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O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

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O narra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ixa transparecer, em suas <strong>de</strong>clarações iniciais, a necessida<strong>de</strong> que ele tem <strong>de</strong>narrar e mostra que essa busca é a intenção gera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>conto</strong>.Em:Amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma. Por essa razão vou lhescontar tu<strong>do</strong>. (POE, 1998, p.10)po<strong>de</strong>-se <strong>no</strong>tar o valor atribuí<strong>do</strong> ao processo da narração, que para ele é um objeto modal (Om) queo tornará conjunto com seu objeto valor (Ov) que é o alívio da alma, <strong>do</strong> qual está disjunto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quepraticara os atos que agora abomina, configuran<strong>do</strong>, assim, um programa <strong>de</strong> aquisição.Após revelar suas intenções <strong>de</strong> contar tu<strong>do</strong>, o narra<strong>do</strong>r passa a narrar sua infância,evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> huma<strong>no</strong> e cheio <strong>de</strong> ternura para com os animais. Sempre tivera um contatomuito próximo com os bichos, os quais seus pais o <strong>de</strong>ixavam possuir em gran<strong>de</strong> número. Ele possuiuma incredulida<strong>de</strong> diante das relações humanas e mostra preferir o trato com seus animas. Aoafirmar:Alguma coisa, <strong>no</strong> amor sem egoísmo e abnega<strong>do</strong> <strong>de</strong> um animal, atinge a alma<strong>do</strong>s que já experimentaram o erro, a fragilida<strong>de</strong>, e a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> da afeição <strong>do</strong>simples homem. (POE, 1998, p.10)ele exalta os <strong>de</strong>feitos das relações sociais justifican<strong>do</strong> seu amor e <strong>de</strong>dicação aos animais, já que é<strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, <strong>de</strong> um convívio social. Esse distanciamento das relações humanascontinua em sua vida adulta reafirmada pelo caráter <strong>de</strong> sua esposa, que ele <strong>de</strong>screve comocompatível ao seu, o que propicia a ele as mesmas condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> sua infância continuan<strong>do</strong>sua trajetória <strong>de</strong> introspecção e <strong>de</strong> relacionamento com os animais.É justamente essa predileção que o narra<strong>do</strong>r tem pelos animais que faz emergir a figura <strong>de</strong>um outro ator: o <strong>gato</strong> preto, que era o animal que nele <strong>de</strong>spertava maior interesse e amor.O PN a seguir ilustra como se dá a aquisição <strong>do</strong> <strong>gato</strong> pelo narra<strong>do</strong>r, fato esse que<strong>de</strong>sempenha papel fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> enre<strong>do</strong>.PN2 = F S1[(S2 ¨ O) fi (S2 ˙ O)]S1 = apego aos animais; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = Plutão (primeiro <strong>gato</strong> preto)O apego aos animas (S1) é o que move <strong>de</strong> o narra<strong>do</strong>r (S2) a querer a conjunção com oobjeto (O) que é o <strong>gato</strong> (Plutão), que ele <strong>de</strong>screve como sen<strong>do</strong> seu “preferi<strong>do</strong> e companheiro” (POE,1998, p.11). Percebe-se que o <strong>gato</strong> aparece para suprir uma falta <strong>no</strong> narra<strong>do</strong>r. Assim, ele realizamais um programa <strong>de</strong> aquisição.Em meio a uma vida familiar mecânica e sem conflitos, ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong> pelos animais e com umcômo<strong>do</strong> casamento, uma alteração significante passa a ocorrer <strong>no</strong> narra<strong>do</strong>r:

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