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História e mito em “O dia em que explodiu Mabata-bata”, de Mia ...

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Revista Litteris – ISSN 19837429Março 2011. N. 7(CHAGAS, 2006, p. 89). E Carmen Secco reitera a utilização <strong>de</strong>sse traço estilístico doreferido autor:Revista Litteris – www.revistaliteris.com.brMarço 2011. N. 7Mitos, ritos e sonhos são caminhos ficcionais trilhados pelas narrativas <strong>de</strong><strong>Mia</strong> Couto <strong>que</strong> enveredam pelos labirintos e ruínas da m<strong>em</strong>ória coletivamoçambicana como uma forma encontrada para resistir à morte das tradiçõescausada pelas <strong>de</strong>struições advindas da guerra (2006, p. 72).Essa recorrência ao conhecimento mítico ancestral nos parece esteticamente b<strong>em</strong>peculiar neste escritor moçambicano, pois ele busca através da linguag<strong>em</strong> r<strong>em</strong><strong>em</strong>oraresses valores e trazê-los para o presente, haja vista sua relevância. E isso nos r<strong>em</strong>etendoao <strong>que</strong> diz Inocência Mata, pois segundo ela “Já não se trata, pois, um mero processo <strong>de</strong>evocação ao passado, mas a sua explicação para <strong>que</strong> funcione como factor interior aopresente” (MATA, 2001, p. 69).Vale ressaltar, ainda, <strong>que</strong> segundo a psicanálise é provável <strong>que</strong> os <strong>mito</strong>s sejamamostras distorcidas <strong>de</strong> fantasias e <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> nações e <strong>de</strong>ssa forma representariam os“sonhos seculares da humanida<strong>de</strong> jov<strong>em</strong>” (FREUD, 1974, p. 157). (Grifos do autor).Dessa maneira a explosão do boi não po<strong>de</strong>ria ser explicada <strong>de</strong> outra forma, já<strong>que</strong> a urina do ndlati era maligna e po<strong>de</strong>ria provocar efeitos <strong>de</strong>sastrosos. Sendo aténecessário, certa vez, evocar os saberes do velho feiticeiro para retirá-las. Diante <strong>de</strong>ssepressuposto, provavelmente o <strong>Mabata</strong>-bata teria pisado <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>ssas réstias malignasda ave e explodido. Mas o pe<strong>que</strong>no pastor sabia <strong>que</strong> os d<strong>em</strong>ais não compreen<strong>de</strong>riam poressa ótica já <strong>que</strong> quando <strong>que</strong>imados por relâmpagos os bois <strong>de</strong>ixam seus fragmentos <strong>de</strong>cinza, o <strong>que</strong> não aconteceu com <strong>Mabata</strong>-bata. E, através disso nos parece coerenteafirmar <strong>que</strong> Azaria é uma metáfora da presença da tradição no presente, pois ele éportador <strong>de</strong> saberes <strong>que</strong> parec<strong>em</strong> estar dizimados nos d<strong>em</strong>ais personagens da narrativa,haja vista <strong>que</strong> a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> advinda pela guerra parece romper com a tradição culturallocal.Ao observar <strong>que</strong> os outros bois se assustaram e se espalharam Azarias vaitomando consciência da gravida<strong>de</strong> da situação e o <strong>que</strong> ela po<strong>de</strong> lhe proporcionar, e éjustamente neste momento da narrativa julgamos um momento bastante especial, poissignifica um novo direcionamento na cadência dos novos acontecimentos. O modocomo a personag<strong>em</strong> apreen<strong>de</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> grau máximo, ou seja, a epifania. SegundoNá<strong>dia</strong> Battella Gotlib a

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