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MOÇAMBIQUE

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ALEX SANTANA FRANÇA<br />

A Catembe é vila poética do pescador de camarão. Ligada a Lourenço<br />

Marques pela ponte da imaginação, a Catembe é inspiradora<br />

do poeta. É um quadro que o celuloide jamais pintou. É<br />

uma mulher com seios de ouro e prata. Catembe, sugestão de<br />

lenda. De lenda ancorada na realidade. (Catembe, 1965)<br />

As cenas seguintes mostram mais detalhes da vila, as casas simples,<br />

o trabalho dos pescadores, as canoas flutuando no mar. Avista-se,<br />

do outro lado, Lourenço Marques, com seus grandes prédios,<br />

contrastando com os casebres de madeira em Catembe e o<br />

trabalho pesado dos pescadores no arrasto da rede, com os poucos<br />

peixes pescados.<br />

Podem-se observar, entre a primeira e a quinta parte do filme,<br />

algumas sequências que trazem aspectos significativos da sociedade<br />

portuguesa, ou de ascendência portuguesa, presente em Moçambique,<br />

e como elas ilustram os contrastes da cidade de Lourenço<br />

Marques na época em que foi retratada. Além disso, a cena<br />

do almoço e da sesta da família branca, na primeira parte, que<br />

traz um tom de ridicularização do homem português, através do<br />

som de seu ronco, que acabou passando pelo crivo da censura,<br />

assim como a cena do casal que discute a situação das mulheres<br />

no país, marcada pela desigualdade de direitos e pelo machismo,<br />

a erotização das mulheres, com o exemplo das “bifas”, e a sequência<br />

que sugere uma relação sexual na praia, levam-nos a deduzir<br />

que a censura oficial portuguesa preocupou-se apenas em vetar<br />

aquilo que estivesse mais relacionado à situação colonial em Moçambique.<br />

Na sexta parte, intitulada “Sexta-feira: o cinema em Moçambique”,<br />

o jornalista Fernando Carneiro aparece novamente tecendo<br />

comentários sobre o tema. Ele diz:<br />

Sobre essa questão já correram rios de tinta na imprensa moçambicana,<br />

mas nem era preciso tanto para provar, definitivamente,<br />

que não há um cinema em Moçambique. Ou, digamos, não há<br />

um cinema moçambicano. Por outro lado, um dos fatores que<br />

têm realmente destruído o gênero de futuros cineastas de que<br />

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