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EDIÇÃO 15 - Março/10 - RBCIAMB

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

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local de origem, tenha contribuído para arápida assimilação de valores trazidos pelaspessoas que vieram de fora e de centrosmais desenvolvidos, como que fossemmelhores do que os seus .A construção civil também passoua absorver a mão de obra excedente,durante o período de despesca (entre safrada pesca), o que vem contribuindo para oabandono gradativo das atividadespesqueiras, especialmente pelos maisjovens.Os novos residentes, em suagrande maioria turistas gaúchos quevisualizaram na região a oportunidade dedesenvolverem alguma atividadeeconômica, dedicaram-se à construção deempreendimentos de hospedagem,alimentação e ligados a pratica de esportesnáuticos.A região conta com uma excelenteinfra-estrutura de hospedagem, adequadaspara a recepção de todos os níveis deturistas. Algumas já bastante sofisticadas eadequadas para a recepção de turistas comgrande poder aquisitivo, oferecendo infraestruturasaté de heliportos, entre outrasfacilidades. Entretanto, todas essasconstruções se deram de formadesordenada, ocasionando sérios impactossocioambientais à região.Os estudos efetuados pelospesquisadores do NMD/UFSC identificaramque os principais problemas sócioambientais,da Lagoa de Ibiraquera, são: adisputa do uso da lagoa, para pesca erealização de atividades esportivas; omanejo de abertura do canal que liga a lagoaao mar; os sistemas de fossas sépticas e aquestão dos resíduos sólidos; as construçõesirregulares e o desmatamento em torno dasmargens da lagoa. Problemas estes, querefletem nas oito comunidades que vivemem seu entorno, colaborando para oabandono de atividades tradicionais, (pescae agricultura) e, conseqüente,descaracterização cultural, por perda devalores e costumes. É importante frisar, queem todos estudos realizados, verificou-seque a problemática socioambiental queatualmente envolve a Lagoa de Ibiraquera eseu entorno esta vinculada direta ouindiretamente ao inicio das atividadesturísticas na região.No que diz respeito à questão dapesca na Lagoa de Ibiraquera, os estudos deSeixas (2000) comprovam que a expansãodo turismo na região ampliou a demandalocal pela pesca o que, conseqüentemente,gerou gradativamente a redução do estoquede peixes na lagoa. Aliada a esta questão, oturismo trouxe consigo embarcações ebanhistas que afugentam os peixes eatrapalham os trabalhos dos pescadores,especialmente na alta temporada de verão.A Lagoa de Ibiraquera destaca-secomo um excelente local para a prática deatividades como canoagem, caiaque, vela ewindsurf, já tendo sediado inclusive algunscampeonatos nacionais e internacionais,nessa modalidade. No entanto, a práticadessas atividades vem sendo contestadapelos pescadores locais, especialmente nosmeses de verão, que alegam, provoca ocongestionamento nas áreas mais atrativasde captura e perturbam a movimentaçãodos peixes. Porém, segundo eles, oproblema mais grave, esta sendo a utilizaçãode embarcações motorizadas, como lanchase jet-skys, que durante os meses de verãoestão se tornando cada vez mais intensos.Segundo Fabiano (2004), o uso deembarcações motorizadas é expressamenteproibido na área da Lagoa, regra respeitadaa risca pelos moradores locais. No entanto,devido à falta de fiscalização dos órgãoscompetentes, Ibama e Policia Ambiental,durante os meses de verão é comumobservar a norma sendo totalmenteignorada. Tanto por turistas hospedados empousadas locais que disponibilizam essesequipamentos, como também, porproprietários de casas de veraneio. Autilização desses equipamentos prejudicanão só as atividades pesqueiras, comotambém colaboram para o agravamento daquestão ambiental da Lagoa.Paralelo aos problemasrelacionados com as praticas esportivas euso de embarcações motorizadas, ospescadores locais ainda disputam a pesca naLagoa com os inúmeros pescadoresexternos, presentes em grande número nosmeses de verão. Segundo as normasvigentes, qualquer indivíduo portador dacarteira de pescador, profissional ouamador, pode pescar na Lagoa deIbiraquera.Contudo, o maior problema residena invasão de pescadores profissionais,vindos de outras regiões e da utilização detécnicas proibitivas, sem que haja efetivainterferência dos órgãos competentes. Umdesses conflitos se dá entre "tarrafeiros" e"redeiros". Os primeiros, que pescamutilizando tarrafas reclamam que ospescadores que usam redes na lagoa matamuma quantidade muito grande de pescados,sem uma seleção adequada de tamanho equalidade, prejudicando a disponibilidadedeste recurso no ambiente (SEIXAS, 2000).Segundo relato dos moradores, oIBAMA e Policia Ambiental, órgãosresponsáveis pela fiscalização na área, porfalta de contingente, restringem asfiscalizações ao período das entre safras(inverno). Sendo assim, acabam penalizandoapenas alguns pescadores locais, quecontrariando a maioria, utilizam-se depraticas indevidas.Por sua vez, a intensificação do usode apetrechos de pesca predatórios, eproibitivos tem comprometido gravementea reprodução de algumas espécies na lagoa.Um exemplo é a captura intensiva docamarão-rosa, em fase inicial decrescimento. Outro, diz respeito à extraçãoindiscriminada de mexilhões dos costõesrochosos, para serem utilizados como"sementes" nas práticas de maricultura(SEIXAS, 2000).Outra questão polêmica e que veminterferindo na produtividade da pesca local,diz respeito ao rompimento de regrastradicionais quanto aos períodos deabertura do único canal que liga a Lagoa aoMar.Antes da grande expansãoimobiliária, a abertura da Barra da Lagoa,era determinada e realizada pelospescadores locais, orientados porconhecimentos herdados de geração emgeração. Contudo, a partir da apropriaçãodas terras de marinha, livrementecomercializadas pelo ramo imobiliário, aabertura da barra da lagoa passou a serregulada também pelos interesses depousadeiros e proprietários de casas deveraneio, das imediações da lagoa.A problemática, da abertura dabarra, está diretamente associada àlocalização irregular das fossas sépticas,Revista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 47 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478

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