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xpression Quando você trabalha artisticamente, é o dono do pedaço. Você arrisca mais e erra mais também.” Raimo Benedetti, produtor e professor de vídeoarte e proprietário do Estúdio B Marca pessoal POR henrique ostronoff magazine 12 ARTISTA EXPERIMENTAL E DONO DE PRODUTORA DE VÍDEO UNE AS DUAS ATIVIDADES numa só IDENTIDADE “Faço trabalho de videoarte independente, dou aula de vídeo experimental e também trabalho com vídeo profissionalmente. Tenho uma produtora, trabalho para o mercado de maneira ampla, mas sempre juntando pessoa física e jurídica”. É assim que Raimo Benedetti define a sua forma de trabalhar. Em suas viagens destinadas ao vídeo experimental (“tudo aquilo que não cabe como ficção ou documentário”), detecta o que pode ser aproveitado nos vídeos comerciais. “Sou uma pessoa despojada, não me trajo nem me porto como dono de produtora. Meu site é feito com escrita antiga, meu cartão é feito por meio de um carimbo”, diz. “A marca de minha empresa sou eu mesmo.” Há 12 anos, Raimo é professor do curso de vídeo experimental, leciona no Instituto Tomie Ohtake e dá cursos também em museus de arte, festivais de cinema, universidades e empresas. Além disso, como montador de filmes, teve em suas mãos produções de Fernando Meirelles e Cao Hamburguer. A maioria dos clientes de sua produtora, a Estúdio B (www.estudiob.tv), é do Terceiro Setor, “o que se encaixa bem a nossa proposta”, mas já fez trabalhos para empresas como a Coca-Cola, a Natura e a Lenovo. Também produz videoclipes e video-cenários. E explica: “O nome B do estúdio é para o cliente saber que quando ele procura meu trabalho, encontra alguma coisa bem diferenciada”.
: Por que você trabalha preferencialmente com o Terceiro Setor? Raimo: Minha estrutura de trabalho é muito enxuta e, quando preciso, tenho uma rede de fornecedores, como fotógrafos, editores etc. Vou para a reunião com o cliente, roteirizo, pego a câmera, filmo, edito, escrevo o texto da locução, edito. Esse contexto se encaixa bem ao perfil do Terceiro Setor. Como começou o relacionamento com esse setor? Acabei ingressando no Terceiro Setor porque mantenho contato muito próximo e me preocupo muito com o cliente. O que ofereço é realmente trabalhar ao lado e entender a fundo as questões com as quais esses clientes lidam. Trabalho muito bem com problemáticas sociais, atividades de educação ou com pessoas com deficiência, por exemplo. Consigo chegar perto, olhar no olho. Os resultados acabam aparecendo na tela. Como sua atividade artística influencia o trabalho da produtora? Quando eu trabalho com arte, fico livre para criar aquilo que quero. Desse laboratório, aproveito aspectos ligados à linguagem. Um estilo novo de animação feita à mão ou um exercício de colagem podem virar o estilo de vinheta gráfica para ser incorporado a um trabalho comercial, por exemplo. Quando você trabalha artisticamente, é o dono do pedaço. Você arrisca mais e erra mais também. Desses erros e acertos, você consegue, filtrando, tirar coisas que eventualmente use dentro de um roteiro um pouco mais formal, mais comercial. Você imprime com intensidade o lado pessoal artístico no profissional. É importante essa interação quando se trabalha com comunicação? É uma faca de dois gumes que, às vezes, ajuda e, às vezes, atrapalha. Minha opção por fazer um pouco essa mistura é que não poderia ser de outra maneira. Para mim, formalizar demais seria perder o brilho, o encanto. E deixar muito informal seria perder os clientes. Esse é o único jeito que eu quero de trabalhar. E enquanto tenho demanda de trabalho, nada me motiva a ser diferente. Não pretendo crescer mais no meu business, quero que continue de uma forma que eu mantenha o controle total sobre ele. Não quero ser dono de um grande negócio com dezenas de funcionários. Quero ter colaboradores, em sua maioria freelancers, de fato trabalhando comigo. Então, é isso que me leva a ter esse tipo de postura pessoal e profissional. Como você encontra profissionais alinhados a seu modo de trabalhar? Tenho uma rede de contatos, que montei nos últimos 15 anos. Ao longo desse tempo, fiz mais de mil trabalhos e tive a oportunidade de conhecer muita gente e muitos fornecedores. Essas pessoas são o tipo de gente que vai despontar no mercado num futuro muito próximo. Há muitos anos tenho tido o cuidado de manter o contato com ex-alunos, desde o primeiro curso que dei, em 1999. Tive muitos alunos que voaram, estão aí, fazem as coisas. E sempre acaba acontecendo uma colaboração nos trabalhos. E não é da maneira formal, como o mercado está acostumado a fazer. O contato próximo, a relação humana que tenho com o cliente, é a atração e o forte fator de conexão com esse cliente.” Você desenvolve um trabalho diferenciado, até na forma como apresenta sua empresa. Por que seus clientes escolhem uma produtora com esse perfil? O contato próximo, a relação humana que tenho com o cliente, é a atração e o forte fator de conexão com esse cliente. Assim, a taxa de clientes que vêm trabalhar comigo e permanecem fiéis é muito grande. Eu mantenho o contato pessoal, acompanho todo o trabalho muito de perto. Então, esse é o grande barato de trabalhar com o Estúdio B. É saber que vai ser super bem atendido, que vai receber um produto muito bem acabado. No final, o cliente vai receber um trabalho muito parecido com o que seria realizado por uma grande produtora e, em algumas oportunidades, melhor. E, pelo fato de não ter que sustentar uma estrutura grande, o preço é supercompetitivo. Consigo apresentar orçamentos que são muito menores do que o do mercado normal. • magazine 13
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