Outubro/2015 - Referência Industrial 168
Visitantes - Grupo Jota Comunicação
Visitantes - Grupo Jota Comunicação
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
COLUNA<br />
Flavio C. Geraldo<br />
Arch Proteção de Madeiras - Grupo Lonza<br />
Contato: flavio.geraldo@lonza.com<br />
XÔ CRISE!<br />
Diante de tantas notícias indesejáveis em função de alguns descaminhos da nossa economia, independentemente<br />
das crenças, lendas ou mitos, a madeira surge como mais um recurso para reduzir preocupações com os negócios<br />
Foto: divulgação<br />
U<br />
ma cena muito comum em uma roda de amigos,<br />
quando surge uma notícia desagradável, é ver que<br />
alguns deles procuram desesperadamente por<br />
uma peça qualquer de madeira para bater três vezes, como<br />
forma de se proteger de qualquer mau agouro. Este costume<br />
é explicado, muitas vezes, pela mitologia. Os gregos acreditavam<br />
que Gaia, a deusa mãe da terra, conectava todas as<br />
plantas em seu corpo. Quando uma pessoa batia três vezes<br />
em uma árvore, eles esperavam que o som das pancadas<br />
se reproduzisse de tronco em tronco até atingir o topo do<br />
Monte Olimpo, morada dos deuses, onde as divindades<br />
escutariam o chamado de socorro e intercederiam a favor<br />
do desesperado. Outras lendas são mais seletivas. A súplica<br />
somente seria atendida se as três batidas fossem dadas em<br />
um tronco de carvalho, considerada a árvore de Zeus, senhor<br />
de todos os deuses gregos. Isto despertaria sua atenção para<br />
o suplicante e o grande mestre do Olimpo poderia escutá-lo<br />
ou castigá-lo pela pequena agressão em sua árvore. O desespero<br />
tinha que ser dos grandes para correr esse risco. Os<br />
cristãos fazem menção à cruz de Cristo. O sofrimento pelo<br />
qual passou durante o seu martírio estaria relacionado com<br />
a força de vontade de seguir adiante e vencer obstáculos e<br />
as batidas na madeira significariam um pedido de proteção.<br />
Outras crenças, lendas ou mitos tentam dar alguma explicação<br />
à existência desse costume.<br />
De qualquer maneira, diante de tantas notícias indesejáveis<br />
em função de alguns descaminhos da nossa economia,<br />
independentemente das crenças, lendas ou mitos, a madeira<br />
surge como mais um recurso para reduzir preocupações com<br />
os negócios, pelo menos no imaginário de cada um. Mas não<br />
serão as três batidinhas na madeira que irão resolver todos<br />
os problemas. Os programas governamentais que poderiam<br />
dar fôlego extra para o mercado da madeira tratada estão<br />
fazendo água. O Minha Casa Minha Vida, que significou<br />
certa demanda para estruturas de madeiras industrializadas<br />
arrefeceu, outros programas, em especial os relacionados à<br />
eletrificação, perderam energia e mesmo com as perspectivas<br />
de bons ventos no setor do agronegócio, em especial<br />
na pecuária, reconhecidamente um setor que dinamiza o<br />
consumo de madeira tratada, parece que o apetite pelos<br />
churrasquinhos no mercado interno já não são mais os<br />
mesmos. Diante de tudo isso, vale dedicar muita atenção<br />
aos mercados de exportação de carnes, graças aos países<br />
cujas panelas e churrasqueiras estão a pleno vapor ou em<br />
brasa. Afinal, na nossa coluna de julho passado mencionávamos<br />
o ímpeto de países como a África do Sul, China, Coreia<br />
do Sul, Japão, Rússia, EUA (Estados Unidos da América) e<br />
outros da União Europeia, todos com muito apetite pelas<br />
nossas carnes. Nunca é demais repetir, segundo informações<br />
divulgadas pela Abiec (Associação Brasileira da Indústria<br />
Exportadora de Carne), que nossas exportações com carne<br />
deverão crescer 11% em relação ao ano passado e segundo<br />
o Ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nosso<br />
rebanho bovino comercial é o maior do mundo, ocupando<br />
170 milhões de ha (hectares) de pastagens a céu aberto.<br />
Temos que tirar proveito dessa enorme oportunidade. Das<br />
nossas mais de 400 usinas de tratamento de madeiras, responsáveis<br />
pelo tratamento de um volume estimado de 2,0 a<br />
2,5 milhões de metros cúbicos anuais, pelo menos 65% são<br />
destinados a mourões para cercas. Não é para menos, são<br />
320 mourões para cada quilômetro de cerca. O setor tem,<br />
portanto, talento e experiência para atuar de forma bastante<br />
incisiva sobre esse mercado, além disso, a norma brasileira<br />
NBR 9480 - Peças roliças preservadas de eucalipto para<br />
construções rurais, oferecem retaguarda para a produção<br />
de mourões que possam atender aos requisitos mínimos da<br />
qualidade. Mesmo tratando-se de um produto que, sabemos,<br />
não é de valor agregado dos mais atrativos, é o momento<br />
estratégico para garantir a passagem pelos tempos difíceis<br />
que a economia nos impõe.<br />
Neste caso, não precisamos recorrer aos deuses do Olimpo<br />
batendo na madeira três vezes para podermos alcançar<br />
bons resultados, basta um trabalho sério de mercado, com<br />
olhos na qualidade. Mas, como bons brasileiros que somos<br />
não nos custa nada dar umas batidinhas na madeira, neste<br />
caso, devidamente tratada.<br />
Os programas governamentais que poderiam dar fôlego<br />
extra para o mercado da madeira tratada estão fazendo<br />
água<br />
10 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br