13.07.2015 Views

História e mito em “O dia em que explodiu Mabata-bata”, de Mia ...

História e mito em “O dia em que explodiu Mabata-bata”, de Mia ...

História e mito em “O dia em que explodiu Mabata-bata”, de Mia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Revista Litteris – ISSN 19837429Março 2011. N. 7Revista Litteris – www.revistaliteris.com.brMarço 2011. N. 7– Boa noite. Vimos comunicar o acontecimento: rebentou uma mina estatar<strong>de</strong>. Foi um boi <strong>que</strong> pisou. Agora, esse boi pertencia daqui.Outro soldado acrescentou:– Quer<strong>em</strong>os saber on<strong>de</strong> está o pastor <strong>de</strong>le.– O pastor estamos à espera, respon<strong>de</strong>u Raul. E vociferou: Malditosbandos!– Quando chegar <strong>que</strong>r<strong>em</strong>os falar com ele, saber como foi sucedido. Ébom ninguém sair na parte da montanha. Os bandidos andaramespalhar minas nesse lado. (COUTO, 1986, p. 30). (Grifos do autor).Ao se voltar sobre essa ocorrência, perceb<strong>em</strong>os <strong>que</strong> ela acontece meramente porintermédio dos fatos, <strong>de</strong>sprezando a tradição. Note-se <strong>que</strong> a explicação <strong>de</strong> Azarias écontradita pelos soldados, o <strong>que</strong> institui um paradoxo. Ou seja, <strong>mito</strong> e história sãocolocados lado a lado, pois t<strong>em</strong>os a versão da criança portadora <strong>de</strong> um discurso culturale a dos adultos marcada pela presença da “realida<strong>de</strong>” dos fatos. Sobre isso nos dizSantilli:Neste conto, os mesmos eventos perceb<strong>em</strong>-se por duas óticas contrárias <strong>que</strong>corr<strong>em</strong> paralelas até a cena final: a<strong>que</strong>la do menino, <strong>em</strong> cuja visão mítica as<strong>de</strong>sgraças ligam-se à ave ndlati, e versão da outra faixa etária – a dos adultos– <strong>que</strong> se constrói com os informantes históricos, sobre as minas <strong>que</strong>explod<strong>em</strong>, responsáveis, como agentes dramáticos, pelo infeliz (2003, p. 169)(Grifos da autora).Com isso, recebendo as <strong>de</strong>vidas instruções dos soldados sobre o perigo <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa,tendo <strong>em</strong> vista <strong>que</strong> os bandidos andaram espalhando minas nos entornos, Raul<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>ce no intuito <strong>de</strong> procurar os outros bois mato a<strong>de</strong>ntro, pois ele é reconhecia asabedoria do menino e “Ninguém competia com ele na sabedoria da terra” (COUTO,1986, p. 31). Fez cálculos <strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria o pe<strong>que</strong>no pastor teria se refugiado.Chegando ao lugar hipoteticamente calculado, Raul or<strong>de</strong>na: “– Azarias, volta.Azarias!”, s<strong>em</strong> encontrar resposta além do barulho do rio. “– Apareça lá, não tenhasmedo. Não vou-te bater, juro” (COUTO, 1986, p.31). (Grifos do autor). Contudo, nãodizia a verda<strong>de</strong>.Nesse ínterim, a avó Carolina segue Raul e quando esse escuta o barulho <strong>de</strong>passos julga <strong>que</strong> foss<strong>em</strong> <strong>de</strong> Azarias, contudo era da avó. Ele Reclama: “– Volta <strong>em</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!