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Filipe Alexandre de Andrade Sá Moura<br />

Ainda cheguei a trabalhar no metro da Pontinha como<br />

servente de carpinteiro. Os negros temiam-me, trabalhei<br />

com negros de Cabo-Verde, boa gente que queriam uma<br />

vida melhor que não tinham no país de origem.<br />

Procuravam Portugal para ter uma vida melhor, no país<br />

deles não conseguiam ter por isso a procura que os levou a<br />

imigrar do próprio país.<br />

Foi mais fácil procurar Portugal pela proximidade.<br />

Comecei a sentir a proximidade dos cabo-verdianos, de<br />

conviver com eles, cabo-verdiano era apelidado de mau<br />

porque tiveram de combater a desigualdade e quando<br />

chegavam aqui a Portugal eram seres que não eram bem<br />

aceites, pois tinha-se passado a guerra do ultramar e nessa<br />

altura ainda era puto, era um chavalito, estava a despertar<br />

e foi que comecei aquilo que ninguém quer de um filho,<br />

comecei a vaguear, nunca fui vadiador, fui um vagueador.<br />

Já tinha o domínio da experiência que tinha do passado, vi<br />

a separação dos meus pais com 8 anos, já andava a estudar,<br />

e como tal já sabia que aquilo não me iria cair muito bem,<br />

senti o afastamento do homem que tinha como um herói.<br />

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