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O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

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A sanção que recaí sobre o narra<strong>do</strong>r é a morte, que, <strong>no</strong> <strong>conto</strong>, aparece como uma dêixispositiva, bem ao sabor <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ário filosófico <strong>do</strong> movimento romântico. Para se interpretar essa idéia<strong>de</strong> morte, <strong>de</strong>vem-se consi<strong>de</strong>rar os pontos <strong>de</strong> vista com relação ao narra<strong>do</strong>r. Com a negação davida, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua mudança <strong>de</strong> comportamento e os conflitos aos quais ele não conseguiu gerir comracionalida<strong>de</strong>, essa sanção, para o narra<strong>do</strong>r, é positiva. Assim, para ele, a morte é umarecompensa. Em “amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma” (POE, 1998, p.9), ele não<strong>de</strong>monstra preocupação com a morte, <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> apenas o alívio da alma. Segun<strong>do</strong> Schopenhauer([19--]), essa negação <strong>do</strong> querer viver <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> conflitos vivi<strong>do</strong>s, que geram uma <strong>do</strong>r<strong>de</strong> existir. Nesse <strong>conto</strong>, a existência é conturbada ainda mais pelo tom sobrenatural emprega<strong>do</strong>,após a morte <strong>de</strong> Plutão. A não assimilação <strong>do</strong>s fatos gera, <strong>no</strong> narra<strong>do</strong>r, sua <strong>do</strong>r <strong>de</strong> existir, sen<strong>do</strong>premia<strong>do</strong> com a sanção <strong>de</strong> morte, para, enfim, encontrar a ausência <strong>de</strong> conflitos.O quadra<strong>do</strong> semiótico, articula<strong>do</strong> por Greimas, constrói sua oposição por meio da relaçãoentre vida e morte. Para Greimas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à difusão <strong>de</strong> valores, a vida aparece como elementopositivo, estabelecen<strong>do</strong> oposição à morte que é a sua negação.Nesse <strong>conto</strong>, ocorre uma inversão <strong>de</strong> valores, pois o objeto almeja<strong>do</strong> e que figura comodêixis positiva é a morte, já que esta é o alvo privilegia<strong>do</strong> <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r.Dêixis positivaDêixis negativaMorteVidaNão-vidaNão-morteDessa forma, na articulação <strong>de</strong>sse quadra<strong>do</strong> morte e não-vida são os compositores da dêixispositiva, já que a morte é revestida <strong>do</strong> status <strong>de</strong> objeto-valor pelo narra<strong>do</strong>r e a não-vida é suacomp lementarida<strong>de</strong>.No outro extremo <strong>do</strong> quadra<strong>do</strong> estão os elementos da dêixis negativa: vida e não-morte. Damesma forma, não -morte representa complementarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, pois não são termos exclu<strong>de</strong>ntes.Os termos vida e morte são relaciona<strong>do</strong>s por meio da contrarieda<strong>de</strong>, já que as idéias <strong>do</strong>s <strong>do</strong>istermos são contrárias, em que a existência <strong>de</strong> um nega a existência <strong>do</strong> outro. Os termos não-mortee não-vida representam uma subcontrarieda<strong>de</strong> que, da mesma forma, se negam.

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