Charge e ideologia: A emergncia da polmica entre Isl e Ocidente no ...

parece introduzir a realidade do corpo estranho. (MAIGUENEAU, 2005, p.112).Ainda de acordo com a teoria de Maingueneau (2005), quando dois campospolemizam entre si há apenas uma simulação de confronto, pois esse duelo já estaria ganhopela FD que o simula. Assim, ao se apropriar de um dizer típico da Formação Discursivamulçumana, o chargista está traduzindo esse enunciado para sua própria FD,enfraquecendo-o para melhor controlá-lo. Dessa forma, como ressalta Maingueneau apolêmica será sempre estéril, na medida em que os valores axiológicos dos dois campossão incompatíveis entre si, apesar disso, “a polêmica é necessária porque, sem essa relaçãocom o Outro, sem essa falta que torna possível sua própria completude, a identidade dodiscurso correria o risco de desfazer-se.” (MAINGUENEAU, 2005, p. 118).6 Considerações finaisApós a análise da charge, compreendemos a interincompreensão discursiva comoum processo essencial no confrontamento entre Formações Discursivas que rivalizam entresi. Essa impossibilidade de ver o Outro tal qual, está associada à necessidade deidentificação e de diferenciação de uma FD em relação à outra. Nesse sentido, temos naobra de Maingueneau uma forte influência da obra de Lacan.De maneira especifica, nas charges de Maomé, percebemos uma dificuldade doOcidente em lidar com valores que lhe são exteriores. Vimos ainda que o acirramento dapolêmica discursiva é uma tendência que tem origem histórica, sobretudo nas últimasdécadas.Circundando toda essa problemática, temos um dilema ético: a necessidade de selidar com as diferenças culturais. A publicação das charges de Maomé e seus14