005).Já Milan (2007, p. 77), destaca que o conhecimento da oferta de umalocalidade receptora permite prever e utilizar adequadamente os elementoscomponentes de um roteiro, facilitando a montagem do programa. Sendo que no


56caso de roteiros turístico-pedagógicos torna-se indispensável a presença de umprofissional que possua o conhecimento prévio dos locais a serem visitados, paraque a atividade transcorra de maneira didática, de acordo com os conteúdos vistosem sala de aula.Existem, atualmente no mercado turístico, algumas agências de turismo quedesenvolvem programas especiais nesse sentido, podendo-se evidenciar, duasempresas que trabalham com este segmento na Região Metropolitana.O Serviço Social do Comércio – SESC/RS, através da Gerência Estadual deTurismo, desenvolve o Projeto Pedagógico “Viajar é Educar – Uma Escola a Céu aAberto” que tem como ênfase o Turismo Educacional/Pedagógico.Visando promover passeios turísticos de acordo com o que é estudado emsala de aula, os roteiros são direcionados para estudantes do Ensino Fundamentalde 4° a 8° séries do Ensino Fundamental.Possibilitando aos educandos maior aprofundamento dos conteúdosprogramáticos desenvolvidos em sala de aula, o projeto foi elaborado com osseguintes objetivos:• Promover um espaço interdisciplinar de construção de conhecimentos atravésdo Turismo Educacional que contextualiza e gera significação aos conceitosabordados no ambiente escolar.• Articular e mobilizar os conhecimentos e habilidades necessárias para odesempenho eficiente e eficaz do processo educativo, através de atividadesturísticas que trabalham de forma interdisciplinar os conteúdos desenvolvidosna sala de aula.• Propiciar momentos de vivência e construção de aprendizagem,potencializando o desenvolvimento das competências e habilidades dosalunos.


57• Desenvolver nos alunos uma conscientização em relação ao seu papel social,preparando-os para serem turistas que respeitam as comunidades e o meioambiente do destino visitado.• Despertar o aluno para a importância da ação pesquisadora e investigativaque o Turismo Educacional propicia como agente da construção do processoensino/aprendizagem.Contemplando todas as regiões do Estado foram desenvolvidos os seguintesroteiros: Porto Alegre e Jardim Botânico; Porto Alegre e Museu de Tecnologia daPUC; Porto Alegre e Parque Zoológico; Quinta da Estância Grande; MissõesJesuíticas; Palcos da Revolução Farroupilha; Imigração Italiana e Alemã;Descobrindo o Universo; Rio Grande (Anexo 3); Torres e Cânions (Anexo 4).Os roteiros têm o objetivo de levar, através da educação, o conhecimentosobre as origens do Estado, cuidando em evidenciar que a ação pedagógica daescola na construção dos conhecimentos, deve ter um grande compromisso social,desenvolvendo a iniciativa, a autoconfiança de seus alunos e buscando cada vezmais conscientizá-los de seu papel integral na sociedade.A agência Galápagos Tour, de Porto Alegre, especializada em TurismoAmbiental e Cultural desenvolve o Projeto Escola que contempla roteiros de grandevalor histórico, cultural ou ecológico. Neste projeto os estudantes ou professorespodem efetuar viagens ampliando o conhecimento e desfrutando o lazer. As viagenssão sempre acompanhadas de guias especializados.São mais de trinta roteiros oferecidos para alunos do Ensino Fundamental, apartir da 4ª série, e Ensino Médio, após um estudo minucioso afim de contemplar asdiferentes faixas etárias dos alunos.Os principais roteiros trabalhados pela agência contemplam os seguintesdestinos: Missões Jesuíticas (Anexo 5), Rio Grande, São José do Norte e Taim,Pelotas, Caçapava do Sul, Pedra do Segredo e Rio Pardo, Parque Nacional


58Aparados da Serra (Anexo 6), Torres, Imbé e Tramandaí, Porto Alegre, Museu daPUC, Delta do Jacuí e Quinta da Estância Grande.Como se pode evidenciar, a atividade turística está sendo trabalhada commais freqüência através de projetos educativos e pedagógicos desenvolvidos poragências a fim de trabalharem em parceria com escolas de suas regiões. Porémpara atingir o sucesso com esta modalidade, é necessário que, segundo Vinha et al(2005, p. 06) “a atividade seja planejada e desenvolvida através de equipesmultidisciplinares formadas por Bacharéis em Turismo e por professores de diversasáreas". Desta forma, desenvolvendo as ações necessárias para que as atividadesque incluam algum tipo de deslocamento do ambiente escolar atinjam seu objetivoessencialmente pedagógico.


4 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPOO presente capítulo apresenta a organização dos dados referentes à pesquisade campo. Quanto a metodologia, o trabalho se caracteriza pela pesquisaexploratória com abordagem qualitativa. Para tanto, utilizou-se além de revisãobibliográfica, uma pesquisa de campo dividida em duas etapas.A primeira etapa constitui-se na aplicação de entrevistas de roteiro semiestruturado,com perguntas abertas e fechadas, a três escolas do município de NovoHamburgo com regimento particular, estadual e municipal.A segunda etapa constitui-se na aplicação de entrevistas de roteiro semiestruturado,com perguntas abertas e fechadas, a agências de turismo direcionadasao segmento do Turismo Pedagógico.Trata-se de amostras não probabilísticas intencionais, em que não sebuscou o universo das escolas e agências, contudo, foram selecionados um númeroaleatório de entrevistados para fins da pesquisa. As amostras foram compostas por03 escolas e 03 agências.Para um melhor entendimento, identificamos as escolas como municipal,estadual e particular, já as agências, foram identificadas como A, B e C.4.1 Pesquisa aplicada às Escolas do Município de Novo Hamburgo


60Esta etapa da pesquisa de campo foi realizada a fim de verificarmos se asescolas realizam a prática do Turismo Pedagógico, quais os destinos maisprocurados e de que forma esta atividade vem sendo organizada, no sentido decomplementar o estudo teórico proposto no trabalho. Para tanto entrevistou-se trêsescolas da região, especificamente em Novo Hamburgo, sendo que a escolamunicipal é direcionada a educação infantil e fundamental, a escola estadual aoensino fundamental e médio e a escola particular aos três níveis de ensino. Asescolas foram selecionadas a partir da orientação de que realizavam atividadessemelhantes ao Turismo Pedagógico, pela Secretaria de Educação e Desporto doMunicípio de Novo Hamburgo. O instrumento de coleta de dados utilizado está noanexo 1.As entrevistas foram realizadas entre os dias 23 e 28 de abril de 2008,aplicadas e transcritas pela autora do trabalho.1. Você já ouviu falar no termo Turismo Pedagógico, tendo em vista o conceitode que esta prática “visa o estudo sobre o meio ambiente local e aspectossócio-culturais do destino, com o intuito de promover uma complementaçãoprática da teoria abordada em sala de aula”:Neste primeiro questionamento todas as escolas, independente do regimento,municipal, estadual ou particular, evidenciaram que já conheciam o termo, algumasjá destacando a importância desta atividade como um complemento para osconteúdos aplicados em sala de aula.2. A sua escola realiza viagens com os alunos:Nessa questão todas as escolas também foram unânimes em responder querealizam esta atividade.3. Estas viagens se caracterizariam por:Já nessa questão o entrevistado podia marcar somente uma resposta dentreas três opções apresentadas. A seguir os resultados dessa questão:


61Foco das Viagens Realizadas pelasEscolasEscolaParticularEscolaMunicipalEscolaEstadualViagens deEstudoLazerOutroGráfico 1. Foco das Viagens Realizadas pelas EscolasFonte: Pesquisa própriaObserva-se que nesse item apareceram diferenciações de acordo com oregimento das escolas. Diferentemente das escolas municipal e particular, a escolaestadual caracterizou a maioria de suas viagens como “passeios” com foco em lazer,sendo raras as saídas com foco educativo.4. Quais tipos de viagem/destinos, em geral, são mais realizados:Em relação aos locais visitados, houve destaque para os seguintes destinos:Missões Jesuíticas, Museus, Zonas Litorâneas, Sítios com finalidades pedagógicas,Serra Gaúcha e outras cidades históricas.Grupos de séries/ciclosTipos de Viagem/destinos1º ao 3º ano do Ensino Fundamental Museus, Parque Zoológico, Quinta daEstância,4º e 5º ano do Ensino Fundamental Planetário, Museu da PUC, JardimBotânico, Barco Martim Pescador, SerraGaúcha6º e 7º ano do Ensino Fundamental Missões Jesuíticas, Torres8º e 9º ano do Ensino Fundamental Rio Grande, Aparados da Serra,Ensino MédioQuadro 2. Destinos Trabalhados nas EscolasFonte: Pesquisa própriaIlha do Mel, Montevideo e Punta DelLeste, Forte de Santa Tereza(Montevideo)


625. Quantas viagens são realizadas por semestre, de acordo com os grupos deséries/ciclos:Sobre a freqüência em que ocorrem estas viagens, as escolas responderamque realizam pelo menos uma viagem por ano de acordo com os grupos de sériesou ciclos, sendo que a escola particular realiza duas ou mais viagens por ano.6. Os alunos desenvolvem dentro das disciplinas (antes ou depois da viagem)atividades/trabalhos relativos à viagem de estudo realizada:Nesse questionamento as escolas com regimento particular e municipalafirmaram que realizam algum tipo de atividade de complementação. Dentre asatividades foram destacadas redações, teatros, desenhos e relatórios, semprebuscando relatar a vivência e percepção de cada aluno. Já a escola estadual,respondeu que nem sempre realizam alguma atividade complementar, tendo emvista que a maioria de suas viagens são focadas para o lazer.7. Qual o grau de aproveitamento desta prática de viagens de estudos dentroda proposta pedagógica de cada disciplina:Quanto ao grau de aproveitamento desta prática dentro da propostapedagógica de cada disciplina, todas foram unânimes em apontar o alto grau deaproveitamento que esta atividade proporciona.8. Este “aproveitamento” pode ser atribuído a que fatores:Nesse item, tanto a escola municipal quanto a escola particular atribuíram aotipo de experiência que esta prática produz, evidenciando a oportunidade que oaluno tem de visualizar o que está aprendendo em sala de aula. Já a escolaestadual manifestou que nem sempre os alunos aproveitam os benefícios destaprática, pois muitos vão apenas para brincar e fazer festa.9. Quem organiza as viagens:


63Observou-se que para saídas mais curtas, como passeios pela região, asescolas responderam que contratavam apenas uma transportadora turística equando o roteiro escolhido necessitava de hospedagem ou alguma outrapeculiaridade, optavam pelo intermédio de uma agência especializada.10. Caso a viagem seja realizada por meio de agência, quem formata o roteiro?A própria escola define a proposta de acordo com o processo de ensinoaprendizageme repassa à agência ou o roteiro é definido por iniciativa daagência (roteiros fechados) que oferece à escola:Ainda quanto à organização, todas as escolas responderam que repassam aagência os destinos de interesse e estas montam os roteiros de acordo com o quefoi solicitado.11. Quais as dificuldades gerais e operacionais enfrentadas com relação a estaprática? (custos, condições dos veículos, falta de criatividade na oferta deroteiros, dificuldade de ter alguém na escola para a organização dessaspráticas...):Nessa questão foram citadas algumas adversidades, como a burocracianecessária de autorização de pais ou responsáveis para as saídas, a péssimacondição dos ônibus e meios de transporte quando não há intermediação de umaagência, sendo que as escolas municipais e estaduais também apontaram o altocusto desta prática para a maioria dos alunos, visto que os mesmos possuem umabaixa renda familiar.12. Geralmente, nas viagens existe a contratação do profissional “Guia deTurismo”:Outro fator apontado pelas escolas municipais e particulares é quenormalmente para este tipo de atividade existe a contratação do profissional “Guiade Turismo” e quando não há esta possibilidade o próprio professor exerce estepapel. Neste item apenas a escola estadual respondeu que não utilizam o serviçodeste profissional.


6413. Em caso negativo, quem exerce esse papel? Um professor ou pessoaacompanhante da agência? Ou ambos:Aqui todas as escolas responderam que quando realizam viagens maiscurtas ou passeios, com a contratação direta de uma transportadora turística, opróprio professor exerce o papel do profissional “Guia de Turismo”.14. Você considera o papel do agente de turismo importante para a realizaçãodo Turismo Pedagógico:Ao responder este questionamento tanto a escola municipal quanto a escolaparticular evidenciaram a importância deste profissional para a atividade, tendo aescola particular destacado que “o agente está apto para organizar os roteiros eviagens de forma segura, diminuindo surpresas desagradáveis que possam ocorrerdurante a viagem”. Já a escola estadual, mesmo não utilizando a intermediação doagente de viagens, respondeu que considera importante para um melhoraproveitamento da atividade.15. Qual a sua opinião quanto à importância do Turismo Pedagógico noprocesso de ensino-aprendizagem:Também neste item todas as escolas foram unânimes em apontar que estaprática é uma importante ferramenta capaz de fortalecer o interesse dos alunos.“Levar o aluno para um ambiente novo, e desenvolver um trabalho relacionado àsexperiências vividas, resulta em um melhor aprendizado”, afirmou a entrevistada daescola particular.4.2 Pesquisa aplicada às AgênciasEsta etapa da pesquisa de campo foi realizada a fim de obter informações arespeito do posicionamento das agências de turismo diante deste segmento quantoà realização de roteiros pedagógicos, o seu tempo de atuação, os destinos


65oferecidos e o número de escolas adeptas a esta prática. Foram entrevistadas trêsagências, entre os municípios de Novo Hamburgo e Porto Alegre. As agências foramselecionadas conforme indicação da ABAV – Associação Brasileira de Agências deViagens do Rio Grande do Sul, como agências mais direcionadas a este segmento,como também, através de pesquisa no site da Secretaria de Turismo do Rio Grandedo Sul. O instrumento de coleta de dados utilizado está no anexo 2.As entrevistas foram realizadas entre os dias 23 e 28 de abril de 2008,aplicadas e transcritas pela autora do trabalho.1. Tempo de atuação no mercado (ano de abertura):As agências A e B atuam no mercado turístico há dez anos e a agência C jáatua há quinze anos.2. Há quanto tempo a empresa atua no segmento Turismo Pedagógico:Neste item as agências A e B responderam que trabalham com estesegmente há aproximadamente um ano e a agência C respondeu que já atua nestesegmente há mais tempo, aproximadamente cinco anos.3. Em relação ao foco da agência, qual percentual tem este segmento do tododa agência:Conforme o gráfico abaixo podemos evidenciar qual o percentual tem estesegmento em relação ao foco de cada agência.Foco da Agência em Relação ao TurismoPedagógico10%30%10%Agência AAgência BAgência CGráfico 2. Foco da Agência em Relação ao Turismo PedagógicoFonte: Pesquisa própria


664. Sua agência possui roteiros formatados direcionados ao TurismoPedagógico? Quais:Em relação aos roteiros as agências B e C responderam que possuemroteiros específicos para esta atividade, sendo eles: Porto Alegre e Jardim Botânico,Porto Alegre e Museu de Tecnologia da PUC, Porto Alegre e Parque Zoológico,Quinta da Estância Grande em Viamão, Missões Jesuíticas, Palcos da RevoluçãoFarroupilha, Serra Gaúcha, Planetário, Rio Grande, Torres, Zonas Rurais e ParqueAparados da Serra. Já a agência A destacou que não possui roteiros específicos,estes são formatados de acordo com as especificações das escolas solicitantes.5. Quais são os destinos/tipos de viagens mais procurados pelas escolas,conforme os grupos de séries ou ciclos:Conforme o quadro a seguir, podemos evidenciar os destinos maisprocurados de acordo com os grupos de séries ou ciclos.Grupos de séries/ciclosTipos de Viagem/destinos1º ao 3º ano do Ensino Fundamental Museus, Parque Zoológico, ZonasRurais4º e 5º ano do Ensino Fundamental Museu da PUC, Serra Gaúcha, ZonasRurais6º e 7º ano do Ensino Fundamental Missões Jesuíticas8º e 9º ano do Ensino Fundamental Cidades Litorâneas, Rio Grande,TorresEnsino MédioQuadro 3. Destinos Ofertados pelas AgênciasFonte: Pesquisa própriaMontevideo e Punta Del Leste6. Qual a demanda de viagens? Quantas viagens (aproximadamente) cadaescola demanda por semestre por grupos de séries ou ciclos:Em relação à demanda de viagens, as agências responderam quenormalmente cada escola realiza 01 (uma) viagem por ano por grupos de séries ou


67ciclos, porém algumas escolas, principalmente as com regimento particular, realizammais de 01 (uma) viagem por ano ou semestre.7. Qual o número de escolas parceiras da agência:Neste questionamento a agência C respondeu que possui um número bemelevado de escolas parceiras que procuram por esta atividade, aproximadamente 15(quinze). Já as agências A e B responderam que possuem uma média de 03 (três)escolas fidelizadas.8. Como é realizado o processo de oferta deste serviço às escolas? (visitas,mala direta, contato telefônico):Em relação ao processo de oferta deste serviço às escolas, todas as agenciasforam unânimes em responder que utilizam visitas, contato telefônico e mala-diretana prospecção deste mercado.9. Levando em consideração o tipo de transporte, quais são mais utilizadospara as viagens:As agências apontaram que são mais utilizados ônibus e microônibus.10. Quanto à formação dos roteiros das viagens geralmente executadas, osmesmos são elaborados conforme solicitação da escola (tipo forfait) de acordocom as necessidades do processo de ensino-aprendizagem ou são oferecidosroteiros fechados:Quanto à formação dos roteiros das viagens geralmente executadas, asagências B e C manifestaram que possuem roteiros prontos oferecidos fechados,porém de acordo com os destinos mais procurados pelas escolas. A agência Atrabalha com roteiros formatados de acordo com a necessidade de cada escola (tipoforfait).


68Tipos de Roteiros OferecidosRoteiro FechadoForfaitAgência A Agência B Agência CGráfico 3. Tipos de Roteiros OferecidosFonte: Pesquisa própria11. As escolas solicitam o serviço do guia de turismo? E a agência, comopercebe e trabalha esta questão:Neste item as agências A, B e C responderam que todas as escolas que asprocuram solicitam este serviço, tendo o entendimento da importância desteprofissional bem consolidado.12. Você considera que há no mercado de escolas, em geral, um corretoentendimento da função do agente de turismo no processo do TurismoPedagógico:As três agências pesquisadas, manifestaram que este entendimento aindaestá se formando, pois as escolas, de um modo geral, ainda consideram aintermediação de uma agencia especializada um gasto desnecessário, geralmente,optando pela contratação direta de uma transportadora turística.13. Com relação às escolas parceiras, este entendimento já está consolidado:Em relação às escolas parceiras, este entendimento já está consolidado,porém ainda há muito que se aprimorar na relação entre agência e escola.14. Em geral, quais as principais dificuldades enfrentadas pela agência paratrabalhar com o Turismo Pedagógico:


69Neste questionamento as agências apontaram a questão financeira, ou seja,o valor final de cada roteiro que muitas vezes não condiz com a realidade dos alunosde cada escola, principalmente as de regimento municipal e estadual, como tambéma questão burocrática relativa às autorizações de viagens.15. Na visão do agente de turismo, quais as expectativas quanto aocrescimento deste segmento:Nesta última questão, as três agências pesquisadas, A, B e C, demonstraramuma grande expectativa em relação ao crescimento desta prática, tendo em vista osbenefícios que a mesma proporciona, e pelo crescente número de escolas que vêmse mostrando favoráveis a esta atividade inovadora.


5 ANÁLISES DA PESQUISAEsta parte do estudo tem por objetivo trazer as análises finais da pesquisa,relacionando os referenciais teóricos abordados nos capítulos anteriores com apesquisa de campo, junto às escolas de regimentos municipal, estadual e particulardo município de Novo Hamburgo e às agências de turismo, acerca do temaproposto.Para a maioria dos autores evidenciados na pesquisa, a própria viagem tema capacidade da quebra da rotina dos indivíduos, proporcionando atividades lúdicas,de diversão e permitindo, também, a ampliação do conhecimento e a satisfação dacuriosidade por novos lugares e culturas.Os mesmos ainda destacam a importância do aspecto social no turismo,capaz de expandir o ser humano tanto pelo divertimento quanto pela possibilidadede conhecer novas culturas.Um aspecto característico da atividade turística é o fato do mesmoapresentar múltiplas facetas, desenvolvendo-se através da utilização de váriosmétodos e técnicas de diferentes áreas, como economia, sociologia, psicologia,geografia e educação, fator que também confere a atividade um caráterextremamente dinâmico.Azevedo (1997) destaca que a relação entre educação e turismo estádiretamente ligada às semelhanças que estas duas áreas apresentam, como ainterdisciplinaridade, a correlação entre espaço e cultura, e ao fato de a atividadeturística possibilitar uma aprendizagem constante.


71Dessa forma, as viagens podem ser consideradas muito importantes para oprocesso educativo, considerando o estímulo ao imaginário dos alunos, e ao fato decriarem um ambiente propício à investigação. Para Hora (2003), é natural que hajauma modalidade turística cuja característica principal seja o ensino propriamentedito, tendo em vista os benefícios que esse tipo de atividade pode trazer aos alunose a estreita relação entre educação e turismo.Assim sendo, o Turismo Pedagógico apresenta-se como uma atividade quebusca oferecer aos alunos a oportunidade de aprender na prática o que foi visto nosconteúdos abordados em sala de aula, servindo as escolas como mecanismofacilitador do processo educativo e contribuindo diretamente para o aumento do nívelde aprendizagem dos alunos.O levantamento dos referenciais teóricos pertinentes ao estudo permitiuconstatar que, embora tenhamos conceitos que se assemelham com a atividade,principalmente o Turismo Educacional, a definição do Turismo Pedagógico já estámais clara. Constatou-se que a diferença principal entre as modalidades estácentrada em aspectos a que se propõem. Enquanto o Turismo Educacional estámais voltado para a educação no turismo e profissionalização da área, tendo emvista a preocupação com os impactos sobre o meio ambiente natural e sócio-cultural,o Turismo Pedagógico está articulado ao processo de ensino-aprendizagem, no qualpromove uma complementação prática dos conteúdos vistos em sala de aula atravésdo estudo in loco sobre o meio ambiente local e aspectos sócio-culturais do destino.Outro aspecto observado foi que mesmo sendo uma modalidade recente noBrasil, quando comparada a outros tipos tradicionais de turismo, as escolasentrevistadas possuem um bom entendimento em relação à atividade, destacandoinclusive os benefícios que esta prática proporciona, ou poderia proporcionar aosalunos.Ainda quanto à relação do Turismo Pedagógico e o processo de ensinoaprendizagem constatou-se que já Freinet (apud Vinha et al, 2005) defendia aampliação dos olhares das crianças para fora do espaço escolar, entre 1920 e


721930, sugerindo para a época o que ele chamava de aula passeio, que pode seridentificada como um elo de ligação entre a pedagogia e o turismo.Nessa mesma linha, podemos considerar que viajar, conhecer pessoas elugares possibilita ao aluno uma interação com o outro, como novos modos de vida ecostumes, o que torna os conteúdos menos cansativos e mais perto da realidadedos alunos.As escolas entrevistadas evidenciaram que realizam, com seus alunosdiversas atividades extra-classe, sendo a prática de passeios com foco educativomais comum entre as escolas com regimento particular e municipal, e os passeioscom foco em lazer mais comum na escola com regimento estadual, sendo que asescolas municipal e estadual realizam em média uma viagem por ano de acordocom os grupos de séries ou ciclos e a escola particular realiza duas ou mais viagenspor ano. Constatou-se que esta diferenciação se deve ao fato da realidade sócioeconômicados alunos das escolas municipal e estadual, que possuem uma rendafamiliar consideravelmente baixa em relação aos alunos da escola particular.Em relação ao desenvolvimento de atividades de ensino relativas à viagemde estudos, as escolas municipal e particular apontaram a prática de redações,teatros, desenhos e relatórios, sempre buscando relatar a vivência e percepção decada aluno, como atividade complementar ao passeio.Sobre essa questão Peccatiello (2005) evidencia a necessidade destaprática ser muito bem planejada, sendo plausível atividades prévias oucomplementares abordando os conteúdos disciplinares estudados em campo. Eassim, fazendo com que o ato de viajar se mostre como uma forma eficiente dedescobertas e aprendizado, ampliando as informações sobre diversos aspectoscomo costumes, paisagens, história e formas de vida.Também se pode perceber que as atividades relacionadas ao TurismoPedagógico têm horizontes bem mais amplos que uma simples saída para ummuseu ou parque, já que sua proposta é associar ações fora dos muros da escolaao currículo, reforçando, assim, o que o aluno aprende em sala de aula.


73Verificou-se, também, que há por parte das escolas uma preocupaçãoquanto aos roteiros solicitados às agências, para que estes sejam adequados àspropostas de ensino de cada disciplina. Dentre os roteiros normalmente solicitadoshouve grande destaque para o destino Missões Jesuíticas, sendo seguido pelosdestinos que contemplam Zonas Litorâneas, Sítios com finalidades pedagógicas, eoutras cidades históricas.O estudo constatou a preferência das escolas por roteiros tipo forfait,customizados a partir de seus interesses, em detrimento de roteiros fechados, o quesinaliza uma relação mais forte quanto à proposta de ensino.A pesquisa apontou ainda a forma com que as agências trabalham oTurismo Pedagógico em relação aos roteiros. A agência A trabalha com aformatação de acordo com as solicitações de cada escola e das necessidades doconteúdo das disciplinas (tipo forfait), e as agências B e C trabalham com roteirosprontos, sendo que estes roteiros foram, inicialmente elaborados a partir dosdestinos mais procurados pelas escolas. Segundo a entrevistada da agência A “emgeral, a coordenação da escola procura a agência e fala do tema que está sendoestudado. Assim, desenvolve-se um programa de acordo com a série que seráatendida. A agência define o roteiro junto com a escola, enquanto esta cria ummaterial de apoio, um caderno de campo, que o aluno terá de preencher durante aviagem, relatando os conhecimentos adquiridos”.A preocupação em levar os ensinamentos da sala de aula para o campoprático é fruto de uma educação voltada para a formação de cidadãos, evidenciadaanteriormente nos PCN. O papel da escola nos últimos anos, sofreu mudançassignificativas, o ato de ensinar não está mais restrito apenas à sala de aula, mas aum conjunto de atividades pedagógicas que permitem formar um cidadãoconsciente, crítico e participante da sociedade em que vive, conforme os PCN.Fonseca Filho (2007) justifica esta preocupação das escolas, evidenciandoque ao visitar uma localidade turística o aluno estabelece contato com uma novarealidade, interligada com a cultura, geografia e história da localidade, oportunizandoum conhecimento que será assimilado pela vivência proporcionada pela viagem.


74A partir do quadro abaixo, pode-se perceber que os destinos ofertados pelasagências condizem com os destinos procurados pelas escolas, o que evidencia apreocupação das agências em adequar seus roteiros e suas propostas para ummelhor atendimento aos programas de aprendizagem desenvolvidas pelas escolas.Grupos de séries/ciclos1º ao 3º ano do EnsinoFundamental4º e 5º ano do EnsinoFundamental6º e 7º ano do EnsinoFundamental8º e 9º ano do EnsinoFundamentalDestinos procurados pelasescolasMuseus, Parque Zoológico,Quinta da Estância,Planetário, Museu da PUC,Jardim Botânico, Barco MartimPescador, Serra GaúchaMissões Jesuíticas, TorresRio Grande, Aparados da Serra,Destinos ofertadospelas agênciasMuseus, ParqueZoológico, Zonas RuraisMuseu da PUC, SerraGaúcha, Zonas RuraisMissões JesuíticasCidades Litorâneas, RioGrande, TorresEnsino MédioIlha do Mel, Montevideo e PuntaDel Leste, Forte de SantaTereza (Montevideo)Quadro 4. Destinos Trabalhados de Acordo com os Grupos de Séries ou CiclosFonte: Pesquisa própriaMontevideo e Punta DelLesteNeste contexto, o Turismo Pedagógico ao ensinar através da prática,utilizando-se dos fundamentos de disciplinas como história, geografia, física,matemática e química, entre outras, aprendidos normalmente em livros e apostilas,assume especial importância como um recurso pedagógico capaz de auxiliar aevolução do aluno na construção de seu conhecimento e formação cidadã.Ainda em relação à formação social e cidadã dos alunos, o estudo apontouque esta prática propicia momentos de interação e entretenimento, aproximandoalunos, professores e pais através da troca de informações e conhecimento de todosque participam e se envolvem com o processo.Por sua vez, quando questionadas sobre a importância do TurismoPedagógico, as escolas em sua maioria apontaram que esta atividade caracteriza-secomo uma importante ferramenta de aprendizado escolar, capaz de fortalecer ointeresse dos alunos para os conteúdos propostos, o que reforça a idéia de


75Peccatiello (2005) quando afirma que esta atividade converge para a consolidaçãodo processo de aprendizagem, facilitando a construção das relações entre oconhecimento e o mundo.Assim, por exemplo, uma aula no campo pode mostrar diversos aspectos,como vegetação, qualidade do solo, cultivo de plantações, fauna, o curso dos rios eo estilo de vida de quem vive na zona rural, entre outros. Já em uma cidadehistórica, é possível não só ver de perto as antigas construções, como aprendermais sobre arte, arquitetura, história das cidades e o modo de vida em épocaspassadas, além de questões de preservação.De acordo com a entrevistada da escola particular “os alunos se interessammuito mais pela matéria quando lidam com ela na realidade. A vivência do conteúdofaz com que eles entendam o que estão estudando, de uma maneira mais rápida eeficaz. O retorno em sala de aula é ótimo”.O estudo também pôde apontar de que forma as agências de turismo estãotrabalhando a proposta do Turismo Pedagógico.A primeira questão evidenciada nesta parte do estudo é que, geralmente, asagências que trabalham com o Turismo Pedagógico assumem também a função deoperadoras, tendo em vista o fato de que esta atividade apresenta peculiaridadesquanto à formatação e operacionalização dos roteiros, como por exemplo,observância de horários, tempo destinado à visitação, utilização de veículos detransporte em boas condições, entre outros.O que vem ao encontro do que Pelizzer (2005) afirma, quando evidencia quea agência de turismo tem a responsabilidade pela organização do roteiro, onde sãoincluídos detalhes que, normalmente, o viajante comum poderia esquecer ounegligenciar, podendo até ocasionar transtornos durante a viagem.Outro fator evidenciado é que as agências pesquisadas estão aprimorando edirecionando cada vez mais suas atividades para o Turismo Pedagógico. Em relaçãoao foco que este segmento representa para cada agência, a agência C apresentou


7630% de suas atividades direcionadas para o Turismo Pedagógico, já as agências Ae B apontaram que este segmento representa 10% de suas atividades, o que refleteum crescimento gradativo do mercado se levarmos em consideração o tempo deatuação de cada agência neste segmento, variando de um ano, nas agências A e B,a cinco anos na agência C. Pode-se observar, também, que as agências A e Ciniciaram suas atividades voltadas para o Turismo Estudantil e posteriormentedirecionaram essas atividades para o Turismo Pedagógico.Este crescimento gradativo evidencia que o mercado começou a serexplorado profissionalmente há pouco tempo, porém constatou-se que o aumentodas atividades para com este segmento se deve a uma evolução do ecoturismo e dapreocupação com a preservação e educação, tanto ambiental quanto cultural daslocalidades. E, diante desta nova oferta, as agências passaram a procurar asescolas, no sentido de ampliar sua clientela, oferecendo suporte e informaçõestécnicas sobre os destinos em que operavam e que poderiam ser caracterizadoscomo roteiros pedagógicos.Evidenciou-se também que o Turismo Pedagógico insere-se, desde suaconcepção, nas novas tendências do mercado de agências, tendo em vista aatuação do agente como um consultor e a participação efetiva dosconsumidores/escolas na elaboração dos produtos, ou seja, dos roteirospedagógicos.Em relação ao público alvo, as agências destacaram que trabalham comalunos de todas as idades, mas a procura por viagens de estudo é maior em turmasdo quinto ao nono ano do Ensino Fundamental.Quanto às dificuldades gerais e operacionais enfrentadas com relação a estaprática, as agências apontaram a questão financeira, tendo em vista que muitasvezes, o valor final de cada roteiro se torna relativamente alto, não condizendo coma realidade sócio-econômica de alguns alunos. Em contrapartida as escolas, alémde evidenciarem a questão financeira como uma dificuldade para a prática doTurismo Pedagógico, destacam também a burocracia necessária de autorização depais ou responsáveis para as saídas com os alunos e a péssima condição dos


77ônibus e meios de transporte quando não há intermediação de uma agência.Observa-se que na verdade não se trata de uma burocracia, mas de procedimentosnecessários para a própria segurança dos alunos.Percebe-se que a situação em relação às condições dos ônibus e meios detransporte apontada pelas escolas, reflete uma preocupação com os detalhespertinentes à organização, a operacionalização e a qualidade dos serviços prestadospelos fornecedores, e, nesse sentido, a agência é a empresa que agrupacompetências para exercer esta atividade que apresenta muitos detalhes deexecução e responsabilidades.Já em relação à compreensão do papel do agente, as agências apontaramque este entendimento ainda está se formando, em virtude de muitas escolas aindaorganizarem diretamente seus passeios através da contratação de umatransportadora turística. Contudo, esta situação já mudou muito nos últimos anos etende a mudar ainda mais devido ao aprimoramento da relação entre agências eescolas – relação esta, já consolidada no exemplo das escolas parceiras citadaspelas agências, adeptas à prática do Turismo Pedagógico.Quanto à expectativa de crescimento do mercado, o estudo possibilitouverificar que este segmento gera uma grande expectativa para as agências, devidoao aumento significativo na procura por parte das escolas para a realização deviagens de estudo, caracterizando a atividade como um segmento capaz defomentar a atividade turística.Outro fator bastante positivo trazido por essa segmentação é notado pelaoportunidade que as agências tem de fazer bons negócios nas épocas de menormovimento nas vendas, tendo em vista que o Turismo Pedagógico contribui para aminimização da sazonalidade da demanda. Durante o ano letivo a maioria dapopulação não está em férias e, com as viagens de estudo, possibilita-se o equilíbrioda procura por destinos turísticos, garantindo maior rentabilidade não só para asagências como também para as respectivas localidades.


78Apesar de ser um segmento em expansão, constatou-se que no Rio Grandedo Sul ainda são poucas as agências de viagens especializadas nessa área. Porémna Região Sudeste, principalmente em São Paulo, existem diversas agênciastrabalhando de forma consolidada este segmento.Em relação à questão sócio-econômica da maioria dos alunos, apontadacomo uma das dificuldades para a prática do Turismo Pedagógico, é necessárioorganizar uma proposta que contemple a todos os alunos. Acredita-se que sejaimportante a parceria nesse sentido com o Setor Público, em todas as instâncias,municipal, estadual e federal, a fim de incentivar cada vez mais a atividade.Conforme apresentado no estudo, o Governo Federal através do Ministériodo Turismo, está lançando o projeto Viaja Mais Jovens que busca justamenteincentivar a prática do Turismo Pedagógico proporcionando aos alunos o acesso àsviagens educativas.Sobretudo, a pesquisa apontou que o Turismo Pedagógico é uma atividadeque contribui diretamente para a formação dos alunos, visto que tem em si avantagem de relacionar o aprendizado com entretenimento, favorecendo, assim, amotivação e o interesse dos alunos. Da mesma forma, evidenciou que as agênciasestão apostando nesta prática inovadora como uma interessante oportunidade denegócio. Portanto, compreende-se que o Turismo Pedagógico constitui umimportante segmento para o setor turístico e educacional enquanto uma atividadeturística e pedagógica.


CONSIDERAÇÕES FINAISO Turismo Pedagógico, representa atualmente um dos segmentos dedestaque no mercado turístico, evidenciando uma importante oportunidade denegócios para o mercado de agências.Foi constatado que, a mudança na forma de ensino tratada na Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal nº 9.394/96), propondoinovações no método tradicional de ensino, contribuiu para que novas propostaspedagógicas fossem incluídas no processo de ensino aprendizado, sendo o TurismoPedagógico uma das novas propostas para um melhor aprender.Com base no histórico da atividade turística verificou-se que o segmentoTurismo Pedagógico surge como uma ampliação na relação entre turismo eeducação, tendo a interdisciplinaridade como característica primordial, onde o saberescolar se fortalece na medida em que ganha a amplitude da vida social.Nesse sentido, a atividade é considerada como um facilitador ao processode ensino aprendizagem, capaz de oferecer aos alunos a oportunidade de aprenderna prática o que foi visto em livros ou em sala de aula, semelhante ao TurismoEducacional que consiste na educação para o turismo.Na busca por novas alternativas no processo educativo, a realização deviagens educativas surge como uma possibilidade de tornar o método deaprendizagem mais atrativo e agradável, dando encanto ao aprendizado.


80Somando-se ao aspecto educativo o Turismo Pedagógico se insere comouma oportunidade de negócios às agências ao promover o desenvolvimento delocalidades turísticas em épocas de baixa procura.Com base em todas as constatações do trabalho, pode-se considerar queos objetivos da pesquisa foram alcançados, na medida em que possibilitou umamelhor compreensão sobre o tema. Assim sendo, o Turismo Pedagógico é umaatividade que contribui para a formação dos alunos, constituindo-se como umaimportante ferramenta para o crescimento ordenado do setor turístico.Considerando a literatura incipiente sobre o tema, este trabalho espera aindaincentivar novos estudos acadêmicos de cunho científico que venham a contemplareste campo, aprofundando e ampliando as investigações sobre o TurismoPedagógico. Fica assim, a sugestão para outras reflexões acerca desta práticainovadora que vem revelando-se tão promissora.


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ANEXO 1Pesquisa Aplicada às Escolas


PESQUISA ACADÊMICAROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO APrezado (a) Senhor (a):Este questionário faz parte de uma Pesquisa Acadêmica ligada à Universidadeque tem como objetivo estudar o Turismo Pedagógico e a relação com asAgências de Viagens. Sua opinião é muito importante para a realização destetrabalho. Observamos que não é preciso sua identificação e de sua escola, damesma forma que sua identificação será preservada na monografia. Portanto,conto com sua colaboração respondendo o questionário abaixo.Nome:Escola:Municipal ( ) Estadual ( ) Particular ( )Função do entrevistado (a):1. Você já ouviu falar no termo Turismo Pedagógico, tendo em vista o conceitode que esta prática “visa o estudo sobre o meio ambiente local e aspectossócio-culturais do destino, com o intuito de promover uma complementaçãoprática da teoria abordada em sala de aula”?( ) sim ( ) não ( ) vagamenteCaso positivo ou vagamente, o que ouviu?2. A sua escola realiza viagens com os alunos?( ) Sim ( ) Não3. Estas viagens se caracterizariam por: (resposta única)( ) “viagens de estudos” com foco educativo( ) “passeios” com foco em lazer( ) Outro tipo. Qual?______________4. Quais tipos de viagem/destinos, em geral, são mais realizados?Grupos de séries/ciclosTipos de Viagem/destinos1º ao 3º ano do Ensino Fundamental4º e 5º ano do Ensino Fundamental6º e 7º ano do Ensino Fundamental8º e 9º ano do Ensino FundamentalEnsino Médio


875. Quantas viagens são realizadas por semestre, de acordo com os grupos deséries/ciclos?6. Os alunos desenvolvem dentro das disciplinas (antes ou depois da viagem)atividades/trabalhos relativos à viagem de estudo realizada?( ) Não ( ) Sim. Que tipos de trabalhos?________7. Qual o grau de aproveitamento desta prática de viagens de estudos dentroda proposta pedagógica de cada disciplina?( ) alto grau ( ) médio grau ( ) baixo grau8. Este “aproveitamento” pode ser atribuído a que fatores?9. Quem organiza as viagens?( ) A própria escola. Quem?(cargo/função) _______________.( ) Escola por meio de Agência de Turismo.( ) Escola por meio de Transportadora Turística(empresa de ônibus).10. Caso a viagem seja realizada por meio de agência, quem formata o roteiro?A própria escola define a proposta de acordo com o processo de ensinoaprendizageme repassa à agência ou o roteiro é definido por iniciativa daagência (roteiros fechados) que oferece à escola?11. Quais as dificuldades gerais e operacionais enfrentadas com relação a estaprática? (custos, condições dos veículos, falta de criatividade na oferta deroteiros, dificuldade de ter alguém na escola para a organização dessaspráticas...)12. Geralmente, nas viagens existe a contratação do profissional “Guia deTurismo”?( ) Sim ( ) Não considera necessário.13. Em caso negativo, quem exerce esse papel? Um professor ou pessoaacompanhante da agência? Ou ambos?14. Você considera o papel do agente de viagens importante para a realizaçãodo Turismo Pedagógico?15. Qual a sua opinião quanto à importância do Turismo Pedagógico noprocesso de ensino-aprendizagem?


ANEXO 2Pesquisa Aplicada às Agências


PESQUISA ACADÊMICAROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO BPrezado (a) Senhor (a):Este questionário faz parte de uma Pesquisa Acadêmica ligada à Universidadeque tem como objetivo estudar o Turismo Pedagógico e a relação com asAgências de Viagens. Sua opinião é muito importante para a realização destetrabalho. Observamos que não é preciso sua identificação e de sua empresa,da mesma forma que sua identificação será preservada na monografia.Portanto, conto com sua colaboração respondendo o questionário abaixo.Entrevistado(a):Nome da Agência:Cidade:Foco da agência (tipologia):1. Tempo de atuação no mercado (ano de abertura):2. Há quanto tempo a empresa atua no segmento Turismo Pedagógico?( ) Menos de 1 ano ( ) De 1 a 3 anos ( ) de 3 a 6 anos ( ) Mais de 6 anos3. Em relação ao foco da agência, qual percentual tem este segmento do tododa agência?( ) 5% ( ) 10% ( ) 20% ( ) 50% ( ) Outro_____4. Sua agência possui roteiros formatados direcionados ao TurismoPedagógico? Quais?5. Quais são os destinos/tipos de viagens mais procurados pelas escolas,conforme as séries/grupos de séries?Grupos de séries/ciclos1º ao 3º ano do Ensino Fundamental4º e 5º ano do Ensino Fundamental6º e 7º ano do Ensino Fundamental8º e 9º ano do Ensino FundamentalEnsino MédioTipos de Viagem/destinos6. Qual a demanda de viagens? Quantas viagens (aproximadamente) cadaescola demanda por semestre por séries/grupos de séries?


907. Qual o número de escolas parceiras da agência?( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais Escolas8. Como é realizado o processo de oferta deste serviço às escolas? (visitas,mala direta, contato telefônico)9. Levando em consideração o tipo de transporte, quais são mais utilizadospara as viagens:( ) Ônibus – 38/40 lugares ( ) Microônibus – 25 lugares ( ) Van – 15 lugares10. Quanto à formação dos roteiros das viagens geralmente executadas, osmesmos são elaborados conforme solicitação da escola (tipo forfait) de acordocom as necessidades do processo de ensino-aprendizagem ou são oferecidosroteiros fechados?11. As escolas solicitam o serviço do guia de turismo? E a agência, comopercebe e trabalha esta questão?12. Você considera que há no mercado de escolas, em geral, um corretoentendimento da função do agente de viagem no processo do TurismoPedagógico?13. Com relação às escolas parceiras, este entendimento já está consolidado?14. Em geral, quais as principais dificuldades enfrentadas pela agência paratrabalhar com o Turismo Pedagógico?15. Na visão do agente de turismo, quais as expectativas quanto aocrescimento deste segmento?


ANEXO 3Roteiro Pedagógico: Rio GrandeSESC Turismo


Viajar é EducarRio GrandeUma escola a céu aberto02 dias 01 noite 01noite de hospedagem no Hotel Atlântico Praia do CassinoAlimentação: Café da manhã, almoço e jantar (exceto nos horários quecoincidirem com os deslocamentos)INFORMAÇÕES GERAIS:Rio GrandePopulação: 193.789 habitantesClima: TemperadoAltitude: 855 metrosHistórico:Cidade mais antiga do Estado do Rio Grande do Sul,está localizada na margem sul doestuário que conduz ao Oceano Atlântico as águas da imensa laguna, conhecida comoLagoa dos Patos. A cidade foi fundada em 19 de fevereiro de 1737, pelo Brigadeiro Joséda Silva Paes.PasseiosPasseio pelos principais pontos turísticos de Rio Grande, visita a instalações Portuárias eao complexo do Museu Oceanográfico “Prof. Eliézer de Carvalho Rios”.Porto de Rio Grande: O Porto do Rio Grande é constituído das zonas portuárias PortoVelho, Porto Novo e Superporto. No Porto Novo está localizado o cais público, tambémchamado de cais comercial. A visitação ao Porto Novo dura cerca de 2 horas. A turma érecebida diretamente na sede da SUPRG. Imediatamente é feita uma “conversa”, naSala de Reuniões da SUPRG, com técnicos do porto e após eles são encaminhados paraa visita ao cais do Porto Novo.Museu Oceanográfico: O Museu Oceanográfico “Prof. Eliézer de Carvalho Rios” deu


93origem ao complexo de museus e <strong>centro</strong>s associados da Fundação Universidade do RioGrande, atualmente constituído pelo Museu Antártico, o Museu Náutico, o Eco-Museu daIlha da Pólvora, o Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM) e o Centro deEducação e Formação Ambiental Marinha (CEFAM). Fundado no dia 8 de setembro de1953, o Museu Oceanográfico mantém uma exposição pública sobre a vida e a dinâmicados oceanos, apresentada em painéis, maquetes e diversos equipamentos utilizados empesquisas oceanográficas. Nos painéis das salas do Museu, são apresentadas váriasconchas que fazem parte da coleção de moluscos do Museu (atualmente com 45.000lotes). Esta coleção, considerada a mais importante da América do Sul, foi organizadapelo Diretor Fundador do Museu Oceanográfico, o professor Eliézer de Carvalho Rios.No Museu Oceanográfico “Prof. Eliézer de Carvalho Rios” funcionam os seguinteslaboratórios: Laboratório de Malacologia, Laboratório de Mamíferos Marinhos,Laboratório de Ornitologia, Laboratório de Paleontologia. O Museu está abertodiariamente, das 9h00 às 11h30 e das 14h00 às 17h30.Museu Antártico:O Museu Antártico foi inaugurado no dia 7 de janeiro de 1997 e sua exposição mostraum pouco da vida no continente gelado e a presença do Brasil na Antártica.Anexo ao Museu Oceanográfico, o prédio do Museu Antártico é uma reprodução dasprimeiras instalações da Estação Antártica “Comandante Ferraz”.O acervo do Museu Antártico conta com diversos painéis, com textos e fotos quedetalham a história da conquista daquele continente, a dinâmica dos mares e da vida noPólo Sul e o esforço brasileiro em manter uma base em ambiente tão inóspito.Também fazem parte da exposição alguns objetos utilizados pelos brasileiros e amostrasgeológicas e biológicas da Antártica. O Museu Antártico recebe os visitantes nos mesmoshorários do Museu Oceanográfico.Eco-Museu da Ilha da PólvoraO Eco-Museu da Ilha da Pólvora foi inaugurado em 22 de abril de 1999 e conta com oapoio do Exército Brasileiro que conjuntamente com a Fundação Universidade Federal doRio Grande, viabilizaram a criação do Eco-Museu. A Ilha da Pólvora é uma das ilhas doestuário da Laguna dos Patos e possui 42 hectares de marismas (áreas periodicamentealagadas pela maré) que servem de habitats para várias espécies de aves, roedores,larvas e juvenis de peixes, moluscos e crustáceos. As marismas da Ilha da Pólvora estãobem preservadas e por isso são utilizadas com propósitos educacionais e científicos.No Eco-Museu são desenvolvidos diversos trabalhos científicos de graduação e pósgraduação,dentre os quais, se destacam estudos sobre a vegetação, os crustáceos, asaves e os roedores. Além disso, o CEFAM (Centro de Educação e Formação AmbientalMarinha) utiliza a área da Ilha da Pólvora para realizar, periodicamente, atividadespráticas de educação ambiental. O Eco-Museu da Ilha da Pólvora está aberto à visitaçãode sexta a domingo, das 14 às 18 horas. O translado até a ilha é realizado porembarcação, com saída do píer do Museu Oceanográfico.


ANEXO 4Roteiro Pedagógico: Torres e CânionsSESC Turismo


Viajar é EducarTorres e CânionsUma escola a céu aberto02 dias 01 noite 0 1 noite de hospedagem no Hotel SESC Torres01 passeio de barcoAlimentação: - Café da manhã - Lanche na trilha - Almoço - JantarINFORMAÇÕES GERAIS:TorresRegião: Litoral NortePopulação: 30.000 habitantesClima: SubtropicalAltitude: 6 metrosVias de acesso: BR 101 e Estrada do Mar - RS 389Histórico:Torres é um dos núcleos mais antigos do Estado, possui este nome devido à existênciade três grandes rochedos de origem vulcânica, formados por rochas basálticas, doperíodo Jurássico/Cretácio (Era dos Dinossauros), com aproximadamente 140 milhõesde anos, que afloram à beira-mar, um aspecto único do Litoral Brasileiro.PasseiosConheça a mais Bela Praia Gaúcha com suas belezas naturais, seus principais pontosturísticos os e os belíssimos Cânions do Parque Nacional dos Aparados da Serra.


96Passeios do RoteiroArtigo I.Passeio ao Cânion do ItaimbezinhoParque Nacional dos Aparados da Serra, voltando no tempo e conhecendo formaçõesrochosas de aproximadamente 200 milhões de anos e lindos paredões que chegam aatingir 920 metros de altura; observando, também, toda a fauna e flora da região.Caminhadas: Trilha do Vértice 1,5 Km – Trilha do Cotovelo 5 KmTemas abordados: Geologia, história, geografia e biologia.Visita aos pontos turísticos de Torres e Caminhada na Via CosteiraNeste passeio além de conhecer os pontos turísticos de Torres com suas praias, vamospassar pelo casario açoriano e abranger também sobre o rompimento de continentes,derrames de basalto e índios Sambaquianos, Carijós e Guaranis.Temas abordados: Geologia, história, geografia e biologia.Passeio de BarcoIlha dos Lobos, única ilha marítima do Rio Grande do Sul e menor reserva ecológica domundo, onde nos meses e março a novembro poderemos observar os lobos e os leõesmarinhos, assim como as baleias franca que passam pelo nosso litoral nos meses demaio a novembro.Temas abordados: Geologia, história, geografia e biologia marinha.


ANEXO 5Roteiro Pedagógico: Missões JesuíticasGalápagos Tour


Projeto Escola Missões Jesuíticas1º dia - Porto Alegre / Caaró / SãoMiguel das Missões / Santo ÂngeloApresentação em frente da escola às 7horas para partida às 07h15 com destino àcidade de São Miguel. Parada técnica emSoledade no Restaurante Italians,aproximadamente às 10 horas da manhã.Parada para o almoço em Ijuí. Logo após,partida para Caaró para visita aoSantuário dos Santos Martírios.Continuação até São Miguel das Missões.Chegada e visita as ruínas da redução deSão Miguel Arcanjo. Às 19 horas,espetáculo de Som e Luz2º dia - Santo Ângelo / Porto AlegreApós o café da Manhã, City Tour em Santo Ângelo, com visita ao Museu Histórico eArqueológico Municipal, à Catedral, ao Memorial Luiz Carlos Prestes e à antiga EstaçãoFerroviária. Após o almoço, retorno para Porto Alegre. Chegada aproximadamente às 20horas.


ANEXO 6Roteiro Pedagógico: Aparados da SerraGalápagos Tour


Projeto Escola CânionsAparados da Serra, Serra Geral e São José dos AusentesA região nordeste do RS possui atrativos excepcionaisrelacionados às belezas naturais: os "canyons" de Cambarádo Sul, onde foram criados os Parques da Serra Geral e, omais conhecido, o de Aparados da Serra, onde fica o canyondo Itaimbezinho.Trata-se de formações rochosas de milhões de anos,resultado de erupções vulcânicas no período de formaçãode nosso continente.Do alto dos mirantes contempla-se a vasta paisagem daSerra, a mil metros de altitude, sendo que, em algunslocais, avista-se o litoral do estado. Através de trilhas denível médio pode-se percorrer vários caminhos quecontemplam, de diversos ângulos, os paredões de basalto,cachoeiras, os campos de cima da Serra e a mata deCanyon ItaibezinhoAraucária, típica da região.1º dia - Porto Alegre/S. José dos Ausentes - 07h45, apresentação em frente ao Theatro S.Pedro, Praça da Matriz, para saída às 08h00. Almoço em Tainhas ou Cambará (nãoincluso) e seguida após para S. José dos Ausentes. Chegada à tarde e instalação empousada. Opcional: passeio a cavalo.2º dia - S. José dos Ausentes/Canyon Montenegro/Ausentes - Após o café da manhã, que serealiza bem cedo, saída para uma visita ao Canyon de Montegro. Almoço na pousada.Tarde: visita aos Desnível dos Rios. Após, saída para Cambará com chegada à noite.Instalação em pousada.3º dia– Cambará do Sul/Canyon de Fortaleza – Visita ao Canyon de Fortaleza pela trilha doMirante, no Parque Nacional da Serra Geral, passando pela Cachoeira do Tigre Preto até aPedra do Segredo. Almoço em torno de 14 horas (não incluso). Tempo livre.4º dia– Cambará do Sul/Itaimbezinho/Porto Alegre – Pela manhã visita ao Canyon doItaimbezinho pelas trilhas do Cotovelo e Vértice. Tarde:retorno a Porto Alegre comchegada prevista para 18h00.

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