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01-Vende-se Virgem

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Assim que passamos pela porta de entrada e saída, avistamos o nosso motorista descendo a rua do<br />

restaurante em nossa direção. Odeio ter que pedir as coisas para as pessoas, porra. Quando eu <strong>se</strong>i,<br />

eu faço, e esteja atento porque não tolero atrasos e muito menos mimimi.<br />

— Eles estavam fazendo cu doce e você caindo na deles, queriam valorizar o restaurante que<br />

vale menos que a contraproposta que fizemos. – rebato verificando as horas no meu relógio.<br />

O nosso carro para, e o motorista, apressado para abrir a porta, tropeça nos próprios pés.<br />

Levanta rapidamente com a calça social rasgada nos joelhos e suja do chão da rua. As pessoas boas<br />

sabem simplesmente caminhar rapidamente <strong>se</strong>m tropeçar nos próprios pés, idiota. Não espero ele vir<br />

até mim sujo, vou em sua direção abaixando a cabeça para olhar em <strong>se</strong>us olhos castanhos, nossa<br />

diferença é enorme.<br />

-Se você pensa que vai entrar no carro sujo que nem a ralé, está enganado. Burro, tropeçou<br />

nos próprios pés. Está demitido, agora saia da minha frente. -ele fica imóvel olhando para a minha<br />

cara, abre a boca, mas logo fecha. Ótimo, por um momento pen<strong>se</strong>i que iria fazer igual ao último que<br />

começou a gritar o quanto eu era intolerante. Caminho em direção ao carro no lugar do motorista,<br />

mas, antes, acabo ouvindo a sua revolta.<br />

— Você é um monstro, pior que <strong>se</strong>u pai; <strong>se</strong>m coração e, <strong>se</strong> tiver, é de gelo. Ninguém nunca vai<br />

con<strong>se</strong>guir amar alguém igual a você. Nem mesmo sua mãe con<strong>se</strong>gue te amar, vai morrer sozinho e no<br />

final vamos ter o mesmo fim, não importa <strong>se</strong> é rico, pobre, branco ou preto, pois no final somos iguais.<br />

— Como você mesmo diz: monstro, fera ou o que você qui<strong>se</strong>r nomear, mas até o final chegar<br />

vou viver otimamente enquanto você terá que agüentar outras pessoas iguais a mim. — <strong>se</strong>m mais<br />

nada a dizer entro no carro e papai <strong>se</strong>nta ao meu lado, dou partida e logo estamos indo em direção a<br />

casa.<br />

— Ainda estou bravo por você melar meu negócio, mas…<br />

— Já falei que não melei nada, eles ainda vão te ligar. — o corto. Odeio quando ele acha que<br />

estou errado, mas ao contrário do que pensa, eu <strong>se</strong>i muito bem o que fiz. Tenho todos os passos<br />

planejados e não preciso de um plano B, pois <strong>se</strong>i que nada sairá do controle.<br />

— Mas para governar nossa empresa e as filiais de restaurantes têm que ter mão de ferro.<br />

Igual ao que você fez com o motorista idiota, você <strong>se</strong>mpre é meu orgulho. Meu filho e herdeiro.<br />

Apenas aceno com a cabeça concordando e fixo meu olhar na estrada, pelo retrovisor avisto<br />

uma ambulância correndo pela pista molhada, ela me corta e vira na rua que sobe para a minha casa,<br />

que é única residência que tem ali. Viro para o meu pai e trocamos olhares confusos, meu pensamento<br />

vai para a mamãe e parece que ele também pensa o mesmo, pois rapidamente pega o celular fazendo<br />

ligações lá para casa. Acelero o carro e passo pelo portão da nossa casa vendo a ambulância parar<br />

ali ao lado de vários carros de polícia. Estaciono de qualquer jeito e pulo fora correndo em direção à<br />

porta de entrada, a sala está repleta de homens fardados que tentam me parar.

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