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Revista Dr Plinio 38

Maio de 2001

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LUZES DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ<br />

Outros parecem cercados de uma como que muralha natural,<br />

imitando a estrutura de muitas fortalezas medievais.<br />

No centro do recinto fortificado se encontraria o castelo,<br />

formado por rochas mais acentuadas; e no meio desse castelo<br />

imaginário, à maneira de uma torre prodigiosa, elevase<br />

o píncaro mais proeminente.<br />

Em geral, o céu em que esses montes se recortam é de um<br />

azul belíssimo, ora claro e límpido, ora profundo e malhado<br />

de nuvens que procuram envolver os castelos de ficção.<br />

Tudo isso contribui para o esplendor e a riqueza do panorama,<br />

que ainda aquire maior expressividade ao ser introduzida<br />

nele a presença humana.<br />

Com efeito, o homem não pode contemplar os Alpes sem<br />

se imaginar a si próprio nesses píncaros, e sem medir a sensação<br />

que ele teria se, por exemplo, lhe fossem oferecidos<br />

os meios financeiros e técnicos para construir uma fortificação<br />

de verdade naquelas alturas. Quem pudesse habitar<br />

esse castelo se sentiria colocado no cume de uma grandeza<br />

colossal. Ele se teria pelo castelão dos castelões, o homem<br />

que se encontra numa elevação fantástica e que domina<br />

a partir deste ápice, pelo olhar e pelo pensamento,<br />

tudo quanto de contemporâneo se desenvolve aos seus pés.<br />

Em compensação, ele experimentaria também um imenso<br />

isolamento. Antes de tudo, porque a neve não é o seu habitat<br />

natural. O homem não foi feito para viver constantemente<br />

na neve, mas em lugares onde ela cai durante certo<br />

período do ano. Embora existam povos (como os esquimós)<br />

que conseguem viver em panoramas nevados, fazem-no entretanto<br />

em condições de vida bastante primitivas e com<br />

um desenvolvimento cultural dos mais elementares.<br />

Nessa perspectiva, a neve acaba dando a impressão de<br />

uma paisagem lunar, em que o homem estaria tão isolado<br />

quanto se achasse na lua, separado de seus semelhantes,<br />

longe de todos, incompreensível para todos, a todos dominando<br />

lá de suas alturas. E sofrendo daquilo a que se referem<br />

as Escrituras, a propósito da criação de Eva: “Não é<br />

bom para o homem que ele esteja só”. Na verdade, o isolamento,<br />

sobretudo quando se torna mais imponente e mais<br />

esmagador pela grandeza, é algo que pesa sobre os nossos<br />

ombros.<br />

E podemos imaginar que não seria diferente para o<br />

castelão na sua fortaleza, vivendo ali com apenas dois ou<br />

três serviçais, vendo os dias se sucederem às noites e as<br />

noites aos dias, com neves e nuvens cercando todas as<br />

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