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a origem do crime organizado no brasil: conceito e aspectos históricos

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chão de areia e cerca<strong>do</strong> por arame farpa<strong>do</strong>. Somente depois foram substituí<strong>do</strong>s porgalerias de três andares, como nas penitenciárias modernas (AMORIM, 2004). Emrazão das péssimas condições sanitárias os presos eram acometi<strong>do</strong>s por to<strong>do</strong> tipode praga. O escritor Gracilia<strong>no</strong> Ramos, em sua obra intitulada Memórias <strong>do</strong> Cárcere,descreve a respeito da vida <strong>no</strong> interior <strong>do</strong> presídio:[...] A gente mais ou me<strong>no</strong>s válida tinha saí<strong>do</strong> para o trabalho, e <strong>no</strong> curralse desmoronava o rebotalho da prisão, tipos sombrios, lentos, aquecen<strong>do</strong>seao sol, catan<strong>do</strong> bichos miú<strong>do</strong>s. Os males interiores refletiam-se nascaras lívidas, escaveiradas. E os exter<strong>no</strong>s expunham-se claros, feridashorríveis. Homens de calças arregaçadas exibiam as pernas cobertas dealgodão negro, purulento. As mucuranas haviam causa<strong>do</strong> esses destroços,e em vão queriam dar cabo delas. Na imensa porcaria, os infames piolhosentravam nas carnes, as chagas alastravam-se, não havia meio de reduzira praga. Deficiência de tratamento, nenhuma higiene, quatro ou seischuveiros para <strong>no</strong>vecentos indivíduos. Enfim, não <strong>no</strong>s enganávamos.Estávamos ali para morrer. (RAMOS, 1995 apud AMORIM, 2004, p. 52)Às terríveis instalações físicas junte-se o tratamento desuma<strong>no</strong> que erada<strong>do</strong> aos prisioneiros. Gracilia<strong>no</strong> Ramos, mesmo sem nunca ter i<strong>do</strong> a julgamento, foium <strong>do</strong>s presos políticos que passaram pela Colônia Correcional (anteriormente opresídio possuía esta identificação), e registrou o que lhe foi dito ao ser recebi<strong>do</strong>pelo encarrega<strong>do</strong> da segurança <strong>no</strong> presídio:Aqui não há direito. Escutem. Nenhum direito. Quem foi grande esqueça-sedisto. Aqui não há grandes. Os que têm protetores ficam lá fora. Atenção.Vocês não vêm corrigir-se, estão ouvin<strong>do</strong>? Não vêm corrigir-se: vêmmorrer! (RAMOS, 1995 apud AMORIM, 2004, p. 52)Uma outra mazela que sempre acompanhou a unidade prisional foi asuperlotação, não sen<strong>do</strong> esta, como muitos podem pensar, um privilégio das atuaisinstituições carcerárias. Apenas para se ter uma pequena <strong>no</strong>ção da situação, em1979 haviam 1.284 pessoas encarceradas <strong>no</strong> presídio, embora sua estruturacomportasse apenas 540 presos: é mais <strong>do</strong> que o <strong>do</strong>bro da quantidade.A população encarcerada sofria com a falta de alimentação, colchões,uniformes, papel higiênico (nunca foi forneci<strong>do</strong>) e cobertores, haja vista sualocalização próxima ao mar. Os próprios solda<strong>do</strong>s sofriam com o aban<strong>do</strong><strong>no</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>, que não fornecia adequadamente armas e munição, o que os forçava acomprá-los com sua remuneração. Por todas estas características deploráveis, opresídio de Ilha Grande ganhou a de<strong>no</strong>minação de “Caldeirão <strong>do</strong> Diabo”. Como se

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