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20.02.2010<br />
MADEIRA<br />
Era um sábado de manhã<br />
estranhamente quente. Um<br />
bafo de ar quente entrou<br />
pela janela entreaberta. O nevoeiro<br />
instalara-se nas ruas estranhamente<br />
silenciosas. Só o silêncio se ouvia.<br />
Um café, alguns minutos depois, no<br />
bar do costume. De repente, a chuva.<br />
Intensa. O vento atira a água<br />
com violência contra as paredes<br />
envidraçadas do bar. A intenção<br />
de ir até à cidade para umas compras,<br />
terá que ficar para mais tarde.<br />
Felizmente, porque depois, foi o<br />
que se sabe. A manhã rompia para<br />
não mais se fechar – a memória<br />
haveria de ser essa porta do antes<br />
e do depois, desse 20 de fevereiro<br />
de 2010. O temporal na ilha da<br />
Madeira, em 2010, foi uma sequência<br />
de acontecimentos iniciados pela<br />
precipitação que atingiu valores<br />
anormais para a época, durante a<br />
madrugada do dia 20 de fevereiro,<br />
seguida por uma subida do nível do<br />
mar. Estes acontecimentos provocaram<br />
inundações e derrocadas ao<br />
longo das encostas da ilha, em especial<br />
na parte sul. segundo o Instituto<br />
de Meteorologia, na origem do<br />
fenómeno esteve um sistema frontal<br />
de forte atividade associado a uma<br />
depressão que se deslocou a partir<br />
dos Açores. O choque da massa de<br />
ar polar com a tropical deu origem<br />
a uma superfície frontal que, aliada<br />
à elevada temperatura da água<br />
do oceano, acelerou a condensação,<br />
causando uma precipitação extremamente<br />
elevada num curto espaço<br />
de tempo. A orografia da ilha contribuiu<br />
para aumentar os efeitos da<br />
catástrofe, mas não só. A parte baixa<br />
da cidade do Funchal foi inundada<br />
e a circulação viária foi impedida<br />
por pedras e troncos de árvore<br />
arrastados pelas ribeiras de São<br />
João, Santa Luzia e João Gomes.<br />
A quantidade de água que caiu no<br />
dia 20 de fevereiro de 2010 sobre<br />
a Ilha da Madeira, em particular<br />
no Pico do Areeiro, foi o valor mais<br />
alto jamais registado em Portugal.<br />
O Funchal, com uma média anual de<br />
750 l/m², registou em poucas horas<br />
114 l/m² de precipitação. A catástrofe<br />
causou 47 mortos, 600 desalojados<br />
e 250 feridos. O elevado<br />
número de vítimas transformou este<br />
evento na pior catástrofe da história<br />
da Madeira desde 1803. O governo<br />
português declarou a observância de<br />
três dias de luto nacional. ✪<br />
Dulcina Branco<br />
Fonte/Fotos: Câmara Municipal<br />
do Funchal e Wikipédia<br />
saber | Fevereiro | 2017 33