17.11.2015 Views

yemag #08

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

m a g a z i n e<br />

magazine 01<br />

Marcas<br />

PUBLICAÇÃO YEMNI – BRANDING, DESIGN & COMM NOV . 2011 Nº 08 – ANO II<br />

em exposição<br />

design e mercado<br />

04 O design segundo a HSM // 10 BDW em evolução<br />

12 Entrevista: Raimo Benedetti // 14 Notas<br />

# 08


magazine 02


ah!<br />

Caro leitor,<br />

Cada edição da Yemni Magazine tem um significado especial para nós, pois sempre<br />

abordamos assuntos que consideramos relevantes tanto para nossa equipe quanto<br />

para nossos leitores. Buscamos a cada revista comunicar de maneira muito clara nossos<br />

propósitos e propostas em relação a nosso negócio e discutir direções do mercado.<br />

Acredito, porém, que neste número estamos indo além, pois tratamos da evolução<br />

de nosso setor como um todo, representada por mais uma Brasil Design<br />

Week, realizada neste novembro, em São Paulo.<br />

Além de marcar nossa estreia como participantes desse grande evento organizado<br />

pela ABEDESIGN, podemos festejar o que temos esperado como resultado da<br />

atuação do design brasileiro: sua inserção nas estratégias de negócio das corporações.<br />

Foi notável o grande interesse que a BDW despertou entre os empresários e executivos<br />

presentes à HSM ExpoManagement, à qual esteve integrada nossa exposição.<br />

E ficamos ainda mais otimistas diante de outro dado percebido por quem vive<br />

o mercado: a importância que as corporações tem dispensado à construção da marca<br />

como ferramenta essencial em suas estratégias de marketing. Principalmente num<br />

mundo que se comunica cada vez mais de forma instantânea e no qual as empresas<br />

precisam estar sempre presentes. Esse ambiente é definitivo e quem não entrar nele<br />

com uma marca forte, corre o risco de ser esquecido. Ou pior.<br />

Nesse contexto, não podemos deixar de citar também a ação da ABEDESIGN<br />

no sentido de ampliar a noção de que design e branding são ferramentas fundamentais<br />

para agregar valor a produtos e serviços.<br />

A única matéria fora do assunto BDW demonstra que a marca, mesmo quando<br />

se refere a um profissional que atua “como pessoa física e jurídica ao mesmo tempo” ,<br />

caso do produtor e videoartista Raimo Benedetti, é fundamental para definir um relacionamento<br />

com o mercado.<br />

magazine 03<br />

Espero que aproveite!<br />

Vitor Patoh<br />

Publicação da Yemni – Branding, Design & Comm<br />

Produção e Execução: Yemni – Branding, Design & Comm Diretor Executivo: Vitor Patoh Editor: Henrique Ostronoff<br />

(Jornalista responsável - MTb. 14.856) Editora Assistente: Luiza Medeiros Designers: Pauliana Caetano e Sabrina<br />

Lotfi Hollo Revisora: Eleonora B. Rantigueri Foto de Capa: Istockphoto Impressão e Acabamento: Atrativa Gráfica<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

© 2011 Yemni – Branding, Design & Comm Todos os direitos reservados – www.yemni.com.br<br />

Esta revista é impressa em papel. O papel é biodegradável, renovável e provém de florestas plantadas. Essas florestas são lavouras que dão emprego a<br />

milhares de brasileiros e as árvores plantadas amenizam o efeito estufa, pois absorvem o gás carbônico durante seu crescimento. Imprimir é dar vida!<br />

Fale Conosco redação@yemni.com.br<br />

www.yemni.com.br/blog Yemni – Branding, Design & Comm twitter.com/yemni


strategy<br />

Sinais do<br />

mercado<br />

magazine 04<br />

POR Henrique Ostronoff<br />

Design de marcas e<br />

branding vêm ganhando<br />

espaço entre as empresas<br />

brasileiras


“A penas as grandes corporações,<br />

que estão competindo em nível global,<br />

parecem se dar conta de que o design não<br />

cumpre só uma função estética, mas também<br />

a de ser uma ferramenta fundamental<br />

para ‘transmitir uma história’ e estabelecer<br />

um vínculo afetivo com os consumidores”,<br />

afirma Marcos Braga.<br />

Braga é presidente da HSM, uma empresa<br />

que se posiciona na linha de frente<br />

da difusão de conteúdo de primeira ordem<br />

sobre – e para – o mundo corporativo, utilizando<br />

os mais variados meios de comunicação,<br />

como, entre outros, palestras, publicações,<br />

eventos e web.<br />

A HSM criou e organiza a HSM ExpoManagement,<br />

um dos mais importantes<br />

eventos de gestão, que, desde o ano passado,<br />

abriga a Brasil Design Week (veja mais<br />

em yexperience). Marcos Braga porta, assim,<br />

uma visão real do mercado.<br />

As palavras do executivo da HSM vão<br />

ao encontro de uma das metas prioritárias<br />

da Associação Brasileira de Empresas de<br />

Design, a ABEDESIGN, e de suas associadas:<br />

deixar claro para o empresário nacional<br />

que as atividades do setor que representam<br />

estão intensamente relacionadas à estratégia<br />

de negócios das corporações.<br />

No entanto, de acordo com Braga essa<br />

percepção é “ainda incipiente” por parte<br />

do mercado. Ainda são escassos os exemplos<br />

de empresas nacionais que investem<br />

na marca como estratégia de marketing e<br />

comunicação. Ou no design estratégico,<br />

processo de longo prazo de grande valia<br />

para posicionar o negócio e “comunicar aos<br />

consumidores uma mensagem que os identifique<br />

com seus produtos e serviços”.<br />

Apenas as grandes corporações<br />

parecem se dar conta de que o<br />

design não cumpre só uma função<br />

estética, mas também a de ser<br />

uma ferramenta fundamental para<br />

estabelecer um vínculo afetivo<br />

com os consumidores.”<br />

Marcos Braga, presidente da HSM<br />

Nike, Apple e Unilever, por outro lado, são casos<br />

consagrados de negócios baseados em marcas construídas<br />

com uma tal profundidade que suas mensagens são globalmente<br />

identificadas.<br />

A BDW na HSM ExpoManagement abriu oportunidade<br />

para que os escritórios de design reforçassem sua percepção<br />

junto ao mercado. Dessa forma, Marcos Braga infere<br />

que a ABEDESIGN tem otimizado seu investimento e<br />

levado a seus associados expositores um público altamente<br />

qualificado e de perfil adequado. Ali, os visitantes entram<br />

em contato com os avançados conceitos de comunicação<br />

desenvolvidos pelas agências, “despertando sua consciência<br />

para a importância do tema design para os negócios”.<br />

magazine 05


xperience<br />

magazine 06<br />

A feira das<br />

marcas<br />

POR Henrique Ostronoff<br />

BRASIL DESIGN WEEK ESTIMULA NEGÓCIOS E MOLDA<br />

A VISÃO QUE AS CORPORAÇÕES TÊM DO DESIGN


No Brasil, o design é visto como algo que embeleza as coisas.<br />

Entretanto, trata-se de uma ferramenta fantástica e estratégica, algo que<br />

vende o negócio, transforma o negócio, que o torna tangível”. A opinião é<br />

de Gian Franco Rocchiccioli, diretor de Promoção Comercial da Associação<br />

Brasileira das Agências de Design, a ABEDESIGN.<br />

Como parte dos esforços para mostrar a verdadeira dimensão do design,<br />

neste ano a ABEDESIGN promoveu a quarta edição da Brasil Design<br />

Week. A Yemni foi uma das vinte agências de branding e design que<br />

participaram desta ‘semana do design brasileiro’.<br />

Considerada o mais importante evento desse setor no Brasil, a BDW<br />

faz parte das ações da entidade para atingir um de seus principais objetivos:<br />

o reconhecimento do design como uma atividade prioritária para a<br />

definição das estratégias de negócios das empresas. “Mantivemos as metas<br />

de curto e longo prazo. Obviamente, buscamos gerar negócios de design,<br />

mas, principalmente, continuamos a esclarecer, ano a ano, o que é o design<br />

e de que forma ele pode ajudar a indústria brasileira a agregar valor”,<br />

explica o diretor da ABEDESIGN, Gian Franco.<br />

Esse entendimento é essencial<br />

e percebe-se que as empresas-líderes<br />

já compartilham os objetivos<br />

dos trabalhos desenvolvidos pelos<br />

escritórios de branding e design.<br />

De acordo com Vitor Patoh,<br />

sócio-diretor da Yemni, “o design<br />

é a ponta do iceberg do branding<br />

e, por ser a pequena parte exposta,<br />

deve revelar todos os valores e<br />

atributos das corporações, de suas<br />

unidades de negócios, produtos e<br />

serviços.” »<br />

As marcas precisam falar<br />

por si próprias, de forma<br />

clara, rápida e objetiva.”<br />

Vitor Patoh, sócio-diretor da Yemni<br />

magazine 07


xperience<br />

magazine 08<br />

O aumento da velocidade dos sistemas de informação e as novas gerações<br />

de processamento multitarefa têm influenciado a relação das marcas com seus<br />

públicos. “A opção por esta ou aquela marca está na ponta dos dedos nas redes<br />

sociais, tablets, smartphones ou TVs interativas. Nesse cenário, as marcas precisam<br />

aproximar-se de seus públicos de interesse através de um vínculo emocional.<br />

Devem agir como uma pessoa”, analisa Patoh.<br />

Para tanto, continua Patoh, “as marcas precisam falar por si próprias, de<br />

forma clara, rápida e objetiva, e ter personalidade forte”. Com isso, o design passou<br />

a ser demandado com mais critério na construção das marcas e a mudar de<br />

patamar. “Temos visto as marcas e o design subirem os andares das corporações<br />

e, hoje, serem tratados nas mesas dos CEOs”.<br />

O presidente da ABEDESIGN, Luciano Deos, concorda com a ideia de que<br />

a percepção sobre o design ajusta-se cada vez mais à realidade. Para ele, isso se deve<br />

à evolução do mercado nos últimos dez anos e ao envolvimento de outros agentes,<br />

como o meio acadêmico e os órgãos governamentais de apoio à atividade.<br />

“O design está caminhando bem nessa área. Marca é um tema corrente<br />

nas empresas e o design vem ganhando relevância. Está sendo ampliada a visão<br />

de que design só está ligado à identidade”, conclui Luciano. “Como qualquer<br />

disciplina, há um tempo necessário a sua compreensão pelo mercado. O design<br />

está indo muito rápido e, hoje, temos uma demanda bastante interessante”.


A ABEDESIGN tem como objetivo principal “fazer com que as empresas<br />

de design fiquem mais fortes na medida em que melhorem suas competências<br />

de gestão”, o que inclui o fortalecimento da profissionalização do<br />

setor. Ao mesmo tempo, ainda nas palavras de Luciano Deos, a entidade<br />

“promove atividades de forma estratégica junto ao cliente e ao mercado”.<br />

Assim como outros projetos, a realização anual da Brasil Design Week integra<br />

essa estratégia. Caminham na mesma direção a pesquisa de mapeamento<br />

setorial realizada com o Sebrae e destinada a levantamento de dados para planejamento<br />

estratégico e o desenvolvimento de networks e articulações com organismos<br />

governamentais e privados. Complementarmente,<br />

uma missão formada por 20<br />

empresários do setor deve participar de um<br />

evento de capacitação em Nova Iorque.<br />

Apesar da presença do design brasileiro<br />

no exterior ser ainda tímida, a participa-<br />

a passos largos nessa área.<br />

O design está caminhando<br />

ção de agências nacionais no Cannes Lions, A questão da marca é um<br />

um dos grandes eventos mundiais do setor, tema corrente nas empresas.”<br />

tem sido crescente. “A criatividade do Brasil<br />

Luciano Deos, presidente da ABEDESIGN<br />

é, hoje, reconhecida; o país está em voga.<br />

Tudo isso amplia nossa visibilidade. Mas,<br />

certamente, ainda não somos referência em<br />

design”, diz Luciano Deos. •<br />

Estratégia para o design<br />

magazine 09<br />

Economia criativa<br />

O fórum Políticas Públicas e de Fomento,<br />

realizado na BDW, discutiu o design como<br />

meio de agregar valor a produtos e empresas.<br />

Representantes da Apex-Brasil, do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior (MDIC) e do BNDES falaram sobre as<br />

medidas que vêm sendo adotadas para aproximar<br />

cada vez mais o design das empresas.<br />

Fernanda Messias, do MDIC, salientou a<br />

constituição, pelo Governo Federal, da Secretaria<br />

da Economia Criativa, que tem entre<br />

seus objetivos o de valorizar o design. Para<br />

Ana Cristina Rodrigues da Costa, do BNDES,<br />

as empresas nacionais tendem a privilegiar<br />

os aspectos tecnológicos de suas produções,<br />

sem realizar que a inserção do design<br />

no plano estratégico de seus negócios poderia<br />

produzir melhores resultados.<br />

Kare Bach Kristiansen, do Danish Design<br />

Centre, entidade estatal da Dinamarca que<br />

promove o uso de design estratégico, destacou<br />

que 90% das corporações daquele<br />

país acreditam no impacto produzido pelo<br />

design sobre a competitividade.<br />

Agora, o Brasil precisa evoluir<br />

industrialmente, agregando<br />

valor ao produto industrial<br />

brasileiro.”<br />

Gian Franco Rocchiccioli, diretor de<br />

Promoção Comercial da ABEDESIGN


xplore<br />

de Ajustes<br />

magazine 10<br />

POR Henrique Ostronoff<br />

A HISTÓRIA DA BRASIL DESIGN WEEK É RECENTE,<br />

MAS REPLETA DE MUDANÇAS E CONQUISTAS<br />

E m sua quarta edição, a Brasil Design Week manteve o objetivo traçado<br />

em sua criação: viabilizar no mercado nacional um ambiente que reunisse todas as<br />

partes empenhadas em agregar valor ao produto brasileiro. E, como seria de se esperar,<br />

os atores principais foram as agências de design, as entidades públicas e privadas<br />

que promovem o desenvolvimento do design, e, principalmente, os consumidores<br />

de design, ou seja, executivos e empresários.<br />

A primeira versão da BDW aconteceu em 2008, no Rio de Janeiro, com forte apoio<br />

do governo fluminense e da ApexBrasil, Agência Brasileira de Promoção de Exportação<br />

e Investimentos, que, até hoje, dá suporte ao evento. Na ocasião, e com a<br />

participação de diversas empresas do setor, foi organizado um fórum que resultou<br />

num documento balizador onde todos se comprometeram a alinhar esforços pelo<br />

design e a renovar tais esforços anualmente.<br />

“O evento foi positivo, mas ainda era preciso trazer as empresas para que elas<br />

entendessem a oferta de design”, diz Gian Franco Rocchiccioli, diretor de Promoção<br />

Comercial da ABEDESIGN. O fato é que fora dado o pontapé inicial e a<br />

primeira BDW recebeu um grande número de visitantes, e lhes deu ocasião de<br />

aprofundar sua visão de design.


2008<br />

APRESENTAR O<br />

DESIGN<br />

2009<br />

MOSTRAR A<br />

FORÇA<br />

DO DESIGN<br />

2010<br />

INSERIR O DESIGN<br />

NA PAUTA DE<br />

NEGÓCIOS<br />

No ano seguinte, a BDW foi para São Paulo e ocupou<br />

o prédio da FECOMERCIO, Federação do Comércio<br />

de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo,<br />

a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio<br />

e serviços.<br />

O consumidor em potencial dos serviços que estavam<br />

sendo oferecidos começava a comparecer. O evento<br />

brilhou. Foram muitos visitantes, houve repercussão na<br />

imprensa e a organização conseguiu aglutinar grande número<br />

de empresas de criação.<br />

As duas primeiras BDW fizeram com que a exposição<br />

firmasse sua importância e periodicidade. E, em<br />

2010, a ABEDESIGN deu mais um passo no sentido de<br />

aperfeiçoá-la.<br />

Nesse ano, iniciou-se o movimento para aumentar a<br />

proximidade entre os escritórios de design e seu público.<br />

Juntando-se à HSM, líder mundial de educação executiva,<br />

a ABEDESIGN adotou um novo modelo. A HSM já organizava<br />

um grande evento – a HSM ExpoManagement, na<br />

realidade um megaevento de gestão, frequentado pelo que<br />

pode ser considerado o público-alvo da BDW – e interessouse<br />

em abrigar a BDW, tida como o maior evento do gênero na<br />

América Latina. De acordo com o diretor da ABEDESIGN,<br />

a HSM “entende que o design é um assunto excepcional,<br />

tratado, inclusive, em sua revista”, a HSM Management.<br />

A realização da Brasil Design Week no novo formato<br />

deixou muito claro para a ABEDESIGN que a exposição<br />

tomava o rumo certo. Como a parceria concretizou-se em<br />

data muito próxima à realização do evento, não houve tempo<br />

hábil para que a BDW otimizasse a formatação de seu<br />

espaço dentro da ExpoManagement. Ainda assim, o evento<br />

de 2010 significou mais um salto de qualidade.<br />

Em novembro de 2011, a HSM ExpoManagement,<br />

realizada no Transamérica Expo Center, em São Paulo, agitou<br />

o universo dos executivos e empresários. Entre os palestrantes,<br />

figuras do calibre dos brasileiros Abílio Diniz e Armírio<br />

Fraga e de Ram Charan e Peter Senge, que integram o<br />

time dos mais influentes pensadores de negócios do mundo.<br />

A BDW, um dos seis núcleos temáticos das Estações<br />

de Conhecimento integrados à ExpoManagement, ocupou<br />

um espaço de 550 metros quadrados e contou com<br />

um estande coletivo, reunindo as 22 agências de design<br />

participantes.<br />

Compartilhar o espaço com seu público-alvo permitiu<br />

maior interação entre as agências de design e branding<br />

e empresários e executivos em busca desses serviços. Com<br />

tudo isso, a BDW 2011 deu ainda mais impulso à proposta<br />

maior do evento: mostrar como o design e o branding<br />

podem contribuir para agregar valor às marcas e produtos<br />

brasileiros. •<br />

magazine 11


xpression<br />

Quando você trabalha<br />

artisticamente, é o<br />

dono do pedaço.<br />

Você arrisca mais e<br />

erra mais também.”<br />

Raimo Benedetti, produtor<br />

e professor de vídeoarte e<br />

proprietário do Estúdio B<br />

Marca pessoal<br />

POR henrique ostronoff<br />

magazine 12<br />

ARTISTA EXPERIMENTAL E DONO DE PRODUTORA DE<br />

VÍDEO UNE AS DUAS ATIVIDADES numa só IDENTIDADE<br />

“Faço trabalho de videoarte independente, dou aula de vídeo<br />

experimental e também trabalho com vídeo profissionalmente. Tenho uma<br />

produtora, trabalho para o mercado de maneira ampla, mas sempre juntando<br />

pessoa física e jurídica”.<br />

É assim que Raimo Benedetti define a sua forma de trabalhar. Em suas viagens<br />

destinadas ao vídeo experimental (“tudo aquilo que não cabe como ficção ou<br />

documentário”), detecta o que pode ser aproveitado nos vídeos comerciais.<br />

“Sou uma pessoa despojada, não me trajo nem me porto como dono de produtora.<br />

Meu site é feito com escrita antiga, meu cartão é feito por meio de um<br />

carimbo”, diz. “A marca de minha empresa sou eu mesmo.”<br />

Há 12 anos, Raimo é professor do curso de vídeo experimental, leciona no Instituto<br />

Tomie Ohtake e dá cursos também em museus de arte, festivais de cinema,<br />

universidades e empresas. Além disso, como montador de filmes, teve em suas<br />

mãos produções de Fernando Meirelles e Cao Hamburguer.<br />

A maioria dos clientes de sua produtora, a Estúdio B (www.estudiob.tv), é do Terceiro<br />

Setor, “o que se encaixa bem a nossa proposta”, mas já fez trabalhos para<br />

empresas como a Coca-Cola, a Natura e a Lenovo. Também produz videoclipes e<br />

video-cenários. E explica: “O nome B do estúdio é para o cliente saber que quando<br />

ele procura meu trabalho, encontra alguma coisa bem diferenciada”.


: Por que você trabalha preferencialmente com o Terceiro<br />

Setor?<br />

Raimo: Minha estrutura de trabalho é muito enxuta e, quando<br />

preciso, tenho uma rede de fornecedores, como fotógrafos,<br />

editores etc. Vou para a reunião com o cliente, roteirizo, pego<br />

a câmera, filmo, edito, escrevo o texto da locução, edito. Esse<br />

contexto se encaixa bem ao perfil do Terceiro Setor.<br />

Como começou o relacionamento com esse setor?<br />

Acabei ingressando no Terceiro Setor porque mantenho contato<br />

muito próximo e me preocupo muito com o cliente. O que ofereço<br />

é realmente trabalhar ao lado e entender a fundo as questões<br />

com as quais esses clientes lidam. Trabalho muito bem com<br />

problemáticas sociais, atividades de educação ou com pessoas<br />

com deficiência, por exemplo. Consigo chegar perto, olhar no<br />

olho. Os resultados acabam aparecendo na tela.<br />

Como sua atividade artística influencia o trabalho da produtora?<br />

Quando eu trabalho com arte, fico livre para criar aquilo que<br />

quero. Desse laboratório, aproveito aspectos ligados à linguagem.<br />

Um estilo novo de animação feita à mão ou um exercício<br />

de colagem podem virar o estilo de vinheta gráfica para ser incorporado<br />

a um trabalho comercial, por exemplo. Quando você<br />

trabalha artisticamente, é o dono do pedaço. Você arrisca mais<br />

e erra mais também. Desses erros e acertos, você consegue, filtrando,<br />

tirar coisas que eventualmente use dentro de um roteiro<br />

um pouco mais formal, mais comercial.<br />

Você imprime com intensidade o lado pessoal artístico no<br />

profissional. É importante essa interação quando se trabalha<br />

com comunicação?<br />

É uma faca de dois gumes que, às vezes, ajuda e, às vezes, atrapalha.<br />

Minha opção por fazer um pouco essa mistura é que não<br />

poderia ser de outra maneira. Para mim, formalizar demais seria<br />

perder o brilho, o encanto. E deixar muito informal seria perder<br />

os clientes. Esse é o único jeito que eu quero de trabalhar. E enquanto<br />

tenho demanda de trabalho, nada me motiva a ser diferente.<br />

Não pretendo crescer mais no meu business, quero que<br />

continue de uma forma que eu mantenha o controle total sobre<br />

ele. Não quero ser dono de um grande negócio com dezenas de<br />

funcionários. Quero ter colaboradores, em sua maioria freelancers,<br />

de fato trabalhando comigo. Então, é isso que me leva a ter esse<br />

tipo de postura pessoal e profissional.<br />

Como você encontra profissionais alinhados a seu modo de<br />

trabalhar?<br />

Tenho uma rede de contatos, que montei nos últimos 15 anos.<br />

Ao longo desse tempo, fiz mais de mil trabalhos e tive a oportunidade<br />

de conhecer muita gente e muitos fornecedores. Essas<br />

pessoas são o tipo de gente que vai despontar no mercado num<br />

futuro muito próximo. Há muitos anos tenho tido o cuidado de<br />

manter o contato com ex-alunos, desde o primeiro curso que<br />

dei, em 1999. Tive muitos alunos que voaram, estão aí, fazem<br />

as coisas. E sempre acaba acontecendo uma colaboração nos<br />

trabalhos. E não é da maneira formal, como o mercado está<br />

acostumado a fazer.<br />

O contato próximo, a relação<br />

humana que tenho com o<br />

cliente, é a atração e o forte fator<br />

de conexão com esse cliente.”<br />

Você desenvolve um trabalho diferenciado, até na forma<br />

como apresenta sua empresa. Por que seus clientes escolhem<br />

uma produtora com esse perfil?<br />

O contato próximo, a relação humana que tenho com o cliente,<br />

é a atração e o forte fator de conexão com esse cliente. Assim, a<br />

taxa de clientes que vêm trabalhar comigo e permanecem fiéis<br />

é muito grande. Eu mantenho o contato pessoal, acompanho<br />

todo o trabalho muito de perto. Então, esse é o grande barato<br />

de trabalhar com o Estúdio B. É saber que vai ser super bem<br />

atendido, que vai receber um produto muito bem acabado. No<br />

final, o cliente vai receber um trabalho muito parecido com o<br />

que seria realizado por uma grande produtora e, em algumas<br />

oportunidades, melhor. E, pelo fato de não ter que sustentar<br />

uma estrutura grande, o preço é supercompetitivo. Consigo<br />

apresentar orçamentos que são muito menores do que o do mercado<br />

normal. •<br />

magazine 13


tc...<br />

Público-alvo: designers<br />

Chega ao mercado o livro Design Gráfico Sustentável, publicado pela<br />

Edições Rosari. O autor, Brian Dougherty, indicado pela revista I.D., em<br />

2004, como um dos 40 designers mais influentes dos EUA, fala em como<br />

é possível fazer um trabalho interessante e inovador na área do design<br />

sustentável, nas grandes empresas do mundo assim como nas pequenas ou<br />

em organizações sem fins lucrativos. Uma amostra do livro está disponível<br />

no site www.greengraphicdesign.net. Há nove anos no mercado, a Rosari<br />

já publicou 95 títulos, 60 deles sobre design, um nicho que a editora<br />

resolveu explorar por acreditar que o Brasil necessitava de mais literatura<br />

relacionada ao segmento. Confira mais títulos em: www.rosari.com.br<br />

magazine 14<br />

Keep walking, Brazil<br />

Kerning online<br />

Entre um trabalho e outro, o designer<br />

Mark MacKay criou um jogo para os<br />

amantes da tipografia, o Kern Type.<br />

Tecnicamente, a brincadeira tem origem<br />

no kerning, que é o processo de adicionar<br />

ou remover espaço entre caracteres. A<br />

missão é simples: tornar o texto agradável<br />

e de leitura fácil, distribuindo o espaço<br />

entre as letras. Sua pontuação no jogo<br />

depende de quão próximo você chegou<br />

do resultado ideal. Boa sorte! Veja em:<br />

www.type.method.ac<br />

Pela primeira vez, a produção e criação da campanha mundial da Johnnie<br />

Walker é brasileira. Nada mais natural, uma vez que o Brasil é o segundo<br />

maior consumidor da marca. Os comerciais JW costumam contar histórias<br />

de superação, e a ideia de realizar um comercial com o personagem Brasil<br />

foi a de aliar a marca ao momento atual de progresso do país, o gigante<br />

adormecido, o gigante pela própria natureza. Para a realização da peça de<br />

um minuto, a produção contou com 420 pessoas, seis dias de filmagens,<br />

11 km de filme, 216 figurantes e 12 mil horas de computação gráfica. No<br />

filme, o Pão de Açúcar transforma-se num gigante de pedra, que se levanta<br />

e caminha em direção ao mar. O cartão postal carioca seria, na verdade, o<br />

joelho do gigante. “O gigante não está mais adormecido. Keep Walking,<br />

Brazil”. Assista em: www.youtube.com/johnniewalkerbrasil


magazine 016

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!