Revista Dr Plinio 143
Fevereiro de 2010
Fevereiro de 2010
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ao analisar um jarro de<br />
tulipas e ver uma de cor<br />
negra entre outras de<br />
diversas cores, vi como<br />
a escura realçava todas<br />
as outras tonalidades,<br />
e compreendi porque<br />
Deus a havia criado.<br />
tura, o diâmetro, o tamanho de cada<br />
pétala, que faz dela uma obra-prima<br />
de coerência. E quando se admira<br />
isto, sente-se alegria de ser um ente<br />
racional, sente-se a beleza da razão.<br />
É uma ordem de belezas no estilo<br />
da maravilhosa Europa: equilibrada,<br />
racional!<br />
Certa vez, ao saber que existiam<br />
tulipas negras, tive certa perplexidade<br />
e me perguntei: “Para que servirá<br />
uma flor preta? Será para cruzes de<br />
Missas de defunto? Eu não compreendo.<br />
Mas haverá uma razão qualquer<br />
para que Deus tenha criado a<br />
tulipa negra.”<br />
Qual não foi minha surpresa<br />
quando, passando de automóvel<br />
por uma rua de Paris,<br />
vi um jarro com tulipas de<br />
várias cores, entre as quais<br />
havia também uma negra,<br />
posto junto à vitrine de<br />
uma loja.<br />
O automóvel passou rápido<br />
— com a rapidez dos<br />
velhos táxis da França —,<br />
e eu arregalei os olhos<br />
com aquilo, mas, sobretudo,<br />
regalei minha inteligência,<br />
compreendendo a razão de ser<br />
daquela maravilha de Deus.<br />
Ao analisar o jarro e ver como a<br />
tulipa negra realçava a beleza de todas<br />
as outras cores, eu compreendi<br />
por que Deus criou as tulipas pretas.<br />
Era tal o contraste produzido por ela<br />
junto às demais cores, que se alguém<br />
quisesse tirá-la de lá eu diria: não tire,<br />
porque é uma das notas mais bonitas<br />
do jarro.<br />
Era uma forma de fantasia racional,<br />
à maneira francesa. Era um teorema<br />
a respeito de cores.<br />
Escala de valores<br />
A análise destas flores nos dá uma<br />
interessante lição:<br />
Para muitos homens, só tem verdadeiro<br />
valor aquilo que for de primeira<br />
ordem; o que for de segunda<br />
não serve para nada, é lixo. Isto não<br />
é verdade, há uma gradação entre as<br />
coisas, a qual nos incita a amar a beleza<br />
própria a cada grau.<br />
Bela como a rosa, para meu gosto,<br />
a tulipa não é. Entretanto, ela não é<br />
de “segunda classe”, no sentido pejorativo<br />
da expressão.<br />
A escala hierárquica não impõe<br />
um achatamento do inferior,<br />
mas sim um<br />
“resplandecimento”<br />
do superior.<br />
Até entre as flores<br />
há uma hierarquia<br />
de valores. Aplicando o<br />
princípio de hierarquia à<br />
análise feita, podemos dizer<br />
que a rosa e a tulipa são<br />
as flores do anti-igualitarismo.<br />
Uma é bela no grau supremo; a<br />
outra, não sendo a primeira, dá a<br />
Deus glória, mostrando a beleza<br />
que há também nos graus intermediários.<br />
v<br />
(Extraído de conferência de<br />
6/3/1971)<br />
35