Determinação da frequência de polimorfismos de CYP2D6 em mulheres brasileiras erevisão de literatura17O status individual de metabolização do TMX pela viaCYP2D6 corresponde a diferentes fenótipos de metabolizaçãoque, em última instância, estão diretamente ligados aostipos de alelos predominantes no indivíduo. Tais fenótipospodem ser classificados em normal ou extensivo, na presençade alelos normais ou uma cópia do alelo com redução deatividade (nesse caso, também denominado como normal heterozigoto);metabolização intermediária, na presença de umacópia de alelo nulo ou alelos não-funcionais combinados entresi; ou metabolização pobre, quando existe um alelo nulo emhomozigose 12 . Existem, ainda, indivíduos classificados comosupermetabolizadores, os quais apresentam amplificação decópias do gene de CYP2D6 e produzem quantidades maioresdos metabólitos do TMX. Na Tabela 1, apresenta-se uma visãodos principais alelos e fenótipos de metabolização relacionadosà via do CYP2D6.Tabela 1. Descrição dos principais alelos de CYP2D6 e classificação dosfenótipos de metabolização pela via do CYP2D6ClassificaçãoNormaisDisfuncionaisNão-funcionaisFenótiposExtensivo/normalHomozigotoHeterozigotoIntermediárioPobreUltrarrápidoAlelos mais frequentesCYP2D6*1, CYP2D6*2CYP2D6*10, CYP2D6*17CYP2D6*3, CYP2D6*4,CYP2D6*5, CYP2D6*6CaracterizaçãoPresença de 2 alelos funcionaisPresença de 1 alelo funcionalHomozigoto para alelodisfuncional ou heterozigotocompostoHomozigoto para alelo nuloDuplicação do geneRecentes estudos correlacionaram a presença de polimorfismosem CYP2D6 e fenótipos de metabolização de TMX adesfechos clínicos relacionados ao uso desta droga no tratamentode pacientes portadoras de câncer de mama. Acredita-seque o fenótipo de metabolização do TMX possa constituir umdos fatores responsáveis pelo mecanismo de resistência intrínsecaa esta droga, e que a determinação de seu status possa sermais um marcador a auxiliar na melhor definição da terapêuticahormonal ideal a ser empregada em pacientes com câncerde mama. O objetivo deste estudo foi determinar a frequênciados polimorfismos CYP2D6*3, *4, *5, *6 e *10 e dos fenótiposde metabolização da droga TMX na população portadora decâncer de mama atendida pelos autores no Centro de Oncologiado Hospital Sírio Libanês (HSL). Este é o primeiro estudo,do conhecimento dos autores, que descreve a frequência dessespolimorfismos em uma população oncológica brasileira.MétodosPacientesForam enviadas a um laboratório de referência para pesquisados polimorfismos de CYP2D6 amostras de sangue periféricode 30 pacientes portadoras de câncer de mama comreceptor hormonal positivo com indicação de tratamentoadjuvante com antiestrogênios avaliadas pelos autores noambulatório de oncologia clínica do Centro de Oncologiado HSL no período de Outubro de <strong>20</strong>08 a Outubro de<strong>20</strong>09. As pacientes receberam explicações acerca do examea ser realizado e foi obtido consentimento informado dasmesmas para utilização dos resultados em pesquisa e divulgaçãodos dados.Determinação dos polimorfismos e análise dosdadosForam analisadas as presenças dos polimorfismos CYP2D6*3,CYP2D6*4, CYP2D6*5, CYP2D6*6 e CYP2D6*10 pelatécnica de reação em cadeia da polimerase e digestão porenzimas de restrição (PCR-RFLP) conforme metodologia ereações especificadas previamente na literatura 13 . Os resultadosobtidos foram compilados e analisados com o auxílio dosoftware Microsoft Office Excel <strong>20</strong>07, sendo os fenótipos demetabolização de CYP2D6 determinados conforme descritoanteriormente 12 .ResultadosDeterminação da frequência dos polimorfismosna populaçãoA análise dos resultados demonstra a detecção do polimorfismoCYP2D6*4 em heterozigose em nove pacientes e em homozigoseem uma paciente, resultando em uma frequência de33% da presença desse polimorfismo na população estudada.Encontrou-se uma frequência de 38% para a heterozigose parao alelo CYP2D6*10, tornando este o polimorfismo mais frequentena amostra. Os polimorfismos CYP2D6*5 e *6 foramdetectados em heterozigose em uma paciente isolada cada,enquanto o polimorfismo CYP2D6*3 não esteve presente napopulação estudada (Figura 1).Frequência dos alelos estudados na populaçãoA descrição de frequência de alelos em uma população é comumenteapresentada em razões de 100. Neste estudo, observouseque a frequência alelo CYP2D6*10 (0,19) foi a mais altadentre os alelos variantes estudados na população, seguida peloalelo CYP2D6*4 (0,18). Já os alelos CYP2D6*5 e *6 apresentaramfrequências baixas na amostra (0,02). Os dados estãodispostos na Tabela 2.Rev Bras Mastologia. <strong>20</strong>10;<strong>20</strong>(1):15-21
18Jardim DLF, Calabrich AFC, Katz A%40353025<strong>20</strong>151050CYP2D6*3 CYP2D6*4 CYP2D6*5 CYP2D6*6 CYP2D6*10Figura 1. Frequência dos polimorfismos de CYP2D6 encontrada na populaçãoestudada.Tabela 2. Descrição da frequência (em razões de 100) dos alelos de CYP2D6encontrada na população deste estudoAleloFrequênciaWt 0,65CYP2D6*3 0CYP2D6*4 0,18CYP2D6*5 0,017CYP2D6*6 0,017CYP2D6*10 0,19Wt: wild-type.Determinação dos fenótipos de metabolizaçãoUtilizando a classificação de fenótipos de metabolização deTMX descrita anteriormente, foi determinada a presença de60% de pacientes com metabolização normal do TMX e de26% de metabolizadoras intermediárias. Foram identificadas10% das pacientes como normais heterozigotas, ou seja,aquelas que possuem apenas uma cópia de um alelo disfuncionalou do disfuncional. Apenas uma paciente da amostrafoi classificada como metabolizadora pobre, por apresentar oalelo CYP2D6*4 em homozigose (Figura 2). Este estudo nãoteve como objetivo a determinação da presença do fenótipo desupermetabolizadoras.27%10%3%60%NormalNormal HetIntermediárioPobreFigura 2. Frequência dos fenótipos de metabolização de CYP2D6 na populaçãoestudada.DiscussãoEste é o primeiro levantamento, do conhecimento dos autores,que descreve a frequência dos principais polimorfismos dogene CYP2D6 em uma população oncológica brasileira. Nesteestudo, foi demonstrado que, na população estudada, os polimorfismosCYP2D6*4 e *10 são aqueles de maior frequência,estando presentes, quando analisados em conjunto, em 36%das pacientes.Silveira et al. 14 analisaram a frequência dos polimorfismosCYP2D6*3 e *4 em uma amostra de 300 indivíduos de umapopulação brasileira não-oncológica e observaram como maisfrequente o alelo *4 (frequência do alelo de 0,12) e o genótipovariante *1/*4, presente em <strong>20</strong>,3% da população estudada 14 .De forma interessante, documentaram uma maior frequênciado alelo *4 na população branca (0,14) em relação à negra emulata (0,10). No presente estudo, documentou-se uma frequênciade 0,18 para o alelo *4 e de 30% para a heterozigose parao mesmo, possivelmente refletindo um predomínio da origemcaucasiana na amostra, já que esse alelo é de predomínio empopulações com esta ascendência 15 . Em relação ao estudo deSilveira et al. 14 , o presente estudo analisou um maior númerode variantes de CYP2D6 em uma população especificamenteoncológica da região de São Paulo, e demonstrou a importânciado alelo *10 nessa população, que apresentou-se como omais frequente (0,19) e presente em heterozigose em 38% daspacientes.O alelo CYP2D6*10 ocorre com grande frequência em populaçõesasiáticas, destacando-se como o polimorfismo maisprevalente nessa população, sendo observado com frequênciaaproximada de 40% 9, 16 . A heterozigose para *10 foi detectadaem 34% de uma amostra de 67 pacientes asiáticas 16 tratadascom TMX adjuvante, valor semelhante aos 38% descrito nopresente estudo. No entanto, não foi detectada homozigosepara *10, ao contrário do levantamento japonês 16 que a descreveuem 22% das pacientes. Esse resultado parece refletir não sóa importância da presença da origem asiática na presente população,como também a intensa miscigenação que ocorre napopulação brasileira, o que é refletido pela presença frequenteda detecção do alelo *4, de origem predominantemente europeiacaucasiana, em conjunto com o alelo *10, de origem asiática,nas mesmas pacientes, o que foi observado em 34% dasmulheres neste estudo.A análise comparativa das frequências dos polimorfismosobservadas no presente estudo com dados previamente relatadosde levantamentos feitos em populações de diferentes origens étnicas(Tabela 3) comprova a unicidade do perfil de predomíniode polimorfismos na população do presente estudo. Esse perfilsugere a combinação da origem caucasiana com a asiática, oque é próprio da miscigenação presente regionalmente no localde desenvolvimento deste estudo. A frequente combinação doalelo *4 com o *10 é praticamente exclusiva deste estudo, nãoRev Bras Mastologia. <strong>20</strong>10;<strong>20</strong>(1):15-21
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