13.07.2015 Views

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Poética <strong>de</strong> uma conversão neorromântica261construída com <strong>de</strong>fesas;<strong>de</strong>la pen<strong>de</strong>m mil escudose armaduras dos heróis.Teus seios são dois filhotes,filhos gêmeos <strong>de</strong> gazela,pastando entre açucenas 36 .Sob tal sentido sócio-literário – que para <strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s representaa ar<strong>de</strong>nte (con)vivência conflituosa eros-<strong>em</strong>-espírito santo –, românticopassa a representar subjetivamente um caráter, na verda<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>finido,como interessante, charmoso, excitante, que <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> “não tanto asproprieda<strong>de</strong>s dos objetivos quanto nossas reações a eles, os afetos queeles suscitam no espectador impressionável” 37 . Nesse âmbito, a Natureza,<strong>de</strong>scrita a partir <strong>de</strong> uma composição romântica, seria revelada por meiodo conjunto fluido <strong>de</strong> associações e <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong>duzidos da poesiae, além <strong>de</strong>la, da literatura <strong>em</strong> geral. Seria, pois, a expressão <strong>de</strong> uma novaóptica <strong>de</strong> análise que toma força nos meios intelectuais e artísticos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>meados do século passado, segundo a qual a Natureza é que imitaria aArte, e não o contrário.Na verda<strong>de</strong>, cabe a esses conceitos a função <strong>de</strong> “apenas fornecer uma indicaçãovaga da coisa, <strong>de</strong>ixando à imaginação a tarefa <strong>de</strong> evocá-la” e “naquiloque é inefável, por consequência, consiste-se a essência da romanticida<strong>de</strong>”.Para Schlegel (Lucin<strong>de</strong>), a palavra e a forma são apenas acessórios; o essencialresi<strong>de</strong> no “pensamento e o fantasma poético e esses são possíveis somentena passivida<strong>de</strong>” 38 . Quanto a essa vaguidão bíblico-carnal, impressa <strong>em</strong> umaevocação surreal, o poeta <strong>de</strong>staca queEsta cabeleira nasceuNo corpo das nebulosas,Depois renasceu <strong>em</strong> Eva,Atravessou muitos túneisDe corpos gran<strong>de</strong>s, morenos(...)36Quinto po<strong>em</strong>a, Cântico 3-4, Cântico dos Cânticos, Bíblia <strong>de</strong> Jerusalém, p. 1094.37Praz, A carne, a morte e o diabo na literatura romântica, p. 34.38Praz, op. cit., p. 35.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!