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História e mito em “O dia em que explodiu Mabata-bata”, de Mia ...

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Revista Litteris – ISSN 19837429Março 2011. N. 7Epifania, tal como a concebeu James Joyce, é i<strong>de</strong>ntificada como uma espécieou grau <strong>de</strong> apreensão do objeto <strong>que</strong> po<strong>de</strong>ria ser i<strong>de</strong>ntificada com o objetivodo conto, enquanto uma forma <strong>de</strong> representação da realida<strong>de</strong>. Para Joyce,segundo um dos capítulos <strong>de</strong> seu Stephen Hero, epifania é “umamanifestação espiritual súbita”, <strong>em</strong> <strong>que</strong> um objeto se <strong>de</strong>svenda ao sujeito.Trata-se <strong>em</strong> ultima instância, do modo <strong>de</strong> se ajustar um foco ao objeto, pelosujeito. Seria um último estágio <strong>de</strong>ssa tentativa <strong>de</strong> ajuste, <strong>que</strong> se faz primeiropor tentativas, <strong>de</strong>pois, com sucesso (1995, p. 51). (Grifos da autora).Sendo esta realida<strong>de</strong> intensificada quando o menino l<strong>em</strong>bra as advertências do seu tio:“– Não apareças s<strong>em</strong> um boi, Azarias. Só digo: é melhor n<strong>em</strong> apareceres”(COUTO, 1986, p. 28). (Grifos do autor). O <strong>que</strong> fazer <strong>dia</strong>nte das ameaças do seu tio?Azarias se interroga tomado por um <strong>de</strong>nso sentimento <strong>de</strong> medo. A única alternativa <strong>que</strong>lhe v<strong>em</strong> é fugir. É acalentado pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>que</strong> não <strong>de</strong>ixará sauda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> ninguém, poiscomo s<strong>em</strong>pre foi s<strong>em</strong>pre vítima <strong>de</strong> maus tratos do seu tio e exaustivo trabalho, eraarrancado da cama antes <strong>de</strong> todos e só dormia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> todos já tivess<strong>em</strong> dormido e,mais <strong>que</strong> isso, era privado até <strong>de</strong> ir à escola. Partiu, mas “Sentia <strong>que</strong> não fugia: estavaapenas a começar o seu caminho” (COUTO, 1986, p. 29). Aqui, a instauração do efeitotrágico nos é bastante evi<strong>de</strong>nte, pois, como sab<strong>em</strong>os, esse tipo <strong>de</strong> imitação implica <strong>em</strong>uma ação, e está, por sua vez, alu<strong>de</strong> a atitu<strong>de</strong>s dos personagens. Dessa maneira,entend<strong>em</strong>os a tragé<strong>dia</strong> não como a imitação dos homens, mas as suas ações(ARISTÓTELES, 2005, p. 36).Entar<strong>de</strong>cendo, a avó Carolina espera Raul com aflição, já preocupado com ad<strong>em</strong>ora do pe<strong>que</strong>no pastor:– Essas horas e o Azarias ainda não chegou com os bois.– O quê? Esse malandro vai apanhar muito b<strong>em</strong>, quando chegar.– Não é <strong>que</strong> aconteceu uma coisa, Raul? Tenho medo, esses bandidos...– Aconteceu brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>le, mais nada. (COUTO, 1986, p. 29-30).(Grifos do autor)E, <strong>de</strong>pois da janta, quando se ocupam os com assuntos referentes ao lobolo e ocasamento <strong>de</strong> Raul, são interrompidos por três soldados <strong>que</strong> vêm comunicar a explosãodo <strong>Mabata</strong>-bata:Revista Litteris – www.revistaliteris.com.brMarço 2011. N. 7

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