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foi citado. A matéria sobre o capítulo dedicado por Cláudio<br />
Melo Filho a Temer começou assim: “as delações da<br />
Lava Jato, que já tinham atingido em cheio o grupo político<br />
do PT, e que ainda podem atingir mais nas próximas revelações,<br />
voltam-se agora contra para o núcleo do PMDB<br />
e políticos do PSDB”.<br />
O nome de Temer é citado quando a reportagem<br />
alcança o primeiro minuto. Destaca trecho da delação<br />
em que o empresário diz que Temer atuava de “maneira<br />
muito mais indireta”. O tratamento da denúncia de pedido<br />
de R$ 10 milhões foi bastante sutil, sobretudo se compararmos<br />
com a postura adotada em delações que envolveram<br />
Dilma Rousseff. No Jornal das 10, na Globo News, o<br />
tradicionalmente ácido Merval Pereira teve que fazer uma<br />
ginástica argumentativa para criticar o vazamento das delações.<br />
Merval chegou a concordar com a postura da Procuradoria-Geral<br />
da República, que decidiu abrir investigação<br />
para apurar o vazamento do conteúdo de delações.<br />
A fragilidade do governo abriu espaço para a disputa<br />
entre setores da burguesia, que se reflete também<br />
no comportamento da mídia. Os jornais impressos deram<br />
destaque ao envolvimento do atual presidente, inclusive<br />
O Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo, que deram exclusividade,<br />
na chamada principal, à referência a Temer. A<br />
disputa pela ocupação do poder dependerá do resultado<br />
da pressão popular diante das novas denúncias e do avanço<br />
das propostas conservadoras, como a PEC 55 e a reforma<br />
da previdência. Este capítulo da história está aberto. E<br />
a posição da mídia, mais uma vez, poderá ser definidora.<br />
Conforme visto, embora os canais privados resguardassem<br />
entre si algumas divergências editoriais e formais,<br />
a narrativa geral que culminou no estabelecimento do impeachment<br />
de Dilma e com a chegada ao poder de Temer<br />
seguiu um caminho coerente e uníssono em seu objetivo<br />
geral. O governo Temer encontra na grande mídia uma<br />
aliada no que diz respeito ao apoio às medidas neoliberais<br />
mais polêmicas. A falta de pluralidade de opiniões remonta<br />
à própria estrutura que organiza os meios de comunicação<br />
no Brasil regidos por uma lógica estritamente comercial.<br />
Além disso, a posse dos canais de rádio e TV por grupos religiosos<br />
e/ou políticos, conforme veremos, também garante<br />
a ressonância de um discurso hegemônico condizente com<br />
os interesses das elites políticas nacionais.<br />
Raio X da ilegalidade:<br />
políticos donos da<br />
mídia no Brasil<br />
Alvos de ação do MPF, parlamentares donos de emissoras<br />
de rádio e TV são um símbolo da fragilidade da democracia<br />
brasileira e do conservadorismo político.<br />
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DIREITO À COMUNICAÇÃO NO BRASIL 2016<br />
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