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Revista 31 - APCD da Saúde

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Melhor I<strong>da</strong>deConhecendo sobre OdontogeriatriaDentistry Brasil - O senhor tem notado um crescimento na procurade pacientes idosos pelos tratamentos dentários? Há como fazeruma comparação com a dez anos atrás, por exemplo?Fernando Luiz Brunetti Montenegro - Sim, como as pessoas tem vividomais anos, eles acabaram tendo contato com critérios preventivos bucais- que existem no Brasil desde a déca<strong>da</strong> de 50 - e assim acabam chegandocom mais dentes na 3 a i<strong>da</strong>de e, portanto, precisarão do suporte de umdentista familiarizado com suas necessi<strong>da</strong>des e isto é bem diferente doque ocorria a 15-20 anos atrás. Também muitos idosos estão ain<strong>da</strong> nomercado de trabalho e precisam estar bem apresentados para a manutençãode seus empregos, que complementam suas aposentadorias.Ter dentes naturais remanescentes na 3ª i<strong>da</strong>de é uma reali<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong>vez mais palpável para os idosos e os cirurgiões-dentistas brasileiros.DB - Quais os tratamentos mais realizados hoje em idosos?FLBM - São os cui<strong>da</strong>dos periodontais e gengivais, trocas/reembasamentosde próteses e restaurações são os mais destacados, além dodesenvolvimento do atendimento domiciliar aos idosos comprometidosde vir aos nossos consultórios com maiores opções de atuação clínicanestes pacientes debilitados.DB - Os tratamentos odontológicos não são baratos. Como o senhorvê hoje o acesso do paciente idoso a reabilitação bucal? Existe algumbenefício do governo em relação a essa questão?FLBM - O acesso à trabalhos mais extensos tem melhorado face aosplanos de financiamento parcelados disponíveis para dentistas e seuspacientes no mercado atualmente. Mas em termos de população comoum todo, ain<strong>da</strong> é difícil o acesso, mas existe de forma gratuita para a 3 ai<strong>da</strong>de, nos Centros de Referência ao Idoso (IPGG em São Miguel Paulista eCRI-Norte, na zona Norte, ambos na Capital/SP) onde diversos trabalhos,inclusive reabilitadores, são realizados para os moradores <strong>da</strong>s regiõesvizinhas à estes locais. Em nível federal existe o Brasil Sorridente e oPrograma de Saúde <strong>da</strong> Família (PSF), programas que por enquanto sepreocuparam com adultos e crianças/adolescentes (este último através<strong>da</strong>s Casas do Adolescente estaduais de São Paulo), mas breve chegarãoaos idosos de um modo mais específico, certamente.DB - Quais os benefícios <strong>da</strong> reabilitação oral na 3 a i<strong>da</strong>de?FLBM - Falar em Reabilitação Oral pode <strong>da</strong>r a idéia de caras prótesesfixas e implantes, mas uma simples prótese total (dentadura) ou próteseparcial (pontes móveis) ou tratar suas gengivas e cáries, acabam trazendoo idoso de volta a uma melhor condição mastigatória, que vai ser a garantidorade uma boa saúde geral, que é o que o idoso mais precisa nestafase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Mastigando bons alimentos e deles obtendo os nutrientesnecessários nesta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, vai poder manter uma boa condiçãoorgânica que o aju<strong>da</strong>rá a enfrentar melhor as doenças <strong>da</strong> 3 a i<strong>da</strong>de. Suarecomposição bucal eficiente é necessária para acabar com o esquemade sopinhas, minguaus, papinhas e cafés com leite que não o levarão ana<strong>da</strong> em termos nutricionais e de boa saúde geral que precisariam ter.Entrevista com Fernando Luiz Brunetti MontenegroPor Mariana Tinêo - Jornalista <strong>da</strong> <strong>Revista</strong> Dentistry BrasilVersão integral do editado na <strong>Revista</strong> Dentistry Brasil 3 (27): 12-14, Novembro 2010tar os custos, bem estu<strong>da</strong>dos e adequados à sua reali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> ea manutenção do máximo de elementos dentários naturais na melhorcondição de funcionamento. Esta formação técnica é bem realça<strong>da</strong> nosCursos de Especialização e Atualização em Odontogeriatria que começama existir por nosso País.DB - O consultório de um Odontogeriatra tem que ter algumas a<strong>da</strong>ptaçõesespeciais?FLBM - Sim, seria o ideal, mas o acesso às cadeiras de ro<strong>da</strong>s, por exemplo,já aumentaria bastante o número de idosos que poderiam vir aosconsultórios. Existem plantas especificas para consultórios para estafaixa etária, mas os custos de a<strong>da</strong>ptação podem inviabilizar a realizaçãoem espaços alugados ou antigos, sendo indica<strong>da</strong>s para locais próprios,novos e em clínicas junto à outros profissionais que cui<strong>da</strong>m <strong>da</strong> 3 a i<strong>da</strong>decomo médicos geriatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, endocrinologistas,fonoaudiólogos e vários outros envolvidos no cui<strong>da</strong>docom os idosos.DB - O senhor vê algum tipo de dificul<strong>da</strong>de na comunicação com opaciente idoso?FLBM - Sim, elas podem existir em situações de maior comprometimentoneurológico. Mas estas pessoas já devem possuir cui<strong>da</strong>dores/familiaresque têm algum grau de comunicação e cui<strong>da</strong>dos com eles e nós caberiainserir a Odontologia nestes cui<strong>da</strong>dos. No dia-a-dia dos pacientes quepodem ir sozinhos ou acompanhados aos nossos consultórios, o diálogoé fácil e temos de ser bem positivos e claros nas colocações, evitando“infantilizar” o idoso, pois isto é uma “agressão” à sua pessoa, mesmoque esteja aparentemente debilitado.Manter sua digni<strong>da</strong>de como pessoaé um ponto muito importante na boa comunicação com os idosos.DB - E para os dentistas, há algum incentivo ou estímulo pela buscade capacitação técnica em Odontogeriatria?FLBM - A Odontogeriatria ,como cadeira universitária oficial, curricular,existe em não mais de 6 ou 7 facul<strong>da</strong>des no Brasil, quando deveria serobrigatória em to<strong>da</strong>s, por termos uma população de idosos crescente de1 a 1,5% a ca<strong>da</strong> ano e dentistas sem a mínima formação específica aeles. Em 2050, projeta-se existirem 30 milhões de idosos no Brasil, masquantos dentistas com formação dirigi<strong>da</strong> existirão, se não existe a cadeiraobrigatória em suas facul<strong>da</strong>des de graduação? Cursos de especializaçãoe de atualização em Odontogeriatria acabam assim tendo uma fatiamuito reduzi<strong>da</strong> de profissionais os fazendo, quando os dentistas maisjovens, pensando muito além de implantes e estética atuais, deveriamse preocupar com esta crescente fatia de futuros pacientes, que estarãotécnicamente desassistidos se os cirurgiões dentistas não se preocuparemespecificamente desde já. Muito há que se comentar e esclarecersobre este assunto e mais entrevistas comoesta precisam ser realiza<strong>da</strong>s e divulga<strong>da</strong>s àpopulação como um todo.DB - Como deve ser feito o diagnóstico nesses pacientes? Existemcui<strong>da</strong>dos especiais?FLBM - O diagnóstico tem que levar em conta as doenças que o idosopossui, os medicamentos que ingere, sua condição física, o informetécnico-preventivo a seus cui<strong>da</strong>dores e as possibili<strong>da</strong>des de quem oslevará por um bom tempo para tratamento nos consultórios. Sem con-Dr. Fernando Luiz Brunetti MontenegroMestre e Doutor pela FOUSP; Coordenadordo Curso Especialização em Odontogeriatria<strong>da</strong> ABENO, SP; Responsável Saúde Bucal noCEDPES e Casa Ondina Lobo.<strong>APCD</strong> SAÚDE | jan | fev | mar | 2011 | 11

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