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SAFRA<br />
Chuva atrapalha colheita<br />
Com somente 263 mil toneladas esmagadas, a primeira quinzena de julho foi a pior<br />
dos últimos anos em termos de aproveitamento de tempo no PR MARLY AIRES<br />
A primeira quinzena de<br />
julho deste ano foi uma das<br />
piores dos últimos anos no<br />
<strong>Paraná</strong> em termos de aproveitamento<br />
de tempo. As<br />
chuvas intensas e generalizadas<br />
durante praticamente todo<br />
o período no Estado impossibilitaram<br />
a entrada das<br />
máquinas nas lavouras, paralisando<br />
a indústria durante a<br />
maior parte do tempo. “Teve<br />
usina que não rodou sequer<br />
um dia”, afirmou o presidente<br />
da Alcopar, Miguel<br />
Tranin. As chuvas também<br />
afetaram de forma severa a<br />
região canavieira do Mato<br />
Grosso do Sul e do estremo<br />
Oeste de São Paulo.<br />
Para se ter uma ideia, as usinas<br />
paranaenses moem uma<br />
média de 3 milhões de toneladas<br />
de cana por quinzena<br />
no período, o que equivaleria<br />
a 200 mil toneladas por dia.<br />
De 1 a 16 de julho, as unidades<br />
paranaenses moeram, ao<br />
todo, 263 mil toneladas, o<br />
que equivale a menos do que<br />
um dia e meio de processamento<br />
ou 92,1% a menos<br />
que na quinzena anterior.<br />
Com a chuva, as indústrias<br />
sucroenergéticas paranaenses<br />
deixaram de produzir 110<br />
milhões de litros de etanol e<br />
200 mil toneladas de açúcar.<br />
“Mais de R$ 300 milhões deixaram<br />
de ser gerados num período<br />
em que o que as usinas<br />
mais precisam é fazer caixa<br />
para saldar seus compromissos<br />
e cobrir os custos fixos, isso<br />
sem considerar o pesado endividamento<br />
registrado pelo<br />
setor”, calcula Tranin.<br />
No contraponto, a moagem<br />
ocorrida na quinzena anterior,<br />
de 16 a 30 de junho,<br />
3,336 milhões de toneladas<br />
As usinas paranaenses já<br />
trabalham com a possibilidade<br />
de sobrar cana bisada,<br />
principalmente se for confirmada<br />
a expectativa de El<br />
Niño, fenômeno climático<br />
caracterizado por aquecimento<br />
da superfície das<br />
águas do Oceano Pacífico e<br />
que traz, entre outras consequências,<br />
chuvas intensas no<br />
Sul do Brasil. Isso fará com<br />
que a safra 2016/17 comece<br />
mais cedo também.<br />
Segundo o escritório de<br />
meteorologia da Austrália,<br />
de cana foi a maior da safra.<br />
Como o Estado normalmente<br />
se antecipa no início<br />
da safra e vinha num ritmo<br />
acelerado, até a segunda<br />
quinzena de junho, o volume<br />
de cana esmagado nesta safra<br />
era 16% superior quando<br />
comparado ao mesmo período<br />
do ano passado.<br />
O presidente da Alcopar<br />
destaca que o péssimo desempenho<br />
na primeira quinzena<br />
de julho, entretanto, eliminou<br />
qualquer ganho de velocidade<br />
da safra, sendo registrado um<br />
dos menores volumes já esmagados<br />
numa quinzena nos<br />
últimos anos. Com isso, com<br />
16,290 milhões de toneladas<br />
esmagadas até agora, a safra<br />
está 1,5% atrasada em relação<br />
ao mesmo período de 2014,<br />
quando já tinham sido esmagados<br />
16,534 milhões de toneladas.<br />
Devido ao bom rendimento<br />
industrial, o volume de açúcar<br />
produzido ainda continua<br />
1,1% superior em relação ao<br />
El Niño mais forte e até 2016<br />
todos os modelos climáticos<br />
internacionais observados<br />
por eles apontam que o fenômeno<br />
está ganhando intensidade<br />
e deverá se prolongar<br />
até o ano que vem. A<br />
temperatura da superfície<br />
do oceano em todas as áreas<br />
monitoradas tem estado<br />
mais 1º Celsius acima da<br />
média por mais de 10 semanas<br />
consecutivas, o que é<br />
duas semanas a mais do que<br />
o recorde anterior, de 1997.<br />
Para a meteorologista sênior<br />
do instituto norteamericano<br />
AccuWeather,<br />
Kristina Pydynowski, esse<br />
pode ser o El Niño mais<br />
forte dos últimos 50 anos.<br />
De acordo com o NOAA -<br />
departamento oficial de<br />
clima do governo dos EUA<br />
- há 80% da chance desse<br />
cenário se confirmar. O El<br />
Niño mais forte desde o início<br />
do século 20 aconteceu<br />
entre os anos de 1997 e<br />
1998.<br />
mesmo período anterior, com<br />
1,040 milhão de toneladas<br />
nesta safra contra 1,028 milhão<br />
na anterior. O mesmo<br />
ocorre em relação ao etanol<br />
total, 607,3 milhões de litros<br />
em <strong>2015</strong>/16 contra 584,4<br />
milhões em 2014/15 - 3,9% a<br />
mais. Com forte produção<br />
este ano, devido ao aumento<br />
do percentual de mistura a gasolina<br />
para 27%, o volume de<br />
etanol anidro está 10,7% superior,<br />
210,1 milhões contra<br />
189,7 no mesmo período do<br />
ano anterior.<br />
Na avaliação da meteorologista<br />
Estael Sias, do Metsul,<br />
o quadro para os próximos<br />
meses é preocupante<br />
para a agricultura brasileira,<br />
principalmente durante o<br />
inverno nos estados de Santa<br />
Catarina, <strong>Paraná</strong> e Rio<br />
Grande do Sul. O excesso<br />
de chuvas exige atenção.<br />
Entre agosto e setembro -<br />
com a chegada da primavera,<br />
os temporais devem<br />
se intensificar. A umidade<br />
deverá ficar acima da<br />
média nos três estados do<br />
Sul, e um cenário semelhante<br />
poderá ser sentido<br />
ainda no Sul de Mato Grosso<br />
do Sul.<br />
<strong>Julho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
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