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m a g a z i n e<br />
PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM NOV . 2010 Nº 02 – ANO I<br />
magazine 01.<br />
IBOPE<br />
avanço e integração<br />
04 Redes Sociais // 10 Arte numérica<br />
12 Entrevista: Wans Spiess // 14 Notas<br />
# 02
ah!<br />
Caro leitor,<br />
Ficamos super entusiasmados com a repercussão da primeira edição de Yemni<br />
Magazine. Recebemos muitas mensagens com sugestões e comentários, o que nos<br />
deu ainda mais motivação para seguir em frente. Para nós, a realização da revista<br />
tem estimulado discussões e descobertas sobre os temas do mercado. O projeto vai<br />
tomando forma e nós vamos aprendendo a cada edição.<br />
E, ao contrário dos que acreditam na caminhada do meio impresso para o fim, estamos<br />
percebendo, na prática, que esse formato só vem ganhando fôlego. A diversidade de<br />
publicações e, principalmente, as propostas editoriais diferenciadas mostram que a escolha<br />
desse meio é uma opção acertada, somada às novas ferramentas de comunicação.<br />
E, por falar em novas ferramentas, a utilização das redes sociais por empresas é um<br />
tema que está fervilhando e ainda levanta muitas dúvidas no ambiente corporativo. Por<br />
isso, decidimos investigar o desempenho dessa importante ferramenta no processo de<br />
comunicação. Muito já foi dito sobre as redes, mas será que as empresas estão no caminho<br />
certo? Como fazer para integrar a gestão das redes ao branding? Quais as formas de<br />
estimular discussões positivas? Como fazer para se manter inserido nas discussões? Essas<br />
foram algumas das perguntas que levantamos para especialistas do meio. Agora, queremos<br />
dividir as respostas com você, nosso leitor.<br />
Esta edição mostra, também, a construção da rede social corporativa do IBOPE<br />
Media, uma das mais respeitadas instituições brasileiras de coleta de dados e pesquisa,<br />
que precisa estar sempre à frente do mercado. Conversamos, ainda, com Dimitre Lima e<br />
Eduardo Omne, designers especializados em Processing, uma técnica de criação gráfica<br />
através de programação computacional. E entrevistamos a diretora de mídia digital Wans<br />
Spiess, que tirou um período sabático no sul da Ásia e aproveita os resultados de suas<br />
experiências para analisar estratégias de marcas nas redes sociais.<br />
magazine 03<br />
Espero que aproveite!<br />
Vitor Patoh<br />
Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm<br />
Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique<br />
Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana<br />
Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Ian McKinnell/Getty Images Impressão e Acabamento:<br />
Atrativa Gráfica Tiragem: 1.000 exemplares<br />
© 2010 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br<br />
Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros<br />
e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!<br />
Fale Conosco redação@yemni.com.br<br />
www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni
strategy<br />
Podemos<br />
conversar?<br />
POR Luiza Medeiros<br />
magazine 04<br />
A ascensão do uso das redes sociais exige que as<br />
empresas estejam preparadas para dialogar<br />
Em tempos de relacionamento on-line, desenvolver<br />
uma comunicação de duas vias é o maior<br />
desafio do mundo corporativo. O espaço virtual é<br />
um ponto de contato crucial com o cliente. Mesmo<br />
que as empresas ainda não tenham criado uma<br />
estratégia de atuação nas redes sociais, elas estão expostas<br />
a avaliações. “Querendo ou não, as marcas já<br />
fazem parte das redes sociais, pois os consumidores<br />
se reúnem em torno delas, criando comunidades e<br />
falando em fóruns, ou mesmo reeditando ou ‘redublando’<br />
campanhas no YouTube”, diz Alessandro<br />
Barbosa Lima, CEO da E.Life, empresa especialista<br />
em gestão de relacionamento em mídias sociais.<br />
Para se ter uma ideia do ambiente em que nos inserimos,<br />
cerca de 46% dos usuários da internet mundial estão<br />
no Facebook e 80% dos 75 milhões de brasileiros que<br />
acessam a web fazem parte de, pelo menos, uma rede social.<br />
Os investimentos em mídia on-line só aumentam.<br />
Em 2009, foram 25% maiores do que em 2008.<br />
As redes sociais formam os nichos por meio dos<br />
quais as pessoas se organizam em torno de interesses comuns.<br />
Observar essas organizações e localizar sua marca<br />
dentro delas já não é mais suficiente. “É necessário<br />
saber o que falam sobre sua marca, mas as redes sociais<br />
não podem ser encaradas apenas como ambiente de<br />
estudo, é preciso participar”, ressalta Rodrigo Valente,<br />
professor do curso de especialização Redes Sociais,<br />
Branding e Comunicação Digital, das Faculdades Integradas<br />
de Taquara, no Rio Grande do Sul.<br />
Mas é preciso ser convidado a participar da<br />
conversa e, de preferência, apresentar bons argumentos.<br />
“Não se intrometer na vida alheia e oferecer<br />
conteúdo relevante são condições sine qua non para<br />
se fazer ouvir nas redes sociais”, ensina Valente. »
“É preciso fazer campanhas onde o<br />
público enxergue a marca quando<br />
e como escolher”<br />
Gabriel Klein, publicitário, diretor da DW<br />
Os Cinco Fs<br />
O publicitário Gabriel Klein, sócio diretor da DW<br />
Comunicação e responsável pelas redes sociais<br />
da Converse All Star no Brasil, explica as 5 variáveis<br />
que devem ser observadas na estratégia de<br />
gestão da atuação on-line.<br />
O publicitário e diretor da DW Comunicação, Gabriel<br />
Klein, concorda: “Nada pior do que a comunicação intrusiva,<br />
como o envio de mala direta por e-mail”, diz ele. “É preciso<br />
fazer campanhas onde o público enxergue a marca quando e<br />
como ele escolher, e incentivar o chamado consumer-media,<br />
o consumidor como mídia”, explica. Um exemplo desse tipo<br />
de ação é a campanha Art Collabs, criada pelo próprio Klein<br />
para a marca de tênis Converse All Star do Brasil. “Foi aberta<br />
uma linha da marca para a colaboração na criação de estampas<br />
pelo público. A divulgação inicial foi feita em escolas de<br />
moda e oferecia prêmio em dinheiro e um ano de produtos.<br />
Os criadores entravam no site, baixavam o gabarito e enviavam<br />
o trabalho também pelo site. Depois disso, eles tinham<br />
que fazer uma campanha para que sua criação fosse escolhida<br />
por votação on-line. Com isso, conseguimos mais de 2 milhões<br />
de visitas em um mês”, conta Klein.<br />
Lidar com o público da web implica mudar perspectivas<br />
com relação à mídia. No artigo Um olhar antropológico das redes<br />
sociais, publicado no site da Associação Brasileira de Comunicação<br />
Empresarial, o antropólogo Ignacio García afirma que<br />
este é “o momento propício para olhar a comunicação empresarial<br />
como uma grande e complexa rede de indivíduos que<br />
interagem além dos limites das estruturas formais e físicas e<br />
dos canais tradicionais de comunicação”.<br />
Por isso, uma boa gestão do relacionamento on-line é<br />
essencial. E pede monitoração e análise constantes das redes<br />
sociais, além de conhecimento profundo de seu público. Barbosa<br />
Lima, CEO da E.Life, adverte: “As empresas costumam<br />
cometer o erro de estabelecer sua própria agenda em redes<br />
sociais que, geralmente, é dissonante da agenda do consumidor.<br />
Sintonizar as publicações da empresa com os anseios do<br />
consumidor é um grande desafio”. •<br />
Farejar<br />
5<br />
1.<br />
2.<br />
3.<br />
4.<br />
5.<br />
Fazer<br />
4<br />
Falantes<br />
1<br />
Ferramentas<br />
3<br />
Localizar, através de monitoramento,<br />
quem fala da marca, quando e onde.<br />
Identificar o que é dito sobre a minha<br />
marca e quais são os tópicos passíveis de<br />
iniciar um diálogo.<br />
Decidir quais são os instrumentos propícios<br />
para estimular a conversa: redes<br />
sociais, blogs, aplicativos, vídeos, áudios...<br />
Criar conteúdo interessante e relevante<br />
para o meu público online.<br />
Continuar monitorando o conteúdo publicado<br />
sobre a marca nas redes sociais,<br />
dia a dia.<br />
Falatórios<br />
2<br />
magazine 05
magazine 06<br />
xperience
A comunicação<br />
do futuro<br />
POR Luiza Medeiros<br />
A REDE SOCIAL CORPORATIVA DO IBOPE FACILITA A<br />
INTEGRAÇÃO E INCENTIVA O INTERCÂMBIO DE IDEIAS<br />
magazine 07<br />
Como instituição de pesquisa, o IBOPE Media<br />
precisa estar sempre à frente das ferramentas de coleta e<br />
gestão de dados. Foi pensando nisso que a empresa criou<br />
sua própria rede social, chamada PIPOW. O principal<br />
objetivo é integrar as equipes que trabalham nos 12 andares<br />
do prédio da sede, na Alameda Santos, em São Paulo,<br />
com as filiais em 14 países da América, aumentando a<br />
troca de informações entre os funcionários.<br />
“Queríamos fazer uma comunicação institucional<br />
de duas vias, onde os funcionários interagissem com os<br />
projetos da empresa”, diz Alexandre Crivellaro, diretor<br />
de inovação do IBOPE Media. Além de aproximar as<br />
pessoas que trabalham na empresa, Crivellaro acredita<br />
que a rede social é uma importante ferramenta para coleta<br />
de dados e novas ideias. “Sabemos que essa é uma ferramenta<br />
muito rica e, assim como outras empresas, estamos<br />
aprendendo e aperfeiçoando-a”, diz ele. Desde que<br />
entrou no ar, em julho de 2009, a rede social já passou<br />
por duas atualizações, ganhando novas funções, como a<br />
possibilidade de interagir com aplicativos externos a ela.<br />
Por ser uma ferramenta de trabalho, o PIPOW se diferencia<br />
das redes sociais abertas, como Facebook e Orkut. »
xperience<br />
Queríamos fazer uma comunicação<br />
institucional de duas vias, onde os<br />
funcionários interagissem com os<br />
projetos da empresa”<br />
Alexandre Crivellaro, diretor de inovação do IBOPE Media<br />
magazine 08<br />
Os usuários cadastrados na rede da empresa não têm como<br />
se conectar diretamente a seus colegas de trabalho, mas podem<br />
se cadastrar em comunidades de projetos de trabalho<br />
ou assuntos de interesse.<br />
Uma vez dentro de uma comunidade, é possível participar<br />
ativamente ou apenas observar, dependendo do interesse<br />
do usuário e da autorização do moderador do grupo. O participante<br />
pode adicionar notícias e tópicos para discussões com<br />
outros usuários, assim como compartilhar arquivos. Nenhum<br />
dos funcionários é obrigado a ter perfil na rede social e toda<br />
contribuição feita pelo PIPOW é espontânea. Mesmo assim,<br />
a rede já contabiliza cerca de 300 usuários cadastrados.<br />
A rede trouxe ainda outro benefício: aproximou as pessoas<br />
no dia a dia de trabalho. Só no prédio do IBOPE, em<br />
São Paulo, são 1200 funcionários e, muitas vezes, o contato<br />
entre eles é feito apenas pelo telefone, sem que se reconheçam<br />
no elevador. Com o PIPOW, toda vez que um projeto<br />
é iniciado, sua comunidade é criada na rede e os participantes<br />
trocam mensagens e podem ver as fotos dos envolvidos.<br />
“Isso muda a relação entre as pessoas fora da rede social”,<br />
avalia Crivellaro, “sem contar que podemos pesquisar outros<br />
projetos desenvolvidos pela empresa, além daqueles<br />
em que estamos inseridos, e conhecer o que o colega de<br />
trabalho faz e no que se interessa.”<br />
O PIPOW também facilitou a comunicação entre os<br />
nichos de interesse. Se, antes, o departamento de comunicação<br />
tinha de enviar um e-mail para todos os funcionários<br />
com uma informação que interessava a apenas uma<br />
dúzia de pessoas, agora, o mesmo comunicado é feito especificamente<br />
para a comunidade envolvida com o tema. »
magazine 09<br />
Criação visual<br />
Desde sua concepção, o projeto destacou a<br />
conexão entre as pessoas, a diversidade do grupo<br />
e a abrangência da comunicação. Carlos Iglesias,<br />
diretor de criação da Yemni, a agência que criou<br />
a identidade visual do PIPOW, explica: “A marca<br />
mostra essa ligação entre os usuários por meio das<br />
linhas que ligam as letras. As letras de diferentes<br />
cores simbolizam a pluralidade dos funcionários,<br />
que, no caso do IBOPE, são de países e culturas<br />
diversas. E a letra O representa essa propagação<br />
das informações”.<br />
Na etapa de concepção da identidade visual<br />
do PIPOW, foi realizada uma pesquisa entre as<br />
redes sociais mais usadas, para identificar o que<br />
seria mais familiar ao usuário. “Aproveitamos o<br />
que cada rede social pública tinha de melhor e tivemos<br />
o cuidado de manter as linhas curvas, que<br />
fazem parte do padrão da identidade do IBOPE.<br />
Utilizamos os cantos arredondados e uma iconografia<br />
intuitiva para tornar a experiência do usuário<br />
a mais lógica e agradável possível”, diz Roberto<br />
Belarmino Carvalho, designer responsável<br />
pelo layout do PIPOW. •<br />
A marca mostra essa ligação<br />
entre os usuários por meio<br />
das linhas que ligam as letras”<br />
Carlos Iglesias, diretor de criação da Yemni
xplore<br />
O código<br />
do designer<br />
POR Luiza Medeiros<br />
magazine 10<br />
A criação com auxílio da automatização oferece<br />
novas densidades para o trabalho do designer<br />
Com os avanços tecnológicos, a linguagem<br />
visual experimenta profundas mudanças. Os softwares<br />
utilizados por artistas da chamada arte numérica,<br />
gerada a partir do computador, oferecem novos<br />
sentidos a explorar. Por meio dessas ferramentas, o<br />
artista pode ditar as regras para sua criação, mas o resultado<br />
final é determinado pelos próprios softwares.<br />
Só então o artista toma conhecimento de sua obra.<br />
Como afirma Ellen Lupton em seu livro Novos Fundamentos<br />
do Design, da Cosacnaify, “a preferência<br />
modernista por formas sintéticas convive, agora, com<br />
o desejo de construir sistemas que produzam resultados<br />
inesperados”.<br />
Entre esses softwares, o Processing se destaca<br />
ao oferecer uma linguagem desenvolvida especificamente<br />
para artistas visuais e designers . “O Processing<br />
é uma linguagem de programação. Mais do<br />
que um estilo, é uma das ferramentas modernas que<br />
alguns artistas usam para criar um novo tipo de estética”,<br />
diz Dimitre Lima, designer que trabalha com<br />
o programa há oito anos.<br />
Surgido em 2001, o Processing foi criado inicialmente<br />
para facilitar o aprendizado das bases da<br />
programação. Por apresentar a linguagem numérica<br />
por meio de contexto visual, fez sucesso entre os<br />
artistas gráficos e foi adaptado para funcionar como<br />
ferramenta de criação profissional.<br />
A ideia da adequação foi de permitir que profissionais<br />
das artes trabalhassem diretamente com programação,<br />
sem precisar de conhecimentos avançados<br />
de informática. Assim, o artista pode programar um<br />
processo, que, em última análise, será o realizador da<br />
obra. “Quando pintamos um quadro com um pincel,<br />
por exemplo, estamos vendo o resultado final à medida<br />
que criamos. No Processing, não, o designer não<br />
trabalha no resultado, mas no processo que gera »
Dimitre Lima<br />
o resultado. Você não sabe exatamente como será a arte final”,<br />
explica Dimitre.<br />
Com o desenho numérico, é possível criar repetição de<br />
formas, potencializando um trabalho que, muitas vezes, é<br />
impossível de ser feito sem o uso do computador. “Animação<br />
é um bom formato para ser trabalhado com o Processing.<br />
Uma vez que a ideia esteja definida, eu posso gerar uma<br />
série de resultados similares, mas nunca idênticos”, explica<br />
Dimitre. Apesar de simples em termos de linguagem de<br />
computação, para tarefas específicas a utilização do software<br />
exige alguns conhecimentos de geometria. Um exemplo<br />
interessante de aplicação, feito na Califórnia, nos Estados<br />
Unidos, é o projeto Mycelium, do designer Ryan Alexander.<br />
As linhas da animação vão formando o desenho final e, ao<br />
mesmo tempo, simulam o movimento do crescimento de<br />
fungos na comida.<br />
O designer Eduardo Omne avalia que a utilização<br />
da linguagem numérica é ideal para desenvolver trabalhos<br />
interativos ou para a representação de dados. “Existem ferramentas<br />
avançadas para criação de gráficos e animações,<br />
mas, muitas vezes, isso acaba deixando o trabalho com a<br />
cara da ferramenta e não do artista. Ao usar softwares específicos<br />
para criação, é possível fugir desse problema e obter<br />
um resultado único. O grande desafio é mesmo conseguir<br />
Ryan Alexander - Projeto Mycelium<br />
“É uma das ferramentas modernas<br />
que alguns artistas usam para criar<br />
um novo tipo de estética”<br />
criar um conceito, uma linha gráfica interessante em cada<br />
novo projeto”, afirma Omne. •<br />
Dimitre Lima, interactive designer<br />
Dimitre Lima
xpression<br />
Viagens na rede<br />
POR HENRIQUE OSTRONOFF<br />
Transitando em busca de caminhos, pessoas e marcas<br />
podem obter respostas por meio dos relacionamentos<br />
Você tem que<br />
estabelecer um<br />
diálogo. Você vai<br />
ouvir o que não<br />
quer, mas também<br />
muita coisa que<br />
quer e que, talvez<br />
nem mesmo saiba”<br />
Q<br />
uando a W/Brasil resolveu repensar a Parangolés, quem dirigia essa<br />
divisão de mídia digital da consagrada agência de publicidade era Wanessa Spiess.<br />
Deram-lhe férias antecipadas. Mas ela foi mais longe.<br />
No momento em que navegava por um dos pontos altos de sua carreira, dedicada<br />
quase totalmente ao ambiente digital, Wans resolveu tirar um período sabático.<br />
Foi a Índia, Tailândia,Vietnã, Laos, Camboja, Tibete e Nepal, onde se aventurou pela<br />
rota de Annapurna, no meio do Himalaia. Ficou um ano e meio apartada do<br />
corre-corre das agências. E não teve medo de correr riscos.<br />
Depois de passar por alguns projetos que apenas repetiam na mídia digital as<br />
ações da mídia tradicional, Wans percebeu que não se satisfazia com esse método.<br />
“Trabalhava com a mídia como era antigamente. A marca fala o que quer e nem<br />
ouve o retorno em relação a ela. E isso estava me incomodando muito”.<br />
Nem bem pisou território brasileiro, Wans já estava de emprego novo, com perfil<br />
muito próximo daquele que seu retiro a ajudara a definir como o mais desejado.<br />
O segredo de seu sucesso: “Ter feito um bom trabalho e ter um currículo sólido no<br />
Linkedin, a rede social profissional. A rede de relacionamentos é muito importante”.<br />
Diretora de estratégias digitais da Euro RSCG 4D, Wans planeja, em<br />
conjunto com o pessoal da Euro RSCG, a integração entre mídias on e offline.<br />
E tem se aprofundado em analisar o comportamento das redes sociais<br />
com relação a marcas e como as empresas devem agir e responder . É nesse<br />
universo que ela transita e acredita. »
: De repente, você largou tudo e foi viajar.<br />
Wans: Em novembro de 2008, recebi a notícia sobre a Parangolés.<br />
E, quando pensei em ir para a Índia, um monte de coisas<br />
começou a aparecer. Entrei em contato com muita gente,<br />
porque acredito muito em relacionamento. Essas coisas na<br />
vida são muito conectadas. E quando você abre um canal, a<br />
rede de relacionamentos acontece. Você recebe respostas com<br />
maior clareza quando tem a entrada de diferentes canais. Pensando<br />
nessa viagem, vejo que esse é o caminho que marcas e<br />
redes sociais precisam abraçar. Você tem que estabelecer um<br />
diálogo. Você vai ouvir o que não quer, mas também muita<br />
coisa que quer e que, talvez, nem mesmo saiba.<br />
Como fazer as marcas viajarem pelas redes sem muitos<br />
contratempos?<br />
Antes, é preciso saber quem está falando da sua marca na<br />
rede social. Existem ferramentas para isso. Às vezes, você<br />
nem sabe que está lá, mas já estão falando de você. Então,<br />
o primeiro passo é entender a sua presença ali. O segundo,<br />
é entender quem sãos as pessoas com quem você quer falar.<br />
Aqui na Euro, entendemos que existem os prosumers, pessoas<br />
mais atentas às novidades e mudanças e que viralizam suas<br />
experiências com as marcas mais do que os consumidores<br />
normais. Por isso, a gente diz que, mais importante do que<br />
conhecer o público em geral, é conhecer os prosumers. Na<br />
Euro, o nosso foco é no futuro.<br />
As redes sociais podem fazer a marca se repensar?<br />
Totalmente. Porque, quando você se abre para o diálogo e<br />
começa a ter os insights dos consumidores, você muda. Um<br />
exemplo: a marca de água francesa Evian estava vendo suas<br />
vendas caírem e usou as redes para se reposicionar. Como?<br />
Precisava de uma campanha nova e abriu para os consumidores<br />
colaborarem com a criação da música. O projeto,<br />
conhecido como Evian Roller Babies, teve mais de 100 milhões<br />
de visualizações no YouTube e mais de 500 mil fãs no<br />
Facebook. O que acontece? Se as pessoas se identificam com<br />
o que você está fazendo, elas mesmas espalham a ideia.<br />
É tão importante o que os consumidores falam nas redes?<br />
No que você acredita mais? Em uma marca dizendo que ela<br />
é boa ou em um amigo dizendo que a marca é boa? Existem<br />
três estados. A marca falando de si mesma que é boa.<br />
Os especialistas dizendo isso, o que também é importante.<br />
E o que as pessoas estão falando da marca. Se você consegue<br />
penetrar nesse nível, onde os próprios consumidores estão falando<br />
bem da marca, e as redes sociais estão dando voz para<br />
eles, a marca conquista um público que, antes, não tinha.<br />
Antes, era só a TV falando para um monte de gente; hoje, é<br />
um monte de gente falando para um monte de gente.<br />
Podem falar mal da marca na rede, com ou sem razão, e a<br />
crítica se espalha entre os consumidores. Ela tem de tirar<br />
umas férias para tentar reverter a situação?<br />
Em alguns casos, é melhor você se defender. Em outros, fazer<br />
um mea culpa: eu errei mesmo. A Apple faz isso direto.<br />
O iPhone 4 saiu com um problema na antena e a empresa<br />
falou: ‘erramos, sim, vamos dar algo em troca por isso’. E<br />
tirar “férias” de vez em quando pode ajudar.<br />
Para se repensar?<br />
Volta, faz a lição de casa e retorna com um produto melhor.<br />
Mas o importante é estar atento, não deixar de falar, nem que<br />
seja: ‘estou saindo, mas volto’. Hoje em dia, não se pode ficar<br />
de fora desse diálogo. Ou as marcas aprendem isso ou vão se<br />
dar mal. Porque, cedo ou tarde, vai chegar alguém que sabe<br />
falar melhor a linguagem de seus consumidores. •<br />
magazine 13
tc...<br />
Livro:<br />
# Mobilize<br />
Box:<br />
Ativismo<br />
digital<br />
magazine 14<br />
Mobilize é um guia para entender as reais aplicações da plataforma<br />
móvel na comunicação. Traz os principais conceitos de<br />
mobilidade, números e métricas desse setor, além de ‘cases’<br />
realizados por agências do mercado nacional. Escrito por três<br />
profissionais ligados ao pioneirismo da comunicação digital,<br />
Ricardo Cavallini, Léo Xavier e Alon Sochaczewski, é leitura<br />
obrigatória para quem pensa na comunicação do amanhã e<br />
indispensável para os que vivem no mercado de hoje. Foram<br />
impressos 11 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em<br />
eventos e veículos especializados, e existem versões em PDF<br />
disponíveis para download no www.mobilize.com.br.<br />
Projeto da ONG Tactical Technology Collective,<br />
10 Táticas para Transformar Informação em Ação<br />
apresenta soluções originais e graficamente bonitas<br />
para ativistas sociais captarem a atenção das pessoas<br />
e comunicarem sua causa. O pacote inclui um filme<br />
de 50 minutos com histórias de ativistas ao redor do<br />
mundo e 16 cartas com ferramentas, dicas e conselhos<br />
para incentivar ações de infoativismo. O filme já foi<br />
traduzido para mais de 20 idiomas e exibido em 45<br />
países. Todo o material pode ser visto e baixado do site:<br />
www.informationactivism.org.<br />
Livro: Sketchbooks<br />
Os artistas Cézar de Almeida e Roger Bassetto reuniram<br />
imagens dos cadernos de esboços de 26 artistas contemporâneos<br />
brasileiros selecionados por sua diversidade de atuação.<br />
Participam do livro, Sketchbooks - As páginas desconhecidas<br />
do processo criativo, criações de designers, arquitetos, ilustradores,<br />
cartunistas, grafiteiros e tipógrafos, entre outros. A<br />
coletânea traz 272 páginas com fotos, imagens e textos reunidos<br />
durante 18 meses e assinados por profissionais como<br />
Renato Alarcão, Alex Hornest, Amanda Grazini, Angeli,<br />
Arthur D’Araujo, Bruno Kurru e Carla Caffé.<br />
Link:<br />
Desenham-se twits<br />
O blog sedibujantuits.posterous.com reúne uma série<br />
de ilustrações criadas a partir de publicações de usuários<br />
do Twitter. Seu autor é mexicano e assina com o<br />
nome de Gran Chamaco. Na página de seu perfil no<br />
posterius.com, ele diz que gosta dos twits, mas, como não<br />
consegue pensar em coisas legais para escrever, desenha o<br />
que lê no microblog.<br />
Lourenço Mutarelli
magazine 015.
Sua marca não vai ficar<br />
só na primeira impressão<br />
Para a Yemni, a qualidade não termina na prancheta. E, para que a<br />
garante mais agilidade e controle na produção com menores custos. Assim,<br />
não importa o tamanho das peças ou a quantidade a ser produzida, o<br />
padrão de qualidade Yemni