13.07.2015 Views

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Poética <strong>de</strong> uma conversão neorromântica255exigências <strong>de</strong> teor burocrático entre didático-acadêmico que equiparam,s<strong>em</strong> uma análise mais cuidadosa, a arte literária às chamadas artes <strong>de</strong> massa(fotonovelas, filmes <strong>de</strong> cowboy etc.) 16 .A poesia <strong>de</strong> <strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s, enquanto representação artística daqueles(novos) t<strong>em</strong>pos mo<strong>de</strong>rnos, ultrapassa os limites <strong>de</strong> normas/formas condicionadoras<strong>de</strong> uma pretensa liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilo. É preciso lê-la atentamentepara avaliar sua assumida condição <strong>de</strong> universalida<strong>de</strong> como fator <strong>de</strong> expressãoliterária representando um período mo<strong>de</strong>rno marcado por revalorizações do<strong>erotismo</strong> como questão natural, questionamentos pessoais e (re)or<strong>de</strong>naçãoconflituosa <strong>de</strong> classes sociais. É preciso percebê-la como produto do mo<strong>de</strong>rnismo<strong>em</strong> um contexto artístico vanguardista (última década do século XIXaté décadas iniciais do século XX – 1920, 1930) e sua interferência, como estabelecimento <strong>de</strong> propostas e normas a ser<strong>em</strong> seguidas, na construçãopoética e visão <strong>de</strong> mundo <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> integrado ao seu t<strong>em</strong>po-espaçohistórico (<strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s nasceu <strong>em</strong> 1901, <strong>em</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, MG, e morreuaos 74 anos, <strong>em</strong> Lisboa).No poeta, a questão do mo<strong>de</strong>rno toma feições <strong>de</strong> uma erótico-religiosida<strong>de</strong><strong>em</strong> que o tom <strong>de</strong> angústia e <strong>de</strong> melancolia, presentes na naturezahumana como um <strong>de</strong> seus condicionadores existenciais, completa-se comum surrealismo otimista buscando na forma uma representação possível <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Tal representação se dá como núcleo <strong>de</strong> acontecimentos quer<strong>em</strong>et<strong>em</strong> o ser humano à sua (frágil) possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser eterno e não coisaefêmera, submetida à rapi<strong>de</strong>z mercantil-tecnológica da (mo<strong>de</strong>rna) passag<strong>em</strong>do t<strong>em</strong>po. É nesse ambiente que “O namorado cont<strong>em</strong>pla/O corpo da namorada./Vêo corpo como está,/Não vê como o corpo foi n<strong>em</strong> como o corposerá” 17 . Ambiente <strong>em</strong> que a percepção do corpo da amada é “O que rarasvezes a forma/Revela./O que, s<strong>em</strong> evidência, vive./O que a violeta sonha./Oque o cristal contém/Na sua primeira infância” 18 .Sob tal concepção poética, fundada <strong>em</strong> uma estrutura <strong>de</strong> sensaçõeseróticas e manifestações religiosas, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, ainda, a importância<strong>de</strong> um “novo” sentido <strong>de</strong> romantismo como instrumento <strong>de</strong> expressão /ação anticapitalista e revolucionária 19 , el<strong>em</strong>entos que, na poesia <strong>de</strong> <strong>Murilo</strong>16Lopes, A palavra e os dias.17Men<strong>de</strong>s, “O namorado e o t<strong>em</strong>po”, <strong>em</strong> O visionário, p. 201.18Id., “Algo (a Maria da Sauda<strong>de</strong>)”, <strong>em</strong> Poesia liberda<strong>de</strong>, p. 438.19Löwy e Sayre, Revolta e melancolia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!