de modo a identificar os locais de relevânciabiológica e de prioridade para conservação.Conforme Ayres (2005), os critériosutilizados para a definição dessas áreas são:a) Riqueza de espécies, incluindonúmero absoluto, bem como percentagemtotal desta dentro da riqueza da biotaregional conservada no corredor.b) Diversidade de comunidades eecossistemas, incluindo número decomunidades distintas e percentagem dascomunidades típicas da região.c) Grau de conectividade, ouintegralidade das ligações existentes entrecomunidades terrestres e aquáticas ao longodo corredor em potencial.d) Integridade, ou tamanho mínimodos blocos de paisagem natural, para definira capacidade de suporte de populações deespécies raras e ameaçadas.Numa segunda etapa deverão sermapeadas as UCs existentes e as áreas compotencial para implantação dos possíveisCorredores com o objetivo de identificar asformas de consolidação e interligação de taisUCs. Os dados gerados devem sinalizar paraa viabilidade de implantação de novas UCs,incluir a associação com as terras indígenas,o potencial de criação de unidadesparticulares, como as Reservas Particularesdo Patrimônio Natural (RPPN) e o(re)direcionamento das Reservas Legais (RL)e das Áreas de Proteção Permanente(APP)nas propriedades particulares rurais (Ayres2005).O fortalecimento e o desenvolvimento deUCs no interior dos Corredores, devemconduzir a um projeto que contemple basesconceituais definidas as quais deverão seraplicadas nas próprias UCs, seus entornos eas áreas de influência. Segundo Ayres (2005),essa meta envolve:A) Participação de atores sociais envolvidos no processo, com ênfase nas comunidades locais que são os usuários diretos e imediatosdos recursos naturais.B) Provimento de fiscalização e monitoramento adequados: capacitação técnica desses atores, no uso sustentável dos componentesnaturais e em técnicas de fiscalização e monitoramento, fazendo-se necessário o provimento de uma infra-estrutura ou logística deapoio, para implementar a integração das diferentes agências gestoras das distintas UC.C) Estímulo à pesquisa aplicada sobre os componentes naturais, os respectivos serviços ambientais e os usos nos corredores,comparando-se áreas de uso humano com ambientes ainda intocados, de modo a valorizar as vantagens.D) Provimento de zoneamento e manejo: municípios, Organizações Estaduais de Meio Ambiente, governos dos estados, a iniciativaprivada e planejadores devem elaborar os planos de gestão do uso do solo e dos recursos, inclusive em áreas fora das UCs (dentro dasua zona-tampão e da sua zona de influência).E) Investimento em capacitação de pessoal através de treinamentos de pessoal não somente de instituições como o IBAMA, mastambém das comunidades locais envolvidas no processo de manejo dos recursos naturais.F) Estímulo a acordos institucionais e parcerias apropriadas: há vários níveis de acordos institucionais possíveis, dos quais podemdecorrer ações de cooperação e mesmo de financiamento de algumas atividades; uma estrutura gerencial independente pode articulare coordenar uma série de outras instituições executoras e co-executoras para a implementação daquelas atividades aproveitando oque cada ator envolvido pode oferecer, num custo muito inferior.H) Desenvolvimento de um plano de sustentabilidade em longo prazo: a) buscar parcerias em instituições governamentais, setorprivado, ONGs, municípios e agências regionais; b) encorajar o ecoturismo nestas áreas; c) criar de um fundo fiduciário para asunidades de conservação e para a manutenção das suas operações ao longo do tempo; e mais importante, d) tornar o desenvolvimentosustentável mais rentável que as formas destrutivas de uso do meio ambiente; além de e) investir de maneira profissional em marketinge divulgação.I) Realização de marketing e disseminação: tópico extremamente importante porque estimulará o comprometimento público paracom estas áreas, tanto o nacional como o internacional; jornais e matérias em revistas, programas de rádio e televisão, livros epanfletos, exposições são muito importantes na formação da opinião pública sobre a importância de muitas UC e o programa doscorredores ecológicos. (AYRES, 2005)Desenvolvimento sustentável nosCorredores Ecológicos: é possível?A maioria dos autores defendebasicamente as mesmas práticas econômicassustentáveis com base na conectividadeentre UCs e remanescentes de vegetação. Namaioria, essas práticas são desenvolvidas edirecionadas às comunidades e povostradicionais que vivem diretamente do usodos componentes naturais, nasdenominadas zonas de amortecimento e deinfluência das UCs.Segundo Vio (2004), no entanto, omodelo de desenvolvimento sustentável dosCorredores exigirá superação efetiva dessee de outros importantes estrangulamentos(gargalos) na política, na infra-estrutura e nomodelo de gestão voltado às UCs existentesno país, uma vez que ainda é de difícilcompreensão a forma antagônica de gestãopública do patrimônio natural brasileiro,decorrentes do conflito entre incentivar ocrescimento econômico através de práticaspredatórias de uso do solo e as leis contraos crimes ambientais, que são por demaisbrandas e não impedem os processos dedegradação. Pode-se aqui novamente citaro exemplo do Parque Nacional das Emas,considerado uma das maiores Unidades deRevista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 26 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478
Conservação do bioma Cerrado, e conformeo Ibama (2008), vem gradativamentesofrendo um processo de isolamento, desdea implementação dos programasgovernamentais e privados para a ocupaçãodo Cerrado, que incentivaram, através daagricultura mecanizada, uma extensaconversão de hábitats naturais em lavouras.Além dos problemas relacionados aomanejo inadequado do solo em seu entorno,o que vem assoreando os rios Formoso,Jacuba, Taquari, Babilônia e Araguaia. Ainda,o atropelamento de animais na rodovia GO-341, que margeia 25 quilômetros de limiteoeste do Parque (Jácomo & Silveira, 1996,apud Ibama, 2008).Desta forma vale citar aqui a LeiFederal nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998,que dispõe sobre as sanções penais eadministrativas derivadas de condutas eatividades lesivas ao meio ambiente, ondese observa leves penas aos crimesambientais que variam no máximo de um acinco anos de detenção ou o pagamento demultas, como por exemplo para a destruiçãode florestas consideradas de PreservaçãoPermanente.Isso requer mudança de váriosparadigmas, dentre eles o desenvolvimentode projetos regionais sustentáveis nas zonasde amortecimento das UCs e interstícios deremanescentes, com gestão participativaentre governo e comunidades envolvidas,buscando um modelo de gestão ambientalpautado na conservação e uso sustentável,através de práticas como recomposição davegetação natural, recuperação dos cursosd'água, proteção das áreas de recarga,produção de alimentos orgânicos, a inclusãosocial e geração de trabalho e renda, acapacitação e participação das comunidadeslocais nos processos de conservaçãoambiental (Vio 2004). Programas e Projetosgovernamentais e não governamentaisvoltados às comunidades tradicionais nabusca da identificação das espéciespotenciais, das formas sustentáveis deexploração, assim como na domesticação detais espécies e sua agroindustrialização,garantindo todos os direitos sobre osconhecimentos dos povos tradicionais,fazem-se de extrema importância para ainclusão das comunidades tradicionaisnestes processos.Conforme Lima (2008),coordenador geral da Unidade deCoordenação Geral (UCG) do ProjetoCorredores Ecológicos do MMA, ações próativasdevem ser realizadas pelos gestoresdos Corredores, a fim de obteremadequações das políticas públicas e degrandes iniciativas privadas às diretrizes doplano de gestão. Nesse sentido, Vio (2004),comenta que modelos participativos degestão regional, baseados nasustentabilidade possuem um fatordesencadeador positivo na geração deempregos e rendas, através de atividadesprodutivas que conservem a vegetação e apaisagem por várias gerações. Mas, lembraque existem vários desafios nesse sentido,como o desenvolvimento de serviços eprodutos capazes de atingir os grandescentros consumidores com qualidade epreços compatíveis aos preços de mercado.Além dessas características, os produtos eserviços gerados por projetos regionais desustentabilidade, devem ter agregados emseus valores os aspectos deresponsabilidade social e ambiental e comisso tornarem-se referência de qualidade nomercado.Na busca de criar e fortalecer aconectividade das áreas naturais, Vio (2004),ainda ressalta a importância da ruptura doparadigma da substituição da mata pelaagricultura e pecuária extensiva emineração, para com isso diminuir aspressões predatórias sobre as áreas aindaconservadas. Desta forma, segundo aautora, o maior desafio, é odesenvolvimento de novas e eficientesformas de manejo sustentável doscomponentes naturais que viabilizemeconomicamente a manutenção davegetação natural e dos processosecológicos inerentes, ou seja:- manejo sustentável de plantassilvestres (extrativismo de componentesalimentícios, farmacêuticos, combustíveis,matérias-primas para cosméticos,perfumaria e outros produtos);- desenvolvimento de sistemasagroecológicos, agroflorestais e práticas deagricultura orgânica; inclui manejo demadeiras oriundas de florestas reflorestadase reflorestáveis; cultivo de mudas nativas ecapacitação em serviços dereflorestamentos;- ecoturismo em suas diversasmodalidades;- manejo dos recursos pesqueiros;- produção de artesanato, comidastípicas e serviços hoteleiros;- criação de uma forma depagamento pela sociedade como um todo,pelos serviços ambientais prestados pelasatividades de uso sustentável, com oobjetivo de gerar renda e melhorias naqualidade de vida e bem estar dos povos,comunidades e etnias, através daconservação e uso equilibrado doscomponentes naturais.Através de atividades destanatureza, criam-se condições de consolidaras zonas de amortecimento das UCsremanescentes e também mini-corredores,diminuindo sobre as mesmas as pressõesantrópicas, tanto da agriculturaindustrializada, quanto dos processosurbanos, favorecendo a manutenção daintegridade dessas áreas naturais.Conforme o MMA (2008), aspolíticas e leis conservacionistas,juntamente das instituições gestoras dosCorredores, devem desenvolvermecanismos e instrumentos legais deproteção social e promoverem a agregaçãode valor ao desenvolvimento de novosprodutos; usos comerciais de produtos dabiodiversidade; criação de selos decertificação e qualidade dos produtos;adequar a regulamentação da produção, dobeneficiamento, da comercialização e doregistro de produtos desenvolvidossustentavelmente, a fim de gerar benefíciosambientais e sociais amplos.Segundo Sanderson et al (2003), háa necessidade de construção de cenáriosfuturos para os ambientes e regiões a partirdas conseqüências do crescimentoeconômico, tais como, indústrias,construção de rodovias, expansão urbana,projetos que necessitam de desmatamentosetc. Estas análises são fundamentais nadefinição do papel das políticasgovernamentais a fim de criar mecanismospara diminuir as ameaças aos componentesnaturais, como criação de impostos,subsídios, barreiras mercantis.Segundo Lima et al (2008), a buscade soluções para a sustentabilidade dosRevista Brasileira de Ciências Ambientais - Número <strong>15</strong> - <strong>Março</strong>/20<strong>10</strong> 27 ISSN Impresso 1808-4524 / ISSN Eletrônico: 2176-9478
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