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0.5 - A Paixão da Governanta

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“Distrai-me pensar em você”.<br />

A débil atração que sentia não era quase na<strong>da</strong>. Não era mais que o zumbido logo que ouvido de um<br />

inseto. Tão insignificante que ele podia afastá-lo com a mão. Mas ela se deu conta e aquela centelha de<br />

interesse, até fraco como era, tinha apagado o sorriso de seu rosto.<br />

– Parta – disse com voz plaina.<br />

Não, ela não estava ali por uma disputa trabalhista. Clermont tinha muito pelo que responder.<br />

Hugo baixou a mão, tomou um galho do chão e a colocou no banco entre eles.<br />

– Isto é um muro e não o cruzarei – disse.<br />

Ela olhou aquele pe<strong>da</strong>ço de madeira de uns quantos centímetros de comprimento.<br />

– Eu não gosto de fazer mal às mulheres – murmurou ele.<br />

A mulher não respondeu.<br />

– Faço muitas coisas e de muitas delas não estou orgulhoso, mas não blasfemo, não bebo e não ataco<br />

às mulheres. Não faço nenhuma dessas coisas porque meu pai as fazia to<strong>da</strong>s – a olhava aos olhos<br />

enquanto falava. – Já lhe hei dito algo que não sabe ninguém mais em Londres. Acredito que poderia me<br />

devolver o favor. O que é o que quer?<br />

Ela negou devagar com a cabeça.<br />

– Não, senhor Marshall. Não me deixarei intimi<strong>da</strong>r por muito amável que seja. Estou farta de que me<br />

ocorram coisas. A partir de agora, vou fazer eu que ocorram.<br />

Elevou a cabeça enquanto falava. E o zumbido irritante, a centelha de atração que tão facilmente tinha<br />

afastado ele antes, pareceu incrementar-se ao seu redor como um murmúrio crescente do vento.<br />

Os rasgos dela se viam muito nítidos delineados contra o ar frio. Não tinha nem um cabelo fora de seu<br />

lugar. Apesar disso, o fazia pensar em um urso, forte e seguro, que reclamasse seu território no topo de<br />

uma montanha.<br />

“Por fim encontrei a fôrma de meu sapato”, pensou.<br />

Mas não tinha sentido ser fantasioso. Para que queria ele um urso? Mesmo assim… sim podia<br />

apreciar um quando o via.<br />

Valentes palavras – murmurou. – Isso é o que significa ser implacável. Depois de tudo, eu sim faço<br />

que ocorram coisas a outras pessoas de um modo regular.<br />

Ela fixou a vista no galho que havia entre eles.<br />

Hugo não fez gesto de mover-se.<br />

– Suponho que não sabe por que o chamam o Lobo de Clermont – disse.<br />

– Por sua cruel<strong>da</strong>de.<br />

– Mas os detalhes. Sabe como chegou a trabalhar para Clermont?<br />

A senhorita Barton negou com a cabeça.<br />

Hugo juntou os dedos e afastou a vista.<br />

– Clermont jamais teria encarregado seus assuntos a um boxeador. Mas sempre gostou dos combates<br />

de boxe. E beber. Todos os duques gostam de beber. Um dia se embebedou depois de uma briga e contou<br />

todos seus problemas ao boxeador.

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