Revista Dr Plinio 143
Fevereiro de 2010
Fevereiro de 2010
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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
A vitória sobre a<br />
opnião pública não<br />
consiste em obter a<br />
maioria. É preciso,<br />
antes de tudo,<br />
saber que espécie<br />
de pessoas estamos<br />
influenciando, e, que<br />
possibilidades têm elas<br />
de influenciar outras.<br />
como os plebiscitos e as eleições fazem<br />
pensar: quantos espanhóis querem<br />
tal coisa, quantos desejam tal<br />
outra. Trata-se de saber: que espécie<br />
de pessoas estamos influenciando, e,<br />
dentro do tecido vivo que é a Espanha,<br />
que possibilidades têm elas de<br />
influenciar outras?<br />
O público que estava na praça<br />
Puerta del Sol 1 se dividia em três partes<br />
bem claras.<br />
Havia um círculo formado em<br />
torno da nossa fanfarra e do nosso<br />
sistema de propaganda. Em sua<br />
parte externa era impreciso, pois algumas<br />
pessoas chegavam, outras saíam,<br />
mas a parte interna do círculo<br />
apresentava certa precisão de desenho.<br />
Pouco adiante, existiam dois pequenos<br />
círculos de indivíduos, sentados<br />
em volta dos dois chafarizes,<br />
simplesmente porque as bordaduras<br />
dos mesmos, um tanto largas,<br />
forneciam-lhes um assento cômodo.<br />
Constituíam um público contrário<br />
àquele reunido em torno dos nossos.<br />
Alheios uns aos outros e dando<br />
as costas para o que na aparência<br />
os unia — os chafarizes —, eles<br />
estavam todos adormecidos. Alguns<br />
mastigavam alguma coisa, e o faziam<br />
com preguiça, não olhando para nada<br />
de fixo, não pensando em nada<br />
de determinado, mas sentindo que<br />
estão vivendo, e encontrando nisto<br />
certo prazer. É o gosto de respirar,<br />
de digerir, de mexer as pernas, de ter<br />
um corpo, e não o de possuir uma alma.<br />
Têm essas pessoas uma vida vegetativa<br />
a mais parecida possível com a<br />
do animal. Olhando certos animais,<br />
às vezes temos impressão de que<br />
possuem bem-estar. Quer dizer, eles<br />
sentem deleite de estar vivendo, mas<br />
não têm conhecimento desse deleite.<br />
São Tomás de Aquino, com uma<br />
linguagem muito precisa, diz que o<br />
bicho não conhece nada. Ele tem notícia<br />
das coisas, mas não o conhecimento,<br />
que é uma compreensão intelectiva.<br />
A palavra “notícia” é perfeita.<br />
Por exemplo, um pássaro vê<br />
diante dele uma folha que cai. Ele<br />
tem notícia de que caiu alguma coisa,<br />
mas nem sabe que é uma folha;<br />
e não pensa a respeito disso, porque<br />
não tem pensamento.<br />
Aqueles indivíduos são entes humanos;<br />
entretanto têm o menor grau<br />
de pensamento possível: “Que gostoso!<br />
Eu estou aqui sentindo viver.<br />
Estou mastigando, piscando, olhando,<br />
respirando, batendo as pernas,<br />
mexendo os braços, estou vivo.”<br />
Sob certa perspectiva — mas que<br />
atinge uma realidade muito profun-<br />
Em ambas páginas,<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> analisa a reação<br />
da opnião pública.<br />
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