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o aroma do alho e do zêtê d’óchino tempi e na ubaga télae no calulu o louro misturado ao óleo de palmae o perfume do alecrime do mlajincon nos quintais dos luchansE aos relógios insulares se fundiramos espectros – ferramentas do impérionuma estrutura de ambíguas claridadese seculares condimentossantos padroeiros e fortalezas derrubadasvinhos baratos e auroras partilhadasÀs vezes penso em suas lívidas ossadasseus cabelos podres na orla do marAqui, neste fragmento de Áfricaonde, virado para o Sulum verbo amanhece altocomo uma dolorosa bandeira.É assim que nesta escrita se guardam distâncias em relação a qualquercelebração da crioulidade, onde se inserem dinâmicas de exclusão einclusão que na sociedade são­tomense impossibilitam toda a representaçãodicotômica do centro e da periferia.Esta mesma distância em relação ao discurso da crioulidade, numaperspectiva <strong>mais</strong> teórica é defendida por Inocência Mata ao definir acrioulidade (e a atual “retórica” da crioulidade) como uma reciclagem ereedição da teoria sociológica luso­tropicalista de Gilberto Freire (Mata2006:290) e ao traçar cartografias da literatura são­tomense onde é evidenteuma revisitação de leituras <strong>mais</strong> pluralistas e abrangentes.É neste sentido que Inocência Mata aborda o trabalho da personalidadetalvez <strong>mais</strong> notória do arquipélago, Francisco José Tenreiro, autor deensaios e poemas que afirmam uma perspectiva de exaltação do processode transculturação ocorrido no espaço são­tomense, muitas vezes omitindoas relações de desigualdade existentes entre as duas partes no processo deformação do grupo crioulo e as contribuições de outros grupos étnicoculturaiscomo é o caso da comunidade dos angolares, minoria étnica cujapresença no arquipélago remonta à chegada dos portugueses e dosescravos libertos; dessa presença na narração literária da identidadenacional são­tomense Inocência Mata registra sobretudo a poesia deFernando Macedo, que através da representação dos angolares recupera

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