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Revista Dr Plinio 38

Maio de 2001

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“Eu fora batizado.<br />

E sentia uma<br />

ligeireza de espírito<br />

para apreender tudo,<br />

formando a minha<br />

personalidade, com a<br />

aceitação dos frutos<br />

bonitos postos por<br />

Deus na Terra”<br />

árvore produzia em mim certos efeitos<br />

agradáveis, que eu gostava de sentir e,<br />

sobretudo, de analisar. Quando recebo<br />

o perfume e a harmonia bonita desta<br />

acácia, o que se dá comigo?<br />

Passa-se algo pelo qual um tanto de<br />

cultura e de civilização penetra em mim.<br />

É diferente de olhar uma minhoca, por<br />

exemplo. Comprazia-me ver como eu<br />

ficava mais flexível, menos selvagem,<br />

olhando para a acácia. E como, com<br />

essas disposições, eu crescia em algo<br />

que não sabia definir.<br />

Muitas outras coisas produziam em<br />

mim esse bom efeito, e até mais profundo.<br />

Entre elas, fotografias de armaduras<br />

medievais. Aquela armadura brilhante,<br />

com o cavaleiro segurando uma<br />

espada, a viseira baixa, luvas de metal<br />

nas mãos, perneiras, braçadeiras e aquela<br />

resolução! Agradava-me contemplálas<br />

longamente. Tinha a impressão de<br />

que algo da robustez daqueles cavaleiros,<br />

da sua vontade indomável e da<br />

sua deliberação me influenciava. E ficava<br />

encantado.<br />

Pia Batismal<br />

em que <strong>Plinio</strong><br />

recebeu as<br />

águas do<br />

Santo<br />

Batismo<br />

do exterior e se estabeleciam na minha<br />

alma, produzindo nela um certo efeito,<br />

uma determinada sensação que eu gostava<br />

de notar.<br />

Então, por exemplo, no centro do<br />

jardim de casa havia uma árvore com<br />

uma flor bonita, chamada camélia. A<br />

árvore era linda, uma das poucas cujo<br />

tronco eu achava igualmente belo. Era<br />

prateado, com uma espécie de azuladocinzento<br />

revestindo a casca.<br />

Outra árvore erguia-se com os vários<br />

ramos de tamanho muito proporcionado,<br />

armando uma copa interessante,<br />

com folhazinhas todas feitas dessa<br />

espécie de veludo cinza-prata. Como<br />

flor dava umas bolinhas pequenas<br />

entre amarelo e dourado, muito perfumadas,<br />

constituídas de fiozinhos que<br />

formavam uma espécie de esponjinha.<br />

Era a acácia. Uma esplêndida árvore.<br />

Perto da acácia havia um caramanchão,<br />

e sob este um banco de madeira,<br />

pintado de verde-garrafa. Eu gostava<br />

de me sentar e ficar olhando a acácia...<br />

“Ali está ela e aqui estou eu”. Aquela<br />

Uma “alfândega” interior<br />

como fruto da inocência<br />

batismal<br />

Alguém me dirá: “Mas o que fazia<br />

com que as coisas repercutissem tão<br />

intensamente no senhor? O que fazia<br />

com que, numa idade ainda tão tenra,<br />

o senhor percebesse as diferenças entre<br />

o que lhe causava boa influência e<br />

o que poderia influenciar de modo nocivo,<br />

e estabelecesse uma espécie de<br />

alfândega dentro de sua alma?”<br />

É que eu fora batizado. Era a inocência.<br />

A inocência e, enquanto eu não<br />

pecasse, a habitação do Divino Espírito<br />

Santo na minha alma. Essa presença<br />

se verifica em todo inocente, a tal<br />

ponto que Orígenes, uma das grandes<br />

figuras dos primórdios do Cristianismo,<br />

diante de uma criança que acabava<br />

de ser batizada, osculava-a no peito.<br />

E quando lhe indagavam a razão desse<br />

gesto, ele respondia:<br />

— Deus mora aí.<br />

Ora, eu sentia qualquer coisa de<br />

uma ligeireza de espírito para apreen-<br />

9

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