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o erotismo religioso de Murilo Mendes - Grupo de Estudos em ...

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Poética <strong>de</strong> uma conversão neorromântica257E ainda, <strong>de</strong>sta mulher lascivamente amorosa, aponta queO amor é muito gran<strong>de</strong>Mas não é puro, as mulheresToda a hora humilham a genteCom golpes fundos <strong>de</strong> olhares,Com arrancadas <strong>de</strong> seios...Mas assim mesmo inda é bom 23 .Na percepção <strong>de</strong>sse romantismo mo<strong>de</strong>rno (resguardado sob um mantoerótico-<strong>religioso</strong>) como instrumento <strong>de</strong> revolução (pessoal/poética), <strong>em</strong>um momento histórico essencialmente capitalista, é fundamental percebera construção e caminho, <strong>em</strong> <strong>Murilo</strong>, <strong>de</strong>ssa “categoria lírica”, instaurando-acomo um dos componentes <strong>de</strong> sua própria poética 24 . Nesse sentido, ao lado<strong>de</strong> uma sensibilíssima expressão erótica, vários po<strong>em</strong>as se apresentam pormeio <strong>de</strong> profundos questionamentos críticos, mesmo que não explícitos,sobre o po<strong>de</strong>r social dos interesses econômicos, sobre os projetos das nações<strong>em</strong> oferecer requintadas estruturas urbanas – <strong>em</strong> um mundo fincado entreguerras, mortes, injustiças, amores volúveis –, sobre propagandas do b<strong>em</strong>estartido como algo politicamente correto, todavia, ineficaz à comunida<strong>de</strong>.Enfim, essas informações, que intentam compor um quadro geral t<strong>em</strong>áticodos três <strong>de</strong> livros, vêm representar a estrutura básica da linha poética <strong>de</strong><strong>Murilo</strong> Men<strong>de</strong>s. Essa linha é fort<strong>em</strong>ente caracterizada por suas já citadastendências sócio-históricas, clássicas, visionárias, barroquizantes, surrealistas,mesmo pós-mo<strong>de</strong>rnistas e, sobretudo, românticas, melhor dizendo,mo<strong>de</strong>rnamente românticas/eroticamente religiosas. É assim que “Sinto-mecompelido ao trabalho literário: (...); pela notícia <strong>de</strong> que Deus, diante daburrice e cruelda<strong>de</strong> soltas, <strong>de</strong>mitiu-se do cargo <strong>de</strong> administrador dos negóciosdo hom<strong>em</strong>; pelo charme operante das cabeleirosas e das pernilongas, dassexy a jato e das menos sexy a tílburi” 25 .Essas tendências, articuladas, formam a base da visão poética muriliana<strong>de</strong> mundo construída pela criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus próprios conceitos, crenças,projetos, amores e <strong>de</strong>sejos eróticos. Acrescente-se a tais el<strong>em</strong>entos23Id., “Mas”, O visionário, p. 234.24Tinoco, Poesia <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>em</strong> pânico.25Micro<strong>de</strong>finição do autor (A), Picchio, op. cit., p. 46.

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