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o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

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Poética <strong>de</strong> uma conversão neorromântica253t<strong>em</strong>aticamente limitada. Tal “limite” se marcava por uma exacerbada tendênciareligiosa na expressão dos el<strong>em</strong>entos poéticos, ao lado <strong>de</strong> um <strong>erotismo</strong>velado, e marcada pelo exagero da presença <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> como expressão<strong>de</strong> um individualismo s<strong>em</strong>pre muito surrealista 11 . Essas características mantinhammuito poucos pontos <strong>de</strong> contato com uma então <strong>de</strong>nominada “poesiamo<strong>de</strong>rna”, que utilizava novas formas e conteúdos poéticos para expressaro choque <strong>de</strong> <strong>em</strong>oções, o caos <strong>de</strong> sentimentos e sensações, a busca <strong>de</strong> novoscaminhos <strong>em</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ritmo frenético <strong>de</strong> industrialização. Aliás,é o próprio poeta mineiro, <strong>em</strong> seu s<strong>em</strong>pre-tom <strong>de</strong> pacífica reclamação, queconstata “como é difícil, na Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a língua do eterno”.Todavia, n<strong>em</strong> todos os i<strong>de</strong>alizadores dos métodos e t<strong>em</strong>as do que seriauma escola mo<strong>de</strong>rnista lançavam seus olhares mo<strong>de</strong>rnos à poesia como se elafosse produto-objeto <strong>de</strong> si mesmos. Manuel Ban<strong>de</strong>ira – pessoa mais <strong>de</strong> visãomo<strong>de</strong>rna que poeta <strong>de</strong> estilo mo<strong>de</strong>rnista – teve, mesmo participando do “movimentomo<strong>de</strong>rnista brasileiro”, uma percepção muito mais ampla do que aproposta pelos teóricos da nova forma poética assumida como cont<strong>em</strong>porânea.O autor <strong>de</strong> “Os sapos” – um dos ícones da S<strong>em</strong>ana Mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> 1922 – fazuma análise, por estar menos atrelada a preconceitos estabelecidos comoconjunto <strong>de</strong> normas, muito mais representativa da importância das i<strong>de</strong>ias<strong>de</strong> <strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> sua visão <strong>de</strong> poesia para o Brasil, quando consi<strong>de</strong>raque “<strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s é um conciliador <strong>de</strong> contrários”. É nessa “missão” <strong>de</strong>conciliador que o poeta vaticina queTeus olhos vão ser julgadosCom cl<strong>em</strong>ência b<strong>em</strong> menorDo que o resto do teu corpo.Teus olhos pousaram <strong>de</strong>maisNos seios e nos quadris,Eles pousaram <strong>de</strong> menosNos outros olhos que exist<strong>em</strong>Aqui neste mundo <strong>de</strong> Deus 12 .A poesia muriliana (composta por esses três livros), centrada na opção dopoeta <strong>de</strong> compor seu mo<strong>de</strong>rnismo literário sob uma base erótico-religiosa, visa11Elia<strong>de</strong>, Imágenes y símbolos.12Men<strong>de</strong>s, “Juízo final dos olhos”, <strong>em</strong> O visionário, p. 205.

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