Folha de Jacarandá | Ano XIX | n. 18 | nov. 2015

Refeições sem ajuda
A Maria, de 4 anos e 3 meses, já
faz quase tudo sozinha. Principalmente
na hora das refeições. Lava as mãos,
come, escova os dentes, pega um copo
de água. Também usa o banheiro sem
muita ajuda, mas ainda com alguma
supervisão dos pais. Quando vai sair
de casa, Maria faz questão de se vestir
sozinha e carregar a mochila da escola.
Lucas, pai de Maria, do G4
Banho supervisionado só por
causa da falta d’ água
Artur, de 5 anos e 10 meses, já tomaria o
banho todo sozinho. Mas, por causa da
crise hídrica, a mãe assume a tarefa para
que ele não gaste muita água. Também
consegue se vestir sozinho, mas o difícil é
parar de brincar pra fazer isso! Já comer
e escovar os dentes é fácil e os pais hoje
em dia só dão uma checada final. E se a
mãe resolve dormir até mais tarde, o Artur
levanta sozinho e esquenta até o leite do
café da manhã no microondas.
Janaina, mãe de Artur, do G5
Ajuda até a cuidar da irmã
O Felipe, de 5 anos e 6 meses,
está cada vez mais animado com a
escovação dos dentes. Os pais nem
precisam pedir. Ele mesmo avisa que
é hora, pega a escova, a pasta, e quer
fazer tudo sozinho. Pra tomar banho, é
do mesmo jeito. Tira a roupa toda, se
enrosca na camiseta e às vezes quer se
lavar também sem ajuda. A mãe fica só
de olho. Felipe também já demonstra
autonomia pra ajudar a cuidar da irmã
menor. Fica preocupado se ela está
sozinha em casa, supervisiona, tira
objetos que acha perigosos das mãos
dela.
Luciana, mãe do Felipe, do G5
Um italianinho na cozinha
O nome de origem italiana já diz
tudo! Luca, de 5 anos e 10 meses, adora
amassar e abrir a pizza que o pai prepara.
E também está sempre pronto pra fazer
macarronada! Mexe na massa fresca,
passa no cilindro, corta e coloca pra
secar. Luca também já arruma sua cama
sozinho antes de sair de casa e dá bronca
se os pais não fazem o mesmo na cama
deles. O desafio agora é aprender a andar
de bicicleta, mas ele está quase lá!
Carol e Márcio, pais do Luca, do G5
Irmã mais velha ajuda o pequeno
a aprender
Na casa do João, de 3 anos e 4 meses,
há momentos em que a autonomia vai e
vem. Muitas vezes, ele e a irmã Gabriela,
de 8 anos, fazem coisas sozinhos e, dias
depois, pedem ajuda dos pais para as
mesmas situações. Para a mãe, isso
significa um pedido de carinho, uma
vontade de não crescer ou até preguiça,
às vezes. Mas os movimentos mais
interessantes de autonomia do pequeno
acontecem com o incentivo da irmã
mais velha. Certa vez, João se recusava
a aprender a andar de chinelos de dedo
quando a mãe mostrava como fazer. Foi
só a Gabriela assumir o papel de ensinar
que o danadinho saiu andando com a
maior facilidade.
Ligia, mãe do João, do G3
O
rei do quebra-cabeça
O Henrique, de 3 anos e 11
meses, já se veste sozinho, apesar de
muitas vezes colocar a
camiseta do lado errado. Também põe e
tira sapatos e sandálias, mas ainda não
sabe amarrar o cadarço. Mas o que ele
mais adora é montar quebra-cabeça.
Seu grande desafio é terminar um de 500
peças que ganhou no último aniversário!
A mãe tentou guardar pra mais tarde,
mas Henrique pediu insistentemente.
Com ajuda dos pais, hoje ele já terminou
várias vezes o super quebra-cabeça e
consegue montar muitas partes sozinho.
Paula, mãe de Henrique, do G3
Autonomia até pra reciclar o
lixo
O Guillermo, de 3 anos e 10 meses, desde
muito pequeno sempre quis participar
de todo tipo de tarefa. Com 1 ano, já
buscava a pá quando os pais começavam
a varrer a casa! Hoje, ele põe a mesa do
café da manhã, pegando até as coisas
na geladeira, espreme laranjas e sabe
separar o que é lixo reciclável e o que não
é. Nos cuidados pessoais, também faz de
tudo. Consegue se vestir, se lavar, escovar
os dentes e até já aprendeu a dar o nó no
cadarço do sapato. Agora, só falta o laço!
Valéria, mãe do Guillermo, do G3
TROCANDO IDEIAS
Cinco filhos, cinco maneiras de
ter autonomia
A professora Lilian é mãe de 5 filhos,
entre 2 e 19 anos. Mas, como toda mãe,
ainda é cheia de dúvidas sobre a hora
certa de ter autonomia. “Deixar sair
sozinho, para onde, com quem. Com
certezas e incertezas, acho que o mais
importante é passarmos segurança e
mostrarmos à criança que ela é capaz”,
diz. O David, de 2 anos, já consegue
comer sozinho, até frutas inteiras, e tirar
os sapatos. O irmãos mais velhos são o
grande exemplo, tanto para experimentar
quanto para imitar. No fim das refeições,
o pequeno copia os outros e tira o seu
prato da mesa.
Já o Thomas, de 8 anos, gosta muito de
ajudar David em tudo. Faz também a sua
lição de casa sozinho, e lava a louça duas
vezes por semana, uma combinação da
família.
A Luanna, de 14 anos, é a “mãezona” dos
meninos. A Lilian, vira e mexe, precisa
lembrá-la: “A mãe aqui sou eu”. Ela já
andou de metrô e ônibus sozinha, mas,
claro, depois de a mãe fazer o trajeto
junto várias vezes. “Mesmo assim,
confesso que morri de medo.” Agora,
a Luanna - e a mãe também - terão
mais um grande desafio. Ela ganhou de
presente de 15 anos
uma viagem para visitar o tio em Londres,
sozinha. “Imaginem meu coração.”
A Ju, de 13 anos, não mora com a Lilian,
mas a preocupação é a mesma. Sai
bastante sozinha e faz a mãe sempre se
perguntar o que é ou não adequado para
ela com a idade que tem.
O mais velho, Gabriel, de 19 anos, já
está na faculdade e namora. Já passou
por todas as fases em que os irmãos
estão, mas a mãe está sempre por perto,
supervisionando. “Para cada faixa etária
vamos soltando a corda e, com muita
conversa, ensinamos o passo a passo de
cada pequeno avanço”, diz. “Amamos
muito nossos filhos e não queremos
vê-los sofrer, mas precisamos ensinálos
a caminhar. E o primeiro passo
é na primeira infância, quando suas
conquistas
darão força para continuarem dando seus
passos até terem asas para voar.”
Lilian, mãe do David, do G1, e professora
auxiliar do G3 e do G5
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