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EDIÇÃO 15 - Março/10 - RBCIAMB

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

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outros usos, na maioria altamenteimpactantes, como uso de plantas exóticase de agrotóxicos em geral.Em suma, os objetivos deconservação das UCs encontram-se hojebastante comprometidos, tanto em termosde sua sobrevivência ao longo do tempo,como em termos de viabilidade de fluxo degenes e de espécies, justamente por estaremisoladas. Assim, a proposta de conservaçãobaseada em Corredores de Biodiversidadevisa atender o preenchimento das lacunasde antigas estratégias de conservação,baseadas estritamente na delimitação deporções de áreas de proteção, contudo,numa tentativa de aumento de sua extensão,de tamanho ilimitado, a fim de favorecer osfluxos genéticos intra e entre espécies.Portanto, sob esse ponto de vista,a proposta de implementação de Corredoresde Biodiversidade se mostra como umapossível solução para romper com oisolamento e risco sobre as UCs,remanescentes de vegetação primária erespectivos ecossistemas. Assim, osCorredores, buscam viabilizar aconectividade destas unidades de vegetação,tendo em vista que podem representarmaior chance de sobrevivência às mesmas,além de garantir a continuidade dos serviçosecológicos e geossistêmicos necessários paraa dinâmica da biodiversidade em longoprazo.Pode-se dizer que essas idéias e asestratégias que levaram ao conceito deCorredores de Biodiversidade emergiramjustamente na última década, no momentoem que se constatou de modo inequívocoque o modelo conservacionista baseado nosistema de Áreas Protegidas ilhadas eramecossistemicamente falhos se tratando delonga escala de tempo, por não permitirema troca genética.Nesse sentido, a evolução dopensamento conservacionista, o aumento dapreocupação a respeito dos impactosambientais, as conseqüências nos ambientese a qualidade das pesquisas desenvolvidasem todo mundo levaram ao consenso de quea conservação da biodiversidade ultrapassaos limites das Áreas Protegidas. Porém,admite-se que mesmo considerando adiversidade de fatores a respeito das UCs,elas ainda constituem os principaismecanismos de conservação dos ambientesexistentes e atuantes. No entanto, éconsenso também de que necessitam umasérie de ações visando corrigir essas falhaspara que possam cumprir legalmente seusobjetivos. Uma delas seria permitir maiorconectividade entre as UCs e demais áreasprotegidas e remanescentes de vegetação,por meio das Áreas de PreservaçãoPermanente (APP) e Reservas Legais (RL).Ayres (2005, p.20) lembra ainda quea rede de áreas protegidas no Brasil evoluiunos últimos 60 anos e ligada à conservaçãode habitats únicos ou paisagens de belezascênicas naturais, mas também que foramalvo crescente de pressão humana em certasregiões e em certos tipos de ambiente,resultando, inclusive na criação denumerosas áreas protegidas de modooportunista. Estas Áreas Protegidas ouUnidades de Conservação são definidas eclassificadas segundo o SNUC em duasgrandes categorias, as de Proteção Integrale as de Uso Sustentável, tendo as mesmasfunções como, a manutenção da diversidadebiológica e dos recursos genéticos, proteçãodas espécies ameaçadas de extinção,proteção e recuperação dos recursos hídricose edáficos, promoção do desenvolvimentosustentável, dentre outros.O mesmo autor ainda afirma quepara se atingir os objetivos de preservaçãoda diversidade biológica em longo prazo, énecessário que o SNUC deixe de consideraráreas únicas e passe a avaliar a possibilidadede construção de estruturas em rede,permitindo a integração de áreas protegidas,considerando a dinâmica da paisagem e aproposta de conectividade entre as UCs.Diante desses problemas dedimensão e desequilíbrio ecossistêmicodado o consenso a esse respeito, começamos esforços de conservação dabiodiversidade concentrados na ampliaçãoda conectividade entre as UCs e as áreasremanescentes protegidas ou não, bemcomo no manejo geoecológico da paisagemem vastas zonas geográficas e na composiçãoe gestão dos Mosaicos de UCs.Nesse sentido, o Ministério do MeioAmbiente do Brasil mostra clareza sobre oque é necessário para a implementação deCorredores de Biodiversidade e os qualificacomo unidades de planejamento econservação e não unidades políticoterritoriais,apoiando-se em critérioscientíficos, por exemplo, a presença deespécies-chave relevantes nos contextosglobal, regional e local (AGUIAR et al., 2005;AYRES et al., 2005; RAMBALDIE, 2005). Essaidéia é corroborada por Brito (2006) quelembra, com muita propriedade, que afinalidade dos Corredores consiste numaforma de reverter o processo de ocupaçãodesordenado que tanto alteraram a dinâmicadas paisagens e criou esse isolamento edegradação das UCs.Nesse aspecto, Arruda (2004)enfatiza algumas funções que os Corredoresexercem, dentre as quais a de aumentar otamanho e as chances de sobrevivência depopulações das mais diferentes espécies,dado o aumento da disponibilidade derecursos vitais e de área de habitat,possibilitando a recolonização de áreas porpopulações localmente reduzidas e ainda aredução da pressão sobre o entorno das UCsna medida em que há reconversão de faixascontínuas em meio aos usos antrópicos.Corredores de Biodiversidade,Unidades de Conservação e os Mosaicos deUnidades de Conservação no Brasil:interrelações indispensáveisSão relativamente novas essasidéias sobre Corredores como uma propostade conservação com base ecossistêmica emlarga escala, tanto no Brasil quanto nomundo. No Brasil, em particular, a prática deCorredor de Biodiversidade ou Ecológico temseu marco inicial, em 1997, através doPrograma-Piloto para a Proteção dasFlorestas Tropicais no Brasil (PPG-7) comCorredores na Amazônia e na Mata Atlântica,desenvolvido pelo Ministério do MeioAmbiente (MMA), com apoio do BancoMundial, como lembram Ayres et al (2005).Seguindo as tendências mundiaisde preservação, este Programa-Piloto,inspirou-se numa proposta de Corredores daAmérica Central para conectar as florestastropicais, através de um esforço políticoentre os países desse continente interligandosuas áreas protegidas. Segundo Ayres (2005),esse grande corredor é conhecido como"Paseo Pantera", sendo o autor da propostao biólogo estadunidense Archie Carr III. EsseProjeto-Piloto foi definido no final dos anos90 e concebido em função das UCs existentesRevista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 22 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

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