Adenomioepitelioma maligno: relato de caso35A biópsia com agulha grossa (core-biopsy) evidenciou aspectohistológico de lesão mioepitelial. O estudo imunoistoquímico(IMH) foi realizado, demonstrando negatividade para receptoresde estrógeno e progesterona, c-erbB-2 e calponina, e positividadepara proteína S-100, actina de músculo liso (AML) (Figura 4) ecitoceratina de alto peso molecular (34βE12) (Figura 5) em célulasmioepiteliais das estruturas tubulares/acinares, além de positividadepara citoceratinas de baixo peso molecular (35βH11)(Figura 6) em células epiteliais das estruturas tubulares/acinares.O índice de proliferação, revelado pela marcação imuno-histoquímicade Ki-67 (MIB-1), foi em torno de 10% (Figura 7). Osachados histomorfológicos associados aos de imuno-histoquímicafavoreceram o diagnóstico de adenomioepitelioma.Figura 5. Fotomicrografia mostrando marcação imunoistoquímica de 34βE12 emcélulas mioepiteliais (aumento 340x).Figura 3. Ultrassonografia mostrando lesão heterogênea de bordas irregulares ocupandoo quadrante central e os inferiores da mama esquerda.Figura 6. Fotomicrografia mostrando marcação IMH de 35βH11 em células epiteliais(aumento 340x).Figura 4. Fotomicrografia mostrando marcação imunoistoquímica de AML em célulasmioepiteliais (aumento 340x).Figura 7. Fotomicrografia mostrando marcação IMH de Ki-67 em cerca de 10%células epiteliais (aumento 340x).Rev Bras Mastologia. <strong>20</strong>10;<strong>20</strong>(1):33-37
36Manoel WJ, Paula CI, Paula ÉC, Paula HM, Paula GM, Saddi VA, Mühlbeier DFM, Santos SBD, Abreu DCBO exame per-operatório (congelação) confirmou o diagnóstico,e a microscopia de uma segmentectomia evidenciou umaproeminente proliferação de elementos ductais, apresentandoacentuada expressão mioepitelial. O material foi encaminhadoao Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidadedo Porto (IPATIMUP), onde foi reavaliado; e concluídoque se tratava de um tumor de natureza adenomioepitelial. Otamanho do tumor, a presença de necrose e o padrão infiltrativode crescimento favoreceram o diagnóstico de carcinomaadenomioepitelial.A paciente foi, então, submetida à mastectomia radicalmodificada (tipo Madden) da mama esquerda, com esvaziamentoaxilar e reparação de perda cutânea por meio de retalhocutâneo mioepitelial. Posteriormente, foi submetida a seçõesde radio e quimioterapia adjuvante. A hormonioterapia não foiutilizada como tratamento complementar devido à negatividadedos receptores hormonais.O anatomopatológico da peça cirúrgica corado por hematoxilina-eosinaapresentou lesões com as mesmas característicasde biópsias anteriores, mostrando invasão da pele (Figura 8),além de focos de necrose (Figura 9) e infiltrado mononucleare eosinofílico. Os 38 linfonodos identificados não demonstraramcomprometimento metastático. Após 27 meses de seguimento,a paciente encontrava-se viva sem evidência da doença.Figura 8. Fotomicrografia mostrando corte histológico de lesão mamária com invasãoda pele, corada pela hematoxilina-eosina (340 X).DiscussãoA evolução do adenoepitelioma maligno parece iniciar comuma adenose, com ou sem hiperplasia mioepitelial, progredindopara adenomioepitelioma benigno e posterior transformaçãomaligna 5 .Os carcinomas adenomioepiteliais lembram sarcomas, porterem um padrão de crescimento predominantemente fusiforme(spindle cell). Embora haja poucos casos descritos na litera-Figura 9. Fotomicrografia mostrando corte histológico de lesão mamária com necrose,corada pela hematoxilina-eosina (340 X).tura, aproximadamente 50% dos casos publicados seguem umcurso agressivo 2 . As metástases são preferencialmente hematogênicasao invés de linfáticas, sendo mais frequentes em tumoresmaiores do que 2 cm 5 . A transformação maligna geralmenteenvolve somente um elemento celular – mais frequentementeo componente epitelial do que o componente mioepitelial. Amalignização de ambos os componentes também pode ocorrer,mas é extremamente rara 5 .A variedade histológica do tumor pode prejudicar o diagnósticocitológico, que deve ser observado de maneira conservadora9 . Além disso, o adenomioepitelioma pode estar associadoà esferulose colagenosa, que é lesão benigna incomumcomposta por uma mistura de células epiteliais e mioepitelias,o que pode dificultar o diagnóstico 10 . Os achados mamográficossão de pouca utilidade, já que produzem imagens nodularestotalmente inespecíficas e com a necessidade de se fazerdiagnóstico diferencial com os demais tumores 11 .O estudo IMH é essencial para o diagnóstico diferencialdo adenomioepitelioma. Uma característica imuno-histoquímicaimportante desse tumor é a positividade das célulasmioepiteliais para actina, proteína S-100 e citoqueratinas debaixo peso molecular 11 . Existem outros anticorpos comumenteutilizados, que em combinação, mesmo não sendoespecíficos para as células mioepiteliais, os achados positivosindicam diferenciação mioepitelial com razoável grau deconfiabilidade 12 .A excisão completa é necessária para o diagnóstico e consequentetratamento preciso desse tipo de lesão da mama 7 .O adenomioepitelioma tem potencial metastático, porém hápoucos relatos de envolvimento axilar 8 , mesmo com alta taxaproliferativa avaliada por Ki-67 1 , podendo, no entanto, resultarem recorrência local ou mesmo em metástases à distância. Acirurgia radical na dependência do estádio clínico da doençaé uma modalidade de tratamento importante para o controlelocal da doença 13 .Rev Bras Mastologia. <strong>20</strong>10;<strong>20</strong>(1):33-37
- Page 1 and 2: ISSN 0104-8058Órgão Oficial da So
- Page 3 and 4: Ex-presidentesAlberto L. M. Coutinh
- Page 5 and 6: Sua paciente merece todocarinho na
- Page 7 and 8: cípios, em especial das grandes e
- Page 9 and 10: 4 Steinmacher DI, Kemp C, Nazário
- Page 11 and 12: 6 Steinmacher DI, Kemp C, Nazário
- Page 13 and 14: 8 Steinmacher DI, Kemp C, Nazário
- Page 15: ARTIGO ORIGINALEstudo do biomarcado
- Page 19 and 20: 14Melitto AS, Mattar A, Cintra KA,
- Page 21 and 22: 16Jardim DLF, Calabrich AFC, Katz A
- Page 23 and 24: 18Jardim DLF, Calabrich AFC, Katz A
- Page 25 and 26: 20Jardim DLF, Calabrich AFC, Katz A
- Page 27 and 28: ARTIGO ORIGINALQuality of life and
- Page 29 and 30: 24Abla LEF, Sabino Neto M , Garcia
- Page 31 and 32: 26Abla LEF, Sabino Neto M , Garcia
- Page 33 and 34: 28Tarricone Junior V , Tarricone SP
- Page 35 and 36: 30Tarricone Junior V , Tarricone SP
- Page 37 and 38: 32Tarricone Junior V , Tarricone SP
- Page 39: 34Manoel WJ, Paula CI, Paula ÉC, P
- Page 43 and 44: Carcinoma ductal em mama supranumé
- Page 45 and 46: 40Oliveira HR, Zucoloto FJ, Madurei
- Page 47 and 48: ARTIGO DE REVISÃOAvaliação da qu
- Page 49 and 50: 44Torres AF, Figueira Filho ASSlinf
- Page 51 and 52: 46Torres AF, Figueira Filho ASSa do
- Page 53 and 54: ARTIGO DE ATUALIZAÇÃOGenética e
- Page 55 and 56: 50Barros ACSD, Barros ACSDpara a ge
- Page 57 and 58: 52Barros ACSD, Barros ACSDverme (Ca
- Page 59 and 60: 54Barros ACSD, Barros ACSDser class
- Page 61 and 62: por todos os doentes. E o que se en
- Page 63: INSTRUÇÕES AOS AUTORESas implica