Origem e composição dos resíduos deconstruçãoÉ fundamental um estudo dascaracterísticas físico-químicas e daspropriedades dos resíduos, por meio deensaios e métodos apropriados. Taisinformações darão subsídio para a seleçãodas possíveis aplicações desses resíduos.Além disso, a compreensão do processo queleva à geração do resíduo forneceinformações imprescindíveis à concepção deuma estratégia de reciclagem comviabilidade no mercado.RCD são em geral formados porvários materiais, que apresentampropriedades diferenciadas como resistênciamecânica, absorção de água, etc. Aspropriedades dos componentes dos resíduosdeterminam as propriedades do materialreciclado. Assim, a composição dos resíduosgerados em uma obra varia em função doseu tipo, da técnica construtiva empregada,da fase em que a obra se encontra e tambémem função de características sócioeconômicasregionais.De acordo com Pinto (1999), acomposição do RCD é diferente em cada país,em função da diversidade de tecnologiasconstrutivas utilizadas. A madeira é muitopresente na construção americana ejaponesa, tendo presença menossignificativa na construção européia e nabrasileira; o gesso é fartamente encontradona construção americana e européia e sórecentemente vem sendo utilizado de formamais significativa nos maiores centrosurbanos brasileiros. O mesmo acontece comas obras de infra-estrutura viária, havendopreponderância do uso de pavimentosrígidos em concreto nas regiões de clima frio.O autor salienta ainda, que no Brasil ocorrepredominância de resíduos de construçãoem relação aos gerados em demolições. Istoocorre em razão do desenvolvimento recentedas áreas urbanas. Nos países jádesenvolvidos, onde as atividades derenovação de edificações, infra-estrutura eespaços urbanos são mais intensas, osresíduos provenientes de demolições sãomuito mais freqüentes (PINTO, 1999). Acomposição básica do resíduo de obras podevariar em função dos sistemas construtivose dos materiais disponíveis regionalmente,da tecnologia empregada e qualidade damão-de-obra existente (Figura 3).Figura 3 - Composição média dos resíduos depositados no aterro de Itatinga, São Paulo. (Fonte: BRITO FILHO, 1999)Percebe-se que os RCD sãocompostos predominantemente pormateriais minerais inertes como cerâmica,areia, pedra e aglomerantes, com presençade outros materiais que podem serconsiderados impurezas (plástico, papel,madeira etc.). A grande maioria dospesquisadores concorda em relação à faltade uniformidade na composição do resíduo,deixando clara a necessidade dacaracterização do resíduo para uso comoagregado em outros materiais.Em relação à quantidade demateriais, Souza (2005) estima que em ummetro quadrado de construção de umedifício são gastos em torno de uma toneladade materiais, demandando grandesquantidades de cimento, areia, brita etc.Ainda são gerados resíduos devido às perdasou aos desperdícios neste processo, mesmoque se melhore a qualidade do processo,sempre haverá perda e, portanto, resíduo.Observa-se que houve um grandeavanço na qualidade da construção civil nosúltimos anos, obtido principalmente pormeio de programas de redução de perdas eimplantação de sistemas de gestão daqualidade. Não há dúvidas, porém, que naspróximas décadas, além da qualidade(implantada para a garantia da satisfação dousuário com relação a um produtoespecífico), haverá, também, uma grandepreocupação com a sustentabilidade, antesde tudo, para garantir o próprio futuro dahumanidade. Pode-se dizer que já há umgrande movimento neste sentido, e váriaspesquisas têm sido realizadas nesta área,subsidiadas por agências governamentais,instituições de pesquisas e agências privadasno mundo inteiro. No Brasil este movimentose intensificou após a ECO-92, realizada noRio de Janeiro, quando foram estabelecidasalgumas metas ambientais locais, incluindoa produção e a avaliação de edifícios e abusca do paradigma do desenvolvimentosustentável, obtido pela produção da maiorquantidade de bens com a menorquantidade de recursos naturais e menorpoluição. Com relação à construção civil, oaproveitamento de resíduos é uma das açõesque devem ser incluídas nas práticas comunsde produção de edificações, visando a suamaior sustentabilidade, proporcionandoeconomia de recursos naturais eminimização do impacto no meio-ambiente.O potencial de reciclagem do RCD é enorme,e a exigência da incorporação destesresíduos em determinados produtos pode vira ser extremamente benéfica, já queproporciona economia de matéria-prima eenergia.Situação do gerenciamento em GoiâniaSegundo Silva (2004), do total deRCD produzido no município de Goiânia,uma porcentagem variando entre 75% e 80%é gerado por pequenas obras de construçãoe reforma. Como a cidade ainda não possuiRevista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 4 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478
local apropriado, ou aterro específico pararesíduos produzidos por pequenas ougrandes edificações, as empresastransportadoras de resíduo acabam semalternativa e depositam o lixo em lotesbaldios, mananciais, municípios vizinhos ouem aterros provisórios construídos pelaspróprias transportadoras.Após várias discussões entre osórgãos públicos (Ministério Público ePrefeitura), geradoras de resíduos eempresas transportadoras, está emtramitação na Câmara Municipal de Goiâniao Plano Integrado de Gerenciamento deResíduos da Construção Civil que apósaprovado possibilitará a construção de umaterro próprio para estes resíduos. Sendoassim, logo ter-se-á uma política inovadoraque implementará uma estrutura eficientee bem integrada de coleta, reciclagem ereaproveitamento de resíduos dessanatureza. Desta forma os resíduos terão umdestino adequado e mais acessível, gerandoempregos e renda para várias famílias,contribuindo para o desenvolvimento socialdo município.Em Goiânia, a área que serádestinada à implantação de usina dereciclagem de RCD, adquirida há dois anos,permanece intocada (Figura 4). A utilizaçãodo terreno para finalidade de tratamentoambiental dos resíduos ainda aguardaaprovação do Plano de Recuperação da ÁreaDegradada-PRAD pela Câmara Municipal deGoiânia. O projeto encontra-se na Comissãode Justiça da Casa, sem data para ir aplenário.O terreno possui 3,5 alqueires deárea e está localizado ao lado do aterrosanitário de Goiânia, na margem da Rodoviados Romeiros, saída para o município deTrindade-GO. A escolha do espaço obedeceuao critério de facilidade para obter licençaambiental, por ser vizinho ao aterro. A áreaonde vai funcionar a futura usina dereciclagem de RCD foi adquirida há dois anospela cooperativa e escriturada em nome daprefeitura em regime de comodato.Figura 4 - Expansão do Aterro sanitário de Goiânia (Fonte: Prefeitura de Goiânia)Segundo a COMURG, por dia, éproduzida 1,2 mil toneladas de RCD naCapital. A companhia recolhe cerca de 30%dos RCD em Goiânia, mantendo para esteserviço vários funcionários e oito caminhõespor conta da retirada desses dejetos, que porlei, são de obrigação do proprietário da obra.A aprovação do PRAD é requisito obrigatóriopara instalação da usina, pois normatizafuncionamento da atividade de manejo deresíduos sólidos. Previsto por resolução doCONAMA, o PRAD é uma obrigação domunicípio para reduzir o impacto ambientalda construção civil.A Agência Municipal do MeioAmbiente - AMMA foi criada pela LeiMunicipal 8.537, de 20 de junho de 2007,substituindo a Secretaria Municipal do MeioAmbiente. Trata-se de uma autarquia dotadade autonomia administrativa, financeira,patrimonial e jurídica. Tem a finalidade deformular, implementar e coordenar aexecução da Política Municipal do MeioAmbiente, voltada ao desenvolvimentosustentável. A transformação da Secretariaem Agência teve como objetivo dinamizarainda mais o trabalho de preservação dosrecursos naturais de Goiânia, que já estavasendo desenvolvido de forma inovadoradesde 2005.A AMMA tem o compromisso e aresponsabilidade de identificar áreas dentrodo Município de Goiânia que necessitam dereceber resíduo selecionado para a correçãode erosões e ravinamentos, elaborando orespectivo PRAD e licenciando-as para adestinação final dos resíduos da construçãocivil classe "A" (limpo e inertes). A AMMAdeve ainda apresentar as Áreas deTransbordo e Triagem - ATT's,providenciando o processo administrativopara garantir o gerenciamento das mesmas.Aproveitamento de resíduos napavimentaçãoO uso de RCD em camadas dospavimentos tem-se mostrado viável diantea disponibilidade deste material e daexistência de uma tecnologia de reciclagem.Assim, várias cidades do Brasil e no exterior,tem utilizado agregados reciclados empavimentos visto que seus resultados sãosatisfatórios, por serem alternativas muitointeressantes na substituição de materiaisnaturais, não renováveis, principalmente napavimentação de vias de baixo volume detráfego.Motta (2005) cita que a utilizaçãodo RCD na pavimentação vêm ocorrendo emRevista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 5 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478
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