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0.5 - A Paixão da Governanta

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Ela soprou.<br />

– Passei o meu recebendo ameaças covardes de violência – replicou. – Além disso, foi um dia<br />

encantador.<br />

O bom humor de Hugo se escureceu um pouco.<br />

– Sério?<br />

– Sim – disse ela com paixão. – Assim que baixa a guar<strong>da</strong>, inculcarei a golpes um pouco de sentido<br />

comum ao sujeito que me ameaçou.<br />

– Tão mau foi?<br />

– Tão mau foi? – estava-se desculpando com ela por fazer seu trabalho? Não. Claro que não. Isso<br />

seria ridículo.<br />

A mulher pôs os braços nos quadris.<br />

– Você convenceu ao caseiro de minha irmã para que a jogasse à rua quase sem aviso. Temos que ir<br />

em dois dias. Dois dias!<br />

– Não têm aonde ir?<br />

– Você não o compreende. Se tratasse apenas de mim, isso não apresentaria nenhuma dificul<strong>da</strong>de.<br />

Mas minha irmã… não sai de suas acomo<strong>da</strong>ções a menos que seja preciso. Quando veio me buscar na<br />

estalagem faz umas semanas, quase se deprimiu na multidão. Morreria ir-se embora.<br />

– Sinto-o – disse ele, sem <strong>da</strong>r-se conta.<br />

Ao parecer, sim se estava desculpando e, ao parecer, até o dizia a sério.<br />

– Deveria senti-lo.<br />

Hugo, horrorizado, ouviu um pequeno soluço. Essa ameaça de lágrimas era o pior que ela poderia ter<br />

feito.<br />

Aproximou-se mais a ela.<br />

– Não vai se deixar intimi<strong>da</strong>r por mim, ver<strong>da</strong>de? Sei de boa tinta que o Lobo de Clermont tem ombros<br />

muito largos e carece de pescoço. Não merece nem um ápice de seus sentimentos.<br />

– Deci<strong>da</strong>-se de uma vez! – exclamou ela. – Ameaça-me com <strong>da</strong>nos físicos, ou seja, amável comigo.<br />

Não faça as duas coisas. É muito confuso.<br />

– Não exagere. Ameacei destruindo seu meio de vi<strong>da</strong>, mas eu não muito e nem ameaço às mulheres<br />

com violência física.<br />

– Oh? – perguntou ela. – E como explica sua última mensagem?<br />

Hugo demorou um momento em recor<strong>da</strong>r o que havia dito. Aquelas duas palavras impulsivas… Nem<br />

sequer sabia o que queria dizer com elas.<br />

– Não vai me dizer que era uma proposta de matrimônio séria – disse ela. – Era uma ameaça. E não<br />

me deixarei intimi<strong>da</strong>r.<br />

Hugo tragou saliva.<br />

– O matrimônio nunca me tinha passado pela mente. Não sou o tipo de homem que esteja destinado à<br />

felici<strong>da</strong>de matrimonial. Há muitas coisas que quero fazer com minha vi<strong>da</strong> para carregar com os gastos de<br />

uma esposa e filhos. Tome essas palavras com a intenção com a que foram dirigi<strong>da</strong>s… como minha mais<br />

sincera expressão de admiração por uma digna oponente.

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