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Jornal Paraná Julho 2015

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SAFRA<br />

Chuva atrapalha colheita<br />

Com somente 263 mil toneladas esmagadas, a primeira quinzena de julho foi a pior<br />

dos últimos anos em termos de aproveitamento de tempo no PR MARLY AIRES<br />

A primeira quinzena de<br />

julho deste ano foi uma das<br />

piores dos últimos anos no<br />

<strong>Paraná</strong> em termos de aproveitamento<br />

de tempo. As<br />

chuvas intensas e generalizadas<br />

durante praticamente todo<br />

o período no Estado impossibilitaram<br />

a entrada das<br />

máquinas nas lavouras, paralisando<br />

a indústria durante a<br />

maior parte do tempo. “Teve<br />

usina que não rodou sequer<br />

um dia”, afirmou o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Tranin. As chuvas também<br />

afetaram de forma severa a<br />

região canavieira do Mato<br />

Grosso do Sul e do estremo<br />

Oeste de São Paulo.<br />

Para se ter uma ideia, as usinas<br />

paranaenses moem uma<br />

média de 3 milhões de toneladas<br />

de cana por quinzena<br />

no período, o que equivaleria<br />

a 200 mil toneladas por dia.<br />

De 1 a 16 de julho, as unidades<br />

paranaenses moeram, ao<br />

todo, 263 mil toneladas, o<br />

que equivale a menos do que<br />

um dia e meio de processamento<br />

ou 92,1% a menos<br />

que na quinzena anterior.<br />

Com a chuva, as indústrias<br />

sucroenergéticas paranaenses<br />

deixaram de produzir 110<br />

milhões de litros de etanol e<br />

200 mil toneladas de açúcar.<br />

“Mais de R$ 300 milhões deixaram<br />

de ser gerados num período<br />

em que o que as usinas<br />

mais precisam é fazer caixa<br />

para saldar seus compromissos<br />

e cobrir os custos fixos, isso<br />

sem considerar o pesado endividamento<br />

registrado pelo<br />

setor”, calcula Tranin.<br />

No contraponto, a moagem<br />

ocorrida na quinzena anterior,<br />

de 16 a 30 de junho,<br />

3,336 milhões de toneladas<br />

As usinas paranaenses já<br />

trabalham com a possibilidade<br />

de sobrar cana bisada,<br />

principalmente se for confirmada<br />

a expectativa de El<br />

Niño, fenômeno climático<br />

caracterizado por aquecimento<br />

da superfície das<br />

águas do Oceano Pacífico e<br />

que traz, entre outras consequências,<br />

chuvas intensas no<br />

Sul do Brasil. Isso fará com<br />

que a safra 2016/17 comece<br />

mais cedo também.<br />

Segundo o escritório de<br />

meteorologia da Austrália,<br />

de cana foi a maior da safra.<br />

Como o Estado normalmente<br />

se antecipa no início<br />

da safra e vinha num ritmo<br />

acelerado, até a segunda<br />

quinzena de junho, o volume<br />

de cana esmagado nesta safra<br />

era 16% superior quando<br />

comparado ao mesmo período<br />

do ano passado.<br />

O presidente da Alcopar<br />

destaca que o péssimo desempenho<br />

na primeira quinzena<br />

de julho, entretanto, eliminou<br />

qualquer ganho de velocidade<br />

da safra, sendo registrado um<br />

dos menores volumes já esmagados<br />

numa quinzena nos<br />

últimos anos. Com isso, com<br />

16,290 milhões de toneladas<br />

esmagadas até agora, a safra<br />

está 1,5% atrasada em relação<br />

ao mesmo período de 2014,<br />

quando já tinham sido esmagados<br />

16,534 milhões de toneladas.<br />

Devido ao bom rendimento<br />

industrial, o volume de açúcar<br />

produzido ainda continua<br />

1,1% superior em relação ao<br />

El Niño mais forte e até 2016<br />

todos os modelos climáticos<br />

internacionais observados<br />

por eles apontam que o fenômeno<br />

está ganhando intensidade<br />

e deverá se prolongar<br />

até o ano que vem. A<br />

temperatura da superfície<br />

do oceano em todas as áreas<br />

monitoradas tem estado<br />

mais 1º Celsius acima da<br />

média por mais de 10 semanas<br />

consecutivas, o que é<br />

duas semanas a mais do que<br />

o recorde anterior, de 1997.<br />

Para a meteorologista sênior<br />

do instituto norteamericano<br />

AccuWeather,<br />

Kristina Pydynowski, esse<br />

pode ser o El Niño mais<br />

forte dos últimos 50 anos.<br />

De acordo com o NOAA -<br />

departamento oficial de<br />

clima do governo dos EUA<br />

- há 80% da chance desse<br />

cenário se confirmar. O El<br />

Niño mais forte desde o início<br />

do século 20 aconteceu<br />

entre os anos de 1997 e<br />

1998.<br />

mesmo período anterior, com<br />

1,040 milhão de toneladas<br />

nesta safra contra 1,028 milhão<br />

na anterior. O mesmo<br />

ocorre em relação ao etanol<br />

total, 607,3 milhões de litros<br />

em <strong>2015</strong>/16 contra 584,4<br />

milhões em 2014/15 - 3,9% a<br />

mais. Com forte produção<br />

este ano, devido ao aumento<br />

do percentual de mistura a gasolina<br />

para 27%, o volume de<br />

etanol anidro está 10,7% superior,<br />

210,1 milhões contra<br />

189,7 no mesmo período do<br />

ano anterior.<br />

Na avaliação da meteorologista<br />

Estael Sias, do Metsul,<br />

o quadro para os próximos<br />

meses é preocupante<br />

para a agricultura brasileira,<br />

principalmente durante o<br />

inverno nos estados de Santa<br />

Catarina, <strong>Paraná</strong> e Rio<br />

Grande do Sul. O excesso<br />

de chuvas exige atenção.<br />

Entre agosto e setembro -<br />

com a chegada da primavera,<br />

os temporais devem<br />

se intensificar. A umidade<br />

deverá ficar acima da<br />

média nos três estados do<br />

Sul, e um cenário semelhante<br />

poderá ser sentido<br />

ainda no Sul de Mato Grosso<br />

do Sul.<br />

<strong>Julho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

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