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a origem do crime organizado no brasil: conceito e aspectos históricos

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CV_PCC: A Irmandade <strong>do</strong> Crime, trechos de diálogos seus com algumas pessoasque estiveram <strong>no</strong> presídio como presos políticos:Ele me disse na ocasião que os presos comuns, quan<strong>do</strong> reuni<strong>do</strong>s aospresos políticos, “viviam uma experiência educa<strong>do</strong>ra”. “Passavam aentender o mun<strong>do</strong> e a luta de classes”, explicou, “compreenden<strong>do</strong> asrazões que produzem o <strong>crime</strong> e a violência”. O mais importante daconversa com o velho comunista se resume num comentário:- A influência <strong>do</strong>s prisioneiros políticos se dava basicamente pela força <strong>do</strong>exemplo, pelo idealismo e altruísmo, pelo fato de que, mesmoencarcera<strong>do</strong>s, continuávamos manten<strong>do</strong> organização e a disciplinarevolucionárias.(AMORIM, 2004, p.64)O intercâmbio cultural proporcio<strong>no</strong>u aos bandi<strong>do</strong>s comuns uma <strong>no</strong>vavisão, uma maior conscientização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que os cercava, absorveram as idéiasdaqueles e as aplicaram em suas atividades crimi<strong>no</strong>sas. Como conseqüência ocorreo surgimento de um tipo de <strong>crime</strong> mais elabora<strong>do</strong>, planeja<strong>do</strong> com mais cuida<strong>do</strong>. Ospresos comuns passaram a ler livros onde aprenderam técnicas sobre guerrilha esobre o marxismo, tais como: A guerrilha vista por dentro, Guerra de guerrilha (CheGuevara), O Manifesto <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista (Karl Marx e Friedrich Engels), AConcepção Materialista da História (Afanassiev), A História da Riqueza <strong>do</strong> Homem(Leo Hubberman) e Conceitos Elementares de Filosofia (Martha Hannecker)(AMORIM, 2004, P. 95). Sobre a herança deste intercâmbio cultural também falouWillian (1991 apud AMORIM, 2004, p. 95), funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> Vermelho:[...] Quan<strong>do</strong> os presos políticos se beneficiaram da anistia que marcou o fim<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo, deixaram na cadeia presos comuns politiza<strong>do</strong>s,questiona<strong>do</strong>res das causas da delinqüência e conhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s ideais <strong>do</strong>socialismo. Essas pessoas, por sua vez, de alguma forma permaneceramestudan<strong>do</strong> e passan<strong>do</strong> suas informações adiantes [...] Repercutiamfortemente na prisão os movimentos de massa contra ditadura, e chegavam<strong>no</strong>tícias da preparação da luta armada. Agora Che Guevara e Régis Debrayeram li<strong>do</strong>s. Não tardaria contato com grupos guerrilheiros em vias decriação. (WILLIAN, 1991 apud AMORIM, 2004, p. 95)No interior <strong>do</strong> presídio de Ilha Grande, em 1979, quan<strong>do</strong> já não haviamais presos políticos, a massa presidiária encontrava-se divida. Pode-se dizer queem cada pavilhão havia um grupamento de presos e seus adeptos e cada“comunidade” possuía uma forma de agir e interagir. Desta forma, chega-sefacilmente à conclusão de que o poder dentro <strong>do</strong> presídio estava fragmenta<strong>do</strong> entre

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