13.07.2015 Views

O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PN5 = F S1[(S2 ¨ O) fi (S2 ˙ O)]S1 = i<strong>no</strong>cência <strong>do</strong> <strong>gato</strong>; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = enforcar o <strong>gato</strong> (peca<strong>do</strong> mortal)No PN5, o <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r (S1) é a i<strong>no</strong>cência que o narra<strong>do</strong>r (S2) atribui ao <strong>gato</strong>. Essa i<strong>no</strong>cência éa gera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconforto que faz o narra<strong>do</strong>r querer se livrar <strong>do</strong> animal (O), pois ao maltratá-lo eletem a consciência <strong>de</strong> que o <strong>gato</strong> não lhe <strong>de</strong>ra motivos para isso, sen<strong>do</strong> mais fácil, em suaconcepção, se livrar <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconforto como um to<strong>do</strong>, encontran<strong>do</strong> como solução matar o <strong>gato</strong>. Oobjeto almeja<strong>do</strong> pelo narra<strong>do</strong>r é o seu peca<strong>do</strong> mortal, uma vez que ele sabe das possíveisconseqüências que seu ato geraria, pois afirma:Esse peca<strong>do</strong> mortal iria por em perigo a minha alma imortal. (POE, 1998, p.12)É a partir <strong>de</strong>sse ato irrefleti<strong>do</strong> <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r que o <strong>conto</strong> apresenta <strong>no</strong>vos rumos. Após enfocaro <strong>gato</strong>, o narra<strong>do</strong>r apresenta seu primeiro programa narrativo <strong>de</strong> disjunção:PN6 = F S1[(S2 ˙ O) fi (S2 ¨ O)]S1 = peca<strong>do</strong> mortal; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = fortunaO PN6 é representa<strong>do</strong> pela disjunção <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r (S2) com sua fortuna (O), por causa <strong>do</strong>incêndio que consome sua casa na <strong>no</strong>ite <strong>do</strong> enforcamento <strong>do</strong> <strong>gato</strong>. O <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>r (S1) érepresenta<strong>do</strong> pelo peca<strong>do</strong> mortal que ele cometera, pois pelo narra<strong>do</strong>r não é <strong>de</strong>scartada a hipótese<strong>de</strong> relação entre os <strong>do</strong>is acontecimentos:Não quero pensar se essa <strong>de</strong>sgraça teve alguma relação com as atrocida<strong>de</strong>scometidas por mim. Mas também não quero <strong>de</strong>ixar que seja esqueci<strong>do</strong> nem umelo <strong>de</strong>ssa ca<strong>de</strong>ia. (POE, 1998, p.12)Essa representação corrobora com o caráter sobrenatural que <strong>Poe</strong> dissemina na obra. Apartir da disjunção com o animal, o narra<strong>do</strong>r também se vê disjunto <strong>de</strong> outros objetos a que eleagregava valor, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> subjacente uma ligação com a morte <strong>do</strong> animal.Disjunto <strong>do</strong> animal e <strong>de</strong> seus bens, o narra<strong>do</strong>r entrega-se cada vez mais ao vício e, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>por sensações por ele in<strong>de</strong>scritíveis, parte para um <strong>no</strong>vo programa <strong>de</strong> aquisição, buscan<strong>do</strong> umoutro <strong>gato</strong> com as mesmas características <strong>de</strong> Plutão.PN7 = F S1[(S2 ˙ O) fi (S2 ¨ O)]S1 = lembrança <strong>de</strong> Plutão; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = segun<strong>do</strong> <strong>gato</strong> pretoNesse programa narrativo, a indisposição que a lembrança <strong>do</strong> <strong>gato</strong> (S1) gera <strong>no</strong> narra<strong>do</strong>r(S2) é <strong>de</strong>finida por ele como “fantasma <strong>do</strong> <strong>gato</strong>” (POE, 1998, p.12). Esse sentimento, que ele insisteem não consi<strong>de</strong>rar como remorso, é o manipula<strong>do</strong>r que sela com ele o contrato em busca <strong>de</strong> um<strong>no</strong>vo <strong>gato</strong> (O), para que fossem supridas as carências <strong>de</strong>ixadas por Plutão. Mais uma vez, as ações<strong>do</strong> sujeito são para reparar uma falta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!