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DR. PLINIO COMENTA...<br />
seus apóstolos e discípulos. A atmosfera inteira está feérica<br />
de Anjos e de luzes, a natureza se faz dulcíssima, os pássaros<br />
cantam, as flores se abrem, as nuvens resplandecem,<br />
o azul do firmamento parece uma só e imensa safira. Encantamento<br />
geral. Em certo momento, percebem que Nosso<br />
Senhor está desaparecendo. Ele sobe, sobe, sobe... Na<br />
Terra ficam apenas os homens. Mas a glória d’Ele cobre<br />
tudo, de maneira que, quando já ninguém O vê, os homens<br />
caem em si: acabou.<br />
Acabou? Não. Outra glória começa: está ali Nossa Senhora<br />
que reza recolhida, extasiada. Tem início a presença<br />
simbólica d’Ele, ali mesmo, por meio d’Ela.<br />
Em seguida, o terceiro Mistério Glorioso. Nossa Senhora<br />
reza com os apóstolos no Cenáculo. A Igreja é pequena,<br />
nova, fraca, caminha indecisa entre tantos escolhos e perigos.<br />
De súbito, o Espírito Santo desce em forma de chama<br />
sobre a venerável cabeça da Rainha do Céu e da Terra. Essa<br />
chama se divide em doze e paira sobre os Apóstolos.<br />
Transportados pelo Espírito Santo, transformam-se em<br />
outros homens que, entusiasmados, começam a pregar e a<br />
ensinar a doutrina do Divino Mestre. Mais uma vez, a<br />
glória de Deus resplandece.<br />
Chega o momento da Assunção de Nossa Senhora. Certo<br />
dia, um sono ligeiríssimo se transforma em morte. Mais<br />
virginal do que nunca, conservando ainda todo o esplendor<br />
da juventude dentro da respeitabilidade da ancianidade,<br />
Maria Santíssima passou pelo sono dos justos, como<br />
um lírio que se colheu e se depositou sobre o altar. Sem<br />
conhecer a corrupção do túmulo, também Ela ressuscitou,<br />
e também começou a subir aos Céus, rodeada de Anjos<br />
que A glorificavam.<br />
O Céu, morada eterna da alegria insondável, da felicidade<br />
e da glória imutáveis, tornou-se ainda mais paradisíaco<br />
quando Nossa Senhora ali ingressou. Ela, a Medianeira<br />
de todas as graças, tomou assento aos pés do Trono da<br />
Santíssima Trindade, e foi coroada pela Trindade Beatíssima.<br />
É o quinto Mistério do Rosário: a glória de Nossa Senhora<br />
no Céu.<br />
Dois píncaros de suma elevação: um, cheio de suavidade,<br />
de doçura, de discreta resplandecência dos prazeres<br />
de alma íntimos e serenos. Outro píncaro, o das grandes e<br />
régias glórias.<br />
Trágicas magnitudes dos Mistérios<br />
Dolorosos<br />
Entre os dois ápices, porém, há um vale profundo... É o<br />
da dor! No que neste vale há de mais tenebroso, sanguinolento<br />
e negro, ergue-se um monte, geograficamente pequeno,<br />
entretanto o mais alto monte da Terra: o Calvário!<br />
Neste Calvário, uma Cruz. Junto à Cruz, Nossa Senhora.<br />
De pé, heróica, vertendo seu pranto de Mãe transpassada<br />
de aflição. Cravado nessa Cruz, padecendo inenarráveis<br />
dores, com sofrimentos inimagináveis, o Homem-Deus<br />
que expira: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes?...”<br />
São os Mistérios Dolorosos!<br />
A Agonia ou, como se costuma dizer, a Oração de Nosso<br />
Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras. Agonia em<br />
grego significa luta. Por que luta?<br />
Porque Ele sabia que Judas O estava vendendo. Ele sabia<br />
que [os esbirros dos fariseus e dos sacerdotes] viriam<br />
para prendê-Lo. Ele sabia que sua Paixão iria começar em<br />
breve. Ele conhecia todos os aspectos morais e físicos<br />
dessa Paixão. Media, ponto por ponto, todas as ingratidões,<br />
maldades, injúrias, friezas e perversidades que fariam<br />
contra Ele ao longo daquele caminho. E media as<br />
dores que tudo isso causaria à sua Mãe Santíssima. Gotas<br />
de sangue irrompem em sua ace, transformam-se em<br />
filetes que Lhe escorrem pela barba, embebem sua alva<br />
túnica e tingem o chão pedregoso do Getsêmani.<br />
Aparece então um Anjo e Lhe dá de beber um cálice<br />
contendo algo que O consola, que Lhe confere forças ex-<br />
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