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DENÚNCIA PROÉTICA<br />
O<br />
s primeiros cristãos pensavam que a segunda vinda de Jesus se daria em seu tempo,<br />
e viviam em função dessa expectativa. Segundo ensinam os teólogos, nada<br />
mais normal. As iluminações proféticas a respeito do futuro não precisam datas, e<br />
as pessoas assim inspiradas pelo Espírito Santo a respeito de acontecimentos vindouros os esperam<br />
para seus dias. Não há erro na previsão; há uma pressa por ver a realização.<br />
Isto tem algo de semelhante com as esperanças de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em relação à vocação do<br />
Brasil. Não no século XX — como ele desejava —, porém no XXI, nossa Pátria está destinada a<br />
ser uma nação missionária, ardorosa na expansão do Reinado de Cristo sobre as almas. Mas,<br />
para chegar este grande dia, há uma condição indispensável, e ao mesmo tempo, a mais doce e<br />
suave que se possa imaginar. Vejamos do que se trata.<br />
Na época de laicismo em que vivemos, a missão<br />
histórica de Portugal costuma ser considerada<br />
de um ponto de vista inteiramente agnóstico. O<br />
ciclo das navegações é apreciado, pela maior parte dos<br />
compêndios, apenas em seus resultados econômicos e políticos.<br />
De nada ou quase nada tem valido que historiadores<br />
do melhor quilate hajam demonstrado coisa diversa.<br />
Acumulam-se as provas de que o primeiro móvel da alma<br />
lusa na aventura das navegações foi apostólico; de que os<br />
desbravadores de oceanos que o pequenino Portugal deitou<br />
pela vastidão dos mares tinham alma de cruzado, e<br />
não de mascate: para a história corrente, manipulada e<br />
deformada segundo as conveniências da irreligião, a glória<br />
de Portugal continua privada do esplendor sacral e heróico<br />
dos ideais religiosos, e reduzida ao mérito sem “panache”<br />
das realizações materiais da vida burguesa.<br />
Nada disto, porém, altera a evidente realidade dos fatos.<br />
A Monarquia idelíssima foi essencialmente missionária.<br />
O Brasil deve a Portugal, à ação missionária do luso,<br />
a suprema graça de pertencer à Igreja. E não é só o<br />
Brasil. Nem é só a África. Mais além, bem junto da zona<br />
conflagrada do Extremo Oriente, na Índia e, mais além,<br />
no mundo amarelo, é o esforço missionário português que<br />
deixou fincadas as sentinelas avançadas da Religião, as colônias<br />
lusas de onde se irradia nas gentilidades vizinhas<br />
um proselitismo até hoje vivaz e fecundo.<br />
Era bom que se lembrasse isto no mês das Missões. O<br />
Brasil nasceu como uma realização missionária.<br />
* * *<br />
Essa grande nação missionária que é Portugal não<br />
encerrou o ciclo de seus feitos religiosos, com as navegações.<br />
Muito recentemente, a Providência Divina confiou<br />
ao povo português outra grande obra missionária. Querendo<br />
falar ao mundo, Nossa Senhora escolheu um recanto<br />
do solo português para suas aparições. Escolheu três<br />
pequeninos portugueses como seus arautos, fixou em Portugal<br />
essa fonte perene de milagres que é átima, e com<br />
isto atraiu para Portugal as esperanças de todos os sofredores<br />
da Terra. [...] É impossível não ver que Nossa Se-<br />
nhora concedeu à antiga nação<br />
missionária uma grande tarefa<br />
histórica a realizar. Os que eram<br />
ontem arautos de Cristo são<br />
acrescidos de mais um título:<br />
arautos da Virgem. [...]<br />
* * *<br />
ruto de um esforço missionário,<br />
o Brasil foi sempre ardente<br />
devoto de Maria Santíssima. [...]<br />
Para Portugal, as aparições de<br />
átima significam que a gloriosa<br />
fecundidade da nação missionária<br />
não esgotou suas possibilidades<br />
de ação a serviço da Igreja.<br />
Para o Brasil, lembram de modo<br />
muito especial que estamos no<br />
momento de produzir, para a dilatação<br />
do Reino de Cristo, os<br />
frutos que as inúmeras graças e<br />
dons sobrenaturais e naturais, de<br />
que fomos cumulados, nos obrigam<br />
a dar ao mundo. [...]<br />
O esforço missionário é mais<br />
necessário do que nunca. Não se<br />
trata só de conduzir ao redil de<br />
Jesus Cristo as nações do Oriente.<br />
É no Ocidente, é no próprio<br />
grêmio da Cristandade em ruínas<br />
que se instalou um paganismo<br />
mil vezes pior do que o antigo. O<br />
neo-paganismo contemporâneo<br />
não tem a explicação tantas vezes<br />
cabível quanto aos pagãos orientais:<br />
a ignorância. No paganismo<br />
ocidental fermenta a apostasia, o<br />
pecado contra o Espírito Santo,<br />
o amor deliberado e satânico ao<br />
erro e ao mal. É contra os here-<br />
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