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yemag #05

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m a g a z i n e<br />

Yemni 15 anos<br />

marcas e valores<br />

PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM MAI . 2011 Nº 05 – ANO I<br />

04 Gestão por valores // 10 Renasce a tipografia<br />

12 Entrevista: Luciano Bussab // 14 Notas<br />

# 05


ah!<br />

Caro leitor,<br />

Chegar aos 15 anos é um marco importante para uma empresa. Assim, especialmente<br />

nesta edição, queremos mostrar aos leitores o que isso representa para nós, como<br />

montamos cada pecinha dessa história, com a construção das marcas de nossos clientes e,<br />

consequentemente, da nossa própria.<br />

Para sinalizar este momento, desenvolvemos uma ação que nos desafia à transformação<br />

e à evolução. Seu mote é uma pergunta: what’s your move? Para nossa equipe, a resposta<br />

adquire múltiplas direções: incentivo aos movimentos profissionais, pessoais e corporais,<br />

seja no esporte, na dança ou na arte. Para o nosso dia a dia de trabalho e relacionamento<br />

com o mercado, o objetivo é aplicar esses moves, por meio de pesquisa, definição de estratégia,<br />

estímulo à criatividade e comprometimento com o resultado. Com isso, revelamos<br />

nossos valores, que são reforçados no posicionamento da Yemni.<br />

A matéria de capa conta a trajetória da agência por meio de alguns trabalhos desenvolvidos<br />

para clientes que nos acompanham por mais de uma década. Também fala de<br />

gente que contribuiu e contribui para formar o que somos hoje.<br />

A seção yestrategy trata da gestão por valores e como essa forma de gerir empresas<br />

se relaciona com a construção e gestão de marcas. Muito da maneira como trabalhamos<br />

pode ser entendido a partir dessa leitura, pois a identidade de uma marca ultrapassa sua<br />

representação visual; engloba desde as dependências físicas da empresa até os valores pessoais<br />

de todos os seus colaboradores.<br />

Conversamos com Luciano Bussab, um arquiteto-bailarino (ou seria um bailarino-arquiteto?)<br />

que transpõe diariamente os valores da dança contemporânea para a arquitetura e<br />

vice-versa. Movimento e evolução pessoal são temas com os quais ele lida diariamente.<br />

Os softwares de diagramação afastaram os designers do processo de produção gráfica,<br />

mas existe um movimento de reaproximação. yexplore mostra um reduto em São Paulo<br />

onde se produz um design atual usando a velha composição manual de tipos móveis.<br />

magazine 03<br />

Espero que aproveite!<br />

Vitor Patoh<br />

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm<br />

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Edição: Henrique<br />

Ostronoff (Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Design e Diagramação: Pauliana<br />

Caetano Revisão: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Arquivo Yemni Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

© 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br<br />

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a milhares de brasileiros<br />

e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante o seu crescimento. Imprimir é dar vida!<br />

Fale Conosco redação@yemni.com.br<br />

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni


strategy<br />

magazine 04<br />

Gestão por valores<br />

branding<br />

e o<br />

POR LUIZA MEDEIROS<br />

Uma boa estratégia de gestão de pessoas vai ao encontro dos valores da marca<br />

Com a evolução da tecnologia, as empresas tentam<br />

adaptar-se às novas exigências de velocidade de um<br />

mercado que busca práticas de gestão mais humanizadas.<br />

Por outro lado, as empresas devem saber transmitir a essência<br />

de suas marcas para as pessoas e criar vínculos emocionais<br />

com elas. Do relacionamento da marca com seu<br />

público ao relacionamento interno da empresa com seus<br />

colaboradores, os processos avançados de gestão de pessoas,<br />

aliados a uma estratégia de marca completa, constituem<br />

boas ferramentas para o crescimento da organização.<br />

O professor de economia da Fundação Instituto de<br />

Administração (FIA), Oscar Boronat, explica que, em matéria<br />

de gestão empresarial, existem basicamente três modelos<br />

praticados ao longo da história.<br />

O primeiro é a gestão por informação, caracterizado<br />

pela hierarquização da estrutura organizacional. A eficiência<br />

de cada funcionário é medida pelo cumprimento ou<br />

não da ordem recebida, sem que se leve em conta valores<br />

como respeito pelo individuo e pelas diferenças culturais.<br />

“Quanto mais perto você está dos primórdios da organização,<br />

mais perto está desse tipo de mentalidade primitiva<br />

associada a hierarquia, ordem, informação, cumpra-se”,<br />

acrescenta Boronat.<br />

O segundo modelo é a gestão por objetivos. Nesse<br />

contexto, os colaboradores passam a entender os rumos da<br />

organização como um todo. Eles recebem objetivos individuais<br />

e os administradores da empresa, responsáveis por<br />

controlar resultados, contam com a inteligência de cada<br />

um para atingir as metas. Assim, novos valores passam a ser


Ele tem que aprender a identificar e aceitar as necessidades, os<br />

valores e as emoções alheias, porque não basta entender. É preciso<br />

haver harmonia, aderência entre os valores de uns e de outros”<br />

Oscar Boronat, professor de economia da Fundação Instituto de Administração (FIA)<br />

Efeitos da gestão<br />

por valores<br />

1. Desenvolvimento de participação e<br />

compartilhamento<br />

2. Melhoria e aprendizado contínuos<br />

3. Criatividade<br />

4. Confiança mútua<br />

5. Respeito mútuo<br />

6. Comprometimento<br />

7. Sentimento de propriedade do trabalho realizado<br />

observados: motivação, eficiência, racionalização e avaliação<br />

de resultados. Segundo Boronat, é a partir desse modelo<br />

de gestão que a maior parte das empresas funciona.<br />

No entanto, a atual demanda da era da informação,<br />

exige que todos os subprocessos de uma organização sejam<br />

mais acelerados e se sustentem sobre um menor número<br />

de níveis hierárquicos para que as decisões sejam<br />

tomadas com mais desenvoltura. Dessa forma, é preciso<br />

abrir um espaço maior de autonomia para os participantes<br />

e depositar neles mais confiança. Para fazer com que<br />

essa relação se concretize e dê resultados, é necessário<br />

ter ao lado colaboradores que compartilhem os valores da<br />

empresa, ou seja, os valores que sua marca transmite.<br />

Após observar a constante pressão de gestores pelo<br />

aumento da produtividade nas empresas, o pesquisador<br />

israelense Simon L. Dolan desenvolveu, em conjunto<br />

com o médico espanhol Salvador García, a ideia da gestão<br />

por valores. Baseado na psicologia social, o modelo<br />

busca absorver a complexidade organizacional, agilizar<br />

as adaptações exigidas pelo mercado, direcionar a visão<br />

estratégica da empresa e integrar direção e crescimento<br />

profissional com qualidade de vida.<br />

Nesse contexto, os líderes exercem um papel fundamental,<br />

pois têm a visão estratégica do direcionamento dos<br />

negócios. Além de entender esses objetivos, o líder precisa<br />

saber exercer duas outras funções: comunicar essa visão<br />

para todos os seus colaboradores e conseguir motivar e inspirar<br />

as pessoas. “Ele tem que aprender a identificar e aceitar<br />

as necessidades, os valores e as emoções alheias, porque<br />

não basta entender. É preciso haver harmonia, aderência<br />

entre os valores de uns e de outros”, esclarece Boronat.<br />

Grandes corporações, como a General Electric e a<br />

Cisco Systems, implementaram as novas formas de gestão<br />

e notaram o resultado com a alta performance das<br />

equipes envolvidas. Também podemos citar gigantes,<br />

como Google, Disney e Natura, que conseguem disseminar<br />

a identidade de sua marca desde a arquitetura de seus<br />

espaços físicos até a dinâmica do trabalho. Mas existem<br />

casos de pequenas empresas que praticam gestão por valores<br />

sem necessariamente conhecer a teoria. Evoluíram<br />

naturalmente para o modelo, pois são formadas por um<br />

pequeno grupo de pessoas que compartilham valores.<br />

Em ambientes assim, é mais fácil praticar o método e<br />

agregar valor à marca.<br />

Na empresa ideal, onde a gestão por valores é aplicada,<br />

as equipes chegam a um nível de entendimento<br />

tal que os objetivos não precisam ser comunicados. Os<br />

valores são simplesmente compartilhados, e tornam-se<br />

o norte pelo qual todos se orientam. Cada célula da organização<br />

funciona em razão desses valores. Ninguém<br />

precisa ser cobrado, pois todos sabem o que devem fazer<br />

e como. •<br />

magazine 05


magazine 06<br />

xperience


Uma história<br />

de marcas<br />

POR Luiza Medeiros<br />

a yemni completa uma década e meia e incentiva<br />

o movimento PESSOAL E profissional<br />

magazine 07<br />

Há quinze anos, surgia a primeira logomarca criada pela Yemni.<br />

O Hotel Estância Atibainha foi o primeiro de um portfólio hoje formado<br />

por empresas dos setores industrial, comercial, de serviços e agronegócio<br />

– de multinacionais a negócios de atuação local. Construir marcas<br />

capazes de conquistar mentes e corações tem sido a proposta da Yemni<br />

desde sua origem, em 1996.<br />

“Mais do que por meio de prêmios, o reconhecimento do trabalho<br />

se dá como consequência direta do sucesso dos clientes”, avalia o sócio<br />

diretor da agência, Vitor Patoh. “Aprendemos com todos os que passaram<br />

pela empresa e a variedade da demanda nos proporcionou trânsito por<br />

diferentes áreas de negócio”, acrescenta. Grupo CCR, Restaurante »


xperience<br />

magazine 08<br />

A Yemni acompanhou o surgimento da CCR,<br />

apoiando na criação, no desenvolvimento e no<br />

crescimento de nossa marca. Se hoje somos parte<br />

de sua história, a Yemni também é parte da nossa”<br />

Renato Vale, presidente do Grupo CCR<br />

América, Clube Atlético Monte Líbano, Siemens,<br />

Heineken e Grupo Batistella estão entre os mais de 200<br />

clientes atendidos pela Yemni.<br />

Desafio, investigação, pesquisa, planejamento, criatividade,<br />

inovação e vivência são valores que a agência tem<br />

praticado e que se solidificaram ao longo de sua história de<br />

construção e manutenção de marcas. E, ao completar 15<br />

anos, a Yemni quer reforçar esses valores por meio da ação<br />

what’s your move? Determinação de estratégias, incentivo<br />

à criação e empenho nos resultados são moves que compõem<br />

o seu posicionamento diante do mercado.<br />

Afinal, Patoh sabe o que é desafio. E, com diversas<br />

aventuras nas costas — o Caminho de Santiago, trekking<br />

no Himalaia e ultramaratona, entre outras —, a experiência<br />

de se pôr a prova para ir cada vez mais longe ele<br />

estende a sua empresa.<br />

Um dos grandes desafios da Yemni foi a parceria com o<br />

Grupo CCR, uma parceria formada no surgimento da holding<br />

e que dura até hoje. A agência dedicou-se ao branding do<br />

Grupo, lidando, inclusive, com temas mais amplos da comunicação<br />

da marca e sua estratégia. “A Yemni acompanhou o<br />

surgimento da CCR, apoiando na criação, no desenvolvimento<br />

e no crescimento de nossa marca. Se hoje somos parte<br />

de sua história, a Yemni também é parte da nossa”, afirma<br />

Renato Vale, presidente do Grupo CCR.<br />

Outro grande desafio da Yemni foi lançado pelo<br />

Clube Atlético Monte Líbano. No início, o trabalho desenvolvido<br />

tinha como objetivo uma comunicação com<br />

os associados que provocasse o aumento da frequência ao<br />

clube. As produções trouxeram o retorno almejado e a<br />

Yemni foi recebendo outras encomendas instigantes, que<br />

culminaram com a criação da nova marca do clube.“Já<br />

havíamos tentado mudar a marca diversas vezes, nunca<br />

com resultados satisfatórios. Quando a Yemni trouxe a<br />

nova marca, nos conquistou pela criatividade e fundamentação<br />

da apresentação. Foi aprovada por unanimidade<br />

pelo Conselho”, relembra o presidente do conselho<br />

do CAML, Sami Bussab.


O move de<br />

Beatriz Abud<br />

A coerência e a consistência na forma de atuação estende-se à<br />

equipe de colaboradores, pois a Yemni sempre buscou trabalhar com<br />

pessoas que acreditam em valores semelhantes aos da agência e os praticam.<br />

“Tivemos períodos muito férteis de trabalho, fizemos boas campanhas,<br />

resultado de uma equipe coesa, confiante e bem-humorada”,<br />

relembra o ex-sócio Renato Laragnoit. Mesmo após sua saída, Laragnoit<br />

continuou contribuindo com a Yemni e, hoje, toca sua própria agência.<br />

“Eu vejo a Yemni como um sonho que virou realidade e, por mais que<br />

a gente sonhasse com o futuro, nunca imaginou que chegaria aqui tão<br />

bem”, diz o parceiro dos primeiros anos.<br />

Ainda sob o mote what’s your move? a agência tem desafiado — e<br />

incentivado — os colaboradores a investir em formação profissional, a<br />

focar no desenvolvimento pessoal e a envolver-se com atividades corporais<br />

nos esportes ou nas artes. Ao mesmo tempo, move-se na direção<br />

de soluções inovadoras e criativas em sua prática diária. O sucesso dos<br />

clientes, entretanto, continua sendo o grande estímulo na busca pelo<br />

melhor resultado.•<br />

Bia pode ser tomada como<br />

exemplo. Ela teve um avanço marcante.<br />

Começou como estagiária,<br />

resolveu buscar outras experiências<br />

e voltou para a Yemni em 2006.<br />

Por seu crescimento profissional e<br />

por sua perseverança no esporte,<br />

representa os valores que what’s<br />

your move? quer divulgar.<br />

“Voltar para a Yemni em 2006<br />

foi uma escolha motivada por um momento importante<br />

da minha profissão, quando eu me decidi pelo design<br />

gráfico. Percebi as possibilidades que a empresa me<br />

oferecia e me senti confortável para realizar o trabalho.<br />

Mas em 2009 me peguei numa situação de acomodação<br />

com meu bem-estar corporal. Eu não fazia<br />

nenhuma atividade física, então decidi correr. Comecei<br />

moderadamente e fui me envolvendo mais. A cada treino,<br />

saía feliz da vida, energizada.Tanto que, neste ano<br />

estou me preparando para correr a maratona de Berlim<br />

com patrocínio da Yemni. Uma coisa que nunca tinha<br />

imaginado. E essa evolução no campo pessoal coincidiu<br />

com um momento profissional na Yemni.<br />

Participei de uma consultoria na empresa que<br />

me auxiliou a identificar meu perfil profissional, e o<br />

engraçado é que minha intuição foi confirmada pelo<br />

resultado da avaliação — de que me dou bem trabalhando<br />

na área de coordenação e planejamento. Fui,<br />

então, assumindo tarefas diferentes, mudando minhas<br />

atribuições. No começo, achei que não ia conseguir,<br />

mas a sensação que tenho hoje é que deu supercerto!<br />

Óbvio que eu ainda tenho muito que trabalhar e<br />

aprender pessoal e profissionalmente, mas agora eu<br />

sei que é possível. Isso me motiva a querer fazer cursos<br />

e aprender mais. Tem muito chão pela frente. Quero<br />

crescer junto com a Yemni.”<br />

magazine 09<br />

Quando a Yemni trouxe a nova<br />

marca, nos conquistou pela criatividade<br />

e fundamentação da apresentação.”<br />

Sami Bussab, presidente do Conselho do Clube


xplore<br />

volta dos<br />

tipos<br />

magazine 10<br />

POR Henrique Ostronoff<br />

retomada da impressão<br />

tipográfica estimula<br />

novas criações<br />

Por volta de 1450, o alemão Johannes Gutenberg imprimiu, pela<br />

primeira vez, 11 linhas de texto por meio de uma prensa desenvolvida<br />

por ele para o uso de tipos móveis de metal. Em seguida, tirou 300<br />

exemplares da Bíblia, com 614 páginas cada, empregando o mesmo<br />

método. Foram 5 anos de trabalho para produzir os livros.<br />

O processo tornou possível reproduzir textos de forma sistemática<br />

em quantidade e rapidez inimagináveis para a época — até então, os livros<br />

eram copiados à mão e um exemplar da Bíblia de Gutenberg demandaria<br />

cerca de um ano para ficar pronto. A nova tecnologia de impressão foi o<br />

início da revolução nos meios de comunicação que dura até hoje.<br />

As prensas com tipos móveis passaram por aprimoramentos e continuaram<br />

importantes durante séculos até começarem a ser paulatinamente<br />

substituídas. No Brasil, até recentemente, as tipografias estavam a<br />

pleno vapor, produzindo folhetos, cartões de visita, notas fiscais, convites<br />

de casamento e outros impressos mais simples. Hoje, praticamente desapareceram.<br />

No entanto, foi a tecnologia “gutenberguiana” o germe das moder-<br />

A ideia não é repetir o<br />

passado, mas recontextualizar<br />

o uso desse material hoje”<br />

Marcos Mello, diretor-presidente da Oficina


nas gráficas informatizadas que hoje rodam por hora centenas de milhares<br />

de páginas de jornais e revistas para abastecer o imenso mercado de leitores.<br />

Só que no lugar dos tipos e clichês montados para compor as páginas, os atuais<br />

softwares de diagramação distribuem, quase automaticamente, manchas<br />

de texto e imagens nos espaços em branco, oferecem uma imensa coleção<br />

de fontes a um simples clique e, depois do trabalho pronto, mandam tudo<br />

para a gráfica via internet.<br />

Como instrumento de produção em escala de impressos, as tradicionais<br />

impressoras Minerva e os valentes linotipos viraram peças de museu. Mas,<br />

aliando-as à tecnologia atual, alguns designers encontraram nessas velhas máquinas<br />

um meio de criação de arte gráfica.<br />

Tipografia revivida<br />

A Oficina Tipográfica São Paulo foi criada<br />

em 2004 pelos designers gráficos Claudio Ferlauto,<br />

Claudio Rocha e Marcos Mello, que se encontraram<br />

em torno de interesses comuns: as letras, as formas<br />

caligráficas e o universo tipográfico. “Já tínhamos alguma<br />

experiência com este processo de impressão<br />

e vislumbrávamos explorar, investigar suas possibilidades<br />

na área da criação e impressão gráfica”, diz<br />

Mello, diretor-presidente da Oficina, também artista<br />

plástico e professor da Universidade Anhembi Morumbi.<br />

“A ideia não é repetir o passado, mas recontextualizar<br />

o uso desse material hoje”, acrescenta.<br />

Colocar a Oficina de pé não foi fácil. “Somos<br />

garimpeiros tipográficos. Realizamos um verdadeiro<br />

garimpo procurando esse material”, afirma Mello<br />

sobre a dificuldade de adquirir o equipamento para<br />

a OTSP, hoje, um centro de cursos e serviços.<br />

Para a Oficina, “olhar para o passado” estimula<br />

a criação do design gráfico. O uso da tipografia<br />

serve não apenas como recurso estético, mas como<br />

um método de raciocínio visual ao recompor os<br />

princípios formadores do pensamento da comunicação<br />

visual gráfica. E, também, ajuda a diminuir a<br />

distância que o processo de informatização acabou<br />

impondo entre o designer e o impressor.<br />

“Valorizamos o trabalho do tipógrafo quando<br />

comparamos com os programas que automatizam<br />

os processos de diagramação”, analisa Pauliana<br />

Caetano, designer gráfica da Yemni que assistiu ao<br />

curso de Composição Manual da OTSP. Sua colega<br />

de curso e de trabalho, a também designer Letícia<br />

Anguito, acrescenta: “Nós passamos quase um dia<br />

inteiro compondo um cartão de visitas. Quando se<br />

está acostumado a fazer tudo por software, não se<br />

tem consciência de como era trabalhoso o processo.<br />

Se você quer mexer no espaçamento entre as letras,<br />

aciona um comando no computador e resolve no<br />

mesmo instante, mas na tipografia tem que arrumar<br />

toda a série de tipos. Além disso, a composição é espelhada.<br />

É preciso muito cuidado e atenção”.<br />

As designers também concordam que a tipografia<br />

pode ser um subsídio para a criação. “A tipografia<br />

agrega valor aos trabalhos gráficos por ser um<br />

recurso raro”, afirma Letícia. “Lidar com os tipos<br />

móveis pode enriquecer o design desenvolvido em<br />

meio digital, pois estimula o uso de novas formas e<br />

texturas, diferentes das que usamos normalmente”,<br />

analisa Pauliana. •<br />

magazine 11


xpression<br />

A cooperação é<br />

um dos maiores<br />

aprendizados que tive”<br />

Luciano Bussab, arquiteto da Designio<br />

Arquitetura e Urbanismo e bailarino<br />

contemporâneo da Cia. 8 Nova Dança<br />

O movimento da dança e da<br />

magazine 12<br />

arquitetura<br />

POR Luiza Medeiros<br />

A arte ensinou cooperação<br />

e presença de espírito<br />

As carreiras de arquiteto e a de bailarino<br />

encontraram-se no circo. Luciano Bussab<br />

interessou-se, ainda na faculdade, pela<br />

arquitetura circense e, aos poucos, foi se envolvendo<br />

cada vez mais com as artes do corpo<br />

até chegar na dança contemporânea. Hoje,<br />

ele exerce as duas profissões. A rotina é puxada,<br />

começa no escritório de arquitetura, das<br />

seis às onze da manhã, e continua no Estúdio<br />

Oito Nova Dança, em Perdizes, onde o ensaio<br />

acontece a tarde toda e, por vezes, segue noite<br />

adentro. Em seu move cotidiano, Luciano<br />

concilia cerca de 30 horas de ensaio por semana<br />

com as atividades diárias na Designio<br />

Arquitetura e Urbanismo.


: Como você escolheu a arquitetura?<br />

Luciano Bussab: Fui criado praticamente dentro do escritório<br />

de arquitetura do meu pai e via a profissão como um métier divertido.<br />

Para mim, escritório onde todo mundo desenhava era um<br />

espaço onde todo mundo brincava. Comecei muito cedo a me<br />

divertir dentro do escritório, a desenhar, não só livremente, mas<br />

também tecnicamente. Com 13 anos eu já tinha a habilidade de<br />

usar instrumentos, réguas e tudo mais. Foi uma paixão construída<br />

mesmo, eu não diria que foi uma paixão inata.<br />

E como você começou a dançar?<br />

No final da faculdade, fiz um projeto de arquitetura para a Cia.<br />

Cênica Nau de Ícaros, uma companhia de circo contemporâneo<br />

que eu integrava. Era um projeto de centro cultural. A elaboração<br />

do projeto me aproximou ainda mais desse universo artístico. Em<br />

2005, fizemos uma turnê européia, resolvi ficar por lá e conheci<br />

a Sônia Mota, bailarina brasileira que vivia na Alemanha. Foi ela<br />

quem me incentivou a estudar dança contemporânea. A Sônia<br />

escreveu uma carta de recomendação e eu consegui estudar seis<br />

meses, como aluno convidado, na School for New Dance Development<br />

(SNDO), que integra o Conservatório Nacional da Holanda.<br />

Nessa época, atingi um estágio muito legal dentro da dança.<br />

Quando você decidiu que seguiria com ambas atividades?<br />

Antes de viajar, acreditava que, no Brasil, eu teria dois caminhos:<br />

ou seguiria a carreira de arquiteto como meu pai ou eu seria um<br />

artista muito louco. Enquanto que, na Europa, eu acreditava que<br />

seria reconhecido como artista. Tive, porém, várias oportunidades<br />

de trabalhar ao mesmo tempo com arte e arquitetura e foi aí que<br />

eu saquei, ‘pô esse negócio rola’. Eu conseguia levar as duas coisas.<br />

Em Amsterdã fiz um curso de iluminação e desenvolvi com<br />

meu pai, via internet, um projeto para um restaurante no Brasil.<br />

Quando acabou o curso, decidi voltar. E comecei um projeto semelhante,<br />

que marcou minha reentrada no escritório.<br />

E a dança?<br />

No Brasil, encontrei bailarinos que também tinham estudado na<br />

SNDO e formavam o extinto Estúdio Nova Dança, que passei a<br />

integrar. Cheguei no momento em que companhia ressuscitava,<br />

ganhava prêmios. O trabalho crescia e exigia de mim muita disciplina.<br />

Precisei me adaptar para conseguir manter um cotidiano de<br />

alta performance. Hoje, sou tratado como bailarino profissional,<br />

então, não posso pisar num palco e falar que sou arquiteto. Não<br />

tem desculpa, se você está no palco, tem que fazer bem feito.<br />

O que você leva da dança para sua vida?<br />

Nas aulas de improvisação, estudamos muito a questão da presença.<br />

Em cena, é preciso pensar rápido, oferecer algo para o público.<br />

A vida é um pouco assim também. Já não me preocupo tanto em<br />

ir para as reuniões superpreparado; vou com o intuito de resolver.<br />

No escritório, quem assume um trabalho deve resolvê-lo. É claro<br />

que existe a preparação; na dança, é a rotina de ensaios e na arquitetura,<br />

a fundamentação para chegar no escritório e saber resolver.<br />

Outra coisa que levo é a questão da confiança no outro. Nossa<br />

companhia é um grupo heterogêneo de 13 pessoas. Não existe<br />

uma divisão de núcleos. Existe uma célula-base, que são as pessoas<br />

que participam de mais projetos, e as que dedicam menos tempo,<br />

porque dançam em outros lugares ou se dedicam a outros projetos.<br />

É uma relação muito boa. Dessa maneira, a gente consegue<br />

valorizar as ações de cada um dentro da companhia. Eu levei isso<br />

para o escritório. Lá, tem gente que prefere trabalhar com horários<br />

fixos para entrar e sair, mas isso não é obrigatório. O salário de cada<br />

um é estipulado de acordo com a quantidade e a importância das<br />

ações dentro do escritório. Quem tem mais tempo de profissão resolve<br />

questões complexas com um telefonema, por exemplo. Mas<br />

tem toda uma experiência como respaldo para aquela ação.<br />

E do circo?<br />

A cooperação é um dos maiores aprendizados que tive. A estrutura<br />

não pode ser rígida. Em cena, você está manipulando energia. O<br />

lance é como você mantém essa transferência de energia constante.<br />

O segredo é: quanto mais você manda, mais recebe. Quanto<br />

mais liberdade você dá para alguém que trabalha com você, mais<br />

aceitará as suas ideias. Acontece o mesmo com o cliente. No escritório,<br />

não desenvolvemos a partir de um estilo fechado. Você<br />

tem que entrar em contato com a pessoa, entender o que ela quer<br />

e saber como traduzir isso, em parceria. Você pega todo o repertório<br />

de formas e mostra os caminhos. Dá a estrutura para ela e a<br />

deixa passear um pouco nesse universo. Sem querer reter, sem<br />

dizer “isso aqui é meu, é minha criação”. Para qualquer projeto,<br />

a criação passa por uma linha bem pessoal e, como em qualquer<br />

trabalho, a confiança é o verdadeiro contrato. •<br />

magazine 13


tc...<br />

“Tipoesias” visuais<br />

Uma revista voltada para a produção do design tipográfico nacional<br />

e suas manifestações na cultura em geral, assim é Tupigrafia. Criada<br />

em 2007, a publicação está na nona edição. Do conteúdo, fazem parte<br />

também informações sobre o cenário internacional e sobre a produção<br />

da arte caligráfica no Brasil e no exterior. Cada edição vem com mais de<br />

uma opção de capa, criadas por artistas diferentes.<br />

Uma leitura interessante não só para os envolvidos com o processo<br />

gráfico e editorial, mas também para os que valorizam a arte de<br />

organizar os recursos visuais em páginas de livro, cartazes, placas de<br />

sinalização. Pode ser encomendada pelo site www.tupigrafia.com.br.<br />

Elenio Pico<br />

magazine 14<br />

Hoje me sinto...<br />

O site We Feel Fine disponibiliza um aplicativo que mapeia as<br />

emoções humanas no mundo. Segundo os criadores, o objetivo<br />

do projeto é mostrar às pessoas a beleza dos altos e baixos da<br />

vida. O aplicativo recolhe das publicações de blogs as frases<br />

“Eu sinto” e “Estou me sentindo”, em inglês, e salva a sentença<br />

completa. O resultado é um banco de dados com milhões de<br />

sentimentos, representados por símbolos coloridos que reagem<br />

aos movimentos do mouse.<br />

Usando interfaces divertidas, é possível navegar pelos textos<br />

e organizá-los de diversas maneiras e descobrir respostas<br />

para perguntas como: “Os brasileiros são mais felizes que os<br />

ingleses?” “Como sentem-se as pessoas neste momento no<br />

Japão?” “As mulheres sentem-se mais gordas que os homens?”<br />

Veja no www.wefeelfine.org<br />

Sonhos de criança<br />

“Um dia, sonhei que estavam vendendo meu<br />

irmão. Perguntei a minha irmã se tinha dinheiro<br />

para comprá-lo. Ela tinha, então o comprei”. O<br />

trecho faz parte de Meu Irmão Vendido, baseado<br />

na descrição do sonho da pequena María Elena,<br />

do México. O texto é um dos “200 Sonhos<br />

Ilustrados”, coleção que reúne textos de relatos<br />

oníricos de crianças mexicanas, espanholas<br />

e brasileiras recolhidos por Roger Omar e<br />

ilustrados por mais de 200 artistas de diversos<br />

países. Confira: http://migre.me/4eYEW


Sua marca não vai ficar<br />

só na primeira impressão<br />

Para a Yemni, a qualidade não termina na<br />

prancheta. E, para que a qualidade esteja<br />

presente do começo ao fim do processo,<br />

criou sua própria unidade gráfica e uma<br />

rede integrada de fornecedores<br />

gabaritados, o que garante mais agilidade e<br />

controle na produção com menores custos.<br />

Assim, não importa o tamanho das peças<br />

ou a quantidade a ser produzida, o padrão<br />

de qualidade Yemni não vai ficar só na<br />

primeira impressão.

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