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Charge e ideologia: A emergncia da polmica entre Isl e Ocidente no ...

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A emergência <strong>da</strong> polêmica <strong>entre</strong> <strong>Isl</strong>ã e <strong>Ocidente</strong> nas charges de MaoméAdria<strong>no</strong> Charles <strong>da</strong> Silva Cruz 1Resumo: Este artigo pretende discutir a materialização ideológica do discurso antiislâmiconas charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten. A partir dos pressupostosteóricos <strong>da</strong> Análise do Discurso, em especial do conceito de 'interincompreensãodiscursiva' de Maingueneau (2005), mostramos como as formações discursivas do <strong>Isl</strong>ã e do<strong>Ocidente</strong> se relacionam polemicamente. As charges deixam claro que a visão do <strong>Ocidente</strong>em relação ao <strong>Isl</strong>ã é marca<strong>da</strong> pelo simulacro e pela interincompreensão.Palavras-chave: Análise do Discurso. <strong>Charge</strong>. Interincompreensão discursiva.Jornalismo. Polêmica.1 IntroduçãoAs charges publica<strong>da</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 2006 <strong>no</strong> jornal dinamarquês Jyllands-Posten quetrazem a representação do profeta Maomé provocaram reações em todo o mundo. Ao todoforam publicados doze desenhos, em alguns deles, aparece o fun<strong>da</strong>dor do <strong>da</strong> religiãoislâmica associado ao terrorismo. Por um lado, líderes de diferentes países mulçuma<strong>no</strong>sprotestaram contra os desenhos, exigindo uma retratação pública do gover<strong>no</strong> <strong>da</strong>Dinamarca; por outro, defensores <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de de expressão, em sua maioria pertencente àcultura ju<strong>da</strong>ico-cristã, acusaram os mulçuma<strong>no</strong>s de atrasados, defendendo a livrepublicação do material.As publicações <strong>da</strong>s charges abriram, <strong>entre</strong>tanto, margem para o acirramento <strong>da</strong>tensão <strong>entre</strong> o <strong>Isl</strong>ã e a cultura ocidental, uma vez que na concepção religiosa do islamismoé ofensiva qualquer representação de “Alá” e de seu profeta Maomé. Aproveitando a1 Jornalista, especialista em Ética e mestrando em Comunicação pelo programa de Pós-Graduação emComunicação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco.1


situação conflituosa, numerosos extremistas realizaram ações violentas contra embaixa<strong>da</strong>sde países europeus e coman<strong>da</strong>ram um boicote econômico aos produtos dinamarqueses.Neste paper <strong>no</strong>s interessa estu<strong>da</strong>r essa confrontação dos discursos opositores, quese dá <strong>entre</strong> as Formações Discursivas (FDs), lugar de manifestação <strong>da</strong>s formaçõesideológicas, a partir <strong>da</strong> <strong>no</strong>ção de interincompreensão discursiva elabora<strong>da</strong> porMaingueneau (2005).Na primeira parte do artigo, retomamos o conceito de <strong>ideologia</strong> na Análise doDiscurso francesa (AD), em segui<strong>da</strong>, verificamos as condições de produção <strong>da</strong>s charges e,posteriormente, analisamos um dos doze desenhos publicados. Utilizamos o conceito deFormação Discursiva de Foucault (2004), na leitura de Courtine (1984) 2 e consideramos o<strong>Ocidente</strong> não somente sob o aspecto geográfico, mas incluímos nesta categoria todos ospaíses que fazem parte <strong>da</strong> cultura ju<strong>da</strong>ico-cristã.2 Ideologia e discursoA <strong>ideologia</strong> é um dos principais conceitos utilizado pelas diversas análises dodiscurso, pois elas partem do pressuposto que o discurso é social, assim ele estará,necessariamente, influenciado pelas condições sócio-históricas que lhe deram origem.Nesse sentido, van Dijk (1999), considera que <strong>ideologia</strong> não se manifesta apenas <strong>no</strong>discurso, <strong>no</strong> entanto, destaca seu papel fun<strong>da</strong>mental <strong>no</strong> processo de cognição e veiculação.“Mesmo que os discursos não sejam as únicas práticas sociais basea<strong>da</strong>s na <strong>ideologia</strong>, sãoefetivamente fun<strong>da</strong>mentais em sua formação e efetivamente em sua formulação e,2 [...] uma FD é heterogêna a ela mesma: o fechamento de uma FD é fun<strong>da</strong>mentalmente instável, ela nãoconsiste em um limite traçado de uma vez por to<strong>da</strong>s, separando um interior de um exterior, mas se inscreve<strong>entre</strong> diversas FDs como uma fronteira que se move em função dos interesses <strong>da</strong> luta ideológica.(COURTINE, 1981, p. 4).2


portanto, em sua reprodução social” (p. 19). Fairclough (2001), em Discurso e Mu<strong>da</strong>nçaSocial, procura estu<strong>da</strong>r o discurso como prática política e ideológica.O discurso como prática política estabelece, mantém e transforma as relaçõesde poder e as enti<strong>da</strong>des coletivas (classes, blocos, comuni<strong>da</strong>des, grupos) <strong>entre</strong> asquais existem relações de poder. O discurso como prática ideológica constitui,naturaliza, mantém e transforma os significados do mundo de posições diversasnas relações de poder. (p. 94).Dessa forma, conforme os autores, o discurso não será concebido unicamentecomo uma expressão ou instrumento do pensamento, mas, além disso, um modo deprodução social. Entretanto, interessa-<strong>no</strong>s saber como a Análise do Discurso em suaperspectiva francesa compreenderá a <strong>ideologia</strong> ao longo de seu percurso histórico.Estu<strong>da</strong>remos inicialmente a apropriação pela AD <strong>da</strong> leitura marxista realiza<strong>da</strong> porAlthusser e, em um segundo momento, o deslocamento dessa concepção, em decorrência<strong>da</strong> influência de Foucault, que desenvolve a <strong>no</strong>ção de formação discursiva.Na visão de Marx, a <strong>ideologia</strong> estará associa<strong>da</strong> à ilusão e ao enga<strong>no</strong>. Dessa forma,ela seria um elemento <strong>da</strong> superestrutura, que serviria para mascarar a luta de classe.Com efeito, ca<strong>da</strong> <strong>no</strong>va classe que toma o lugar <strong>da</strong> que dominava antes dela éobriga<strong>da</strong>, para alcançar os fins a que se propõe, a apresentar seus interessescomo sendo o interesse comum de todos os membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, isto é, paraexpressar isso mesmo em termos ideais: é obriga<strong>da</strong> a emprestar suas idéias aforma <strong>da</strong> universali<strong>da</strong>de, a apresentá-las como sendo as únicas racionais, asúnicas universalmente váli<strong>da</strong>s. (MARX; ENGELS, 2004, p. 74).De maneira simplifica<strong>da</strong>, a idéia do marxismo é a de que por trás <strong>da</strong> aparênciaexiste a relação de exploração e a luta de classes. A Análise do Discurso francesaidentificará, pois, <strong>no</strong> texto aquilo que, dito ou silenciado, se revelará como visão de mundode uma determina<strong>da</strong> formação social.3


A partir do nível fe<strong>no</strong>mênico <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, constroem-se as idéias dominantesnuma <strong>da</strong><strong>da</strong> formação social. Essas idéias são racionalizações que explicam ejustificam a reali<strong>da</strong>de. Na socie<strong>da</strong>de capitalista, a partir do nível aparente,constroem-se os conceitos de individuali<strong>da</strong>des, de liber<strong>da</strong>de como algoindividual etc. Aparecem as idéias <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de natural dos homens, umavez que uns são mais inteligentes ou mais espertos. Daí se deduz que asdesigual<strong>da</strong>des são naturais. (FIORIN, 1997, p. 28).Conforme exposto, a <strong>ideologia</strong> será defini<strong>da</strong> pelo marxismo como esse conjunto deidéias que justificam a exploração social e ocultam a reali<strong>da</strong>de. Dentro dessa concepçãomarxista, Althusser (1989) procurou descrever de que forma, os dominados aceitam suadominação, ao descrever as manifestações <strong>da</strong> <strong>ideologia</strong> <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong>. Segundo o autor, aação <strong>da</strong>s <strong>ideologia</strong>s dominantes se dá nas práticas sociais, e, consequentemente, tambémdiscursivas, através dos aparelhos ideológicos do Estado (escola, partidos políticos, igrejas,etc.), que tornam, através do processo de interpelação ideológica, os indivíduos em seres“assujeitados”. “[...] to<strong>da</strong> <strong>ideologia</strong> tem por função ‘constituir’ indivíduos concretos emsujeitos [...]” (ALTHUSSER, 1989, p. 93).Em sua primeira fase, Análise do Discurso francesa conceberá, em razão <strong>da</strong>influência althusseriana, o sujeito do discurso como totalmente “assujeitado”. “[...] ossujeitos acreditam que ‘utilizam’ seus discursos quando na ver<strong>da</strong>de são seus ‘servos’assujeitados, seus ‘suportes’.” (PÊCHEUX, 1990, p. 311). Essa interpelação ideológica semanifestará privilegia<strong>da</strong>mente <strong>no</strong>s textos, que refletirão a luta de classes.Pêcheux irá reformular a concepção de <strong>ideologia</strong>, a partir <strong>da</strong> idéia de FormaçãoDiscursiva de Foucault. Dessa forma, Pêcheux transpõe o conceito de FD <strong>da</strong> Filosofia parao campo <strong>da</strong> Análise do Discurso, porém, ain<strong>da</strong>, trabalhando na perspectiva <strong>da</strong> luta declasses. Já Foucault, em A arqueologia do saber (2004), está interessado nas relações <strong>entre</strong>saberes e poder, concebendo a história fora <strong>da</strong> visão marxista, percebendo, assim, suasrupturas e descontinui<strong>da</strong>des. Esse deslocamento de posição permitirá a Análise doDiscurso uma explicação mais complexa do discurso, contemplando o seu caráter4


heterogêneo. Ressaltamos que Foucault evitar utiliza o termo <strong>ideologia</strong> e elabora oconceito de Formação Discursiva relacionando-o à dispersão dos enunciados.No caso em que se puder descrever, <strong>entre</strong> um certo número de enunciados,semelhantes sistema de dispersão, e <strong>no</strong> caso em que <strong>entre</strong> os objetos, os tiposde enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, se puder definir umaregulari<strong>da</strong>de (uma ordem, correlações, posições, funcionamentos,transformações), diremos, por convenção, que se trata de uma formaçãodiscursiva – evitando, assim, palavras demasiado carrega<strong>da</strong>s de condições econseqüências inadequa<strong>da</strong>s, tais como “ciência”, ou “<strong>ideologia</strong>” ou “teoria”, ou“domínio <strong>da</strong> de objetivi<strong>da</strong>de”. Chamaremos de regras de formação ascondições a que estão submetidos os elementos dessa repartição [...].(FOUCAULT, 2004, p. 43).É <strong>no</strong> interior dessas Formações Discursivas, que a <strong>ideologia</strong> estará presente, sematerializando <strong>no</strong>s textos. “As idéias, as representações não existem fora dos quadroslingüísticos. Por conseguinte, as formações ideológicas só ganham existência nasformações discursivas” (FIORIN, 1997, p. 34). A partir desse momento, haverá apossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> AD compreender as múltiplas posições do sujeito <strong>no</strong> interior de umaFormação Discursiva e a possibili<strong>da</strong>de de seu trabalho com a linguagem.Pêcheux continuará a sua revisão teórica dos conceitos de sujeito e <strong>ideologia</strong> até osa<strong>no</strong>s de 1980, concebendo o discurso em duas dimensões: estrutura e acontecimento,ampliando ain<strong>da</strong> mais as relações e a interação <strong>entre</strong> formações discursivas.Pêcheux inicia sua problematização que vai acirrar-se por maio <strong>da</strong> categoria <strong>da</strong>‘contradição’ (1977) e <strong>da</strong>s ‘falhas do ritual ideológico’ (1978), <strong>no</strong>s textosposteriores a 1980 ela será, literalmente, desconstruí<strong>da</strong>. Essa guina<strong>da</strong> emdireção a uma concepção de ‘sujeito’ não mais totalmente assujeitado ficaraclaro em seu último texto (1983) onde é realiza<strong>da</strong> a crítica dessa idéiaalthusseriana. (GREGOLIN, 2004, p. 159).Uma outra contribuição também importante para a Análise do Discurso francesa foiJacqueline Authier-Revuz que, através <strong>da</strong> sua obra, Heterogenei<strong>da</strong>de mostra<strong>da</strong> eheterogenei<strong>da</strong>de constitutiva (2004) introduziu as <strong>no</strong>ções de alteri<strong>da</strong>de e heterogenei<strong>da</strong>de5


de Bakhtin <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> AD 3 . A partir desse momento, a heterogenei<strong>da</strong>de será concebi<strong>da</strong>como interdiscurso, que se tornará o primado <strong>da</strong> teoria francesa.A análise do discurso francófo<strong>no</strong> fez frequentemente do primado dointerdiscurso sobre o discurso uma de suas teses principais. [...] especialmenteem Pêcheux, a formação discursiva não pode produzir o ‘assujeitamento’ideológico do sujeito do discurso a não ser na medi<strong>da</strong> em que ca<strong>da</strong> formaçãodiscursiva está de fato domina<strong>da</strong> pelo interdiscurso – o conjunto estruturado deformações discursivas – em que se constituem os objetos que o sujeito assume<strong>no</strong> fio do discurso. (CHARAUDEAU; MAIGUENEAU, 2004, p. 287).Para Maingueneau (2005), o interdiscurso é local de contanto <strong>entre</strong> camposdiscursivos diferentes, assim, um discurso sempre estará se remetendo a outro discurso. Oautor entende o campo discursivo como um conjunto de Formações Discursivas que seencontram em concorrência. É, portanto, na perspectiva <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de que os estudos<strong>da</strong> Análise do Discurso se consoli<strong>da</strong>rão.Os trabalhos propõem, agora, o primado <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de tanto comocategoria conceitual quanto em relação ao corpus: tomando a formaçãodiscursiva <strong>no</strong> interior <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de, ela deixa de referir-se a um exteriorideológico e passa a ser busca<strong>da</strong> na dispersão dos lugares enunciativos dosujeito. (GREGOLIN, 2004, p. 155).As relações <strong>entre</strong> Formações Discursivas, segundo Maingueneau (2005) podem se<strong>da</strong>r de duas formas: contratuais ou polêmicas. Quando essas FDs são antagônicas, a suaconvivência tenderá a se tornar difícil, pois para que uma se reafirme, será necessário quea outra seja diminuí<strong>da</strong> ou renega<strong>da</strong>. Se instaurando, por conseguinte, o conflito <strong>no</strong> discursoe na sua verbalização. Mas esse confronto não nasce do acaso, ele se dá nas formaçõessociais, conforme, observaremos na charge do Jyllands-Posten.A polêmica discursiva <strong>entre</strong> o <strong>Isl</strong>ã e <strong>Ocidente</strong> é premente, porque ela já seencontrava ancora<strong>da</strong> na história. “Os conflitos e acordos são sociais. Só se pode, pois, falar3 Bakhtin é o pioneiro na descoberta <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de. Para ele, o discurso não é mo<strong>no</strong>lógico, pois o“outro” sempre está presente <strong>no</strong> enunciado do sujeito, tornando, assim, o discurso complexo e heterogêneo.6


em contrato e polêmica <strong>entre</strong> textos e discurso, porque expressam conflitos e acordosexistentes na reali<strong>da</strong>de social.” (FIORIN, 1997, p. 48). Procuramos entender agora como apolêmica <strong>entre</strong> mulçuma<strong>no</strong>s e ocidentais se instalou historicamente, ou seja, quais foram as“condições de produção” que ocasionaram essa relação de confronto.3 <strong>Isl</strong>ã e o <strong>Ocidente</strong>A relação <strong>entre</strong> o <strong>Isl</strong>ã e o <strong>Ocidente</strong> sempre foi delica<strong>da</strong>, existindo <strong>entre</strong> ambos umadesconfiança mútua, com origens históricas que remontam às Cruza<strong>da</strong>s e às Investi<strong>da</strong>s dosMulçuma<strong>no</strong>s contra os europeus <strong>no</strong> século sete na Batalha de Poitiers. Contudo, a partir <strong>da</strong>Revolução Iraniana de 1978-1979, que gerou um discurso antiimperialista e antiamerica<strong>no</strong>,centrando-se numa visão nacionalista e buscando uma maior pureza doutrinária<strong>da</strong> leitura do Alcorão, o conflito se acentuou. Anteriormente, em 1967, ocorreu à derrotaárabe contra Israel, o que provocou uma forte reação anti-semítica e uma profun<strong>da</strong>valorização <strong>da</strong>s tradições religiosas.Este acontecimento, conhecido <strong>entre</strong> os árabes como o ‘Desastre’, teve umimpacto devastador a nível <strong>da</strong>s massas. A derrota foi senti<strong>da</strong> como umahumilhação <strong>da</strong> Umma (a comuni<strong>da</strong>de dos crentes de Alá) e desencadeou ummovimento de análise introspectiva. A leitura desse acontecimento foi que talfraqueza se deveu ao seu afastamento <strong>da</strong> religião e à adoção dos costumesocidentais. Tornava-se necessário voltar ao <strong>Isl</strong>ã. (PINTO, 2003, p. 16).A derruba<strong>da</strong> do muro de Berlim em 1989 encerrou a Guerra Fria. Os EstadosUnidos e o capitalismo emergiram, assim, como os vitoriosos na disputa que dividia omundo em uma “cortina de ferro”. Com a fragmentação <strong>da</strong> União <strong>da</strong>s RepúblicasSocialistas Soviéticas (URSS) e <strong>da</strong> Iugoslávia, surgiram outros estados mulçuma<strong>no</strong>s naEuropa e uma intensa valorização <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des nacionais. Conforme Stuart Hall:7


As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre ‘a nação’, sentidos com osquais podemos <strong>no</strong>s identificar, constroem identi<strong>da</strong>des. Esses sentidos estãocontidos nas estórias estão nas estórias que são conta<strong>da</strong>s sobre a nação,memórias que conectam seu presente com seu passado e imagens que dela sãoconstruí<strong>da</strong>s. (HALL, 2005, p. 51).Dentro desse quadro, proliferou-se, também, um grande número de grupos paramilitaresque na formação discursiva ocidental são de<strong>no</strong>minados de terroristas. Dessaforma, a situação <strong>no</strong> Oriente Médio e na região do Golfo Pérsico agravou-se,consideravelmente, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, gerando inúmeros conflitos, culminando com osatentados de 11 de setembro de 2001 e à guerra dos EUA contra o Iraque em 2003.O islamismo vem ocupando, de acordo com alguns historiadores, a lacuna deixa<strong>da</strong>pelo comunismo como o antagonista dos valores ocidentais. O <strong>Isl</strong>ã seria assim o “Outro”,<strong>no</strong> sentido de opositor, do <strong>Ocidente</strong>, especialmente, o dos america<strong>no</strong>s.A percepção do <strong>Isl</strong>ã político como uma ameaça surge <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1980. Contudo,o mito do “Perigo Verde” materializa-se com o fim <strong>da</strong> Guerra Fria e é resultado<strong>da</strong> confluência de uma varie<strong>da</strong>de de interesses e de percepções. O sistema dedefesa e a <strong>ideologia</strong> que tinham sustentado o <strong>Ocidente</strong> durante a Guerra Friadesapareceram abruptamente. Era necessário encontrar rapi<strong>da</strong>mente um <strong>no</strong>voprincípio organizativo para <strong>da</strong>r sentido e um objetivo ao aparelho de defesaamerica<strong>no</strong>. (PINTO, 2003, p. 257).Em 2005 o Jyllands-Posten soube <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong>de de um escritor 4 em ilustrar seulivro com a imagem de Maomé. Assim, resolveu convi<strong>da</strong>r alguns chargistas para queenviassem desenhos ao jornal com a representação do profeta, após o recebimento, operiódico escolheu doze charges que foram publica<strong>da</strong>s. A reação às charges foiintensamente <strong>no</strong>ticia<strong>da</strong> pela mídia em todo o mundo. Houve, de acordo com a Imprensa,4 O jornal não divulgou o <strong>no</strong>me e a nacionali<strong>da</strong>de do escritor.8


uma série de atentados, mortes e protestos em diversos países, mulçuma<strong>no</strong>s ou não,agravando ain<strong>da</strong> mais a relação polêmica <strong>entre</strong> as duas partes, <strong>Ocidente</strong> e <strong>Isl</strong>ã.A Análise do Discurso irá de<strong>no</strong>minar ao conjunto de fatores históricos, quepossibilitaram o surgimento do discurso, de condições de produção. Os enunciados, ouseja, a forma de materialização dos discursos seria limita<strong>da</strong>, restando ao analista identificaro porquê de seu surgimento.O campo dos acontecimentos discursivos, em compensação, é o conjuntosempre finito e efetivamente limitado <strong>da</strong>s únicas seqüências lingüísticas quetenham sido formula<strong>da</strong>s. [...] Eis a questão que qualquer análise <strong>da</strong> línguacoloca a propósito de qualquer fato de discurso: segundo que regras umenunciado foi construindo e, conseqüentemente, segundo que regras outrosenunciados semelhantes poderiam ser construídos? A descrição deacontecimentos do discurso coloca uma outra questão bem diferente: comoapareceu um determinado enunciado, e não outro em seu lugar? (FOUCAULT,2004, p. 30).Dessa forma para entendermos a polêmica discursiva é preciso considerar ascondições sociohistóricas de produção. Verificamos, ain<strong>da</strong>, que é pela impossibili<strong>da</strong>de deli<strong>da</strong>r com as diferenças culturais, que emergem <strong>no</strong> mundo ocidental uma série de discursosopositores à cultura islâmica, bem como o inverso. Trava-se, então, a polêmica, quesegundo Maingueneau (2005), “introduz o Outro em seu recito para melhorar conjurar suaameaça, mas esse Outro só entra anulado enquanto tal, simulacro.” (p. 113).4 As especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s charges jornalísticasA charge se caracteriza por ser um gênero textual que pretende criticar um fato ouacontecimento atual e específico, geralmente, possuindo um caráter político. Utiliza-seaqui, o conceito de gênero de Bakhtin (2003), que seriam formas cristaliza<strong>da</strong>s de dizer,construí<strong>da</strong>s segundo regras sociohistóricas. “[...] ca<strong>da</strong> enunciado é particular, mas ca<strong>da</strong>campo de utilização <strong>da</strong> língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os9


quais de<strong>no</strong>minamos gêneros do discurso.” (BAKHTIN, 2003, p. 262). Nessa perspectiva, ogênero textual se caracteriza por possui características fun<strong>da</strong>mentais que os distingue deoutros gêneros. Assim, uma charge, apesar <strong>da</strong> variação cultural, possuirá traços específicosem sua forma que a identificará.A charge está intrinsecamente liga<strong>da</strong> a acontecimentos recentes, logo, ela tambémpoderá refletir o debate público e promover a discussão social através <strong>da</strong> mídia, (teoria doagen<strong>da</strong>mento). Apesar de não ser uma tese consensual, a teoria ou hipótese <strong>da</strong> agen<strong>da</strong>setting5 propõe a existência de uma relação causal <strong>entre</strong> a agen<strong>da</strong> midiática, aquilo que éveiculado <strong>no</strong>s meios de comunicação, e a agen<strong>da</strong> pública. De acordo com Traquina (2003)os trabalhos posteriores procuram confirmar a hipótese <strong>da</strong> teoria do agen<strong>da</strong>mento além deindicarem um poder maior do jornalismo.Assim “Os atributos enfatizados pelo campo jornalístico podem influenciardiretamente a direção <strong>da</strong> opinião pública [...]” (TRAQUINA, 2004, p. 43). Segundo Sousa(2004), essa capaci<strong>da</strong>de que a mídia tem de agen<strong>da</strong>r temas para um possível debatepúblico, já se encontrava <strong>no</strong>s estudos <strong>da</strong> comunicação, como os realizados por GabrielTarde em 1901. Ain<strong>da</strong> de acordo com o autor a “capaci<strong>da</strong>de de agen<strong>da</strong>mento dos temasdifere de meio para meio, mas não há conclusões definitivas sobre qual dos media temmais capaci<strong>da</strong>de de agen<strong>da</strong>mento [...]” (SOUSA, 2004, p. 294). Defendemos, <strong>entre</strong>tanto,que aquilo que é veiculado na mídia 6 pode favorecer a discussão e o debate social e que oinverso também poderá ocorrer. É o que se observa <strong>no</strong> texto analisado, pois as discussões5 O termo agen<strong>da</strong>mento (agen<strong>da</strong>-setting) foi empregado pela primeira vez em 1972 num artigo de McCombse Shaw. Segundo os autores, a mídia detinha um poder limitado de influenciar as pessoas, agindo em seuprocesso de cognição ao determinar, <strong>no</strong>s veículos, os temas <strong>no</strong>ticiados e que, possivelmente, entrariam emdiscussão pública.6Nessa definição, incluímos além dos <strong>no</strong>ticiosos os demais produtos midiáticos, como a publici<strong>da</strong>de,tele<strong>no</strong>velas, cinema, <strong>entre</strong> outros.10


sobre o mundo mulçuma<strong>no</strong>, especialmente, a partir dos a<strong>no</strong>s de 1990, têm ganhado espaço<strong>no</strong>s jornais e atraído à atenção <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des do <strong>Ocidente</strong>.No caso especifico <strong>da</strong> charge jornalística, que é e veicula<strong>da</strong> em um meio decomunicação de massa, percebe-se a existência de uma interação <strong>entre</strong> o conteúdo <strong>da</strong>smatérias desses meios, <strong>no</strong>tícias ou reportagens, com os desenhos. A charge teria assim umafunção metalingüística, ao comentar, humoristicamente, aquilo que está dentro do jornal.“A intervenção <strong>da</strong> charge <strong>no</strong> mundo cultural inicia-se pelo reconhecimento de significantesjá existentes, após, pelo estabelecimento de conexões, que atribuem um sentidodeterminado à mensagem.” (FLÔRES, 2002, p. 11).Sendo permiti<strong>da</strong> à charge a opinião, se constitui em uma importantemateriali<strong>da</strong>de lingüística, para se identificar as marcas do discurso que lhe são subjacentes.Conforme vimos, o discurso que a charge encerra está necessariamente ligado a ummomento histórico específico, o que significa dizer que, não surgiu do na<strong>da</strong>, sendo, pois,um “espelho do imaginário <strong>da</strong> época e como corrente de comunicação subliminar, que aomesmo tempo projeta e reproduz as principais concepções sociais, pontos de vista,<strong>ideologia</strong>s em circulação [...]” (FLÔRES, 2002, p. 10).5 A interincompreensão discursivaEssas condições de produção são percebi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> corpus, a charge do Jyllands-Posten, que analisaremos. No primeiro pla<strong>no</strong> do desenho, identifica-se o profeta Maoméusando o tradicional turbante árabe e uma grande bata, com os braços abertos, proferido afrase: “Parem, parem. Estamos com falta de virgens!”. Indo ao seu encontro, visualizamosquatro homens com a expressão de cansaço e maltrapilhos, com traços desenhados sobresuas cabeças que lembram fumaça. Ao final dos quatros, aparecem alguns outros rabiscos11


que dão a idéia de continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fila humana. Sob os pés e ao redor dos personagens,têm-se nuvens desenha<strong>da</strong>s, lembrando o céu cristão ou paraíso mulçuma<strong>no</strong>. A confirmaçãode que se trata do último, se pode comprovar pelo uso pro<strong>no</strong>me pessoal nós na fala doprofeta, posto que é <strong>no</strong> paraíso de Maomé, que segundo uma certa interpretação religiosado Alcorão, haveria virgens a serem ofereci<strong>da</strong>s como “recompensa” aos mártires quemorrem defendendo à fé islâmica.Diante do exposto, as charges de Maomé estão inscritas dentro de uma FD, onde épermiti<strong>da</strong> a sua representação, contrapondo-se a outra FD (mulçumana) que a proíbe.Podemos aplicar nesse caso, a teoria de Maingueneau (2005), pois ele considera asproibições discursivas como um sistema de restrições, que seria uma espécie de filtragemrealiza<strong>da</strong> por uma determina<strong>da</strong> Formação Discursiva a fim de distinguir quais enunciadoslhe são ou não pertinentes. Dessa forma, para se constituir e se reafirmar, essas FDs irãorivalizar <strong>entre</strong> si, polemizando e provocando o processo de interincompreensão discursiva:A ca<strong>da</strong> posição discursiva se associa um dispositivo que a faz interpretar osenunciados de seu Outro traduzindo-os nas categorias do registro negativo deseu próprio sistema. Em outras palavras, esses enunciados do Outro só são“compreendidos” <strong>no</strong> interior do fechamento semântico do intérprete; para12


constituir e preservar sua identi<strong>da</strong>de <strong>no</strong> espaço discursivo, o discurso não podehaver-se com o Outro como tal, mas somente com o simulacro que constróidele. Convencionar-se-á chamar discurso-agente aquele que se encontra emposição de tradutor e de discurso-paciente aquele que é assim traduzido; é pordefinição em proveito do primeiro que se exerce a ativi<strong>da</strong>de de tradução.(MAINGUENEAU, 2005, p. 103).Nessa perspectiva, o discurso ocidental sobre o mulçuma<strong>no</strong> será sempre umsimulacro do último. Assim, não interessa ao <strong>Ocidente</strong> entender o que move os mártires,ou seja, procurar identificar se há outros motivos de ordem mais pessoal, religiosa ousocial que os impelem à morte. Dessa forma, a idéia <strong>da</strong>s virgens celestes como recompensatorna-se também um simulacro do islamismo.Ressaltamos ain<strong>da</strong>, que para valorizar a sua formação discursiva, o chargistaprocura retratar os pontos frágeis do discurso mulçuma<strong>no</strong>, aquilo que segundo a FormaçãoDiscursiva ocidental é uma lei ou valor elementar. “Mas polemizar é, sobretudo, apanharpublicamente em erro, colocar o adversário em situação de infração em relação a uma Leique se impõe como incontestável.” (MAINGUENEAU, 2005, p. 114).A “ameaça” mulçumana é relativiza<strong>da</strong> na charge analisa<strong>da</strong> através <strong>da</strong> ironia. Otexto verbal que compõe <strong>no</strong>sso objeto está negando não apenas a existência de virgens <strong>no</strong>paraíso islâmico, mas sua própria possibili<strong>da</strong>de de existência. Atualmente, sabemos quedentro <strong>da</strong> FD ocidental a virgin<strong>da</strong>de não é tão valoriza<strong>da</strong>, quanto na FD mulçumana. Énesse ponto que o texto irá tocar, através <strong>da</strong> retoma<strong>da</strong> parodia<strong>da</strong> de uma certainterpretação <strong>da</strong> religião islâmica.Ao mesmo tempo em que o fragmento é uma mostra <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>presença constitutiva do outro, o chargista insere o discurso opositor <strong>no</strong> seu própriodiscurso, com a intenção de desconstruí-lo e ridicularizá-lo.A citação exerce assim um papel absolutamente crucial: rompendo a condiçãodo Mesmo com fragmentos localizáveis do Outro, aparece como um engodonecessário, que introduz apenas um simulacro atrvés do próprio gesto que13


parece introduzir a reali<strong>da</strong>de do corpo estranho. (MAIGUENEAU, 2005, p.112).Ain<strong>da</strong> de acordo com a teoria de Maingueneau (2005), quando dois campospolemizam <strong>entre</strong> si há apenas uma simulação de confronto, pois esse duelo já estaria ganhopela FD que o simula. Assim, ao se apropriar de um dizer típico <strong>da</strong> Formação Discursivamulçumana, o chargista está traduzindo esse enunciado para sua própria FD,enfraquecendo-o para melhor controlá-lo. Dessa forma, como ressalta Maingueneau apolêmica será sempre estéril, na medi<strong>da</strong> em que os valores axiológicos dos dois campossão incompatíveis <strong>entre</strong> si, apesar disso, “a polêmica é necessária porque, sem essa relaçãocom o Outro, sem essa falta que torna possível sua própria completude, a identi<strong>da</strong>de dodiscurso correria o risco de desfazer-se.” (MAINGUENEAU, 2005, p. 118).6 Considerações finaisApós a análise <strong>da</strong> charge, compreendemos a interincompreensão discursiva comoum processo essencial <strong>no</strong> confrontamento <strong>entre</strong> Formações Discursivas que rivalizam <strong>entre</strong>si. Essa impossibili<strong>da</strong>de de ver o Outro tal qual, está associa<strong>da</strong> à necessi<strong>da</strong>de deidentificação e de diferenciação de uma FD em relação à outra. Nesse sentido, temos naobra de Maingueneau uma forte influência <strong>da</strong> obra de Lacan.De maneira especifica, nas charges de Maomé, percebemos uma dificul<strong>da</strong>de do<strong>Ocidente</strong> em li<strong>da</strong>r com valores que lhe são exteriores. Vimos ain<strong>da</strong> que o acirramento <strong>da</strong>polêmica discursiva é uma tendência que tem origem histórica, sobretudo nas últimasdéca<strong>da</strong>s.Circun<strong>da</strong>ndo to<strong>da</strong> essa problemática, temos um dilema ético: a necessi<strong>da</strong>de de seli<strong>da</strong>r com as diferenças culturais. A publicação <strong>da</strong>s charges de Maomé e seus14


desdobramentos provocaram mundialmente reações diversas, assim, de acordo comMaingueneau, devemos buscar, ou melhor, esperar na história a saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> polêmica.Enfim, acreditamos que é necessário repensar, como Habermas (2003), uma éticadiscursiva que estabeleça limites à verbalização <strong>da</strong> polêmica, posto que ela é constituintede qualquer relação conflituosa e, portanto, sempre estará presente em texto antagônicos.REFERÊNCIASALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. Lisboa: Presença,1970.AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogenei<strong>da</strong>de mostra<strong>da</strong> e heterogenei<strong>da</strong>deconstitutiva. In: ______. Entre a transparência e a opaci<strong>da</strong>de: um estudo enunciativo dosentido. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.BAKHTIN, Mikhail. Estética <strong>da</strong> Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise doDiscurso. São Paulo, Hucitec, 2004.COURTINE. J-J. Quelques problèmes théoriques et métohodologiques em analyse dediscours: à propos du discours communiste adressé aux chrétiens. Langages, Paris, n 62, p.9-127, 1981.DIJK, Teun A. van. Ideología: un enfoque multidisciplinario. Barcelona: Gedisa, 1999.FAIRLOUGH, Norman. Discurso e Mu<strong>da</strong>nça Social. Brasília: UNB, 2001.FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 5 ed. São Paulo: Ática, 1997.FLÔRES, Onici. A leitura <strong>da</strong> charge. Ca<strong>no</strong>as: ULBRA, 2002.15


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