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Filipe Alexandre de Andrade Sá Moura<br />

a amar como só sabia ser, foram todos, pertenceram ao meu<br />

amar, pois eles amavam-me, sinceramente, respeitavam-me,<br />

eu é que não vivia bem, estava preso, sabia que tinha de<br />

lutar para conquistar tudo o que tinha perdido, a liberdade,<br />

mas foi aí que eu não soube parar, direções, assistentes,<br />

educadoras, guardas quiseram-me fazer amansar, teria<br />

compreendido, mas eu também tinha de parar, parar com<br />

tudo, o roubar, o consumir, o desgraçar a vida do outro, mas<br />

fui sempre bom, nunca maltratei, nunca espanquei ninguém<br />

se não tivesse razão para o fazer e mesmo que a tivesse iria<br />

ser difícil de eu o fazer, pela humanidade em si, levei sempre<br />

em conta os valores morais, os valores de cada cena, pois eu<br />

também sou ser, mas eles sabiam que iam ter a maior fera<br />

que alguma vez encontraram, mas foi tudo programado por<br />

mim, porque eu assim o quis, deixei-os na expectativa, no<br />

receio de eles virem a perder. Tratava-se tudo de expediente,<br />

era um expediente de levantar, consumir e dominar, cedo<br />

percebi isso, mesmo antes de entrar na cadeia, foram horas<br />

difíceis, dias que nunca mais passavam, anos que eu tinha<br />

de cumprir, dominei porque tinha de controlar a situação<br />

que vinha a seguir, cheguei a brincar, mas a brincadeira<br />

ia-me saindo cara. Porque o macaco a brincar, a brincar foi<br />

o macaco à cona à mãe, eu ia morrendo numa brincadeira,<br />

pois eu sabia dominar. Estava no exercício do dia, queria<br />

treinar um bocado e propus-lhe que viesse treinar comigo,<br />

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