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MOÇAMBIQUE

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7. A MULHER MOÇAMBICANA E AS PRÁTICAS CULTURAIS<br />

giões e as culturas, mesmo que façam parte dos elementos que<br />

constroem a identidade africana, não devem ser utilizadas como<br />

alegação para oprimir e subjugar as mulheres. Pelo contrário, devem<br />

ser “libertadoras de energias e de criatividade”. 11<br />

Na mesma ordem de ideais, Ximena Andrade, Conceição Osório<br />

e João Trindade, no discurso “Direitos humanos das mulheres<br />

em quatro tópicos: revisão da literatura”, asseveram que as práticas<br />

culturais tradicionais não sofreram muitas mutações, que continuaram<br />

sendo feitas nas zonas rurais e que as mulheres continuam<br />

sendo subjugadas aos costumes locais. Na mesma vertente, Ana<br />

Maria Loforte divulgou, em Outras Vozes, após uma investigação<br />

sobre as culturas moçambicanas e as mulheres, o texto “Mulher,<br />

poder e tradição em Moçambique”, 12 em que matrizes tradicionais<br />

continuam mantendo os homens superiores, e isso se verificava nas<br />

decisões relativas às estratégias e alianças matrimoniais.<br />

Na wlsa, Conceição Osório publicou também vários textos,<br />

resultado de pesquisas e de observação da vivência das mulheres<br />

moçambicanas com as culturas. No seu artigo intitulado “Identidades<br />

de gênero e identidades sexuais no contexto do ritos de iniciação<br />

no Centro e no Norte de Moçambique”, 13 em que aponta o<br />

alongamento dos pequenos lábios vaginais das mulheres, ela afirma<br />

que a aprendizagem ocupava papel primordial neste processo<br />

ritual. Nessa pesquisa, que tem sido feita no Norte de Moçambique,<br />

mais precisamente em Cabo Delgado, na Zambésia e Sofala,<br />

sobre os ritos de iniciação, foi comprovado que as pessoas continuam<br />

desenvolvendo esse sistema de crença que reproduz a<br />

ordem cultural de dominação masculina. Esses rituais definem a<br />

passagem para a idade adulta e são feitos às meninas, mas também<br />

aos meninos, embora seja de forma diferente:<br />

Estes rituais, que marcam a passagem para a idade adulta, são<br />

feitos para a rapariga após a primeira menarca, por volta dos<br />

11/12 anos (precedidos pelo alongamento dos lábios vaginais iniciado<br />

por volta dos 8 anos) e para os rapazes por volta dos 10/13<br />

anos, quando se realiza a circuncisão. Com uma duração que<br />

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