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O percurso do sentido no conto “o gato preto”, de Edgar Allan Poe

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Uma transformação geral se operou em mim, por força <strong>do</strong> álcool. Depois <strong>de</strong>adquirir o vício, mu<strong>de</strong>i minha maneira <strong>de</strong> agir, <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> ser. (POE, 1998,p.11)Esse <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> comportamento <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r mostra a fragilida<strong>de</strong> das relações que ele estavahabitua<strong>do</strong> a manter, pois, a partir <strong>de</strong> seu vício, suas relações que já eram restritas ao convívio comsua esposa e com os animais ficam ainda mais fechadas.PN3 = F S1[(S2 ¨ O) fi (S2 ˙ O)]S1 = álcool; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = agressivida<strong>de</strong>O álcool (S1) é <strong>de</strong>scrito pelo próprio narra<strong>do</strong>r como o responsável pela sua mudança <strong>de</strong>personalida<strong>de</strong>. O narra<strong>do</strong>r (S2) é modaliza<strong>do</strong> pela manipulação <strong>do</strong> vício, fican<strong>do</strong> conjunto daagressivida<strong>de</strong> (O) que abala seu temperamento.A mudança <strong>de</strong> temperamento <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r vai aumentan<strong>do</strong> gradualmente, afetan<strong>do</strong> cada vezmais suas relações. To<strong>do</strong> aquele espírito huma<strong>no</strong> e dócil que o narra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>screveu comopertencente à sua infância <strong>de</strong>saparecera, ele agora é um homem bruto e introspectivo, que maltrataa mulher e os bichos. Esse temperamento explosivo por algum tempo não atingiu Plutão, o <strong>gato</strong> <strong>de</strong>sua estima, mas com o agravo <strong>de</strong> seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito maléfico, o animal acabou experimentan<strong>do</strong>os efeitos <strong>de</strong>ssa personalida<strong>de</strong> pervertida.O PN4 representa a fórmula <strong>de</strong> uma das gran<strong>de</strong>s ações que o narra<strong>do</strong>r pratica contra seuestima<strong>do</strong> <strong>gato</strong> Plutão. Movi<strong>do</strong> por seus i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>turpa<strong>do</strong>s e com motivos irrisórios, certo dia, onarra<strong>do</strong>r entra em conflito com animal por acreditar que este o evitava. Essa simples repulsão que o<strong>gato</strong> po<strong>de</strong>ria estar sentin<strong>do</strong> pelo seu <strong>do</strong><strong>no</strong>, faz com que o narra<strong>do</strong>r, agora insensível e perverso, emum ato <strong>de</strong> cruelda<strong>de</strong>, arranque um <strong>do</strong>s olhos <strong>do</strong> animal.PN4 = F S1[(S2 ¨ O) fi (S2 ˙ O)]S1 = álcool; S2 = narra<strong>do</strong>r; O = arrancar o olho <strong>do</strong> <strong>gato</strong>A força <strong>do</strong> álcool (S1), que na verda<strong>de</strong>, é o gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ssa <strong>no</strong>va personalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r éresponsável pelos atos insa<strong>no</strong>s que ele vem pratican<strong>do</strong>, e <strong>no</strong> momento da execução <strong>do</strong> ato, eleestava sob seus efeitos. O narra<strong>do</strong>r (S2) se <strong>de</strong>ixa influenciar pelo álcool e arranca o olho <strong>do</strong> <strong>gato</strong>(O). Essa ação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia uma série <strong>de</strong> mudanças na percepção que o narra<strong>do</strong>r fazia <strong>do</strong> animal,agravan<strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> pessoal e também a repulsão que agora ele sente pelo <strong>gato</strong>. A raiva que elesentia pelo animal, passa a ser caracterizada pela falta <strong>de</strong> motivos que ele acredita ter para senti-la.A raiva e o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> álcool o fazem cometer o ato que dá <strong>no</strong>vos rumos à narrativa. Comuma incontrolável fúria pelo animal o narra<strong>do</strong>r enforca-o:Certa manhã, a sangue frio, enforquei-o <strong>no</strong> galho <strong>de</strong> uma árvore. Enforquei-oporque sabia que ele me havia aman<strong>do</strong> e porque sentia que não me <strong>de</strong>ra razãopara ofendê-lo. Enforquei-o porque sabia que, assim fazen<strong>do</strong>, estava cometen<strong>do</strong>um peca<strong>do</strong> mortal. (POE, 1998, p. 12)

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